sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Reflexão para o fim de semana: tráfico de animais chegando ao cinema

“Os atores Leonardo DiCaprio (“A Origem”), Tobey Maguire (“Homem-Aranha”) e Tom Hardy (“Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”) se juntaram para produzir um filme sobre caça ilegal e tráfico de animais silvestres. A informação é do site The Hollywood Reporter.

Atores envolvidos no proejeto do filme sobre tráfico de animais

Não foi informado se o trio também pretende atuar no filme, mas o estúdio por trás do projeto, a Warner Bros., já iniciou a busca por um roteirista.

O projeto, ainda sem título, usará uma narrativa semelhante à de “Traffic: Ninguém Sai Limpo” (2000), mostrando vários estágios do tráfico, desde a luta contra os caçadores nas savanas africanas até a chegada dos produtos nas lojas de moda de Paris. A ideia da trama partiu de Hardy, que conhece ex-integrantes das Forças Especiais que participam na luta contra essa prática na África do Sul.”
– texto da matéria “Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire e Tom Hardy se juntam para filmar o tráfico de animais”, publicada em 28 de agosto de 2012 pelo portal Terra

O problema do tráfico de animais começa a ganhar destaque na mídia. Os jornais, mesmo que com deficiência na abordagem e contextualização, já publicam matérias sobre o assunto. Emissoras de televisão e de rádio ainda estão um passo atrás. Em geral, o assunto é muito mal tratado em todo o mundo e, no Brasil, os formadores de opinião, jornalistas e produtores culturais não se conscientizaram da dimensão da questão.

Quem sabe se, com um filme feito por atores hollywoodianos, o tráfico de animais ganhe a dimensão e a importância que realmente precisa. Torço para que o trabalho seja bem feito e não uma encenação irreal do problema.

- Leia a matéria completa do portal Terra

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pássaros na bagagem: o tráfico de animais pelas estradas brasileiras

“A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) apreendeu na noite de terça-feira (28) três aves silvestres que estavam dentro de uma bolsa, encontrada em um ônibus que fazia a linha Foz do Iguaçu-Rio de Janeiro (RJ). O fato ocorreu durante uma fiscalização na PR-317, em Floresta, no Noroeste do estado.

Aves apreendidas em ônibus
Foto: Divulgação PRE

As aves “trinca-ferro” estavam sem anéis de identificação e presas em duas gaiolas, envolvidas por uma blusa de moletom. O proprietário da bagagem não foi localizado pelos policiais, que constataram que um dos passageiros com nome na lista de embarque não estava no ônibus.”
– texto da matéria “Polícia encontra aves silvestres dentro de uma bolsa”, publicada no jornal Gazeta Maringá (PR) em 29 de agosto de 2012

O ocorrido mostra uma situação bastante corriqueira no Brasil: animais vítimas do tráfico de fauna sendo escoados pelas estradas. O caso noticiado é uma situação que envolve um comprador final e não um traficante, já que apenas três aves estavam sendo transportadas. As pequenas gaiolas são típicas das usadas em feiras pelos criminosos que comercializam os pássaros.

Vale esclarecer que, caso o responsável pelas aves fosse identificado entre os passageiros, ele responderia criminalmente por manter animais silvestres em cativeiro sem autorização. Pela lei brasileira (artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais), a punição prevista é a mesma da de uma pessoa surpreendida com 500 animais, por exemplo: entre seis meses e um ano de prisão.

Distorções que reforçam a impunidade.

- Leia a matéria completa da Gazeta Maringá

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Tráfico de cobras – parte 2: agora em Maceió (AL)

Ontem (28 de agosto de 2012), o Fauna News comentou a prisão de um brasileiro nos Estados Unidos quando tentava embarcar para São Paulo com 27 cobras ("Quando o Brasil importa animais"). Lembramos que casos de importação não são comuns, afinal o Brasil se caracteriza pelo tráfico de sua própria fauna para abastecer o mercado interno.

No tráfico de animais no Brasil se destaca o comércio de aves (mais de 80%), mas há quem aprecie as cobras. E não é só o brasileiro que foi até os Estados Unidos comprar algumas. Em Maceió (AL), foram despachadas em uma agência dos Correios.

“As cobras estavam em um pacote do serviço de entrega expresso dos Correios, o SEDEX, mas foi interceptado pela agência antes de chegar ao seu destino.

Caixas onde foram encontradas as cobras
Fotos: Marcelo Cadilhe/A Crítica

As cobras foram entregues ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) no Ibama/AL. O Portal Primeira Edição esteve na sede do Ibama/AL, mas o departamento de fiscalização do órgão não pode passar mais detalhes sobre o caso, pois segue sob sigilo na Polícia Federal (PF).

Segundo informações extra-oficiais, esse não é o primeiro pacote do SEDEX onde a polícia encontrou os animais e flagrou a ação dos traficantes de animais.”
– texto da matéria “Cobras são encontradas em pacotes do SEDEX, caso está na Polícia Federal sob sigilo”, publicada pelo  site Primeira Edição em 21 de agosto de 2012

A utilização dos correios como meio de traficar animais tem sido comum. Além de cobras, muitos iguanas têm sido encontradas (“Iguanas via Sedex: tá virando mania”, publicada pelo Fauna News em 18 de abril de 2011).

- Leia a matéria completa do Primeira Edição

- Releia “Iguanas via Sedex: tá virando mania”

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Quando o Brasil importa animais

É raro encontrar notícias sobre importação ilegal de animais silvestres para o Brasil. É difícil, mas acontece:

“Um brasileiro foi detido no aeroporto de Orlando (EUA), na quarta-feira, ao embarcar em um voo para São Paulo com 27 cobras na bagagem, avaliadas em R$ 20 mil.

Foto: Michael Blann/Getty Images

Segundo o jornal "Orlando Sentinel", Mateus Dal Maso comprou as serpentes em uma exposição em Daytona Beach, também no Estado da Flórida.
Foto: Orange Court Jail
As cobras estavam em meias de náilon e escondidas em alto-falantes. Entre as espécies havia uma píton-bola e cobras-do-milho. O brasileiro ficou detido dois dias e foi liberado após pagar fiança de R$ 12 mil.” – texto da matéria “Brasileiro é detido em aeroporto dos EUA com 27 cobras”, publicada no jornal Folha de S. Paulo em 25 de agosto de 2012

O brasileiro (foto acima) alegou que comprou as cobras para sua coleção e não para vendê-las no Brasil. Ele foi detido graças a uma operação realizada por vários órgãos do governo dos EUA que monitoravam embarques e desembarques na procura de répteis comercializados na exposição.

