domingo, 30 de outubro de 2011

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Reflexão para o fim de semana: foto premiada sobre a criminosa ação humana


“A imagem de oito pelicanos cobertos de petróleo foi a vencedora do prestigioso concurso internacional de fotografias de vida selvagem, Veolia Environnement Wildlife Photographer of the Year 2011.
 
A fotografia do espanhol Daniel Beltrá foi tirada após o vazamento de petróleo no Golfo do México, em 2010.


Na categoria jovem, o grande vencedor foi o polonês Mateusz Piesiak, da categoria 11 a 14 anos de idade, com a imagem de dois pássaros brigando por um pedaço de comida.

A competição do Museu da História Natural de Londres e da revista BBC Wildlife, que ocorre pelo 47º ano consecutivo, recebeu mais de 40 mil inscrições de fotógrafos do mundo inteiro, entre amadores e profissionais.

Mais de cem das melhores imagens recebidas pelo concurso em suas 17 categorias farão parte de uma exposição no Museu de História Natural de Londres, entre os dias 21 de outubro de 2011 e 11 de março de 2012, antes de embarcarem em um roteiro pela Grã-Bretanha e outros países.”
– texto da matéria “Imagem de pelicanos cobertos de óleo vence competição internacional de fotografia” publicada pelo site da BBC Brasil em 20 de outubro de 2011

Vale lembrar
A tragédia ambiental no Golfo do México começou com uma explosão em uma plataforma de petróleo da BP (British Petroleum), em 22 de março de 2010. O acidente causou o lançamento de quase 5 milhões de barris de petróleo no mar, que acabaram atingindo a costa da Louisiana (EUA).

- Leia o texto da BBC Brasil e mais fotos do concurso
Releia os textos do Fauna News sobre acidentes com petróleo:
- “Vinte mil pinguins estão ameaçados por derrame de petróleo no arquipélago de Tristão da Cunha”, de 24 de março de 2011
- “Derrame de petróleo no mar – parte 2”, de 25 de março de 2011
- “O óleo que mata. Agora no Mar do Norte”, de 18 de agosto de 2011

Fazendo pose com o cadáver da “rainha dos ares”, a harpia


Encontrei a foto acima no Facebook. É uma daquelas imagens que causam indignação e em que todo mundo “posta” um comentário ou clica no CURTIR para expressar sua revolta. De acordo com o texto no Facebook, a imagem foi captada por um biólogo em Aripuanã, município do Mato Grosso situado perto da divisa com o Amazonas. Os rostos já estavam cobertos na rede social. Na foto é possível ver a data: 31 de julho de 2010.

As circunstâncias da morte dessa harpia (Harpia harpyja) não foram citadas no texto do Facebook. Aparentemente, pelos comentários, a ave não morreu acidentalmente. O animal deve ter sido morto por ação humana.

Mesmo se não tivesse sido morta por homens, precisava posar com o cadáver para foto? Comentar o quê?

Sobre a harpia:

“A harpia vive na Amazônia, no Pantanal e na Mata Atlântica. Da ponta de uma asa a outra, chega a medir até 2,2 metros. O macho pode atingir seis quilos e a fêmea, a dez. Seu hálux, a garra maior, alcança sete centímetros, superando o do urso-marrom americano. Com toda essa força e tamanho, as suas presas são quase sempre macacos e preguiças, que podem ter o peso igual ao do predador. Ela é conhecida também como uiraçu, gavião-preguiça e gavião-neném. Mesmo com tamanha imponência, trata-se de um animal vulnerável. “Como a espécie está no topo da cadeia alimentar, qualquer alteração no ecossistema pode afetá-la”, diz Rosa (fotógrafo João Marcos Rosa). “Uma diminuição na população de macacos ou preguiças, por exemplo, pode fazer com que falte alimento.”

 
Pesquisador segura o hálux, a maior garra da harpia
Foto: João Marcos Rosa

A degradação do hábitat é a maior ameaça ao gavião-real. A ave é considerada de “criticamente ameaçada” a “provavelmente extinta” nos Estados com Mata Atlântica. Na Amazônia, porém, parece estar resguardada, segundo a coordenadora do Programa de Conservação do Gavião- Real, Tânia Sanaiotti.”
– texto da matéria “A rainha dos ares” da edição 2103, de 26 de fevereiro de 2010, da revista Isto É

- Leia a matéria completa da Isto É


Foto: João Marcos Rosa

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Cocares de penas na decoração: era para ser tendência, mas acabou como crime

"O Ibama multou a designer de interiores Fátima Rego em R$ 10 mil por utilizar dois cocares indígenas, feitos com penas de araras e papagaios para divulgar seu espaço na versão paraense da Casa Cor, evento de decoração realizado em Belém. Além de multada, a decoradora foi notificada a entregar em 30 dias os artefatos com as penas das aves silvestres ao órgão ambiental federal sob o risco de receber novas sanções. Ela tem 20 dias para se defender e pode recorrer da autuação do instituto.”

Dessa forma o Diário do Pará começa a matéria “Designer multada por uso de penas”, publicada em 26 de outubro de 2011. O trabalho jornalístico segue informando que a designer tentou conseguir autorização do Ibama para utilizar os cocares, pedido que foi negado.


