segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Começar a semana pensando...

...em iniciativas que fazem a diferença e que deveriam acontecer por todo o país. Que tal um Brasil sem Gaiolas?

Fiquei sabendo do evento “Minas Livre de Gaiolas”, realizado em Belo Horizonte, há alguns dias. Como não pude comparecer, pedi que Alejandra Arnaiz, que já trabalhou no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) daquele municipio e acompanhou essa iniciativa, se arriscasse um pouco pela reportagem para relatar como foi o fim de semana. Nada de texto frio e imparcial. Aqui no Fauna News um lado está escolhido para ser defendido: o da liberdade dos animais silvestres.

Belo Horizonte dá o exemplo
Por Alejandra Arnaiz

Foi realizado nos dias 15 e 16 de setembro, no Parque das Mangabeiras, Belo Horizonte, o "Minas Livre de Gaiolas", uma iniciativa da Defensoria Pública da União (DPU) no Estado e seu idealizador, Celso Rezende, defensor público federal.

O ponto alto do evento foi a entrega voluntária de aves silvestres, que teve boa aceitação pela população. Na contagem dos dois dias, foram entregues cerca de 190 animais (dados da DPU). Destes 80% ou mais eram psitacídeos, com destaque para o Amazona aestiva, o famoso papagaio-verdadeiro, que por ser um falador é o mais procurado como animal de estimação. Outros papagaios também foram entregues, com grande destaque ao Chauá (Amazona rhodocorytha), animal ameaçado de extinção, seguido do papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), também ameaçado.

Outras instituições também participaram do evento. A Polícia Militar do Meio Ambiente, com amostras de peles apreendidas de animais silvestres, os bombeiros, mostrando seus equipamentos de salvamento e combate a incêndios florestais, o Projeto Psit, com o Circo Ambiental, esbanjando educação ambiental, e a ECOAVIS - Ecologia e Observação de Aves, que nos dois dias de evento promoveu saída para observar as aves do parque.

Ave entregue no evento: quem sabe a liberdade pode estar próxima
Foto: Alejandra Arnaiz

Todos os animais entregues voluntariamente foram recebidos pelos analistas ambientais do Ibama e encaminhados ao Cetas do órgão. Eles serão examinados, vermifugados, anilhados e, após quarentena, avaliados para participar dos projetos de soltura em que, depois da reabilitação, voltarão à vida livre em áreas cadastradas pelo Ibama. Vale lembrar que a entrega voluntária pode ser feita a qualquer momento, apenas leve seu animal até o Ibama e faça a entrega, sem nenhum problema legal. As multas para quem possui uma ave silvestre variam entre R$ 500 por cada animal não ameaçado de extinção a R$ 5 mil quando o bicho está ameaçado.

A entrega voluntária isenta a pessoa de punição
Foto: Alejandra Arnaiz

A campanha foi um sucesso e, mesmo com tristes despedidas, todos que lá foram deixaram o animal sabendo que era o melhor a ser feito. Um senhor que chegou com um casal de azulões, muito bem cuidados, disse que já lhe ofereceram R$ 5 mil pelo macho, mas ele não aceitou, preferindo entregar a ave para que ela tenha uma nova chance de liberdade. Alguns chegavam e aguardavam com seus psitacideos no ombro, dando o último chamego no amigo.

Uma despedida que pode acabar em liberdaede
Foto: Alejandra Arnaiz

Um evento como este é importantíssimo para que a população mude a maneira de pensar sobre ter um animal da fauna silvestre em casa. Educação ambiental é a melhor forma de combate ao tráfico. Quando não houver demanda, não haverá mais a captura comercial de filhotes e mudam-se conceitos.

Que venham as próximas edições.

- Leia mais sobre o Minas Livre de Gaiolas (site Ibama)

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