O tráfico de animais silvestres no Brasil ser caracteriza, em sua grande maioria (entre 60% e 70%), pelo comércio interno. São brasileiros capturando e coletando animais brasileiros para serem comprados por brasileiros. Outra boa parte dessa atividade criminosa está voltada para a exportação, envolvendo aves como araras, papagaios e tucanos, além de répteis, anfíbios e insetos.

Mas, ultimamente, grandes carregamentos de canários originários do Peru e da Bolívia têm sido apreendidos  no Mato Grosso do Sul – Estado por onde as aves entram escondidas em carros. Os animais, segundo a Polícia, têm como destino Brasília e o Nordeste para serem utilizados em rinhas (eles são mais fortes que os canários brasileiros).

- Leia a matéria completa do Folha de S. Paulo
- Leia a matéria do Orlando Sentinel (em inglês)
- Releia “Finalmente uma paulada nas quadrilhas de tráfico internacional de canários”, publicado no Fauna News em 4 de abril de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Começar a semana pensando...

...com a ajudinha de uma animação do Instituto Caranguejo de Educação Ambiental. São só 4 minutos com ações do Menino Caranguejo!


Educação ambiental contra o tráfico de animais silvestres: sem esse trabalho, não tem repressão que dê jeito.

- Conheça o Instituto Caranguejo de Educação Ambiental


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Reflexão para o fim de semana: peixes-bois retornando à liberdade

Muito se divulga sobre apreensões. São animais vítimas do tráfico, feridos ou órfãos que são resgatados diariamente e levados para centros de triagem ou instituições credenciadas para reabilitar e, futuramente, com muito trabalho, devolvê-las à natureza. O trabalho de soltura, resultado de uma árdua jornada de tantos profissionais, é pouco conhecido. Mas existe...

“O mundo de Piti, Negão, Alagoilton, Jovenal e Benguela deixou de ser um pequeno curral fluvial para se transformar numa vastidão de água com plantas aquáticas fartas. No início da tarde do último sábado (18), os cinco peixes-bois saíram do cativeiro de 8x4 metros de largura e 1,5 de profundidade no Lago Amanã, no município de Maraã (a 634 quilômetros de Manaus), para retornar ao ambiente natural.

Um dos peixes-bois que foram soltos
Foto: Divulgação Petrobras

Os animais estavam há quatro anos no Centro de Reabilitação de Peixe-Boi Amazônico de Base Comunitária do Instituto Mamirauá, o Centrinho, recebendo acompanhamento e tratamento de pesquisadores do órgão de pesquisa Instituto de Desenvolvimento Mamirauá e carinho de comunitários que se apegaram aos animais de tal forma, que muitos deles não conseguiam esconder sua tristeza pela separação no dia da soltura.” – texto da matéria “Após quatro anos no cativeiro, cinco peixes-bois vítimas da caça retornam à natureza”, publicada pelo jornal A Crítica (AM) em 21 de agosto de 2012

Agora, o lar desses animais são os igarapés e lagos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, entre os municípios de Tefé e Maraã, vizinha da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, na região do Médio Rio Solimões, no Amazonas.

Mas o trabalho não acaba por aí. Com a soltura, inicia-se o monitoramento (dois anos) dos peixes-bois, essencial para verificar se o trabalho foi bem sucedido ou se os animais ainda precisarão de alguma assistência.

Peixes-bois sendo preparados para soltura
Foto: Divulgação Petrobras

Esse tipo de trabalho tem de ter uma ação educativa paralela, afinal os animais são vítimas da ação humana, que deve ser corrigida. Com a história de cada um dos peixes-bois, você fica sabendo o porquê deles terem ficado quatro anos em cativeiro e o motivo para serem feitas ações de conscientização em comunidades.

“Piti – Foi o primeiro a chegar no Centrinho, mas antes passou uma temporada em Tefé, até ser levado para o Lago Amanã. Piti havia sido atingido por arpão. É considerado o peixe-boi mais tranquilo do grupo adulto. Tem cinco anos.

Alagoilton – É o peixe-boi mal humorado. Tem aproximadamente quatro anos. Estava em poder de um comerciante que havia comprado o animal em uma feira, em Tefé. Ele doou o animal para o Instituto Mamirauá. Alagoilton sempre foi genioso o único que nunca aceitou a mamadeira. O leite era dado por meio de uma sonda esofágica.

Negão – Estava sendo criado por uma família de comunidade indígena, após ser encontrado em um lago, meio encalhado. Sua origem, porém, é incerta. O animal foi resgatado por fiscais do Ibama, que o encaminharam para o Mamirauá. Tem aproximadamente três anos.

Benguela e a Jovenal – Chegaram juntos, após serem resgatados em locais distintos. Benguela teve um grave ferimento nas costas, mas recuperou a saúde. Jovenal foi encontrado preso em uma rede de pescador e escapou do abate.”
– texto de A Crítica

- Leia a matéria completa de A Crítica

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Será que a soltura foi adequada?

Sempre questiono as solturas de animais silvestres feitas imediatamente após as apreensões.

“Policiais militares da 57ª CIPM de Santo Estevão apreenderam 82 pássaros silvestres da fauna brasileira na feira livre realizada no bairro Pau de Vela.

Aves apreendidas em feira em Santo Estevão (BA)
Foto: Tribuna da Bahia

A operação ocorreu no último final de semana e as aves foram devolvidas à natureza numa área de preservação, na localidade da Boiadeira, zona rural do município.

 O subtenente Benjamim comandou a operação e informou a existência de periquito jandaia, pássaro-preto, coleira, pintassilgo, canário da terra, cardeal, vaqueiro, bigode, papa-capim, caboclinho e azulão no lote apreendido.”
– texto da matéria “Operação apreende 82 aves silvestres”, publicada na Tribuna da Bahia em 20 de agosto de 2012

Faço esse questionamento elo fato de que as consequências de uma soltura sem critérios podem ser desastrosas, gerando desde a morte do animal até um desequilíbrio em algum ecossistema. Bicho apreendido tem de ser avaliado por especialistas (biólogos e veterinários). Esses profissionais podem identificar se o animal tem condição de voltar a se alimentar sozinho ou se ele está doente e corre o risco de levar agentes causadores de moléstias para um ambiente saudável.