Fiscal do Ibama aponta local onde estavam os cocares
Foto: Nelson Feitosa - Ibama

“Segundo o Ibama, a decoradora acabou incluindo as peças na decoração à revelia da lei, apesar das orientações. Os objetos proibidos acabaram fotografados e divulgados em uma revista local. “Ao exibir na mídia os quadros com as penas de araras e papagaios como se fossem objetos decorativos de bom gosto, a designer já cometeu uma infração ambiental. Ela ainda incentivou o comércio ilegal de plumagens, sem falar da crueldade de se fazer quadros com partes de animais silvestres ameaçados de extinção”, explica Leandro Aranha, chefe da Divisão de Fauna do Ibama no Pará.” – texto da matéria do Diário do Pará

Vou elogia a explicação do Chefe da Divisão de Fauna do Ibama do Pará, Leandro Aranha, que considerou o projeto da designer um incentivador ao tráfico de animais para a utilização de suas partes como peças de decoração.

Agora não posso deixar de criticar a visão profissional de Fátima Rego.  Nada moderna e em total descompasso com uma visão sustentável de mundo.

Responsabilidade socioambiental ou sustentabilidade, senhora Fátima Rego, não pode ficar apenas no discurso. Seu trabalho, como profissional de designer de interiores em um evento que se propõe apresentar tendências, influencia muita gente.

“Consultada pelo Globo Natureza, Fátima Rego diz que até o momento não foi informada da multa ou da ordem para entregar os enfeites, e que portanto não comentaria a medida. Ela conta que consultou o Ibama sobre uma autorização para expor os cocares, mas que não a conseguiu. “Tentei argumentar que era uma mostra e me disseram que não pode”, explica.” – texto da matéria “Decoradora é multada no PA por uso de cocar com penas em exposição”, publicada em 25 de outubro pelo portal G1

Sabe o que é pior? É a senhora Fátima Rego achar que o erro está no fato de ter exposto os cocares sem autorização e não por incentivar o uso de partes de animais silvestres como peças de decoração.

Lamentável.

- Leia a matéria completa do Diário do Pará
- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mudanças climáticas e as aves litorâneas brasileiras

Fala-se muito sobre os efeitos que as mudanças climáticas motivadas pelo aquecimento global terão sobre a vida no planeta. Quem já não leu ou assistiu a documentários mostrando ursos polares com problemas para encontrar o alimento por causa do degelo da região polar do norte. Mas, e no Brasil? Quais as possíveis conseqüências desse fenômeno na fauna local?

Para tentar responder essa pergunta, pesquisadores da ONG Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, financiados pela Fundação O Boticário, analisarão os impactos das mudanças climáticas em aves da Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, no município paranaense de mesmo nome, e no entorno da Lagoa do Parado.

Local da pesquisa (à esq). À direita, o bate-bico (acima) e a saracura (abaixo)
Fotos: Divulgação/Ricardo Belmonte Lopes

“Um estudo realizado por pesquisadores do Paraná vai tentar identificar qual será o impacto desta transformação global no cotidiano de pássaros como o bate-bico (Phleocryptes melanopis) e a saracura (Pardirallus nigricans), que vivem em vegetações herbáceas de regiões estuarinas, ambiente de transição da água doce para a água salgada.” – texto da matéria “Pesquisa vai verificar impacto da mudança do clima nas aves do Brasil” publicada em 21 de outubro de 2011 pelo portal G1

De acordo com Bianca Reinec, doutora em Biologia e integrante do projeto “Vulnerabilidade de aves estuarinas à mudança climática”, “um pequeno aumento que seja do nível da água pode afetar a reprodução desses animais. Outro exemplo também previsto para a mudança do clima é o aumento da incidência de vendavais e tempestades que deverão atingir esses ambientes, destruindo ninhos e ovos”.

“Um dos principais objetivos do estudo, que vai começar neste fim de semana, será um censo para identificar quantas espécies de pássaros vivem nestes locais, além de conhecer também quais e quantas são as aves migratórias que dependem deste ambiente para alimentação e reprodução.” – texto da matéria do G1

Com esses dados, a intenção é ter conhecimento para realizar o manejo de animais nesse tipo de localidade bastante afetada com a mudança do clima. Temos de ter em mente que as mudanças climáticas são, basicamente, aceleradas pelas emissões de carbono na atmosfera – principalmente pela queima de combustíveis derivados do petróleo. São os nossos carros, motos, aviões, trens, caminhões e tantos outros veículos os grandes responsáveis por isso.

Lá vamos nós, seres humanos, tentar corrigir o que nós mesmos causamos... Vamos conseguir?

- Leia a matéria do portal G1

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Começar a semana pensando...

...sobre um hábito cruel que, no Brasil, é considerado normal. Veja:

 
Foto: Richard Lopes

"A Polícia Militar apreendeu dois macacos na noite desta quinta-feira (13) no município de Icó, a 360 km de Fortaleza. Os animais foram encontrados em duas casas diferentes após buscas dos policiais em um bairro do município. Segundo a Polícia Civil, nas duas situações, eles estavam acorrentados e com sinais de maus tratos. “Os macacos estavam com fome e muito estressados. Um deles estava muito machucado no pescoço”, conta a delegada Arlete Silveira.” – texto da matéria “Policiais apreendem macacos criados em cativeiro no interior do Ceará! Publicada em 14 de outubro de 2011 pelo portal G1

Para a delegada, os dois “donos” dos animais disseram desconhecer que a prática é um crime. Manter bichos silvestres em cativeiro, como pets, é uma hábito que deve ser combatido com fiscalização e, principalmente, com atividades educativas. Mas, infelizmente, no Brasil, só se investe na repressão – e mesmo assim com muitas falhas.

