segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2012: ano do lobo-guará e da falência do Ibama no Fauna News

Este ano que termina serviu para o Fauna News se consolidar como um veículo especializado no combate tráfico de animais silvestres e na divulgação de ações pela conservação da fauna. Nossa página no Facebook (www.facebook.com/faunanews) já conta com mais de 2.375 pessoas “curtindo” os posts do blog. No Twitter (@FaunaNews) ainda estamos um pouco tímidos, com 285 seguidores.

Fechamos o ano com uma ótima notícia: estamos entre os Top 3 do concurso Top Blog 2012, na categoria Bichos e Animais pelo Júri Popular. Isso que dizer que, graças aos votos de nossos leitores, conseguimos estar entre os três finalistas. Em 26 de janeiro, saberemos o resultado final e qual nossa colocação. Muito obrigado!

Dois posts se destacaram durante 2012:

- “Ibama: sem estrutura, órgão tem de contar com a boa vontade da população”, publicado em 6 de março de 2012 e que foi acessado 1.414 vezes e;
- “Lobo-guará no litoral? Sim, em Ubatuba (SP)", publicado em 19 de janeiro de 2012 e acessado 804 vezes.

Para 2013, o Fauna News está preparando uma grande surpresa. O blog ficará mais bonito e com mais informações... Aguarde!

O Fauna News deseja a você e sua família uma ótima passagem de ano e que todos os seus desejos se concretizem em 2013. Gostaríamos de pedir que você não se esqueça da luta conta o tráfico de animais entre seus planos para o novo ano. Você é parte essencial dessa guerra pela vida.
Feliz ano novo!

Dimas Marques – editor responsável

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Reflexão para o fim de semana: se não matamos os ursos-polares com as mudanças climáticas, matamos pela caça

Parece não ter solução e a extinção dos ursos-polares está cada vez mais perto. Afinal, se a espécie não desaparecer por causa das mudanças climáticas, que a cada no reduzem a cobertura de gelo no norte do planeta, será dizimada pela caça.

“Uma nova tentativa de proibir o comércio global de partes do corpo de ursos polares tem dividido ativistas ambientais.

Mudanças climáticas e caça: morte certa
Foto: Reuters/Mathieu Belanger

Alguns dizem que o mercado de tapetes e ornamentos feitos de urso está levando a espécie à extinção; outros argumentam que as principais ameaças ao animal são as mudanças climáticas e a redução da área de gelo polar.

O assunto será decidido em março de 2013, em uma conferência ambiental da ONU sobre o comércio de espécies ameaçadas.”
– texto da matéria “Possível veto ao comércio de ursos polares divide ativistas”, publicada em 26 de dezembro de 2012 pela BBC Brasil

O encontro de março é o da Convenção para o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES). Estados Unidos e Rússia apoiam a inclusão dos ursos-polares no grau máximo de proteção da CITES (Anexo I). A União Europeia, que no encontro de 2010 foi contrária a tentativa de proibir a caça, ainda não se posicionou e o Canadá é totalmente contra.

“Anualmente, cerca de 600 ursos são mortos legalmente por caçadores no Canadá. Entre 2001 e 2010, foram comercializadas mais de 30 mil partes de ursos, como pele, dentes e patas.” – texto da BBC Brasil
O número de peles de urso oferecidas em leilões teria aumentado em 375% nos últimos cinco anos, com algumas sendo vendidas a R$ 25 mil.

Apesar de haver grupos ambientalistas trabalhando pelo fim da caça (Humane Society International, por exemplo), outros não consideram que esse seja o principal problema enfrentado pela espécie. A ONG WWF "avalia que os perigos provocados pelo comércio internacional são pequenos se comparados às mudanças climáticas. Por isso, a ONG não fará campanha pelo veto, ainda que prefira que ele aconteça.

"Temos que focar na ameaça principal, e não nos distrairmos com uma relativamente menor", afirma Colman O'Criodain, analista de políticas de comércio da WWF.

"Podemos dizer que isso (a discussão sobre o veto) é uma distração, que poderia fazer com que as pessoas pensassem que algo está sendo feito (para salvar os animais), quando o efeito será praticamente nulo."

Grupos como o Traffic International e a União Internacional para a Conservação da Natureza têm argumentos semelhantes.”
– texto da BBC Brasil

Para esses grupos ambientalistas, o principal problema são as mudanças climáticas. De qualquer forma, essas organizações têm a obrigação ética de se posicionar contra a caça. Afinal, elas trabalham ou não pela defesa dos animais?

- Leia a matéria completa da BBC Brasil

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Tráfico de animais pelo mundo: no México parecido com o Brasil

Assim como acontece no Brasil, em Guadalajara, no México, o tráfico de animais acontece abertamente em feiras e áreas específicas para a compra de determinados animais.

“Ter um animal de estimação exótico é uma tendência que continua. Apesar de licenças serem  necessárias para a reprodução e o comércio dessas espécies, há espaços públicos onde prolifera o tráfico de animais. Exemplo é"El Baratillo", onde os exemplares – para compra na hora ou por encomenda - estão disponíveis para qualquer tamanho de bolso.

Répteis sendo vendidos ilegalmente no México
Foto: site Informador

Na rua 38 e Payno Manuel, no Setor Libertad, entre observadores e vendedores de tartarugas, está  "Animalandia" ou "Tianguis de los perros", assim conhecida por ser o cão o animal mais negociado nesse ponto;  um parque,  em área municipal, onde se negociam aves domésticas e de caça.

Também são ofercedicos peixes, répteis, aracnídeos e outros vertebrados, embora invertebrados sãejam encontrados, apesar de o "especial" serem os animais exóticos para venda a vista do grande público.”
– texto traduzido da matéria “Persiste tráfico de fauna silvestre en ''El Baratillo'', publicada em 23 de dezembro de 2012 pelo site mexicano Informador

A situação no México lembra bastante o que, no Brasil, encontra-se em feiras de rolo. No Norte e Nordeste, principalmente (mas também com frequência no Rio de Janeiro e em São Paulo), essas feiras possuem setores especializados na venda de animais silvestres. As aves, os pequenos répteis e primatas são as principais vítimas desse comércio.

Esse tido de comércio exige duas ações fortes do poder público: fiscalização rotineira para reprimir a ação dos traficantes e educação ambiental para os frequentadores desses locais para ocorrer a redução da demanda.

- Leia a matéria completa do site Informador (em espanhol)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Felinos silvestres não são gatos domésticos

“Uma onça macho de aproximadamente dois anos e meio que vinha sendo criada em cativeiro desde que era filhote em uma comunidade da zona rural do município de Jutaí (a 751 KM de Manaus) foi resgatada no último final de semana pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). (...)

Diogo Faria foi o responsável pelo resgate do animal, cujo transporte até Manaus foi feito por avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Como em Jutaí não tem pista aérea, o avião pousou no município vizinho de Fonte Boa. Faria seguiu de lancha até Jutaí, fazendo o sentindo inverso já com o animal.