A área de soltura também é avaliada, afinal o animal tem de viver em seu bioma de origem; em uma área com alimentação suficiente e uma população de sua espécie em um número que possa recebê-lo sem gerar uma superexploração de suas fontes de alimentos. Esses são apenas alguns pontos que são levados em consideração.

Além dos fatores técnicos, é preciso levar em conta a ação humana na região da soltura. O nível de devastação dos hábitats e o grau de proteção da região têm de ser avaliados. Afinal, não se deve soltar o bicho em uma área com a presença constante de caçadores ou traficantes de fauna.

Se isso é feito com competência? Muitas vezes não.

Será que tudo isso foi levado em conta? Com certeza não.

As intenções dos policiais militares são as melhores. Esses homens devem tomar tal decisão por duas razões: orientação ou falta de orientação de seus comandantes e, principalmente, por falta de infraestrutura do poder público em receber, avaliar e dar o destino adequado a esses animais – o que acaba deixando os policiais com um “problema” nas mãos após a apreensão.

- Leia a matéria completa da Tribuna da Bahia

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Tráfico de animais pela internet: a fiscalização é pontual e tem que crescer

Traficar animais pela internet, apesar de ser a mais recente forma desse crime, não é uma novidade. No 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, da ONG Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), publicado em 2001, consta:

“Em pesquisa realizada pela Renctas em 1999, foram encontrados 4.892 anúncios em sites nacionais e internacionais, contendo a compra, venda ou troca ilegal de animais silvestres fa fauna brasileira. Desse total, a grande maioria anunciava répteis e aves, mas também foram encontrados diversos outros animais como mamíferos (com destaque para os primatas, felinos e pequenos marsupiais), anfíbios (principalmente sapos amazônicos) e peixes ornamentais.”

O que começa a ser intensificado é o combate à esse tipo de tráfico:

“O Ibama realizou entre os dias 13 e 17/08 a Operação Animais.com, que teve como objetivo coibir o comércio irregular de animais silvestres por meio da Internet. Nesta primeira etapa foram vistoriados criadores e estabelecimentos comerciais no estado de São Paulo com suspeitas de vendas irregulares de animais silvestres.

Animais apreendidos pelo Ibama
Foto: Divulgação Ibama

Foram apreendidos 230 indivíduos da fauna silvestre brasileira, entre araras, pacas, papagaios, quatis, serpentes e tartarugas. Os dez autos de infração lavrados e os quatro termos de embargo e interdição resultaram em R$3,7 milhões em multas.” – texto da matéria de divulgação do Ibama, publicada no site do órgão em 20 de agosto de 2012

Infelizmente, as ações ainda são pontuais, afinal a estrutura de fiscalização está pouco acostumada a combater crimes cometidos com a internet. Mas estão começando a serem feitas. Ainda bem.

“Os ilícitos cometidos por meio da internet têm crescido nos últimos anos, sendo considerada uma das principais vertentes do tráfico de animais silvestres na atualidade. Segundo o servidor Guilherme Destro, que participou da operação, a presença do Ibama no combate aos crimes pela internet será cada vez maior, “vários outros alvos já foram mapeados e estão em processo final de triagem. O monitoramento do Ibama será constante.”
– texto do Ibama

- Leia a matéria completa do Ibama

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Em apenas uma feira, 219 aves apreendidas. E o problema vai continuar

As feiras, tão citadas aqui no Fauna News como grandes pólos de tráfico de animais no país, continuam sendo alvo de ações pontuais contra o comércio ilegal de fauna.

“Uma operação integrada entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Ibama, realizada na manhã deste domingo (19), apreendeu 219 aves silvestres, que estavam sendo comercializadas ilegalmente na feira da Prata, em Campina Grande. A informação é do inspetor da PRF Samuel Wesley, um dos responsáveis pela ação integrada. Entre as espécies apreendidas estavam galos de campina, sabiás, concriz e outras ameaçadas de extinção como a pinta-silgo e a maracanã.

Aves apreendidas em feira na Paraíba
Foto: G1

"Além da apreensão das aves, foram detidas 13 pessoas que estão sendo ouvidas e qualificadas para a adoção de medidas penais e administrativas. Apenas com o desenrolar das investigações é que saberemos se o crime se trata de tráfico de animais ou apenas comércio ilegal”, explicou o inspetor Samuel. Os suspeitos podem responder por crime ambiental, pagando multa de R$ 1 mil a R$ 10 mil por animal e detenção de seis meses a um ano.

Os animais eram levados do Sertão e do Cariri do estado para serem vendidos em feiras como a de Campina Grande. As instituições realizaram simultaneamente a ação nas cidades de Catolé do Rocha e Brejo do Cruz, além de Campina.”
– texto da matéria “Operação da PRF e Ibama apreende 219 aves em Campina Grande”, publicada em 19 de agosto de 2012 pelo portal G1

Animais são capturados no sertão para venda em Campina Grande
Foto: Portal Correio

Enquanto o tráfico de animais continuar a ser combatido de forma pontual, sem um planejamento que coordene repressão sustentada por uma legislação realmente punitiva, educação ambiental e infraestrutura para receber os bichos apreendidos e devolvê-los à vida livre, trabalhos efetivos como os realizados pela PRF e o Ibama não obterão resultados. O comércio ilícito de animais vai continuar a existir no Brasil, onde, estima-se que 38 milhões de bichos são retirados da natureza por ano pelos traficantes.

- Leia a matéria completa do G1

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Começar a semana pensando...

...em enfeitar uma chácara com animais silvestres em cativeiro.

Tem gente que tem chácaras para passar fins de semana tranquilos com algum contato com a natureza, certo? Mas para muitos, não basta estar perto do verde e, de longe, apreciar a fauna silvestre.

“Seis animais silvestres foram encontrados em uma chácara no bairro Rodeio em Sarapuí (SP). Entre eles estão um macaco, dois saguis, dois sabiás e uma arara Canindé.

Arara-canindé: enfeite de chácara
Foto: Divulgação/PM Ambiental Itapetininga

A Polícia Militar Ambiental de Itapetininga (SP), responsável pela fiscalização na região, chegou ao local depois de denúncia anônima. O flagrante foi na tarde desta quinta-feira (16). Na casa estavam os caseiros. Eles afirmaram que os animais pertencem ao proprietário da área e ele mora em outro município do estado.”
– texto da matéria “Animais silvestres são encontrados em cativeiro em Sarapuí, SP”, publicada em 16 de agosto de 2012 pelo portal G1

Tenho certeza que, se questionado, o dono da propriedade afirmará ser um amante dos animais, alegando cuidar muito bem dos que estão enjaulados. Será?