- Leia a matéria completa pelo portal G1

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Reflexão para o fim de semana: um golfinho filhote e o homem

As fotos de Andres Stapff (Reuters) dizem muito.

 

 

 "Uma fêmea recém-nascida de golfinho-do-rio-da-prata (Pontoporia blainvillei) foi encontrada abandonada recentemente em uma praia próxima a Montevidéu, capital do Uruguai, ainda com o cordão umbilical.

Membros da organização ambiental "S.O.S Rescate Fauna Marinha" resgataram o mamífero aquático e levaram para a região costeira de Piriapolis, localizada a 90 km da capital do país, onde os instintos naturais do animal serão trabalhados para que ele sobreviva sozinho.


Nesta terça-feira (18), o ambientalista Richard Tesore, um dos líderes da ONG, nadou com o pequeno cetáceo e ainda amamentou o bebê. O tempo de vida do animal não foi divulgado.


A espécie golfinho-do-rio-da-prata, uma das poucas a viver em água doce, não corre risco de extinção e pode ser encontrada no Sudeste e Sul do Brasil, no Uruguai e em parte da Argentina.”
– texto da matéria “Golfinho encontrado com cordão umbilical é tratado no Uruguai” publicada em 18 de outubro de 2011 pelo portal G1

- Leia a matéria “Golfinho encontrado com cordão umbilical é tratado no Uruguai” do portal G1

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Rodovias: começaram a pensar nos animais

É fato que as rodovias brasileiras, nos trechos que cortam regiões com fauna silvestre, não possuem infraestrutura para evitar acidentes envolvendo os animais. Além do risco aos ocupantes dos veículos, esse descaso do poder público causa a morte de inúmeros bichos. Já escrevi bastante sobre isso aqui no Fauna News. Finalmente, algo começa a ser feito...  ao menos no Pantanal.

 
Tamanduá atropelado na região de Campo Grande (MS)
Foto: Alessandra de Souza

“Pensando na redução dos atropelamentos na BR-262, que fica no trecho dentro do Pantanal, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) estabeleceu programas ambientais que devem ser executados durante todo o período de recuperação da estrada, na restauração de pavimento e implantação de acostamentos, previsto até maio de 2012. (...)

No monitoramento inicial feito desde junho pela Universidade (Universidade Federal do Paraná), foi relacionado o atropelamento de 1400 animais de 88 espécies no período de um ano entre Campo Grande e Corumbá, num trecho de 410 km (estudos de Fischer em 97, 2003) e constatado o atropelamento de 57 espécies no trecho de 284,2 km entre Anastácio e Corumbá, em dois meses de monitoramento.”
– texto da matéria “Programas devem reduzir estatísticas de atropelamento de animais silvestres”, publicada em 19 de outubro de 2011 pelo site Midiamax News do Mato Grosso do Sul

Os trabalhos incluem três projetos pilotos nos pontos críticos da rodovia.  A proposta é que toda a estrada seja constantemente fiscalizada, tenha sinalização especial, cercas em áreas críticas de mortandade de animais, 93 passagens de animais sinalizadas, redutores de velocidade, radares e sonorizadores. Para monitorar o fluxo dos animais, também serão instalados armadilhas fotográficas e será feita a identificação de pegadas.

Em 2010, segundo a Polícia Rodoviária Federal, 203 mortes de animais silvestres foram registradas apenas nas estradas federais daquele Estado. No resto do país, a situação é a mesma.

Motoristas
Apesar dos problemas com a sinalização e a infraestrutura para evitar os atropelamentos de animais selvagens, não se deve atenuar a responsabilidade dos motoristas. É fato que os brasileiros não respeitam os limites de velocidade e as leis de trânsito, tanto que o Brasil é um dos países com maior número de acidentes - seja nas vias urbanas ou nas estradas - do mundo.

- Leia a matéria do site Midiamax News
Releia as matérias do Fauna News sobre atropelamentos de animais silvestres:
- Ainda estamos no século 16: onça-parda é encontrada morta sem as patas no Mato Grosso do Sul (8 de fevereiro de 2011)
- Força Anhanguera! (25 de fevereiro de 2011)
- Animais silvestres também são vítimas da barbárie das estradas 
- Atropelamento de animais: ONG cearense faz campanha para alertar motoristas (29 de junho de 2011)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Denuncie o tráfico de animais na rodovia. Coloque quem realmente merece estar atrás das grades

“A maior parte dos animais é escoada por via terrestre, principalmente pelas rodovias por meio de caminhões, ônibus e carros particulares (...)”. A afirmação está publicada no 1º relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, publicado em 2001 pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas). Passados 10 anos do lançamento desse trabalho, a situação não mudou e as estradas brasileiras continuam como o palco de duas etapas do tráfico: a venda final para o comprador e o transporte de fauna.

Sobre a venda final para o comprador, não é incomum encontrar a população residente em uma determinada região - normalmente em precária situação social e econômica – oferecendo animais silvestres capturados nas imediações para os motoristas.

A outra utilização das rodovias pelos traficantes de fauna é como via para transportar animais das regiões de capturas para os pontos de distribuição e venda – conforme destaca a Renctas. E no Brasil essa prática é muito intensa. Para combater isso, a Trasnbrasiliana, concessionária do trecho paulista da BR-153 (Icém a Ourinhos), lançou em 4 de outubro de 2011 a campanha “Denuncie o tráfico de animais na rodovia. Coloque quem realmente merece estar atrás das grades”.