Onça que era mantida em cativeiro
Foto: Diogo Lagroteria

A operação de resgate levou três dias para ser realizada.” – texto da matéria “Ibama resgata onça que era criada em cativeiro no interior do AM”, publicada em 18 de dezembro de 2012 pelo jornal A Crítica (AM)

Toda essa operação, alardeada pela imprensa, torna-se pequena frente à possibilidade de uma vida mais digna que passa a ser oferecida para a onça-pintada. O animal deverá ser levado para um criadouro particular no Mato Grosso do Sul.

“Por ser órfã e não receber aprendizado da mãe, a onça não tem condições de passar por reabilitação e voltar à natureza. “É praticamente impossível fazer a soltura. Ela não aprendeu a caçar, a se esconder e está acostumada com a presença humana. Se soltar, a primeira coisa que vai fazer é procurar uma casa. As chances de ele morrer são grandes”, explicou o veterinário (veterinário e analista ambiental do Ibama, Diogo Lagroteria Faria).” – texto de A Crítica

O caso dessa onça serve de exemplo de um problema pouco divulgado:

“A criação de felinos silvestres como animais domésticos no interior do Amazonas é mais comum do seu imagina, segundo Faria. Entre 2005 e 2010, o Ibama resgatou  29 felinos (oito onças pintadas, dez jaguatiricas, cinco gatos mouriscos, quatro suçuaranas e dois gatos macarajás).

Dos 29, 17 foram para mantenedores de fauna (pessoas com autorização do Ibama) e oito para zoológicos (3 deles em Manaus). Outros quatro morreram.”
– texto de A Crítica

Repare que nas contas do Ibama não há nenhum soltura. Isso quer dizer que, para a natureza, esses animais que estão em mantenedores e zoológicos estão tão mortos quanto os quatro que realmente perderam a vida. Isso porque eles não estarão mais pelas matas cumprindo seu papel ecológico.

Como vale a pena insistir, vale perguntar se há alguma atividade de conscientização (educação ambiental) nessas comunidades para evitar a captura desses felinos. Afinal, qualquer atitude tem de visar o não aprisionamento dos bichos, já que o posterior resgate deles não significa retorno à natureza.

- Leia a matéria completa de A Crítica

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre o tráfico de aves: não é só no Brasil.

“A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e em conjunto com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, levou a cabo duas operações policiais no âmbito do combate ao tráfico de espécies protegidas. Foram constituídos 17 arguidos (equivalente, no Brasil, a indiciados).

Aves apreendidas em Portugal
Foto: Lusa

Os visados, maioritariamente portugueses, dedicar-se-ão ao contrabando de aves exóticas, nomeadamente, psitacídeos (aves da família das araras e papagaios) protegidos pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, e à falsificação da sua respectiva documentação de identificação e legalização.

No total das duas operações foram apreendidas quatro armas de fogo e uma centena de munições, assim como 46 aves de espécies psitacídeos, de valor unitário entre os dois mil e os seis mil euros, e ainda 41 aves de espécie autóctones.”
– texto da matéria “Tráfico de aves exóticos faz 17 arguidos”, publicada em 17 de dezembro de 2012 no site do jornal português Correio da Manhã

Vale destacar que muitos dos psitacídeos que são comercializados na Europa são brasileiros e entram no continente por Portugal. É comum as autoridades portuguesas flagrarem brasileiros e cidadãos daquele país tentando entrar no país com ovos de papagaios, tucanos e araras. O país é apontado como uma das principais portas de entrada ilegal da fauna brasileira no continente europeu.

- Leia a matéria completa do Correio da Manhã
- Releia o post do Fauna News “Portugal: porta de entrada do tráfico de fauna brasileira na Europa”, publicado em 8 de novembro de 2011

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Reflexão para o fim de semana: a farsa da consulta pública sobre a “lista pet” foi prorrogada

Em 7 de dezembro de 2012, o Fauna News publicou o post “Reflexão para o fim de semana: começou a consulta pública sobre a “lista pet” e a divulgação medíocre”, em que comentava sobre o início da consulta pública pelo Ibama para elaboração de uma lista de animais silvestres que poderiam ser criados e comercializados como bichos de estimação – a chamada “lista pet”.

Foto: Divulgação PM Ambiental/SP

A consulta, que deveria ter sido encerrada em 17 de dezembro, foi estendida até 30 de dezembro.

O Fauna News retoma o assunto e reafirma:

- NÃO existe a possibilidade de se manifestar pela chamada “lista pet zero”, isto é, pela proibição total da comercialização de animais silvestres como bichos de estimação. No formulário que se acessa pelo link http://servicos.ibama.gov.br/ctf/publico/lista_pet/lista_pet.php só é possível indicar ou excluir (se não existe uma lista anterior, por que existe a opção “excluir”?) espécies para a listagem. E seu você for contrário a esse tipo de comércio, sua opinião não é válida?

- a segunda observação é a falta de divulgação dessa consulta pública. Seu início foi publicado na edição de 30 de novembro (página 205, seção 3) do Diário Oficial da União e no site do Ibama. O Fauna News fez uma rápida busca (via Google) sobre o assunto e encontrou apenas uma notícia no site D24am.com, do Amazonas (do grupo dos jornais Diário do Amazonas e Dez Minutos). Ou a imprensa não foi devidamente avisada pela assessoria de comunicação do Ibama ou ignorou totalmente o assunto. – o que mostraria uma enorme ignorância sobre o tema.

Sendo bastante enfático, o Fauna News considera que não está havendo interesse institucional (do Ibama) em divulgar amplamente a realização da consulta pública. Pior, o órgão ambiental está DESCONSIDERANDO a possibilidade de não permitir a comercialização de animais silvestres como pets. Dentro do próprio Ibama há técnicos contrários a esse tipo de comércio.

Por que, Ibama, não se considera a possibilidade da “lista pet zero”? Há interesses envolvidos para essa liberação?

Opinião
“O Fauna News é contrário à existência de uma “lista pet”. A comercialização de algumas espécies de animais silvestres como bichos de estimação, em tese, foi pensada para reduzir a captura na natureza para venda. Afinal, qual o motivo para correr o risco de comprar um animalzinho no mercado negro, ficar exposto às zoonoses e à possibilidade de tê-lo apreendido pelas autoridades?

Esse raciocínio funcionaria se o preço dos animais legalizados não fosse tão alto. Um exemplo é o comércio de papagaios-verdadeiros. Essas aves, quando vindas de criadouros autorizados pelo Ibama, custam entre R$ 1.800 e R$ 2.500. Já no mercado negro é possível adquirir uma por R$ 150 ou R$ 250.

Papagaios apreendidos em 2011 com traficantes em Pernambuco
Foto: Divulgação Ibama

Infelizmente, a maioria dos interessados em criar animais silvestres como bichos de estimação ainda prefere recorrer ao tráfico. Deve-se lembrar que boa parte desses interessados nunca foi alvo de alguma ação educativa, além de contar com certas limitações financeiras.

Será que o tráfico vai realmente diminuir se a diferença de preço entre os legalizados e os ilegais for tão alta?

Duvido.