Na matéria do G1 está escrito "sagui", mas na foto divulgada parece um macaco-prego
Foto: Divulgação/PM Ambiental Itapetininga

Ou será que esses bichos foram retirados da natureza e forçados a aceitar o confinamento? Pergunto mais: ali, em viveiros, esses bichos estão cumprindo seu papel ecológico?

A falta de estrutura do poder público, que não possui centros de recebimento desses animais em quantidade suficiente, ainda obriga a Polícia a deixá-los com o infrator. Absurdo que a imprensa também não questiona.

Comentar mais o quê?

- Leia a matéria completa do G1

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Reflexão para o fim de semana: floresta de pé não basta. Fiscalização, educação e unidades de conservação

‘O termo parece um palavrão e, de fato, a situação que descreve não é nada bonita: "desfaunação". Ou seja, o sumiço da fauna -- um fenômeno que parece ter afetado 80% da mata atlântica que ainda resta numa região vasta, que vai do leste de Minas Gerais a Sergipe.

A onça-pintada é uma das espécies que desapareceu
Foto: Frans Lanting Studio

Nessas regiões, uma hecatombe parece ter exterminado quase todos os mamíferos pesando mais de 5 kg -- mesmo quando a floresta propriamente dita, à primeira vista, está intacta, mostra um novo estudo, que acaba de ser publicado na revista científica "PLoS ONE".’ – texto da matéria “Mata atlântica foi 'esvaziada' de mamíferos, diz estudo”,  publicada em 15 de agosto de 2012 pelo jornal Folha de S. Paulo

Esse estudo, que envolve brasileiros de diversas instituições de pesquisa, procurou 18 espécies de mamíferos de porte grande e médio (onças, antas, veados, tamanduás e macacos-pregos, por exemplo).

“O resultado não foi dos mais auspiciosos: das 18 espécies de mamíferos, só quatro, em média, ainda ocorrem por fragmento de mata com tamanho entre 50 hectares e 5.000 hectares.

Mata atlântica nordestina: fragmentada e pressionada pela caça
Foto: Adriano Gambarini

Mesmo em trechos de floresta considerados muito grandes para o estado atual da mata atlântica (os com mais de 5.000 hectares), só sete espécies, em média, ainda estavam presentes.”
– texto da Folha

Esse resultado fez os pesquisadores concluírem que muitas espécies não habitam mais nem os grandes fragmentos, sendo encontradas apenas em unidades de conservação (como parques, estações ecológicas e reservas biológicas). E sabe qual o motivo: caça.

“A explicação para o estrago até nos remanescentes florestais maiores, segundo os pesquisadores, é relativamente simples: mesmo quando a mata não era derrubada, a caça nessas regiões continuou e ainda hoje é muito comum, o que acabou com as espécies grandes.” – texto da Folha

Para os pesquisadores, a situação de o Sul e do Sudeste deve ser um pouco melhor pelo fato de a caça não ser tão intensa – apesar de existir.

Daí a importância de ampliar o número de áreas protegidas. O Brasil é signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica, da Rio-92, que teve estipulada na 10ª Conferência das Partes de outubro de 2012 (em Nagóia, Japão), a meta de proteção de 17% dos territórios dos países integrantes em áreas terrestres protegidas e de 10% em as áreas marinhas protegidas.  Tudo isso até 2020.

Uma corrida contra o tempo!

- Leia a matéria completa da Folha de S. Paulo

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Belo Horizonte: um entre tantos centros urbanos tomados pelo tráfico de animais

“A região metropolitana de Belo Horizonte está na rota do tráfico nacional de espécies silvestres. Segundo a Polícia Militar de Meio Ambiente, 1.459 animais foram apreendidos só nos três primeiros meses deste ano, em cinco municípios fiscalizados na Grande BH.

Papagaio-verdadeiro em cativeiro em BH
Foto: Gustavo Andrade/Metro BH

 As aves são as mais visadas pelos traficantes. Do total de apreensões, 1.318 foram de pássaros encontrados em cativeiro na capital e em Betim, Lagoa Santa, Nova Lima e Caeté. O motivo é o baixo custo de manutenção e a facilidade na hora de transportá-los.”  – texto da matéria “BH: por dia, 16 animais são salvos do tráfico”, publicada em 14 de agosto de 2012 pelo jornal Metro BH e reproduzida pelo site da Rede Banderiantes (Band)

O verificado na capital mineira acontece, em maior ou menor escala, em todas as cidades brasileiras. Deve-se destacar que os grandes centros urbanos das regiões Sudeste (principalmente São Paulo e Rio de Janeiro) e Sul são os principais “consumidores” de animais silvestres.

E os números vão piorar...

“Apesar de ter ocorrido uma redução de 28% nas apreensões em relação ao primeiro trimestre de 2011, as autoridades estão em alerta para o período mais crítico do ano, quando as ocorrências de tráfico disparam. “A partir de setembro, há um aumento, porque é época de reprodução”, explica o comandante Tenente Flávio de Souza.”  – texto do Metro BH

A situação estaria ainda mais escancarada se os órgãos de fiscalização (Polícia Militar Ambiental e Ibama) começassem a investigar as quadrilhas de traficantes e iniciassem apreensões em massa. A média de 16 animais por dia seria ultrapassada facilmente. Atualmente, as ações de repressão são motivadas por denúncias.

Mas todo esse trabalho não teria fim. Afinal, se tem gente que vende é por que tem gente interessada em comprar. Sem campanhas educativas e de conscientização da população, a atividade criminosa do tráfico de fauna continuará a existir, mesmo se houver uma  grande estrutura de fiscalização e repressão.

- Leia a matéria completa do site da Band

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ainda precisamos dessa carne?

A carne de animais silvestres não é mais uma fonte de proteína necessária para a maioria da população. Principalmente a que vive nos grandes centros urbanos. Mesmo assim...

“Por meio de denúncia anônima, policiais do Batalhão Ambiental do Amazonas apreenderam 250 kg de carne de animal silvestre na tarde deste sábado (11). A carne de caça foi encontrada em via pública na rua Airão com Ferreira Pena, bairro Praça 14 de Janeiro, Zona Sul de Manaus.