 
Cartaz da campanha

“(...) Cartilha está sendo distribuída nas praças de pedágio, bases da Polícia Rodoviária Federal de Rio Preto, Lins, Marília e Ourinhos e postos de combustíveis.

O material traz orientações de como evitar o tráfico de animais silvestres, hoje apontado como uma das maiores ameaças à natureza, além de informar o telefone para denúncia, a linha verde do Ibama, pelo número 0800-61 80 80. Segundo a assessoria de imprensa da Transbrasiliana, o trecho paulista da rodovia é rota do tráfico de drogas e de animais silvestres. (...)

A cartilha da Transbrasiliana traz orientações para reduzir ou desencorajar o tráfico, como não comprar espécies sem autorização do Ibama ou adquirir utensílios feitos com penas, couro ou ossos de animais silvestres. Por ano, tal comércio ilegal movimenta US$ 1 bilhão com o comércio de 12 milhões de animais. Em cada 10 animais traficados, nove morrem no momento da captura ou durante o transporte, que em 90% dos casos ocorre em rodovias federais.”
– texto da matéria “Tráfico de animais é tema de campanha”, publicada em 5 de outubro de 2011 pelo Jornal da Manhã de Marília

24 de setembro: papagios apreendidos na BR-153/Foto: PRF
Infelizmente, esse tipo de ação é, além de pontual e de curta duração, feita quase que exclusivamente por empresas ou pelo terceiro setor. Não que não seja obrigação de todos atuarem contra o tráfico de animais. Pelo contrário: parabéns à Transbrasiliana. Mas cadê o poder público?

Quando esse tipo de ação será feita pelos administradores públicos, como parte de uma política de Estado séria para combater o tráfico de animais – segunda causa da diminuição da biodiversidade mundial.

A BR-153, chamada de Rodovia Transbrasiliana (daí o nome da concessionária), “é a quarta maior rodovia do Brasil, ligando a cidade de Marabá (Pará) ao município de Aceguá (Rio Grande do Sul), totalizando 4.355 quilômetros de extensão.

A BR-153 é a principal ligação do Centro-Oeste e do Meio-Norte do Brasil (Pará, Amapá, Tocantins e Maranhão) com as demais regiões do país. Metrópoles como Goiânia e Brasília a utilizam com o principal corredor de escoamento.

É também muito utilizada para acender a regiões turísticas como a da estância de Caldas Novas (Goiás), e a cidade histórica de Pirenópolis (Goiás).”
– texto do site da concessionária

O trecho paulista, alvo da campanha, corta o território de 21 municípios e tem uma extensão de 321,6 km.

- Leia a matéria completa do Jornal da Manhã
- Leia a nota de divulgação da campanha da concessionária Transbrasiliana
- Conheça a Renctas

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Começar a semana pensando...

...e torcendo para que não fique somente nos planos. Afinal, o fraco Ibama e a ausência de uma política pública de manejo da fauna silvestre me levam a não acreditar nesse tipo de anúncio. Uma pena!

“GOVERNO TERÁ PLANOS DE CONSERVAÇÃO PARA 220 ESPÉCIES AMEAÇADAS

Ministra do Meio Ambiente disse que planos serão concluídos neste ano. Ministério contabiliza 627 animais na lista de espécies ameaçadas.


O governo federal deve concluir até o final deste ano planos de conservação para cerca de 220 espécies ameaçadas de extinção, informou nesta sexta-feira (14) a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Conforme a ministra, isso representa 35% dos 627 animais na "lista vermelha", a lista das espécies ameaçadas.

Os planos do restante das espécies ameaçadas devem ser terminados até 2014, afirmou a ministra.


"A experiência mundial mostra que esse instrumento de planejamento é fundamental para a conservação. É uma de nossas principais estratégias para conservação de espécies", disse a ministra durante o colóquio "A proteção de espécies ameaçadas de extinção no Brasil", promovido pela Comissão de Meio Ambiente do Senado.”
– texto da matéria “Governo terá planos de conservação para 220 espécies ameaçadas”, publicada pelo portal G1 em 14 de outubro de 2011

- Leia a matéria completa do portal G1

Os dois volumes do Livro Vermelho da Fauna 
Brasileira Ameaçada de Extinção


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Reflexão para o fim de semana: a volta à natureza da onça-parda de Franco da Rocha

Em 30 de setembro de 2011, escrevi “Reflexão para o fim de semana: imprensa míope no caso da onça-parda de Franco da Rocha”. Nesse texto, critiquei a postura do jornalismo em tratar questões ambientais – principalmente quando envolve animais silvestres - com superficialidade e sob a ótica do exótico e extraordinário.

Miopia, para não dizer medíocre. Afinal, a onça-parda que ficou várias horas em uma árvore ao sentir-se acuada por máquina e um incêndio que abriam uma região de mata para a instalação de um loteamento. Falaram com riqueza de detalhes do trabalho para capturar o felino, mas abordaram com uma superficialidade criminosa a causa do problema: perda de hábitat – primeira causa da extinção das espécies.

