sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Reflexão para o fim de semana: imprensa míope no caso da onça-parda de Franco da Rocha

Até quando a imprensa vai pecar pela superficialidade quando aborda temas ambientais? E se o fato envolver fauna silvestre, a situação piora. Quer ver?

Na matéria “Resgate de onça dura cinco horas”, da edição de 27 de setembro de 2011 do jornal Diário de S. Paulo, sobre a onça-parda encontrada em Franco da Rocha, município da Região Metropolitana de São Paulo, apenas na última sentença do terceiro parágrafo – e só aí – é que o verdadeiro problema envolvendo o felino foi abordado. Confira:

“A hipótese mais provável é de que Franco (nome dado pelos moradores ao animal - informação do Fauna News) perambulava na área do Lago Azul, em busca de caça ou água, e subiu no eucalipto ao se assustar com o barulho de máquinas pesadas que faziam a terraplenagem de um futuro loteamento. No alto da árvore, ele foi visto por moradores. A onça-parda habita todo o continente americano. Bicho de hábitos solitários e noturnos, foge da presença humana e só ataca se estiver acuado. Ele sofre com o processo acelerado de urbanização, que acaba com as florestas e cursos de água, seu habitat natural.”

O hábitat de Franco está sendo transformado em loteamento
Foto: Marcelo Palhais/Diário SP

Até quando a perda de hábitat causada pela urbanização sem controle, pela construção de condomínios sem o menor critério (ou será que alguém verificou se o empreendimento iria causar algum tipo de impacto à fauna?), será tratada dessa forma pela imprensa? Já não basta o descaso do poder público e do mercado imobiliário?

O restante da matéria é aquele “show” narrativo sobre a captura da onça-parda que, se tudo der certo, deverá ser solta no Parque Estadual do Juquery. É esse o papel da imprensa ao tratar esses assuntos?

Com certeza não.



1 comentários:

Edvandro Ribeiro disse...

Vemos todos os dias este tipo de problema, nos principais jornais e nos tele-jornais de maior ibope. As informações que realmente importam, ou nunca aparecem ou ficam muito bem escondidas. Os leitores são tratados como ignorantes que devem continuar sem conhecimento.