Outro, e principal, motivo para o Fauna News ser favorável à “lista pet zero” é ético. Lugar de bicho é em seu hábitat, livre, cumprindo suas funções ecológicas. É chegado o momento de o ser humano deixar suas referências antropocêntricas; deixar de considerar que os outros seres vivos existem para servi-lo e começar a agir respeitando a vida.”
– texto do post “Reflexão para o fim de semana: começou a consulta pública sobre a “lista pet” e a divulgação medíocre”, de 7 de dezembro de 2012

- Leia a nota do Ibama informando a prorrogação da consulta pública
- Releia o do post “Reflexão para o fim de semana: começou a consulta pública sobre a “lista pet” e a divulgação medíocre”

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A perda de hábitat promovida pelo homem

Quando se afirma que a perda de hábitat é a principal causa da extinção de espécies é sobre isso que está se falando:

“As savanas da África e os leões que vivem ali estão desaparecendo a um ritmo alarmante, com uma redução de dois terços nos últimos 50 anos, segundo estudo publicado nesta semana.

A população de leões diminuiu por causa da destruição das savanas
Foto: Carley Petesch/AP

A partir de informações obtidas via satélite, pesquisadores da Universidade Duke, no Reino Unido, descobriram que apenas 32 mil leões vivem agora nas savanas do continente, em comparação com os cerca de 100 mil que habitavam ali em 1960 (uma queda de 68%).

A redução foi particularmente extrema na África ocidental, onde as populações humanas dobraram nas últimas três décadas, segundo estudo publicado na revista "Biodiversity and Conservation". A pesquisa sustenta que menos de 500 leões permanecem na região.”
– texto da matéria “Redução de savanas na África ameaça vida de leões, aponta estudo”, publicado em 5 de dezembro de 2012 pelo portal G1

A expansão da ocupação humana por meio da agricultura, da pecuária e da urbanização está aniquilando a vida silvestre. O desmatamento não impacta apenas a vegetação, que é suprimida e o solo, que acaba contaminado. Mas os animais sofrem com a fragmentação e contaminação, quando não da eliminação total, de seus lares.

E quando uma espécie desaparece de um determinado ecossistema, toda a teia alimentar sofre. Afinal, esse bicho predava algum outro (controle populacional) ou servia de alimento para outro animal. A fauna também ajuda na dispersão de sementes e realiza diversas atividades que mantém o equilíbrio ambiental.

Já pensou em um mundo sem os leões?

- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Fauna News entrevista: o ecólogo Mario Cobucci Neto fala sobre a destinação dos animais resgatados do tráfico

O ecólogo Mario Cobucci Neto concluiu sua especialização em Gerenciamento Ambiental na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq-USP) abordando em sua monografia o tráfico de animais silvestres. Em sua monografia de 2011, intitulada “Tráfico de animais silvestres: espécies apreendidas e destinações no Estado de São Paulo”, ele analisa a forma como a gestão de fauna trabalha a destinação dos espécimes e afirma “que não há possibilidades de conservação das espécies silvestres resgatadas do tráfico de animais.”

A conclusão é forte e motivou o Fauna News a entrevistar Cobucci Neto.

Fauna News - O que te motivou a pesquisar sobre o destino da fauna vítima do tráfico no Estado de São Paulo? Esse não é o seu primeiro trabalho sobre o assunto, correto?
Cobucci Neto - Antes de tudo eu queria comentar como começaram esses estudos. Na faculdade de Ecologia, na Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI), em Santa Catarina, eu queria estudar a fauna silvestre, mas não especificamente uma única espécie. Recebi então uma sugestão de uma professora de outra universidade para estudar o comercio ilegal de animais na região e, assim, foi possível conciliar o que eu queria estudar e o que era necessário a estudar para defender a biodiversidade.
Minha pesquisa sobre o destino da fauna foi consequência do meu trabalho de conclusão de curso na faculdade.  Naquela época, 2006 e 2007, eu coletei dados sobre as espécies da fauna apreendidas na região e os destinos dos animais, que não pareciam muito corretos e deixavam a desejar. Havia centros de reabilitação de animais superlotados, um zoológico em andamento de abertura (atualmente foi fechado) que recebiam animais e, em grande quantidade, muitos animais eram entregues para fiéis depositários (uma pessoa física com autorização para cuidar dos animais, mas que não pode comercializá-los). Isso gerou um entrave, afinal para onde os animais estavam sendo destinados para a conservação de suas espécies? Isto era prioridade? O que os responsáveis estavam fazendo?

No trabalho de pós-graduação, na Esalq-USP, foi possível ter respostas mais sólidas, apesar de ter sido realizado em outra região. Coletei dados sobre, para onde os animais estavam indo após apreensão e os analisei. E a conclusão foi que, em grande maioria, os destinos não colaboram para a conservação das espécies e sim para criar um individuo preso sem planejamento ou intenção de conservação.

Fauna News - Como foi realizada a pesquisa? Quais as dificuldades encontradas para a obtenção dos dados?
Cobucci Neto - A pesquisa foi realizada através de estudos bibliográficos e saídas a campo, dentro do cronograma proposto de um ano e quatro meses. Para a coleta de dados foi feito um questionário padrão com perguntas sobre espécies apreendidas e destinações, além de um ofício solicitando o preenchimento. A entrega de todos os questionários foi protocolada. A espera para as respostas foi de dois meses.
A maior dificuldade é que alguns questionários não foram respondidos, mas todas as justificativas foram mencionadas no trabalho. A maioria foi por falta de dados ou de órgãos que alegavam não ter dados e atribuíam a resposta a outros.

Posso citar algumas possibilidades da falta de respostas por falta de dados, por questão estratégica dos órgãos em não divulgar as informações e por falta de responsabilidade e não dar prioridade ao tema. Porém, já era esperado na estratégia do trabalho o fato de não conseguir as respostas em sua totalidade. Nesse contexto, muitos dados que poderiam ser coletados deixaram de ser analisados na pesquisa.

Fauna News - Quais os dados que mais chamam a atenção?
Cobucci Neto - A quantidade de animais apreendidos no Estado de São Paulo chama muita atenção. No entanto, os destinos são preocupantes. Depois de resgatados do comércio ilegal, os animais tem um destino incerto, bem como a conservação da espécie, porque, por exemplo, muitos são destinados para depositários fiéis, outros ficam com os próprios infratores por não ter locais de destino, são encaminhados há criadouros, ou para centros de triagem e reabilitação, que geralmente estão superlotados. Com isso, infelizmente a conservação dos animais no hábitat não está acontecendo como deveria.

Mas uma grande questão é a falta de lugares adequados para os animais, porque se houvesse uma maneira de gerenciar a fauna para os animais serem dirigidos para lugares corretos, com estudos de hábitats para soltura nas áreas de ocorrência, com etapas interligadas que atendessem a demanda, com certeza não haveria espaço para abastecer o comércio ilegal depois de apreendidos.

O que carece são bons centros para atender os animais. Lógico que esse impacto negativo na fauna silvestre poderia acabar ou ser minimizado com um combate efetivo e educação ambiental.

A situação atual é que São Paulo recebe espécimes da fauna de todo o Brasil, que são cuidados e geram um ônus financeiro para o Estado.  O Estado também não dá conta de cuidar adequadamente dos animais, apesar de ter centros excelentes, já que há um crescimento anual de animais aprendidos, aliado a uma limitação técnica, estrutural e financeira. Todos os Estados do Brasil deveriam reter os animais em suas áreas de abrangência antes de deixá-los atravessar as divisas e as fronteiras com outros países.