Para encerrar esse caso, especificamente, a onça-parda de Franco da Rocha, que recebeu o nome de Franco, foi solta no Parque estadual do Juquery. Assista ao vídeo:

Vídeo: Ricardo Uehara, Zoo de Guarulhos

- Releia "Reflexão para o fim de semana: imprensa míope no caso da onça-parda de Fanco da Rocha"
- Releia também "Imprensa míope parte 2 - mais uma vez com uma onça-parda, publicada em 13 de outubro de 2011 no Fauna News

Aproveito para lembrar que nos dias 15 (sábado) e 16 (domingo) de outubro, na FECOMERCIO - rua Doutor Plínio Barreto, 285 - Bela Vista - São Paulo (SP) - ocorrerá uma arrecadação de materiais para a Associação Mata Ciliar (que atuou no resgate da onça de Franco da Rocha). No local, onde acontece a feira Pixel Show (entrada gratuita), estarão recolhendo as doações para essa entidade que mantém o Centro de Reabilitação de  Animais Silvestres e o Centro Brasileiro para a Conservação de Felinos Neotropicais.

Mais informações podem ser conseguidas pelo telefone (11) 8672-1040 ou pelo e-mail fussbrasil@gmail.com.
Conheça a Associação Mata Ciliar: www.mataciliar.org.br

Veja o que a Associação Mata Ciliar está precisando:

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Imprensa míope parte 2 – mais um vez com uma onça-parda

A superficialidade da imprensa quando trata de fauna silvestre continua. Destaco desta vez um caso muito similar ao que critiquei em 30 de setembro, quando publiquei “Reflexão para o fim de semana: imprensa míope no caso da onça-parda de Franco da Rocha” sobre a onça-parda que ficou cinco horas para ser resgatada de uma árvore.

Na oportunidade, a imprensa relatou com detalhes a captura do animal e deixou de lado a causa do problema: perda de hábitat. Afinal, a onça-parda se assustou com a queimada e as máquinas que dizimavam a mata onde buscava água e caça. Agora, no local, haverá um loteamento.

Agora, mais uma onça-parda ficou acuada em área urbana. O felino foi achado em um quintal de uma residência no Jardim Rincão, região do Jaraguá, na zona norte de São Paulo.

A onça-arda foi acuada por um cachorro no quintal
Foto: AE

“Uma onça suçuarana invadiu, por volta das 2 horas desta madrugada de quinta-feira, 13, o quintal de uma das duas casas localizadas no imóvel nº 24 da Rua Capitão Oliveira Carvalho, no Jardim Rincão, região do Jaraguá, na zona norte de São Paulo.

Bombeiros e policiais militares ambientais foram acionados pelos moradores da residência dos fundos. Às 4h30 a onça já havia sido laçada pelos policiais e colocada em uma gaiola. Não houve necessidade de sedar o animal, informou a PM.”
– texto da  matéria “Onça invade quintal de residência na zona norte de SP” publicada em 13 de outubro de 2011 pelo Estadão.com.br

Para o portal G1, na matéria “Família encontra onça no quintal de casa na Zona Norte de SP” publicada na mesma data, “Não foi fácil capturar o animal - mesmo com tranquilizantes, ela deu trabalho e não queria entrar na gaiola.” A divergência de informações é o que menos importa na abordagem que quero fazer: o que grita por atenção é a cansativa e superficial espetacularização desse tipo de fato.

Nas matérias não há nenhuma análise ou citação sobre o encontro desse tipo de animal ser cada vez mais comum em áreas urbanas. A perda de hábitat pela urbanização está gritante. Os projetos imobiliários sem critério ou análise séria do impacto ao meio ambiente, além da ocupação de áreas verdes por populações marginalizadas, vão resultar em ocorrências que vitimam a fauna silvestre.

A matéria da TV Globo do Bom Dia São Paulo também do dia 13 foi outro show, em que o exótico e o espetacular prestaram um desserviço. Assita:



- Releia “Reflexão para o fim de semana: imprensa míope no caso da onça-parda de Franco da Rocha” publicada pelo Fauna News em 30 de setembro de 2011
- Leia a matéria completa do site Estadão.com.br
- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Onça-pintada na Argentina: uma espécie muito perto do fim

A região das Missões jesuíticas abrangia partes do Sul do Brasil, Argentina e Paraguai. No século 17, não era incomum os padres jesuítas relatarem encontros com jaguares (onças-pintadas). Em um desses encontros, descrito no livro Jaguar, de Evaristo Eduardo de Miranda e Liana John, o padre Antonio Sepp von Rechegg deparou-se com o felino no caminho para as “terras da Mãe de Deus”, Tupanciretã.

“O cavalo começou a ficar muito irrequieto. O padre tentava acalmá-lo, sem entender o porquê de tal agitação excepcional. Na escuridão, um relâmpago iluminou a paisagem e trouxe uma resposta assustadora: uma enorme onça-pintada, um jaguar, o yaguareté, rondava. (...)” – texto do livro Jaguar

 
Onça do Parque Nacional do Iguaçu, fronteira com a Argentina
Foto: Divulgação/Concessionária Cataratas do Iguaçu S/A

Pois essa situação ficou no passado, faz parte da história Argentina.

“As Cataratas do Iguaçu, na fronteira com Paraguai e Brasil, marcam agora o limite externo do alcance das onças-pintadas na Argentina. Estima-se que apenas 50 dessas onças vivam na selva subtropical ao redor das famosas cataratas.(...)

Risco de vida
A floresta do norte da Argentina foi classificada como uma das áreas onde as onças-pintadas têm menor probabilidade de sobrevivência, junto com partes do Brasil, Venezuela, Guiana e locais na América Central e México.

As onças-pintadas costumavam rondar partes do sul dos Estados Unidos, descendo até a Patagônia, mas ocupam agora apenas 40 por cento de sua área histórica.

O World Wildlife Fund (WWF) estima que apenas 15.000 estão na selva, uma vez que o desmatamento as priva de alimentos e as torna mais vulneráveis a caçadores.

