quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sergipe e o tráfico profissional de animais em feiras

“A Polícia Militar, através do Pelotão de Polícia Ambiental (PPAmb), realizou a apreensão de 142 pássaros silvestres na manhã desta segunda-feira, 16, após denúncia da presença de pessoas de vários municípios, que sobrevivem da venda de animais silvestres, comercializando os animais na feira livre da cidade de Lagarto, na região Centro-Sul de Sergipe.

 Aves apreendidas em feira de Lagarto (SE)
Foto: divulgação Polícia Militar de SE

Diante das informações, a guarnição composta pelo cabo Servulo, soldados Galdencio e H Oliveira dirigiu-se ao município nas primeiras horas da manhã e apreendeu 142 pássaros. “No momento da abordagem, houve um corre-corre entre os feirantes, o que dificultou a identificação dos infratores. Geralmente os traficantes de animais misturaram-se aos outros vendedores e infiltram-se entre as barracas, a fim de ludibriar a fiscalização policial”, declarou o cabo Servulo.”
– texto da matéria de divulgação “PM apreende 142 pássaros silvestres na feira livre de Lagarto” publicada em 16 de junho de 2014 pelo site da Polícia Militar de Sergipe

O final do primeiro parágrafo merece comentário. É difícil encontrar textos mostrando a existência de traficantes de animais profissionais em feiras. Normalmente não é citada a origem e detalhes dos que são presos (quando o são) e quando algo é divulgado mostra-se o infrator eventual – isto é, aquele que vende animais apenas para complementar sua renda (uma espécie de bico).

Nas feiras, a maioria dos traficantes é formada de pessoas que possuem outras formas de trabalho. Mas há uma boa parcela dos que investem na atividade como seu principal ganha-pão.

A matéria mostrou que existe uma grande demanda por animais silvestres em Lagarto, fator que atrai traficantes de animais de outros municípios da região. Sabendo disso, a melhor forma de impactar essa atividade ilegal e combater o consumo com um forte trabalho de conscientização da população.
Mas quem vai fazer isso? Educação ambiental não é trabalho para a polícia (que embora muitas vezes o faça). O Ibama ou as secretarias de meio ambiente do estado e do município deveriam agir, mas não o farão porque o poder público brasileiro ainda entende o tráfico de fauna apenas como um problema a ser combatido com fiscalização e repressão.

Estão enganados e jogando o dinheiro do contribuinte fora. Já passou da hora de repensar o combate ao mercado negro de silvestres. A natureza e a saúde pública agradecem.
- Leia a matéria completa da PM de Sergipe