Fauna News- Por que não há a possibilidade de conservação das espécies resgatadas do tráfico de animais?
Cobucci Neto - Primeiramente porque não há prioridade para a conservação da fauna. O que vale é o valor econômico do animal ou de suas partes, além de ainda haver a concepção de criar animais em cativeiros e gaiolas para abastecer um “ego”, o que representa uma educação ambiental inadequada que mantém comportamentos anticonservacionistas ou um comportamento “ignorante” e que impacta negativamente a fauna silvestre brasileira. São os animais que “fazem” a floresta se manter e funcionar. Eles sobrevivem em uma grande teia, onde cada indivíduo depende de outros indivíduos.

Fauna News - O que está impedindo um maior número de solturas?
Cobucci Neto - Para ecólogos e conservacionistas, a soltura com certeza é um momento único e muito motivante. Porém, é uma fase seriíssima, com muitos critérios técnicos a serem abordados e seguida de monitoramento. O animal não deve estar debilitado fisicamente, exausto, desidratado, machucado. Tem de ser introduzido na área de ocorrência para não se tornar uma espécie invasora. É muito importante um controle de zoonoses, segurança de trabalho e diversos outros aspectos que possam assegurar uma soltura com eficiência, respeitando as peculiaridades dos locais e das diferentes espécies.

O que impede as solturas é a quantidade de animais apreendidos, em que poucos chegam a centros de recuperação e manejo, onde há falta estrutura física e capacidade técnica humana. Infelizmente, o caminho que os animais são destinados não possibilita que todos os espécimes sejam soltos e o fim de suas vidas acaba em gaiolas e cativeiros.

Fauna News - Você afirma que a fauna ainda é valorizada como produto e não pelos serviços que presta aos ecossistemas. Poderia explicar?
Cobucci Neto - Com certeza, infelizmente essa é a realidade. Os animais são visados pelo valor econômico. Eles não estão sendo respeitados e valorizados pelo histórico de evolução de sua espécie, já que por milhões de anos a fauna vem se adaptando e evoluindo no meio natural. Os animais têm funcionalidades. Eles se relacionam dentro da própria espécie e com outras espécies e junto do meio abiótico. Esta é a vida deles. São dispersores de sementes, controladores biológicos, têm diversas relações, predam e são predados. Você retirar um animal da natureza é crime pela lei, mas aos serviços ecossistêmicos ninguém irá suprir a função que o animal faz na floresta ou no ambiente urbano. As aves dispersam sementes com seu comportamento natural, enquanto os homens precisariam trabalhar e usar maquinários para fazer isso, o que gera um custo financeiro.

De alguma forma a sociedade acaba arcando com os custos desta irresponsabilidade inconsequente. Alguém paga essa conta. Posso citar as zoonoses que são passadas entre animais e humanos no manejo inadequado, geram doenças gravíssimas aos humanos com um custo social, econômico e ambiental elevado, além de as gerações futuras correrem o risco de não terem a oportunidade de conhecerem a fauna silvestre em seus biomas.

Fauna News - Você aponta algumas soluções para o problema da destinação dos animais resgatados do tráfico e para o próprio tráfico no final de seu trabalho. O que vale ser destacado?
Cobucci Neto - O trabalho abordou algumas soluções. Dentre os aspectos citados a principal ferramenta seria o gerenciamento faunístico com base cientifica, desenvolvendo técnicas, mecanismos e serviços para diminuir o impacto e aumentar a eficiência de sobrevivência do animal, priorizando todas as fases que a fauna passa. Deve-se inserir a educação ambiental para valorizar o animal no hábitat. Nas apreensões deve haver mecanismos para serem identificados corretamente, melhorar a eficiência para causar menos dor e sofrimento ao animal, exames para ver suas condições físicas, priorizar a soltura nas áreas de ocorrências, e criar uma segurança no manejo dos animais para minimizar os riscos de contrair doenças (zoonoses) entre homens e animais. Depois que os animais forem destinados para gaiolas e cativeiros, o ideal é minimizar o impacto criando uma qualidade de vida mínima e priorizar veementemente os animais a serem tratados e soltos.

É fundamental apoiar as pessoas responsáveis em lutar pela conservação da fauna. No momento, há um processo de perda da biodiversidade nacional e global que resulta em mais animai nas listas de espécies ameaçadas de extinção.

Sou contra animais presos. A liberdade é primordial.

Conheça os trabalhos de Mario Cobucci Neto
Para quem tiver interesse em ler "Tráfico de Animais Silvestres: Um olhar sobre o Alto Vale do Itajaí" (UNIDAVI, 2007) e "Tráfico de Animais Silvestres: espécies apreendidas e destinações no Estado de São Paulo" (Esalq-USP, 2011), basta entrar em contato pelo e-mail  mcneco45@gmail.com. Ele pode enviar um CD ou os arquivos digitais por e-mail.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Educação ambiental funciona: crianças ativistas contra o tráfico de chifres de rinocerontes

Crianças e adolescentes serão as próximas gerações com poder de decisão no mundo. Esse argumento já seria suficiente para justificar amplas ações de educação ambiental. Mas, o trabalho de conscientização dos futuros adultos pode colher frutos hoje. Não tem de esperar o amanhã...

‘”Prezado Presidente Zuma, por favor pare de matar rinocerontes”. Assim começa uma das centenas de cartas coletadas pela One More Generation, uma organização sem fins lucrativos da Georgia (EUA), que busca ajudar a preservar espécies ameaçadas ao redor do mundo. As informações são da Mother Nature Network e do Huffington Post.

Carter e Olivia Rise, da One More Generation
Foto: site da One More Generation

A One More Generation, também conhecida como OMG, foi fundada em 2009 por Carter e Olivia Rise, dois irmãos que estão agora com 11 e 10 anos de idade. Os dois energéticos jovens ativistas passaram os últimos anos fazendo campanhas contra poluição gerada por plásticos, para ajudar a acabar com os cruéis rodeios de cascavel, e levantaram dinheiro para ajudar chitas em vias de extinção, entre muitas outras conquistas.

Agora eles voltaram o seu foco para os rinocerontes, que estão sendo caçados a taxas sem precedentes na África do Sul, onde vivem 99 por cento dos rinocerontes do mundo. Até o fim do ano, pelo menos, 600 rinocerontes terão sido ilegalmente mortos por seus chifres, que são utilizados na medicina tradicional asiática, apesar de serem feitas a partir da mesma proteína que unhas humanas e não possuírem nenhum valor medicinal como prega a “moda” em voga no momento (em comparação, apenas 13 rinocerontes foram caçados em 2007).”
– texto da matéria “Crianças fazem campanha de cartas contra caça aos rinocerontes”, publicada em 14 de dezembro de 2012 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda)

A organização dos dois irmãos quer entregar, em 2013, o maior número de cartas possível (escritas por crianças) pessoalmente para o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. A intenção é sensibilizar a autoridade para melhorar o combate à crescente caça de rinocerontes. E os dois irmãos têm até uma sugestão bem interessante:

“Carter diz que há uma série de providências que o Governo da África do Sul poderia tomar para reduzir a caça. “Eu gostaria que o Presidente Zuma aumentasse o tempo de prisão para as pessoas que forem pegas caçando rinocerontes. Então nós queremos que ele obrigue todos os caçadores a apresentar o nosso projeto de proteção aos rinocerontes em pelo menos 10 escolas locais, para que eles possam ensinar a próxima geração a não matar animais, não importa quanto dinheiro alguém lhe ofereça”, sugeriu Carter.” – texto da Anda

Rinoceronte morto por traficantes de chifres
Foto: AFP

Investir em educação ambiental é a forma mais eficiente de, no médio e longo prazos, combater o tráfico de animais e suas partes. Esse trabalho tem de estar aliado à fiscalização e repressão exemplares, legislação realmente severa e políticas sociais em áreas carentes onde há captura e caça de fauna. Infelizmente, todos esses pontos estão carentes de atenção, principalmente a educação ambiental, que ainda é tratada como algo menor e menos importante.