Cerca de 18 mil onças-pintadas foram mortas em todo o mundo a cada ano por causa da pele durante os anos 1960 e 70, e a caça continua sendo uma ameaça a elas apesar das campanhas atuais contra o uso de pele animal.”
– texto da matéria “Cientistas da Argentina rastreiam últimos exemplares de onça-pintada”, publicada em 11 de outubro de 2011 pelo portal G1

Agora, cientistas argentinos do Projeto Jaguar estão monitorando os animais (com colar de rastreamento com GPS) para determinar o quanto a agricultura e outras atividades humanas estão afetando a espécie na região. Estima-se que em um período de 20 a 30 anos as onças-pintadas poderão desaparecer do território argentino se nenhuma atitude para reduzir as ameaças a essa população.

- Leia a matéria completa do portal G1 “Cientistas da Argentina rastreiam últimos exemplares de onça-pintada”

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Começar a semana pensando...

...que leão agora é pet. Absurdo.

“Com cinco semanas de vida, o filhote de leão, ainda sem nome, olha diretamente para a câmera em um centro de cuidados médicos para animais localizado em Beirute, no Líbano. A imagem foi feita nesta sexta-feira (7).

De acordo com uma organização de proteção dos animais, o pequeno mamífero foi encontrado pela polícia em um carregamento proveniente da Síria. O leão estava sendo contrabandeado para o Líbano, onde seria utilizado por um comprador não identificado como animal privado.

O leãozinho ainda receberá cuidados no país antes de ser enviado a um santuário da vida animal na África do Sul.”
– texto da matéria  “Filhote de leão contrabandeado recebe tratamento médico no Líbano”, publicada no portal G1 em 7 de outubro de 2011


Foto: Jamal Saidi/Reuters

Conheça a dimensão do tráfico de animais:
- Terceira atividade ilegal mais rentável do mundo (atrás do tráfico de drogas e do comércio ilegal de armas): entre 10 e 20 bilhões de dólares por ano, sendo o Brasil responsável por uma fatia que varia de 5% a 15% do total;
- Segunda causa da perda de biodiversidade (atrás da perda de habitat).

No Brasil:
- Dependendo da fonte consultada, o número de animais silvestres retirados da natureza no Brasil, por ano, é 12 milhões ou 38 milhões;
- Estima-se que 95% do comércio de animais silvestres no Brasil seja ilegal;
- Há pesquisas que apontam haver 60 milhões de brasileiros criando espécimes da fauna nativa em suas residências.

Essa realidade está mais próxima do que parece, certo?

- Leia a matéria do portal G1

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Reflexão para o fim de semana: nosso comprometimento faz a diferença!

É no dia a dia que as atitudes, mesmo que pequenas, ganham significado. Também na defesa da fauna... Assista ao vídeo.


O fato é de 2009 e foi noticiado também pelo Blog Animal, da revista Época (10 de fevereiro):

"Os incêndios mais mortais da história da Austrália já mataram 181 pessoas e, além do sofrimento humano, causaram devastação ao meio ambiente. Segundo biólogos e outros especialistas ouvidos pelo jornal Sydney Morning Herald, as florestas do estado de Victoria devem sentir os efeitos do fogo até o fim do século. Já os danos à vida selvagem são tantas que nem podem ser estimados por enquanto.

Como mostrou o Blog do Planeta, os coalas, geralmente arredios com humanos, têm procurado casas de família atrás de alimento e água. Na emocionante foto abaixo, feita por Mark Pardew, fotógrafo da agência Associated Press, o bombeiro David Tree, exausto pelo trabalho de contenção dos incêndios, usa uma garrafa para dar água na boca de um coala ferido."
- texto na íntegra do Blog Animal


- Leia o post do Blog Animal, da revista Época

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

517 de filhotes de aves escancaram o descaso do poder público com a fauna silvestre

Ontem, o Fauna News publicou “O drama da pós-apreensão: o lado pouco divulgado do tráfico de animais”, em que a presidente da ONG ECO - Organização para a Conservação do Meio Ambiente, Kilma Manso, relata o esforço dela e de outros voluntários em cuidar e alimentar as 517 aves apreendidas com dois homens no interior de Pernambuco. Os animais foram levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Recife (Cetas).

O caso deixou evidente a deficiente gestão da fauna silvestre pelo Ibama – não estou falando dos servidores que, em sua maioria, se esforçam para atender às demandas. Além do narrado por Kilma, veja o que o portal G1 publicou em 4 de outubro de 2011:

“Com apenas três funcionários, o Cetas teve que pedir ajuda. Segundo Edson Lima, analista ambiental do Ibama, tudo começou com uma mensagem via e-mail para um grupo de cinco pessoas. “A mensagem foi colocada em sites de relacionamento e houve uma ‘explosão’ de voluntários nos procurando para alimentar esses animais”, disse Lima. (...)

Outros cinco especialistas foram contratados temporariamente para dar conta. “Além deles, já contamos 133 voluntários e continuamos recebendo ligações de diversas pessoas. Tivemos que criar um esquema de grupos de dez pessoas por turno para alimentar os animais. Não estamos recusando ninguém, mas a preferência é para aqueles envolvidos com a biologia ou medicina veterinária”, disse Lima.

Necessidade
Como a base do Cetas em Recife é pequena, os papagaios e maritacas foram colocados em caixotes em uma sala improvisada. Por dia, são consumidos seis quilos de ração especial, ao custo de R$ 200.

