terça-feira, 5 de junho de 2012

O tráfico de animais e o Dia Mundial do Meio Ambiente

Em 5 de junho de 1972 começava, em Estocolmo, na Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, ou simplesmente Conferência de Estocolmo. O evento, que durou até o dia 16, foi o primeiro grande encontro de representantes de vários governos organizado pela ONU para discutir questões ambientais.

Pela importância da Conferência de Estocolmo, decidiu-se estipular a data de seu início como o Dia Mundial do Meio Ambiente. Na sequência, a ONU realizou a Rio 92 e a Rio+10 (na África do Sul. Agora, no próximo dia 13, o Rio de Janeiro será o palco da Rio+20.

Muito se fala e se falará sobre desenvolvimento sustentável, aquecimento global e água. Aqui, no Fauna News, destaco o tráfico de animais silvestres.

- Terceira atividade ilegal mais rentável do mundo (atrás do tráfico de drogas e do comércio ilegal de armas): entre 10 e 20 bilhões de dólares por ano, sendo o Brasil responsável por uma fatia que varia de 5% a 15% do total;

- segunda causa da perda de biodiversidade (atrás da perda de hábitat);

- dependendo da fonte consultada, o número de animais silvestres retirados da natureza no Brasil, por ano, é 12 milhões ou 38 milhões. Mas o impacto ao meio ambiente é ainda maior, já que, sem esses animais, a cadeia/teia alimentar de muitas espécies da fauna e da flora são impactadas;

Setembro de 2011: 306 filhotes de papagaio e arara apreendidos no Mato Grosso do Sul
Foto: Divulgação/PMA MS

- entre 60% e 70% do comércio ilegal de animais silvestres no Brasil é voltado para abastecer o mercado interno: estima-se que de dois a quatro milhões de animais silvestres vivam em cativeiros particulares;

- estima-se que 95% do comércio de animais silvestres no Brasil seja ilegal;

- 80% dos animais apreendidos do tráfico no Brasil são aves;

- o tráfico de fauna também inclui o comércio de partes de animais, como penas e conchas;

- há pesquisas que apontam haver 60 milhões de brasileiros criando espécimes da fauna nativa em suas residências;

Macaco-prego: esse é o lugar dele?
Foto: SOS Fauna

- os estados de SP e do RJ são os maiores consumidores de animais silvestres no Brasil;

- as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste concentram as áreas de apanha de animais para o tráfico;

- ao comprar animais silvestres do tráfico você expõe família e amigos a mais de 180 doenças.

Destaco que o combate ao tráfico de animais silvestres depende, e muito, do nosso envolvimento. Afinal, a maior parte dos bichos e suas partes (peles, garras, ossos, dentes, conchas etc) são comercializados no mercado negro porque NÓS compramos.

Lembre-se: lugar de bicho é no mato!


Somente a repressão não vai resolver o problema. No Brasil, as leis são fracas (ninguém vai preso por comprar ou vender animais silvestres ilegalmente), não há uma política social nas áreas onde ocorre a captura dos bichos (feitos, muitas vezes, por gente pobre), os órgãos ambientais estão despreparados e desaparelhados para atuar, não existe estrutura para o pós-apreensão (primeiros socorros e uma rede de centros de recebimento, recuperação e soltura dos animais à natureza), mas, sobretudo, não se investe em EDUCAÇÃO AMBIENTAL para reduzir a demanda da população.

Hoje, Dia Mundial do Meio Ambiente, repare e olhe no seu entorno... Com certeza você verá algum pássaro engaiolado, um papagaio preso a um poleiro, um sagui fora da mata. Vamos mudar essa cruel (para o bicho) e maléfica (para o equilíbrio ambiental) realidade.

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