Está aí o exemplo.

- Leia a matéria completa da Anda

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre a China: até quando irão consumir tantos animais silvestres?

A apreensão ocorreu no final de novembro. Mas o Fauna News não podia deixar de comentar.

Tartarugas apreendidas epla Marinha filipina
Foto: AFP

“Num barco, homens da Marinha filipina medem tartarugas resgatadas perto da cidade de Balabac, na ilha de Palawan. Mais de uma centena desses animais marinhos foram apreendidos em poder de traficantes que iriam vendê-los a cidadãos chineses, dizem os militares. Os compradores escaparam, segundo anúncio oficial feito nesta sexta-feira (30).” – texto-legenda publicado em 30 de novembro de 2012 pelo portal G1 com o título “Marinha filipina apreende mais de cem tartarugas marinhas”

Na China, não são apenas as tartarguas-marinhas. São tigres, chifres de rinocerontes, marfim, bile de ursos e uma infinidade de animais e suas partes que acabam consumidas diariamente sem repressão ou até legalmente. Até quando?

- Leia a publicação do portal G1

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Reflexão para o fim de semana: onças na Argentina, tentando desfazer o estrago

“Ícone da cultura mitologia guarani original desta região, a onça-pintada ou jaguar, como é conhecido na Argentina, desapareceu em meados do século passado da região do Pântano do Iberá, pântanos de água doce de cerca de 1,3 milhões de hectares, e em todo o país estão estimadas apenas cerca de 200 animais. As informações são da Agência EFE.

Estima-se que apenas 200 onças-pintadas vivam na Argentina
Foto: Tambako

O projeto realizado pela Conservation Land Trust (CLT), uma organização fundada pelo bilionário EUA Douglas Tompkins e sua esposa, Kristine McDivitt, tem como princípio garantir a reprodução dos jaguares e inseri-los em ambiente natural, onde a fundação pretende criar um parque nacional.”
– texto da matéria “Projeto tenta recuperar jaguar em reserva argentina”, publicada pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda) em 13 de dezembro de 2012

Será que é possível? Só para lembrar, em 6 de agosto de 2012, o Fauna News publicou:

‘“Operações de reintrodução de leões criados em cativeiro nas áreas selvagens da África têm feito muito pouco pela conservação destes animais, afirma um estudo divulgado nesta terça-feira (31) pela revista Oryx. Ações deste gênero, que podem envolver turistas, são classificadas como "comerciais" e "mitos" pelos cientistas responsáveis pela pesquisa.

Elaborada por uma equipe de biólogos da Panthera, unidade especializada em felinos da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na tradução em inglês), a pesquisa considera que há um "mito de conservacionismo" em operações deste gênero, quase sempre fracassadas. O estudo demonstra que nenhum leão criado em cativeiro foi realocado de maneira bem-sucedida no meio selvagem.” – texto da matéria “Reintrodução de leões criados em cativeiro fracassa na África, diz estudo”, publicada em 1º de agosto de 2012 pelo portal G1

Leão nascido em cativeiro na Namíbia
Foto: Luke Hunter/Panthera

Existem muitos programas de revigoramento populacional, mas pouco se divulga sobre o sucesso dos mesmos. Quando essas ações envolvem animais nascidos na natureza (como os apreendidos com traficantes de fauna ou acidentados que receberam tratamento), as chances de o bicho voltar a ter uma vida normal são grandes.

Mas o caso dos leões citados na matéria é diferente, afinal eles nasceram em cativeiro. A constatação dos pesquisadores eleva ainda mais a preocupação com a conservação das espécies em seus hábitats, afinal o homem está provando que não consegue reproduzir a perfeição da natureza.

Não basta ter o bicho sadio. O homem não consegue dar ao animal nascido em cativeiro o conhecimento aprendido pelos que sempre viveram no mato. A arrogância antropocêntrica encontrou um limite, pelo menos para essa espécie.’
– texto do post “Começar a semana pensando”

Seria muito bom que a tentativa argentina desse certo. A torcida é grande, mas o trabalho a ser desenvolvido pela Conservation Land Trust não será fácil.

- Leia a matéria completa da Anda
 - Releia o post do Fauna News “Começar a semana pensando”, de 6 de agosto de 2012

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Novo alerta: tráfico de animais financia guerrilhas e terroristas

A ONG WWF International divulgou em 12 de dezembro de 2012 o relatório Fighting Illicit Wildlife Trafficking, em que a empresa de consultoria grupo Dalberg entrevistou representantes de governos e de organizações internacionais. Muita coisa não é novidade, mas chamou a atenção o seguinte dado:

“Grande parte do comércio de produtos ilegais da vida selvagem é executado por redes criminosas sofisticadas com amplo alcance internacional. Os lucros do tráfico de animais silvestres são usados para comprar armas, financiamento de conflitos civis e de atividades terroristas, conclui o relatório.

O envolvimento do crime organizado e os grupos rebeldes em crimes selvagens está aumentando, de acordo com entrevistas com governos e organizações internacionais conduzidas pela empresa global de consultoria grupo Dalberg em nome da WWF.” 
- texto do site da WWF

A imprensa, no entanto, fixou sua abordagem em números. Afinal, esse é o enfoque mais fácil, já que poucos jornalistas estão realmente familiarizados com o tema:

“Relatório divulgado nesta quarta-feira (12) pela organização não governamental WWF aponta que o comércio ilegal de animais selvagens representa cerca de US$ 19 bilhões anuais (cerca de R$ 39 bilhões), dinheiro que fortalece redes criminosas, compromete a segurança de países e ameaça a saúde da população. Além disso, segundo a ONG, a prática acelera a extinção de espécies.” – texto da matéria “Tráfico de animais movimenta R$ 39 bilhões por ano no mundo, diz ONG”, publicada pelo portal G1 em 12 de dezembro de 2012

Não é novidade que o tráfico de animais movimenta cerca de 19 bilhões de dólares por ano. Em 2001, a ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), já divulgara que esse crime movimentava entre 10 bilhões e 20 bilhões de dólares por ano.