Carne apreendida em Manaus
Foto: Ana Graziela Maia/G1

O material estava armazenado em duas caixas de capacidade de 300 litros nas proximidades da prefeitura. De acordo com o soldado Aires Neto, a carne estava imprópria para consumo e seria comercializada. "Assim que soube que poderíamos estar nos aproximando, o vendedor fugiu. Só encontramos a carne", afirmou.” – texto da matéria “Batalhão Ambiental do AM apreende 250 kg de carne de caça, em Manaus”, publicada em 11 de agosto de 2012 pelo portal G1

A carne era de  treze pacas e parte de um veado adulto.

Não pense que a caça de animais silvestres para obtenção de carne não é prática exclusiva de regiões como a Amazônia, o Pantanal ou o Cerrado - biomas mais preservados. No interior do estado de São Paulo, é comum a Polícia Militar Ambiental flagrar pessoas com armamento de caça e animais mortos (como tatus, capivaras, pacas e tantos outros).

A situação legal de quem é flagrado caçando ou vendendo esse tipo de carne é a mesma do traficante de animais: pena entre 6 meses e um ano de prisão (artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais). Isso quer dizer, crime classificado como de “menor potencial ofensivo”, o que faz com que os acusados sejam submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo.

Resumindo: punição zero. Legislação inócua e que dá vergonha!

- Leia a matéria completa do portal G1

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Por ignorância, imprensa maquia o tráfico de animais

“Soldados da Polícia Militar Ambiental realizaram, no início da noite desta terça-feira (8), a apreensão de dois tucanos adultos, provavelmente um casal, que estava na posse de um homem de 36 anos, que assumiu a propriedade dos animais em Jataizinho (25 km de Londrina). A captura aconteceu após denúncia anônima de que no local existiam captura e comércio ilegal e a posse de aves silvestres, presas ilegalmente no imóvel.

Tucanos apreendidos em Jataizinho
Foto: O Diario

Diante da irregularidade, as aves foram apreendidas por estar caracterizado o ilícito ambiental. O homem, que não teve o nome divulgado, foi autuado em termo circunstanciado pelo crime ambiental de capturar e perseguir animais da fauna silvestre. Apesar da posse flagrante dos tucanos, não foram encontradas evidências da denúncia de venda ou captura das aves, por não terem sido localizadas pessoas efetuando o comércio.”
– texto da matéria “Polícia Ambiental apreende dois tucanos em Jataizinho”, publicada em 8 de agosto de 2012 pelo jornal o Diario

Ainda não consegui entender o motivo para darem tanto destaque ao fato de homem flagrado com os tucanos não ter sido surpreendido comercializando as aves. O texto dá a entender que, se o sujeito fosse encontrado vendendo as aves, seu crime seria pior, com punição maior.

Foto: O Diario

Vamos esclarecer.

A Lei de Crimes Ambientais, em seu artigo 29, estabelece:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

 Pena – detenção, de seis  meses a um ano, e multa.

§1º - Incorre nas mesmas penas:

Inciso III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”


Isso quer dizer que tanto faz se alguém mantém em cativeiro um animal silvestre ou 100 animais silvestres sem autorização, bem como se essa pessoa estiver vendendo os bichos. A punição é a mesma.

E para piorar, a punição é branda – para não dizer inexistente. Afinal, da forma como a Lei de Crimes Ambientais trata esse crime, ninguém vai para a cadeia por traficar animais. Isso pelo fato de as penas serem inferiores a dois anos (“menor potencial ofensivo”), o que faz com que os acusados sejam submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo. É o famoso pagamento de cestas básicas ou trabalho comunitário.

A imprensa, desinformada, não está contextualizando o fato e maquiando uma realidade bastante cruel e cheia de injustiças.

- Leia a matéria completa de O Diario

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre a entrega voluntária de animais silvestres em cativeiro: medo da lei ou ato ético?

‘Um macaco-prego que há oito anos vivia com uma família de Cascavel, no oeste do Paraná, foi entregue a polícia nesta terça-feira (7). De acordo com o tenente da Polícia Militar Ambiental Diego Astori, o animal morava com a família em um sítio da região e foi levado para a área urbana ainda filhote.

Macaco-prego viveu oito anos com família
Foto: Divulgação Polícia Militar / Diego Astori

A família resolveu abrir mão do macaco para evitar alguma responsabilidade criminal ou multa. O comandante garante que a família não será responsabilizada por manter o macaco-prego na residência deles. “A gente vai dar encaminhamento para conhecimento do Ibama, mas como houve uma entrega voluntariamente, não acontecerá nada”.’
– texto da matéria “Família entrega macaco-prego de estimação a Polícia Ambiental do PR”, publicada em 7 de agosto de 2012 pelo portal G1

Diz o Decreto nº 6.154, de 2008, no parágrafo 5º do artigo 25:

“No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste Decreto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.”

E foi com base nesse trecho da legislação que o policial agiu. A ação da família foi correta, tanto no ato de entregar voluntariamente o animal como por não tê-lo solto em alguma área verde. Afinal, depois de tanto tempo em cativeiro, o macaco provavelmente não sabe se defender de predadores, não está apto a procurar alimento e pode estar com algum problema de saúde, o que o faria levar doenças para outros bichos.

Além do abandono, o animal pode ser solto em um ecossistema em que não há indivíduos de sua espécie, criando chances de ocorrer algum desequilíbrio ao meio ambiente local.

A ação dessa família merece uma reflexão sobre o motivo da entrega do macaco: o medo de punições legais. Felizmente a lei (ainda que fraca) existe. Mas, infelizmente, a atitude não foi consequência de uma conscientização sobre o local correto de se manter animais silvestres. Esses bichos têm de ficar livres em seus hábitats, cumprindo suas funções ecológicas, e não em ambiente humano como pets.

O ato dessa família foi correto, mas a motivação poderia ser mais nobre.

- Leia a matéria completa do G1

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Reflexão para o fim de semana: vídeo alerta sobre caça e captura de elefantes

Um vídeo de quase oito minutos foi preparado pela EelphantVoices Brasil, ONG nacional que é um braço da EephantVoices e que luta para garantir um futuro mais gentil para esses animais através da investigação, conservação e partilha de conhecimentos.

