quarta-feira, 2 de julho de 2014

Atropelamentos em rodovias: sentenciando à extinção as jaguatiricas dos EUA

No Brasil, estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas indicam que 475 milhões de animais silvestres morrem em atropelamentos nas estradas e rodovias todos os anos. Para espécies com populações reduzidas, esse pode ser um fator determinante para extinções locais. Essa é uma das preocupações, por exemplo, dos profissionais que lutam pela conservação do ameaçado mico-leão-dourado, que tem seu hábitat cortado por estradas e a BR-101, no Rio de Janeiro.

Nos Estados Unidos, os oncelotes (jaguatiricas) têm sua sobrevivência fortemente ameaçada pelos atropelamentos. Estima-se que apenas 50 animais ainda existam naquele país.

“Em novembro do ano passado, um belo e raro ocelote (felino chamado de jaguatirica, no Brasil) foi morto na State Highway 100, em Rio Grande Valley, no Texas (EUA). Tratava-se de um macho de quatro anos e meio de idade, e sua morte trouxe os números da população, que já são precários, ainda mais perto da extinção. As informações são da Care2.

Conforme relatado pela National Geographic, a equipe do refúgio de vida selvagem que vinha monitorando o felino ficou preocupada com os seus movimentos. Ao invés de vagar em habitats silvestres, ele perambulava ao redor de lojas de conveniência, estradas, rodovias e casas de campo.



Nos Estados Unidos, as jaguatiricas são
chamadas ocelotes. Só restam 50
Foto: Care2

Boyd Blihovde, gerente do refúgio, lamentou que “perder tantos desses animais em colisões com veículos parece simplesmente sem sentido”. Enquanto parece sem sentido para os humanos, o macho ocelote estava motivado por fatores primordiais em seu núcleo: acasalar-se e marcar território.

(...) O que está matando os ocelotes
Nos Estados Unidos, estradas e rodovias com carros em alta velocidade são a principal ameaça a esses animais. De acordo com a National Geographic, seis entre catorze ocelotes rastreados foram mortos em acidentes envolvendo veículos.

Há outros perigos iminentes para os ocelotes. A fragmentação e a perda do habitat estão atingindo a maioria dos felinos. Segundo a reportagem, infelizmente 95 % do território original do ocelote tem sido transformado para atender às necessidades agrícolas e de moradia do ser humano.

A linha de fundo é que os ocelotes precisam de mais espaço para realizar o que o recente macho que foi morto arriscou a vida para fazer. É necessário espaço para acasalamento e estabelecimento de território.

Ainda conforme a reportagem, décadas se passaram e o Serviço de Vida Selvagem dos Estados Unidos fizeram pouco para ajudar os ocelotes. No entanto, os recentes números sombrios fizeram mudar essa atitude passiva. Como relatado pela National Geographic, o governo comprou 100 mil acres (equivalentes a 404 km²) de terras para desenvolver um território para os animais. A má notícia é que os especialistas acreditam que seria necessário no mínimo um milhão de acres para reconstruir números populacionais saudáveis do felino.”
– texto da matéria “Restam apenas 50 jaguatiricas vivas nos Estados Unidos”, publicada em 1º de julho de 2014 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda)

Jaguatirica atropelada em Presidente Epitácio (SP)
Foto: Djalma Weffort/Apoena

Ultimamente, o Fauna News tem repercutido os diversos posts sobre atropelamentos de onças pardas. O último, “Divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul: onça-parda morre atropelada em rodovia”, foi publicado ontem (1º de julho). A situação das onças-pardas no Brasil não é tão dramática como das jaguatiricas dos EUA, mas extinções locais podem ocorrer se nada for feito.

Quantas espécies já não desapareceram por causa dos impactos das estradas e rodovias. Atropelamentos, fragmentação do hábitat, interrupção do acesso à água e da manutenção de corpos hídricos e tantos outros problemas estão no cotidiano da fauna silvestre. E o Brasil só recentemente acordou para a questão.

Apesar de ter acordado, com o poder público instituindo leis e aperfeiçoando (mesmo que lentamente) os processos de licenciamento ambiental desses empreendimentos, a velocidade e a intensidade de investimentos em medidas que reduzam os atropelamentos e outros impactos à vida silvestre ainda são insuficientes.

Acordar para descobrir o problema não basta. Trabalhar intensamente é necessário, caso contrário, casos como o das jaguatiricas dos Estados Unidos tornar-se-ão bastante comuns no Brasil – isso se já não forem.

- Leia a matéria completa da Anda
- Releia o post “Divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul: onça-parda morre atropelada em rodovia”, publicado pelo Fauna News em 1º de julho de 2014

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