“Além do alimento, precisávamos de seringas, luvas e óculos especiais para quem fosse cuidar dos bichos. Estamos tendo ajuda de duas organizações ambientais, uma brasileira e uma norte-americana, que estão nos doando os materiais”, disse Edson Lima.”
– texto da matéria “Filhotes de pássaros atraem mais de cem voluntários ao Ibama no Recife” do portal G1

O problema no Cetas do Recife não aconteceu pela grande quantidade de aves apreendidas. Se o número de animais fosse menor, a crise seria a mesma.

Ou você acha que três funcionários sem infraestrutura têm super poderes?

Em tempo: esse não foi um caso pontual e exclusivo do Ibama. Acontece também nas estruturas de Estados e municípios.

- Leia a matéria “Filhotes de pássaros atraem mais de cem voluntários ao Ibama no Recife”, publicada em 4 de outubro de 2011 pelo portal G1
- Releia "O drama da pós-apreensão: o lado pouco divulgado do tráfico de animais", publicado em 5 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O drama da pós-apreensão: o lado pouco divulgado do tráfico de animais

No final da noite de 25 de setembro de 2011, domingo, policiais federais pararam, no trevo do Ibó da BR-316, em Belém do São Francisco (PE), um caminhão durante uma ação de combate ao tráfico de drogas. Mas o tráfico encontrado foi outro: de animais silvestres.

Distribuídos em pequenas gaiolas metálicas (foto ao lado - Divulgação Ibama), foram encontrados 517 aves. A maioria era de papagaios-verdadeiros, mas havia também papagaios-galegos e maritacas-da-cabeça-azul. Wismar Queiroz Ramos, 35 anos, e Vanildo de Sousa Ferreira, 47, ambos residentes em Caruaru (PE), foram detidos e, como é previsto legalmente, responderão pelo crime em liberdade. Como sempre, a lei fraca...

O frete foi contratado por R$ 5 mil. Segundo os acusados, o carregamento, pego em Juazeiro (BA), seria entregue em Maceió (AL).

"O delegado-chefe, no entanto, acredita que os animais seriam levados para a Feira de Caruaru (PE), onde seriam vendidos a preços que variam de R$ 100 a R$ 200. “Maceió não faz parte da rota convencional de tráfico. Provavelmente eles tentaram despistar os policiais”, opina Cristiano de Oliveira Rocha." - texto do blog Elba Galindo, publicado em 27 de setembro de 2011

Aves nos primeiros momentos após a apreensão
Foto: Divulgação Polícia Federal

Esse caso é, infelizmente, apenas mais um entre tantos que ocorrem no Brasil. Mas, o que poucos na imprensa mostram é o que acontece após a apreensão. Simplesmente dramático!

Por isso pedi para a presidente da ONG ECO - Organização para a Conservação do Meio Ambiente, Kilma Manso, escrever sobre como foram os momentos após a apreensão para tentar salvar as aves. Engenheira agrônoma e mestre em Ciências Florestais, ela está desde a apreensão envolvida nos cuidados aos animais, que foram encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Recife.

Envolva-se com a leitura!


Bastidores de uma apreensão
Por Kilma Manso
Fotos: Arquivo pessoal

Eram 22h22min da segunda-feira quando recebi uma ligação de um amigo biólogo que trabalha no Centro de Triagem de Animais Silvestres – CETAS – da Superintendência do Ibama em Recife (PE), ocasião em que ele me relatou que estava terminando o trato e o fornecimento de alimentação aos mais de quinhentos filhotes de papagaios e jandaias que foram apreendidos na madrugada daquele dia, em uma cidade distante de Recife cerca de 700 quilômetros.

Conversamos sobre os acontecimentos relativos à apreensão dos animais e principalmente sobre os detalhes e desdobramentos da apreensão. Nossa preocupação estava centrada no que precisaríamos fazer para ajudar aqueles filhotes apreendidos a sobreviver diante de tão limitadas condições disponíveis, especialmente no que se refere à disponibilidade de alimentação específica e de pessoal para realizar o manejo alimentar, pelo menos três vezes ao dia, devido ao fato de serem muito novinhos e completamente dependentes de auxílio para comer.

Encerrada a nossa ligação telefônica, partimos, cada um de nós, em busca de apoios, muito embora já fosse quase meia-noite. Então, a primeira coisa que providenciei foi efetuar uma postagem, talvez melhor dizendo, um apelo, nas redes sociais que participo, informando sobre o fatídico acontecimento e a drástica realidade com a qual nos deparávamos a partir de então.

Assim, pedi especialmente por ajuda para as atividades de alimentação dos filhotes, pois dada à elevada quantidade de animais, sabia que precisaríamos de muitos voluntários para dar cabo de tanto trabalho. E justamente por também saber que poucas pessoas têm habilitação específica neste tipo de atividade, já me prontifiquei a ensinar a todos aqueles que quisessem nos ajudar e que não soubessem da prática de alimentação de filhotes de aves.

Felizmente recebi um maravilhoso volume de mensagens de apoio e de pessoas que se prontificaram a participar dos trabalhos. Adicionalmente, enviei um grande número de mensagens de e-mail para diversos apoiadores de projetos de conservação de animais, com o propósito de que nos ajudassem a conseguir meios para a aquisição dos alimentos (ração) que se farão necessários para o desenvolvimento de todos os filhotes apreendidos, até que os mesmos consigam se alimentar com outros tipos de comida, a exemplo de frutas, legumes e grãos.