As populações de rinocerontes estão sendo dizimadas por causa do tráfico do chifre
Foto Troy Otto

O que vale, como informação que raramente é veiculada, é o uso desse dinheiro para armar grupos terroristas e de guerrilhas, o que significa que não apenas a vida dos animais é eliminada: o tráfico de fauna está financiando a perda de vidas humanas. E, sobre isso, a imprensa (não apenas o G1) não dá detalhes...

- Leia o texto de divulgação do WWF (em inglês)
- Leia a matéria do portal G1

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

“Natal Bicho Solto”

Esse tipo de ação tem de ser feita sempre, sem o caráter de operação especial. Se fosse um trabalho rotineiro e massivo, a quantidade de animais apreendida seria gigantesca e a teria realmente um caráter educativo – repressão também educa.

“A Polícia Militar Ambiental, através da 1ª Companhia do 4º Batalhão de Polícia Ambiental, realizou nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, a operação denominada “Natal Bicho Solto”, nos municípios de Catanduva, São José do Rio Preto, José Bonifácio, Mirassol, Tanabi, Neves Paulista, Jaci, Novais, Nipoã, Novo Horizonte e Borborema.

Se procurarem mais, vão achar
Foto: Divulgação PM Ambiental/SP

De acordo com o Setor de Comunicação Social do 4º Batalhão de Polícia Ambiental, o foco das ações de policiamento ambiental foi a constatação de aves e animais silvestres mantidos em cativeiro, sem a autorização do órgão ambiental competente, o comércio irregular, possíveis maus tratos, além de outros delitos relacionados à fauna.

Um total de 108 policiais e 42 viaturas operacionais participaram da operação que resultou em 115 residências fiscalizadas, lavrados 85 boletins de ocorrência e efetuadas 204 buscas pessoais.

No total foram apreendidas 274 aves silvestres, dentre elas tucanos, jandaias da testa vermelha, papagaios verdadeiros, periquitos da asa amarela e maracanãs, tempera-viola, sanhaços, azulões, sabiás, curiós, trincas ferro, tico-tico rei, canários da terra e outras diversas, além de 36 anilhas SOSP e Ibama adulteradas periciadas.”
– texto da matéria “Polícia Ambiental apreende 274 aves e lavra multas de R$ 190 mil”, publicada em 9 de dezembro de 2012 pelo jornal O Regional (Catanduva –SP)

Tucanos apreendidos
Foto: Divulgação PM Ambiental/SP

Mas, infelizmente, o poder público não tem vontade de acabar com o tráfico de animais, tanto que não possui uma política estruturada para esse fim. União, estados e municípios não têm estrutura para dar atendimento emergencial aos bichos apreendidos, não têm estrutura para receber e dar destinação adequada aos mesmos, não investe em educação ambiental, não têm política de renda para áreas de captura com comunidades pobres e não pressiona os legisladores mudarem as inócuas leis que abordam essa prática.

- Leia a matéria completa de O Regional

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A falta de segurança das áreas “protegidas”: o tráfico de animais em unidades de conservação

Em agosto de 2012, foi publicado pela plataforma digital Intech - Open Science/Open Minds o livro Biodiversity enrichment in a diverse world (“Enriquecimento da biodiversidade em um mundo diverso”). Em um de seus artigos, o “Efforts to Combat Wild Animals Trafficking in Brazil” (“Esforços para o combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil”), que foi escrito pelos integrantes da Coordenação de Fiscalização do Ibama., Guilherme Fernando Gomes Destro, Tatiana Lucena Pimentel, Raquel Monti Sabaini, Roberto Cabral Borges e Raquel Barreto, tem uma informação que chama a atenção e foi muito bem salientada pelo portal Terra:

“O Mosaico de Unidades de Conservação Sertão Veredas-Peruaçu, no norte de Minas, é dos principais focos dos traficantes. A unidade apresenta elevado grau de conservação, com mais de oito em cada dez hectares cobertos por cerrado.

No mosaico é encontrada a maioria dos animais conhecidos do Cerrado, muitos ameaçados de extinção pelo desmatamento e pelo avanço descontrolado da agropecuária e obras de infraestrutura.

"Os grandes remanescentes do País são o principal alvo da coleta ilegal de animais silvestres. O Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu é muito procurado pelos traficantes durante a reprodução anual dos psitacídeos (papagaios, araras e outras espécies de bico torto)", diz um dos autores do estudo Guilherme Gomes Destro, da Coordenação de Operações de Fiscalização do Ibama.”
– texto da matéria “Tráfico: bom estado de conservação de UC atrai traficantes”, publicada em 7 de dezembro de 2012

A matéria baseou-se na entrevista feita com Detro, já que no capítulo do livro não está citado o mosaico. Mas a situação da captura de animais por traficantes em áreas protegidas foi destacada com outra unidade de conservação (UC):

“(...) muitos animais são levados do Parque Nacional do Iguaçu e vendidos ilegalmente à luz do dia, ou levados por fornecedores para outras regiões brasileiras.”

O Parque Nacional de Iguaçu não é só cataratas
Foto: WWF-Canon/Michel Gunther

As unidades de conservação, principalmente as de proteção integral como parques, estações ecológicas e reservas biológicas, são bancos de biodiversidade. E, assim como os bancos que guardam dinheiro e são assaltados por ladrões, elas estão sendo roubadas pelos traficantes de fauna. O poder público (fiscalização do ICMBio, órgão do Ministério do Meio Ambiente responsável pela gestão das UCs federais, e dos órgãos estaduais que têm a obrigação de zelar pelas áreas protegidas de cada Estado) está desestruturado e com déficit de pessoal. E não há sinais de mudança.

Os bancos estão com seus cofres abertos...

- Leia a matéria completa do Portal Terra
- Leia o capítulo “Efforts to Combat Wild Animals Trafficking in Brazil” (“Esforços para o combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil”)
- Leia a matéria do site do Ibama sobre a participação de seus profissionais no livro Biodiversity enrichment in a diverse world (“Enriquecimento da biodiversidade em um mundo diverso”)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Reflexão para o fim de semana: começou a consulta pública sobre a “lista pet” e a divulgação medíocre

Um dos temas mais polêmicos quando se trata de tráfico de animais chama-se “lista pet”. Em 6 de novembro de 2007, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determinou por meio da Resolução 394 a elaboração de uma lista de animais silvestres que poderiam ser criados e comercializados como bichos de estimação (pets). A listagem deveria ser concluída em seis meses, mas não foi isso que aconteceu.

A existência da “lista pet” tem o objetivo de reduzir a pressão de captura ilegal na natureza de animais, como os pássaros, papagaios, macacos e tantos outros. Para dar uma dimensão dessa captura ilegal, a ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) divulgou uma pesquisa em 2001 estimando que 38 milhões de bichos são retirados de seus hábitats todos os anos no Brasil (sem contar invertebrados e peixes).

Arara-canindé em cativeiro: é bonito assim?
Foto: Felipe Nyland

Faz alguns meses que a elaboração da “lista pet” está novamente sendo discutida dentro do Ibama. Existem argumentos favoráveis e contrários de profissionais e instituições envolvidas na conservação da fauna silvestre e no combate ao tráfico de animais.