Atualmente, as duas espécies de elefantes africanos sofrem gigantesca pressão da ação humana na busca criminosa por marfim e na disputa por espaço. Estima-se, segundo a ElephantVoices, que cerca de 100 elefantes são mortos por dia na África, o que resulta em mais de 30 mil morres por ano.

Elefantes em parque nacional no Quênia
Foto: Petter Granli

Além da matança, os elefantes sofrem com a captura para serem usados como meio de transporte de carga e como forma de entretenimento, em circos e zoológicos. Pense bem quando for pagar por algum espetáculos com esses animais. Você pode estar contribuindo para a continuidade do problema.

Assista ao vídeo e conheça o trabalho da ElephantVoices.


- Conheça a ElephantVoices Brasil (Facebook)
- Conheça a ElephantVoices (em inglês)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Coalas em perigo: mais uma vítima da invasão humana

A redução de hábitat causada pela urbanização na Austrália e as consequências desse processo estão colocando em perigo os coalas. Esse é um fenômeno mundial, que atinge todas as nações, não importando se desenvolvidas, em desenvolvimento ou subdesenvolvidas.

“As populações de coalas de certas regiões da Austrália estão enfrentando um forte declínio em seus números.

População da espécie está em declínio
Foto: Reuters

Muitos dos animais vivem na natureza, mas perto de regiões já bastante urbanizadas, e acabam sendo atropelados por automóveis em estradas locais ou atacados por cães. (...)

Desde maio deste ano, 36 coalas já morreram na região de Nova Gales do Sul, no sul da Austrália.”
– texto da matéria “Coalas feridos recebem tratamento em hospitais”, publicada pela BBC Brasil em 7 de agosto de 2012

A matéria conta um pouco do trabalho de um hospital veterinário que atende 250 coalas com diversos ferimentos (muitos atropelados) e doenças. O número de atendimentos aumento, segundo a instituição, 40% em relação ao ano passado.

Filhote de coala em hospital na Austrália
Foto: BBC

O governo australiano, que classifica a espécie como “vulnerável”, estima em 100 mil a população de coalas na natureza. E esse número está em declínio.

“A organização não governamental WWF alertou nesta terça-feira que a população de coalas da Austrália corre o risco de extinguir-se nos próximos 50 anos. O representante da ONG na Austrália, Martin Taylor, anunciou que nas últimas duas décadas a população de coalas diminuiu 42%. Segundo Taylor, se a tendência continuar, o marsupial pode desaparecer.

Ameaças - Os ecologistas atribuem a queda do número de coalas à destruição de seu habitat - provocado, segundo a WWF, pelo desenvolvimento humano e pelas alterações climáticas. A espécie vive em florestas naturais de eucaliptos e se alimenta principalmente das folhas frescas das árvores. Outra ameaça aos marsupiais são os surtos da doença clamídia. Essa bactéria, contra a qual os cientistas estão pesquisando uma vacina, produz lesões nos genitais e nos olhos dos coalas, causando infertilidade, cegueira e, posteriormente, a morte.”
– texto da matéria “Coalas podem desaparecer em cinquenta anos, diz WWF”, publicada em 15 de maio de 2012 pela revista Veja

E depois, quando há relatos de acidentes envolvendo fauna silvestre ou apreensões de bichos em ambiente urbano, a maioria da população ainda afirma que “os animais estão invadindo as cidades”. Pode?

Assista ao vídeo da BBC Brasil sobre os coalas em hospitais australianos:


- Leia a matéria completa da BBC Brasil
- Leia a matéria da Veja

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Tráfico de aves: desta vez não foi em uma feira qualquer

É comum, no Brasil, o tráfico de animais acontecer em feiras do rolo ou em feiras comuns espalhadas pelas periferias dos grandes centros urbanos e em cidades do interior. Nesses centros comerciais, se os policiais e agentes de fiscalização ambiental quiserem há apreensões diárias de animais.

A falta de um sistema de repressão realmente eficaz faz com que os traficantes de fauna tenham uma sensação de liberdade que os leva a certas ousadias. Foi o que aconteceu no Recife.

“Cerca de três mil aves silvestres foram apreendidas, nesta terça-feira (7), em uma casa no bairro da Estância, Zona Sul do Recife. A Polícia Militar autuou um dos suspeitos, uma mulher de 43 anos, acusada de tráfico de animais. O marido dela, de 45 anos, seria o suspeito de comercializar os pássaros. De acordo com o capitão Lúcio Flávio Campos, da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (Depoma), a PM foi até o Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa/PE) em busca do possível traficante, mas não o encontrou.

Aves não eram vendidas só em feiras do rolo, mas também no Ceasa
Foto:  Kety Marinho/TV Globo

“Estamos monitorando esse senhor há seis meses e hoje tivemos a informação de que ele estaria com os pássaros na Ceasa. Ao chegar lá, não conseguimos capturá-lo, mas descobrimos onde era a residência dele, onde encontramos os animais”, afirmou Campos. O capitão informou, ainda, que diversas espécies estavam dentro das gaiolas, como papa-capim, azulão e galo de campina.” – texto da matéria “PM apreende cerca de três mil aves silvestres, em casa no Recife”, publicada em 7 de agosto de 2012 pelo portal G1

Vou destacar a ousadia: o traficante não comercializava as aves apenas nas conhecidas feiras de rolo dos bairros da Madalena e do Cordeiro, mas também as vendia no Ceasa!

Deve ser destacado o fato de a ação policial ter sido fruto de um serviço de inteligência e investigação.


Segundo informações do responsável pelas investigações, capitão Lúcio Flávio, a apreensão ocorreu após a Cipoma receber uma ligação dos seus informantes, que circulam pelo local. De acordo com ele, o suspeito conseguia as aves no Sertão do Estado. Ainda segundo o capitão, as aves eram vendidas entre R$ 15 e R$ 40.
– texto do Jornal do Commercio

É difícil encontrar ações de repressão baseadas em investigação. O normal é ocorrerem por algum encontro casual ou por denúncias da população. O que é uma pena!

“Os animais estavam com Dergival Bezerra da Silva, 45 anos, também conhecido como "Vavá". De acordo com o Cipoma, Dergival é considerado um dos maiores traficantes de animais silvestres do Estado.”
– texto da matéria
Duas mil aves silvestres são apreendidas na feira da Ceasa”, publicada em 7 de agosto de 2012 pelo site do Jornal do Commercio (PE), que indicou serem duas mil e não três mil animais

Há diferença entre os jornais: foram duas mil ou três mil aves?
Foto:  Kety Marinho/TV Globo

O tal Vavá conseguiu fugir. Mas se os policiais tivessem colocado as mãos nele, o sujeito iria responder pelo crime em liberdade e, com certeza, continuaria traficando animais.