Volutários alimentando os papagaios no Cetas

No dia seguinte, já contamos com a ajuda de diversos voluntários para auxiliar nas atividades de alimentação dos animais. Entretanto, como não havia no Ibama disponibilidade de ração específica (papinha) para filhotes dessas espécies, e mesmo com o pedido de compra tendo sido realizado logo no início da manhã, a ração foi entregue somente quase na hora do almoço.

Esse atraso tumultuou bastante todas as demais atividades de manejo que precisaríamos fazer com os animais, haja vista que os mesmos estavam bastante estressados e debilitados com as longas viagens a que haviam sido submetidos nos dias anteriores, bem como, devido ao elevado período de tempo sem receber qualquer tipo de alimentação. Desse modo, ao finalizar o fornecimento de alimentação de todos os filhotes, trabalhamos o restante do dia para conseguir organizar todos os animais em contentores/caixas, como também para fazer uma triagem dos filhotes conforme os estágios de desenvolvimento, principalmente para facilitar o seu manejo alimentar.

A partir do dia seguinte (quarta-feira), com os filhotes já devidamente agrupados em caixas/contentores conforme seus estágios de desenvolvimento, e com as respectivas caixas ordenadas também seguindo esse critério, conseguimos impor uma rotina de procedimentos de alimentação bem mais ágil e célere. Essa organização permitiu priorizar o fornecimento de alimentação sempre aos animais mais jovens e debilitados. Com uma equipe de cerca de dez pessoas, realizamos cada período de alimentação dos filhotes em apenas três horas!


As aves foram colocadas em caixas de acordo com estágio de desenvolvimento

E assim nos sobra cerca de duas horas para fazer toda a limpeza e re-arrumação da sala onde os animais estão alojados, como também toda a limpeza e esterilização dos materiais e utensílios empregados na alimentação dos mesmos, antes do início do próximo período de alimentação do dia.

Hoje me sinto extremamente feliz em constatar que, desde a chegada dos animais no Ibama, apenas dois animais morreram!

Os trabalhos de alimentação, realizados quase que exclusivamente pelos voluntários, têm sido exaustivos, pois temos atuado diariamente das 7h para além das 20h! Mas, o que mais importa é saber que os filhotes estão, diariamente, se recuperando das debilidades nutricionais pelo que haviam passado e se desenvolvendo muito bem. Estou bastante esperançosa de que rapidamente conseguiremos superar esta fase crítica de risco de mortalidade e que salvaremos a todos esses pobres animais vitimados pelo tráfico, de modo a permitir que estejam aptos a participar de programas de reintrodução de fauna silvestre em suas regiões de origem o mais brevemente, e assim possam estar de volta à natureza.

Lugar de onde nunca deveriam ter saído!

- Leia o post completo sobre a apreensão do blog Elba Galindo
- Leia a nota informativa do Ibama sobre a apreensão
- Releia o post do Fauna News sobre a época crítica para o tráfico de papagaios, publicado em 19 de setembro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Começar a semana pensando...

...e torcendo para que funcione!

“INSTALADA A FRENTE PARLAMENTAR EM DEFESA DOS ANIMAIS

Ato de lançamento ocorreu nesta quinta-feira, na Câmara


A Frente Parlamentar em Defesa dos Animais foi instalada nesta quinta-feira (29 de setembro de 2011), em evento que teve a participação de organizações ambientalistas e de entidades que atuam em favor dos animais.

O primeiro ato da frente está marcado para a próxima terça-feira (4 de outubro, Dia Mundial dos Animais). Na ocasião, será solicitado ao presidente da Câmara, Marco Maia, que coloque em votação o projeto que proíbe o uso de animais em circos (PL 7291/06). A proposta aguarda inclusão na pauta do Plenário.

Foto: Gustavo Lima
Criada com o apoio de 212 parlamentares, a frente será presidida pelo deputado Ricardo Izar (PV-SP). Além da proibição de animais em circos, a frente vai debater e sugerir medidas relacionadas ao controle populacional de animais, ao combate da caça ilegal e do tráfico de animais silvestres, às condições de transporte e abate de bichos, ao aperfeiçoamento da legislação vigente e à proteção do habitat natural.

A frente contará com grupos de trabalho nos estados, que serão coordenados por parlamentares e terão a participação de ONGs e de entidades da sociedade civil.

LEGISLAÇÃO
O deputado Ricardo Izar disse que o Congresso precisa unificar a legislação que trata de animais. “Atualmente, existem vários projetos sobre animais tramitando no Congresso. Nosso objetivo é fazer a consolidação das leis de defesa dos animais.”

Durante o ato de lançamento da frente, a secretária especial do Direito dos Animais de Porto Alegre, Regina Becker, ressaltou que os animais são portadores de direitos legitimados pela Constituição Federal. Já a coordenadora da ONG Late e Mia Companhia, Edna Telles, afirmou que a frente parlamentar poderá reforçar o trabalho que as entidades de defesa dos animais desenvolvem.

Também participaram do lançamento da frente, entre outros convidados, representantes das entidades BSB animal, Augusto Abrigo, Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), WEEAC (World Event to End Animal Cruelty), Projeto Juventude Ecológica e Sociedade Vegetariana Brasileira.”
– texto na íntegra da matéria da Agência Câmara de Notícias )da Câmara dos Deputados) veiculada em 29 de setembro de 2011

- Releia o post do Fauna News “Começar a semana pensando...”, de 8 de agosto de 2011, quando foi criada a Frente Parlamentar de Defesa dos Animais