Desde 3 de dezembro de 2012, o Ibama começou a realizar a consulta pública obrigatória para que a sociedade civil indique (com justificativas) quais espécies devem obter a permissão para comercialização como bichos de estimação. Duas observações devem ser feitas:

- NÃO existe a possibilidade de se manifestar pela chamada “lista pet zero”, isto é, pela proibição total da comercialização de animais silvestres como bichos de estimação. No formulário que se acessa pelo link http://servicos.ibama.gov.br/ctf/publico/lista_pet/lista_pet.php só é possível indicar ou excluir (se não existe uma lista anterior, por que existe a opção “excluir”?) espécies para a listagem. E seu você for contrário a esse tipo de comércio, sua opinião não é válida?

- a segunda observação é a falta de divulgação dessa consulta pública. Seu início foi publicado na edição de 30 de novembro (página 205, seção 3) do Diário Oficial da União e no site do Ibama. O Fauna News fez uma rápida busca (via Google) sobre o assunto e encontrou apenas uma notícia no site D24am.com, do Amazonas (do grupo dos jornais Diário do Amazonas e Dez Minutos). Ou a imprensa não foi devidamente avisada pela assessoria de comunicação do Ibama ou ignorou totalmente o assunto. – o que mostraria uma enorme ignorância sobre o tema.

'O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou a abertura de processo de consulta pública em relação às espécies da fauna nativa brasileira que poderão ser reproduzidas em criadouros para serem comercializadas como animais de estimação. O aviso sobre a realização dessa consulta foi publicado na edição desta sexta-feira (30) do Diário Oficial da União.

A consulta pública estará aberta entre os dias 3 e 17 de dezembro. Material sobre o tema em debate será publicado no site do Ibama (http://www.ibama.gov.br). A discussão estará aberta a todos os interessados, mas o Ibama ressalva que "as contribuições deverão ser embasadas tecnicamente, de acordo com os critérios estabelecidos na referida resolução, indicando-se as referências bibliográficas utilizadas na justificativa".' – trecho da matéria “Ibama debaterá criação de animais da fauna nativa para estimação”, publicada em 30 de novembro de 2012 pelo site D24am.com

Opinião
O Fauna News é contrário à existência de uma “lista pet”. A comercialização de algumas espécies de animais silvestres como bichos de estimação, em tese, foi pensada para reduzir a captura na natureza para venda. Afinal, qual o motivo para correr o risco de comprar um animalzinho no mercado negro, ficar exposto às zoonoses e à possibilidade de tê-lo apreendido pelas autoridades?

Esse raciocínio funcionaria se o preço dos animais legalizados não fosse tão alto. Um exemplo é o comércio de papagaios-verdadeiros. Essas aves, quando vindas de criadouros autorizados pelo Ibama, custam entre R$ 1.800 e R$ 2.500. Já no mercado negro é possível adquirir uma por R$ 150 ou R$ 250.

Filhotes de papagaios-verdadeiros apreendidos com traficantes
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Infelizmente, a maioria dos interessados em criar animais silvestres como bichos de estimação ainda prefere recorrer ao tráfico. Deve-se lembrar que boa parte desses interessados nunca foi alvo de alguma ação educativa, além de contar com certas limitações financeiras.

Será que o tráfico vai realmente diminuir se a diferença de preço entre os legalizados e os ilegais for tão alta?

Duvido.

Feira de rolo: quem compra animais em feiras vai pagar mais caro pelo legalizado?
Foto: Blog Alberto Marques

Outro, e principal, motivo para o Fauna News ser favorável à “lista pet zero” é ético. Lugar de bicho é em seu hábitat, livre, cumprindo suas funções ecológicas. É chegado o momento de o ser humano deixar suas referências antropocêntricas; deixar de considerar que os outros seres vivos existem para servi-lo e começar a agir respeitando a vida.

Respeito à vida
Foto: Fly&photo

- Link para a participação na “lista pet”
- Conheça a Resolução 394 de 2007
- Leia a publicação no Diário Oficial de União
- Leia a matéria completa do D24am.com
- Leia a matéria de divulgação do Ibama

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Animais apreendidos: apenas a ponta do iceberg

“Vários animais silvestres são  retirados ilegalmente do ambiente natural deles em Manaus e  sofrem com maus tratos e violência física e psicológica. O analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Diogo Faria, diz que a maior parte dos casos não chega ao conhecimento das autoridades.

Neste ano, o Ibama recebeu em seu Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), 830 animais entre aves, mamíferos, répteis e peixes. Segundo Diogo o número é “ligeiramente maior” do que em anos anteriores. Ele conta que a maior diferença é na proporção de apreensões, que aumentou bastante. Conforme Diogo Faria, 70% dos animais são de apreensão, 25% entrega espontânea e 5% de resgate.”
– texto da matéria “Sofrimento em cativeiro: animais silvestres são criados como domésticos no AM”, publicada em 4 de dezembro de 2012

O tráfico de primatas como bichos de estimação é comum na Amazônia
Foto: SOS Fauna

Ao terminar de ler esses dois primeiros parágrafos da matéria do jornal A Crítica, de Manaus, você pode achar um absurdo a quantidade de animais apreendidos apenas na capital do Amazonas. Mas, é preciso reparar e destacar parte da afirmação do funcionário do Ibama: “que a maior parte dos casos não chega ao conhecimento das autoridades.”

Como normalmente as ações de fiscalização que terminam em apreensões são motivadas por denúncias, e não por uma iniciativa própria do poder público, é preciso concordar com Faria. Os bichos recolhidos pelas autoridades representam apenas a ponta do iceberg. Imagine o que aconteceria se os órgãos de controle resolvessem apreender todos os animais que vivem ilegalmente em cativeiro?

‘“Infelizmente em Manaus,  muitos animais, principalmente macacos, papagaios, araras e periquitos, são mantidos como animais de estimação. As pessoas esquecem que eles  nunca terão uma vida plena e feliz, pois estão afastados dos outros animais e perdem sua função ecológica, como dispersão de sementes, equilíbrio da cadeia alimentar e controle de vetores de doenças”, explicou (Faria).’ – texto de A Crítica

A matéria foi além da questão dos maus-tratos e dos problemas ecológicos nos ecossistemas causados pelo cativeiro e chegou à questão das zoonoses.

“Um risco que muitas pessoas que mantém animais silvestres em casa é a transmissão de doenças graves, as  zoonoses.

O analista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, Diogo Faria, cita a tuberculose, raiva, clamidiose, meningite, pneumonia e conjuntivite no leque de possibilidades. Algumas doenças inclusive não são nem conhecidas direito e o tratamento é muito difícil, já que se conhece muito pouco sobre as doenças dos animais silvestres.”
– texto de A Crítica

E saiba que mais de 180 zoonoses já foram identificadas. Então, a manutenção de animais silvestres como bichos de estimação (o que estimula o tráfico) não coloca em risco apenas o equilíbrio ambiental e o bem estar dos espécimes, mas também a sua saúde e de sua família.

Pense nisso!

- Leia a matéria completa de A Crítica

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A enfermeira e o tamanduá-mirim: uma lição

Em 22 de novembro de 2012, a seguinte mensagem que chegou na página do Fauna News no Facebook (www.facebook.com/faunanews):

“Oi, eu estou com um tamanduazinho fillhote de mais ou menos uns três meses. Estou cuidando dele, mais agora ele não pega mais a mamadeira e já liguei para Florestal e eles não podem leva-lo a São Vicente, que tem um hospital que cuida de animais silvestres filhotes. Não sei o que faço.”