O que gera essa impunidade? Veja...

Atualmente, a peça legal aplicada contra o tráfico de fauna é a Lei de Crimes Ambientais (n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), que estipula no artigo 29:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

 Pena – detenção, de seis  meses a um ano, e multa.

§1º - Incorre nas mesmas penas:

Inciso III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”


Da forma como a Lei de Crimes Ambientais trata esse crime, ninguém vai para a cadeia por traficar animais. Pelo fato de as penas serem inferiores a dois anos (“menor potencial ofensivo”), os acusados são submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo. É o famoso pagamento de cestas básicas ou trabalho comunitário.

Quer uma prova?

Pois Dergival Bezerra da Silva, o tal Vavá, apontado pelos policiais como um dos maiores traficantes de animais de Pernambuco, já foi preso em 31 de amio de 2009 com 140 aves.

"Cento e quarenta pássaros foram apreendidos esta manhã durante uma ação da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipoma) na Feira do Cordeiro, no Recife. Entre as aves, espécies como sabiá, galo de campina, azulão, canário da terra e um cardeal que, de acordo com o comandante do 1º Cipoma, major Paulo Duarte, está em extinção.

A maioria das aves, 87 delas, foram encontradas em poder de Dergival Bezerra da Silva, de 42 anos e de Geilson Honório da Silva, 20, que assinaram um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) e foram liberados."
- texto da matéria "Cipoma apreende 140 pássaros silvestres na Feira do Cordeiro", publicada em 31 de maio de 2009 pelo Diario de Pernambuco

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria completa do Jornal do Commercio
- Leia a matéria do Diario de Pernambuco

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Vídeo escancara o tráfico de animais em feira de Maceió

Matéria exibida na edição de 3 de agosto de 2012 do Bom Dia Brasil, da Rede Globo, escancara com imagens o que todo mundo já sabe: as feiras livres brasileiras são grandes centros do comércio ilícito varejista de animais silvestres. É assim em todo o país, com destaque para o Nordeste.

Canário sendo vendido em feira de Maceió
Imagem: Reprodução TV Globo

Dessa vez, o alvo é uma feira em Maceió (AL). São canários para canto e rinhas, jandaias e inúmeras outras espécies vendidas a céu aberto. Os vendedores ainda avisam para o comprador não ficar mostrando a ave por aí porque o Ibama por apreender. Todo mundo sabe que é crime.

A matéria é curtinha, mas bem feita. Vale a pena assistir.


- Leia a matéria no site do Bom Dia Brasil

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre um dos resultados do cativeiro.

“Operações de reintrodução de leões criados em cativeiro nas áreas selvagens da África têm feito muito pouco pela conservação destes animais, afirma um estudo divulgado nesta terça-feira (31) pela revista Oryx. Ações deste gênero, que podem envolver turistas, são classificadas como "comerciais" e "mitos" pelos cientistas responsáveis pela pesquisa.

Leão nascido em cativeiro na Namíbia
Foto: Luke Hunter/Panthera

Elaborada por uma equipe de biólogos da Panthera, unidade especializada em felinos da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na tradução em inglês), a pesquisa considera que há um "mito de conservacionismo" em operações deste gênero, quase sempre fracassadas. O estudo demonstra que nenhum leão criado em cativeiro foi realocado de maneira bem-sucedida no meio selvagem.” – texto da matéria “Reintrodução de leões criados em cativeiro fracassa na África, diz estudo”, publicada em 1º de agosto de 2012 pelo portal G1

A notícia permite uma reflexão.

Existem muitos programas de revigoramento populacional, mas pouco se divulga sobre o sucesso dos mesmos. Quando essas ações envolvem animais nascidos na natureza (como os apreendidos com traficantes de fauna ou acidentados que receberam tratamento), as chances de o bicho voltar a ter uma vida normal são grandes.

Mas o caso dos leões citados na matéria é diferente, afinal eles nasceram em cativeiro. A constatação dos pesquisadores eleva ainda mais a preocupação com a conservação das espécies em seus hábitats, afinal o homem está provando que não consegue reproduzir a perfeição da natureza.

Não basta ter o bicho sadio. O homem não consegue dar ao animal nascido em cativeiro o conhecimento aprendido pelos que sempre viveram no mato. A arrogância antropocêntrica encontrou um limite, pelo menos para essa espécie.

O mesmo está sendo planejado para a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), considerada extinta na natureza pelo Ibama em 2000. O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais.

Foto da última ararinha-azul na natureza
Foto: Luiz Claudio Marigo

Da espécie, que em vida livre só existia no Brasil, existem cerca de 70 aves (a maioria fora do país). Há programas de reprodução para futuras tentativas de reintrodução.

Espero que com mais sorte que os leões.

- Leia a matéria completa do portal G1

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Reflexão para o fim de semana: conheça a região de Uauá (BA) - 240 animais apreendidos em 10 dias!

Durante 10 dias de operação envolvendo vários órgãos (chamada Fiscalização Preventiva Inegrada), 240 animais silvestres foram apreendidos na região da bacia do rio São Francisco, na Bahia.t

“Somente ontem (26), os agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e do IBAMA apreenderam 165 animais silvestres no município de Uauá. Os responsáveis foram autuados pelo IBAMA e os animais, alguns deles machucados e bastante debilitados, foram encaminhados para o CEMAFAUNA-CAATINGA - Centro de Manejo e Conservação de Fauna da Caatinga, em Petrolina/PE, onde ficarão sob os cuidados de uma equipe de veterinários e biólogos, e permanecerão até obterem condições de serem reintroduzidos no seu habitat natural.” – texto da matéria “Polícia apreende quase 250 animais silvestres mantidos em cativeiros”, publicada em 27 de julho de 2012 pelo site do jornal Diário Bahia

Equipes de vários órgãos participaram da operação
Foto: Divulgação PRF/BA

O site Esmeralda Notícias, na matéria “Operação conjunta da PRF, Ibama e MP-BA apreende 165 animais silvestres em Uauá”, destacou que entre os animais apreendidos estavam “duas asas-brancas, ave típica da caatinga mas que está ficando cada vez mais rara de ser encontrada por conta da caça predatória.

