quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Quando a fauna não é prioridade, animais não voltam à vida livre

“De acordo com Diogo Lagroteria, o Ibama recebeu em torno de 600 animais que foram resgatados, apreendidos ou entregues espontaneamente. Mas 30% acabam ficando em cativeiro, isto é, levados para locais aptos a recebê-los como zoológicos, mantenedores de fauna ou mesmo criadores científicos.

Um dos principais motivos para que esses animais não sejam soltos é a dificuldade de reabilitá-los e que está relacionada com o ambiente de onde o animal saiu e até mesmo com a falta de uma estrutura física ampliada para realizar esse trabalho. Além disso, a equipe de especialistas ainda é pequena.

Diogo é o único veterinário do Ibama no Amazonas. “A gente percebe que as prioridades no Amazonas são outras, que é a fiscalização e o desmatamento, por exemplo. Mas não podemos fechar os olhos para outros problemas”, disse. Na opinião do especialista é necessário mais investimentos. Os recursos, neste caso, dependem do Ministério do Meio Ambiente.”
– texto da matéria “Animais selvagens resgatados pelo Ibama sofrem para se readaptar”, publicada em 10 de dezembro de 2013 pelo site do jornal A Crítica

A informação de que parte dos animais não retorna à natureza por falta de infraestrutura do poder público indica o quanto a fauna silvestre não é importante na política ambiental brasileira. E isso não é uma característica exclusiva da União, por meio do Ibama. Estados e municípios raramente investem em centros (Cetas ou Cras) para receber, triar, recuperar e encaminhar para projetos de revigoramento populacional ou reintrodução em áreas de soltura (que também não são suficientes: os projetos e as áreas).

Desde o início da vigência da Lei Complementar 140, de 2011, a gestão da fauna silvestre foi passada para os Estados. E, aos poucos, o Ibama está transferindo essa responsabilidade para os governadores. Dessa forma, a emissão das autorizações para a criação e a fiscalização de centros de recebimento e cuidados de animais e áreas de soltura passam a ser responsabilidade dos Estados, que também deverão investir nessa infraestrutura.

Será que o farão?

A gestão da fauna silvestres brasileira está largada... O que funciona é consequência do esforço de funcionários.

- Leia a matéria completa de A Crítica

1 comentários:

Daniel Martins disse...

Normalmente a fauna não destinada à soltura nos CETAS são mais ligadas à animais inaptos a vida livre e/ou exóticos ao ambiente onde o CETAS se encontra. Esse dado de 30% não destinado à soltura deve ser apresentado com certa cautela, pois em todos os CETAS do país os números dos não soltos supera a margem de 30%. Aliás, no atual cenário dos CETAS brasileiros qualquer margem inferior a 30% acusaria total negligência dos gerentes dos CETAS que estariam promovendo solturas de animais inaptos à vida livre e/ou exóticos ao ambiente onde o CETAS se encontra. Mesmo sendo poucos funcionários o CETAS de Manus não possui porcentagem diferente das do de São Paulo, por exemplo. Claro que investimentos são bem vindos e devem, inclusive, contemplar os parceiros do CETAS (Mantenedouros, ASMF's, criadouros, etc..) Agora, enquanto o tráfico não for combatido com rigidez e, nesse sentido, se aplica a realmente prender a lendária vovó com o papagaio, os CETAS sempre manterão uma relativa porcentagem em cativeiro, pois nossa condição geográfica é muito grande e o translado envolve custos que a iniciativa pública não tem e a iniciativa privada não tem incentivo para colaborar.
Desculpa aí, mas acho que parceiros (Criadouros, mantenedouros e ASMF's) deveriam ter isenções e/ou incentivos por pagamentos por serviços ambientais.
Agora é fato: todo CETAS deste país gerará um refugo (animais não soltos) de na ordem mínima de 30% dos animais recebidos por uma simples questão de aptidão à vida livre.