Jasmini e Princesa
Foto: Arquivo pessoal

A mensagem foi enviada pela técnica de enfermagem Jasmini Franco Rocha, de 18 anos. Moradora de Iguape (SP), ela conta que em 4 de outubro, um amigo de seu pai encontrou o filhote de tamanduá-mirim fêmea em uma estrada. O animal lhe foi entregue e ela passou a cuidar dele.

Mas, agora em novembro, a filhote parou de se alimentar com as mamadeiras dadas por Jasmini. Preocupada, ela ligou para a Polícia Militar Ambiental que teria alegado não ter como fazer o transporte. Por sorte, o animal voltou a se alimentar e, em 27 de novembro, a técnica de enfermagem foi até o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Refúgio Mata Atlântica LELLO – Unimonte, em São Vicente, e entregou o tamanduá-mirim.

A experiência de Jasmini serve de lição para todos nós. Por mais que o animal seja belo e nos atraia com seu carisma (ainda mais os filhotes), seu lugar é na natureza. E, mesmo com toda a dedicação e amor, quem não tem experiência e conhecimento para criar um animal silvestre pode acabar prejudicando o bichinho. Alimentação inadequada, ambiente inadequado, condições sanitárias inadequadas e uma série de inadequações podem levar a problemas sérios. Tanto para o animal (que pode adoecer), quanto para as pessoas (com zoonoses e com a agressividade do bicho).

Jasmini escreveu para o Fauna News sobre sua experiência com Princesa, forma com que ela tratava a fêmea de tamanduá-mirim.

“Conhecer a minha Princesa foi tudo.

Quando fiquei sabendo que um amigo do meu pai havia achado um filhote de tamanduá-mirim, fiquei louca e logo quis criá-la (risos).
Foto: Arquivo pessoal
Foi assim que começou. Eu acordava na madrugada para alimentá-la, afinal ela era um bebezinho que mamava de três em três horas. Eu a cobria e ficava com minhas mãos em cima dela para ela poder dormir. Caso contrário, ela não dormiria.

O tempo foi passando e ela cada vez maior e ainda mamando. Como sei que é ilegal criar um animal silvestre em casa, procurei a polícia florestal, mas não me deram assistência nenhuma. Um dia, ela acabou comendo algo no chão que não fez bem e ficou dois dias sem se alimentar absolutamente de nada. Isso acabou comigo. Preocupei-me demais, entrei em desespero achando que ela iria morrer. Afinal, ela era o meu bebezinho.

Então descobri o Cetas, uma instituição em São Vicente que cuida desses tipos de animaizinhos para depois soltá-los em seu hábitat ou mandá-los para um zoológico.
Com muita dor no coração, lá fui eu entregar aquilo que criei por dois meses e meio com todo amor, carinho e dedicação. Lembro-me como se fosse exatamente agora: a entreguei nos braços do responsável do Cetas e me pus a chorar quando ela me olhou. Parece drama demais, mas foi horrível ter que me despedir daquilo que cuidei tanto, com tanto zelo.

Quando a colocaram em seu quartinho, eu me aproximei e ela veio logo em minha direção como se já tivesse sentindo meu cheiro. Com meus olhos cheios de lágrimas, me abaixei e a beijei pedindo para que Deus a protegesse. Ela subiu a grade toda para vir em meu colo e ficou me olhando ir embora.

Apesar da vontade de criar Princesa, Jasmini tomou a decisão certa
Foto: Arquivo pessoal

Sei que foi o melhor pra ela, mas vou sentir muita falta. Foi um pedacinho de mim que se foi, né? Só que lá é o lugarzinho dela e eu preciso me conformar.

A amarei para sempre.”


Princesa está no Cetas de São Vicente
Foto: Arquivo pessoal

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pássaros em caixas de leite: alimentando o mau exemplo

“A Polícia Rodoviária em Registro, no interior de São Paulo, apreendeu 30 aves conhecidas popularmente como Trinca Ferro, transportadas ilegalmente em caixas de leite na tarde deste domingo (2). Os animais estavam em um veículo conduzido por um homem de 39 anos que mora em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Ele estava acompanhado pelo filho, um menino de 12 anos.

Um dos pássaros apreendidos
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Segundo a polícia, as aves foram encontradas em duas caixas grandes que acondicionavam embalagens de leite longa vida que supostamente estariam cheias. Ao vistoriar a carga, os policiais observaram que as embalagens de leite tinham furos, feitos para que as árvores pudessem respirar. Ao abri-las, os animais foram encontrados e o motorista afirmou que não tinha licença ambiental para fazer o transporte.
” – texto da matéria “Polícia apreende aves silvestres dentro de caixas de leite em Registro”, publicada em 3 de dezembro de 2012 pelo portal G1

Caixas de leite com as aves
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Não bastasse a curiosa forma com que o traficante de animais transportava as aves, o que chama a atenção é o fato dele estar acompanhado do filho de 12 anos. A imprensa deu mais destaque ao fato de os pássaros estarem em caixa de leite. Mas uma vez, o inusitado superou o mais importante: o exemplo dado pelo pai ao garoto.

O tráfico de fauna silvestre só vai ter uma diminuição considerável quando houver investimento massivo em educação ambiental. Pessoas bem instruídas e conscientes dos problemas que envolvem essa atividade criminosa não compram animais. Mas o poder público está ignorando essa necessidade.

Enquanto isso, gente sem escrúpulos (que sabe da ilegalidade de seu ato, tanto que escondeu as aves em caixas de leite) serve como exemplo para as crianças. Qual o futuro que queremos?

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Começar a semana pensando...

...no gosto em comer carne de caça. Em Sergipe.

Comprar carne de caça não pode ser justificado, hoje em dia, pela falta da carne dos animais de produção (gado ou porco, por exemplo). Quem adquire esse tipo de “produto” o faz por gosto.

“A Polícia Militar de Sergipe, através do Pelotão de Polícia Ambiental (PPAmb), flagrou na quarta-feira (21), um senhor vendendo animais silvestres já abatidos, na Feira Livre do Conjunto Augusto Franco, em Aracaju.

Teiú morto apreendido em feira de Sergipe
Foto: Divulgação PM/SE

(...)Em uma revista detalhada por toda a banca, os policiais encontraram diversos animais da espécie teiús, mortos e divididos em partes para o consumo e a parte traseira de um veado, também já cortado em partes para o consumo. “Descobrimos que os animais são trazidos já abatidos do interior do Estado sob encomenda, já que é grande o público que aprecia a carne de caça”, informou o sargento Daniel.”
– texto da matéria “Carne de animal silvestre é apreendida em feira do Augusto Franco”, publicada em 23 de novembro de 2012 pelo site sergipano Plenário

E será que essas pessoas não pensam nas consequências para as espécies caçadas? Os animais não sofrem apenas pressão por caçadores, mas também por poluição e perda de hábitat (desmatamento).

É hora de pensar e mudar comportamentos.

- Leia a matéria completa do Plenário