Uma outra ave que chamou a atenção dos veterinários foi um curió, extremamente raro na região e bastante procurado por criadores pela beleza do seu canto.”


Aves apreendidas em Uauá (BA)
Foto: Divulgação PRF/BA

Vale destacar que Uauá, município situado a 438 quilômetros de Salvador, foi citado no relatório final da CPI que investigou o tráfico de animais e plantas silvestres, de 2003, como um dos principais pontos de captura irregular de exemplares da fauna na Bahia. Para casos como esse, a repressão é extremamente importante e necessária, mas não tem nenhuma chance de acabar com essa atividade criminosa.

Educação ambiental e projetos de geração de renda para essas comunidades envolvidas.

- Leia a matéria completa de do Diário Bahia
- Leia a matéria completa do site Esmeraldo Notícias

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O pós-apreensão: sem local para levar animais, polícia não cumpre seu papel

Selecionar quais animais silvestres criados ilegalmente devem ou não ser apreendidos não deveria estar entre as tarefas da polícia. Afinal, se o bicho é fruto do tráfico, ele tem de ser recolhido.

Mas não é isso que está acontecendo na região do município potiguar de Mossoró. E não por culpa dos policiais...

“Muitas das queixas registradas pela polícia em Mossoró dizem respeito a crimes ambientais. Na região tem crescido o número de denúncias sobre maus-tratos e criação ilegal de animais. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem registrado mensalmente cerca de 35 apreensões, muitos deles pássaros e animais silvestres. No momento, há restrições para realizar o recolhimento destes animais, já que não existe espaço suficiente para todos eles.

Segundo o comandante da Polícia Ambiental em Mossoró, tenente Almeida, devido à superlotação de animais no Ibama, as apreensões têm sido selecionadas.

Tenente Almeida: polícia não trabalha mais por falta de infraestrutura
Foto: O Mossoroense

"A competência para guardar os animais recolhidos é do Ibama, desta forma, após a apreensão fazemos o encaminhamento deles para lá. Devido a falta de espaço estamos fazendo uma triagem das ocorrências. Só estão sendo recolhidos aqueles animais que estão precisando de ajuda, isto é, aqueles que têm sua sobrevivência ameaçada", explicou o tenente.”
– texto da matéria “Superlotação do Ibama dificulta apreensão de animais silvestres criados em residências”, publicada em 26 de julho de 2012 pelo jornal O Mossoroense

Vista aérea de Mossoró
Foto: Gilnete Ferreira
Vejo alguns problemas nessa matéria.

Primeiro na explicação dada para a falta de vagas em centros do Ibama:

“Muitos animais recolhidos precisam se readaptar para retornar ao seu habitat. O processo demanda tempo, o que acaba provocando acúmulo de animais no Ibama.”

Em parte, o problema da superlotação acontece pelo tempo necessário para a reabilitação e soltura dos animais apreendidos. Mas esse fato é agravado, principalmente, porque o poder público não investe em uma infraestrutura para recuperar e devolver à vida livre os bichos. O número de centros (Cetas) é pequeno e eles estão mal aparelhados e com poucos funcionários.

Além disso, os animais com possibilidade de retorno à natureza não podem sair diretamente desses centros para as matas. Eles têm de ficar em recintos construídos em áreas monitoradas para fazerem a transição do semicativeiro para a liberdade.  E o Estado não possui toda essa estrutura, mas burocratiza o processo como se o tivesse.

É por isso que o poder público se acomodou e, simplesmente, envia para criadouros particulares muitos dos animais apreendidos. O Estado está acomodado em sua incompetência.

O outro problema que encontrei nessa matéria está na afirmação do tenente sobre a competência de receber os animais do Ibama. Desde dezembro de 2011, com a Lei Complementar nº 140, grande parte da gestão da fauna silvestre brasileira está nas mãos dos estados, o que está obrigando o Ibama a passar a responsabilidade de manter centros de triagem de animais silvestres para os governadores.

A maioria dos estados brasileiros ainda não se mexeu, fazendo com que essa fase de transição seja bastante preocupante.

- Leia a matéria completa de O Mossoroense
- Conheça a Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Interpol parte 2: ação pelo Dia Internacional do Tigre

Ontem, 30 de julho de 2012, o Fauna News publicou "8.700 animais apreendidos e 4 mil pessoas presas: Interpol em ação contra o tráfico de fauna". Pois a polícia internacional divulgou mais uma ação. 

Desde 2010, em todo dia 29 de julho é celebrado o Dia Internacional do Tigre. A data foi criada para promover um sistema global de proteção dos hábitats naturais dos tigres, para a sensibilização da opinião publica e para aumentar o apoio para as questões de conservação do felino.

No último dia 29, a Interpol anunciou:

“A Operação Prey  (presa), realizada no Butão, China, Índia e Nepal levou, até agora, a cerca de 40 prisões e a apreensão de peles de grandes felinos e outras partes do corpo, bem como de bens de animais selvagens, como os chifres de rinoceronte, marfim e cavalos-marinhos, além de flora protegida como orquídeas e cactos.”
- texto traduzido da matéria “INTERPOL wildlife operation results mark Global Tiger Day”, publicada pela Interpol em seu site em 29 de julho de 2012

Pele de tigre apreendida durante operação
Foto: Divulgação Interpol

Atualmente, partes de tigres, como peles e garras, são bastante valiosas na China – de acordo com matérias veiculadas nos suplementos do The New York Times publicados em 22 de fevereiro e 22 de março de 2010 na Folha de S. Paulo. Cada pele chega a custar US$ 20 mil e uma pata US$ 1.000. Os ossos do animal são usados em remédios e há localidades na Ásia onde populações consideram que bigodes, garras e dentes trazem proteção e sorte.

Infográfico da situação dos tigres no mundo (em inglês)
Fonte: WWF

O comércio ilegal e lucrativo tem causado a queda da população mundial desses animais que, hoje, seria de 3.200 animais na natureza (calcula-se que havia 100 mil tigres na Ásia no início do século 20).

- Leia a matéria completa da Interpol (em inglês)
Releia:
- “Tigres: muito perto da extinção”, publicado pelo Fauna News em 26 de janeiro de 2011
- “Aberta a temporada de caça aos caçadores na Índia”, publicado pelo Fauna News em 31 de maio de 2012

Foto: imagensgratis.com.br