quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Extração de bile de ursos X testes em macacos. Oriente X ocidente. Quem é pior?

Em 12 de dezembro de 2011, escrevi sobre a utilização, somente nos laboratórios dos Estados Unidos, de 124 mil macacos por ano em pesquisas. Nesse post, reproduzi a seguinte parte da matéria “Mais de 120 mil primatas são torturados e mortos anualmente nos laboratórios” publicado em 9 de dezembro de 2011 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA):

“Alguns primatas nascem em laboratórios e são forçados a viver da juventude à velhice sendo explorados por pesquisadores que realizam dolorosos e invasivos procedimentos. Depois, estes animais são descartados como lixo quando as pesquisas acabam.

Para milhares de outros primatas, a jornada começa a quilômetros de distância, na Ásia ou na África, onde – a mando de multinacionais que fazem testes em animais, como a Charles River Laboratories e a Covance – eles são capturados da natureza para serem criados confinados, em fazendas de reprodução miseráveis.”


Esse tipo de exploração animal chama menos atenção mas é tão cruel quanto a realizada nas fazendas de produção de bile de ursos na China e no Vietnã. Veja:

“Quatorze ursos-negros-asiáticos foram salvos do cruel mercado de bile no Vietnã e levados a um centro de recuperação da Associação Internacional de Proteção Animal da Ásia, localizado no Parque Nacional Tam Dao, perto de Hanoi.


Um dos ursos resgatados em 29 de novembro de 2011
Foto: Animals Asia

Eles tiveram a liberdade tolhida por anos, encarcerados em estreitas jaulas enferrujadas. Eram mantidos vivos apenas para que a bile fosse retirada e depois utilizada pela medicina tradicional chinesa. Uma vida de pesadelo.” – texto da matéria “Ursos são libertados depois de anos de exploração” publicada em 13 de dezembro de 2011 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA)

Estima-se que cerca de 10 mil ursos estão em fazendas na China (dados oficiais indicam 7.002 animais) e 3.600 no Vietnã.

Em entrevista ao jornal italiano La Stampa, a fundadora da associação (que também é conhecida como Animal Asia), Jill Robinson, declarou:

“A prisão percorre toda a existência destes animais. No Vietnã, os ursos são dopados, normalmente com quetamina, amarrados com cordas para que suas barrigas sejam repetidamente perfuradas com agulhas enferrujadas de 10 centímetros comprimento até que, depois de numerosas tentativas, seja encontrada a vesícula biliar. A bile é extraída duas vezes ao dia, com o auxílio de cateteres ou de uma bomba médica. Quando os ursos chegam aos nossos centros de recuperação, muitas vezes ainda carregam no corpo colete de ferro que contém e protege um saquinho de plástico que, de hora em hora, é abastecido com a bile do animal. Os ursos ficam nessa condição até que a morte os livre dela. As causas mais comuns são o câncer de fígado ou por infecções. Só animais muito resistentes sobrevivem 20, 30 anos, mas o estado de desespero a que chegam os leva ao suicídio. Por isso os homens limam dentes e unhas.”


Local onde os ursos ficavam confinados
Foto: Animals Asia

Diferentemente do que acontece na exploração de macacos por laboratórios milionários, as fazendas de ursos são mantidas por pequenos camponeses. “Na China, as fábricas de bile são ainda consideradas legais e regulamentadas por licenças estatais. Mas graças a contínuas negociações, conseguimos que muitas fossem fechadas. Em 2000 assinamos um acordo para que 500 ursos fossem libertados. Em 20 províncias chinesas, quase metade do país, onde fábricas foram fechadas, os camponeses receberam auxílio para iniciar outra atividade diferente da exploração de urso”, declarou Jill para o La Stampa.

Na entrevista ainda foi abordada a reabilitação dos ursos resgatados.

“O processo pode durar um ano ou mais. Depois de uma cirurgia para remover o cateter e solucionar outros problemas físicos, os ursos são colocados em tocas, para que comecem a se habituar a andar livremente. Ali eles podem observar e sentir cheiros diferentes. Como são animais solitários, o comportamento deles deve ser monitorado de perto. Apenas quando demonstram estar em condições de viver em grupo é que são liberados no jardim. Para muitos deles, é a primeira vez que caminham na grama.”

Não sei qual é a pior: a dita avançada medicina e farmácia ocidental ou esse tipo de atraso na medicina tradicional asiática que, além doa tortura dos ursos, ainda contribui para a extinção dos rinocerontes – seus chifres (feitos do mesmo material que nossas unhas e cabelos) são considerados remédios para inúmeros males, inclusive o câncer.

- Leia a matéria completa da ANDA
- Leia a matéria original de La Stampa (em italiano)
- Conheça a Animals Asia
- Releia o post do Fauna News sobre a exploração dos macacos

 
Urso momentos antes do resgate. A maioria nunca saiu das jaulas
Foto: Animals Asia

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