sexta-feira, 30 de maio de 2014

Reflexão para o fim de semana: azar por ser atropelado e sorte por sair vivo do motor

Foto: Jair Schaefer

“Um graxaim foi encontrado vivo dentro da estrutura que envolve o motor de um carro nessa terça-feira (27) em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Segundo Jair Schaefer, funcionário do posto onde estava o veículo, o animal havia sido atropelado na RSC-287 perto de Vila Mariante, distrito de Venâncio Aires, na noite anterior. Como estava escuro, o motorista seguiu o trajeto por cerca de mais 50 quilômetros.”
– texto da matéria “Graxaim é encontrado vivo perto do motor de carro no RS, diz funcionário”, publicada em 28 de maio de 2014 pelo portal G1/Rio Grande do Sul

No final de tudo, ele voltou para a mata.

- Leia a matéria completa do portal G1

Ação em defesa da fauna durante a Copa no Rio Grande do Norte

“O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou nesta quarta-feira (28) uma lista com '10 regras' que objetivam orientar os turistas que visitarão  Natal para acompanhar os quatro jogos que a cidade receberá na primeira fase da Copa do Mundo. A medida serve também para orientar os profissionais do setor de turismo que estarão trabalhando durante o Mundial.

Em geral, as orientações se referem ao combate da comercialização de animais silvestres e de produtos relacionados à fauna e flora do Rio Grande do Norte. Há ainda orientações relacionadas a serviços, como os passeios de buggy, por exemplo

1 - Não compre animais da fauna silvestre brasileira (papagaios, periquitos, macacos, iguanas, passarinhos, serpentes, borboletas, aranhas e escorpiões, etc). É proibido por lei e não existem lojas autorizadas a vender esses animais no RN. A multa varia de R$ 500 a R$ 5 mil por unidade de animal e a pena de detenção é de até um ano.

2 - Não compre artesanato, bijuterias ou adornos feitos com partes de animais silvestres, como penas, dentes, peles, couros, asas de borboleta. A multa varia de R$ 500 a R$ 5 mil por unidade de animal e a pena de detenção é de até um ano.

3 - Não tire fotos ao lado de pessoas que ofereçam animais silvestres, mesmo que pareçam mansos. Não dê dinheiro a essas pessoas. Essa atividade é ilegal e prejudicial aos animais.

Garotos com iguanas esperando turistas para fotos 
e venda dos animais em Genipabu
Foto: Betho Feliciano

4 - A caça é proibida no Brasil. Logo, comer carne de caça (arribaçãs, tatus, veados) é estimular essa cadeia ilegal. Há pena de multa e detenção tanto para os caçadores quanto para os compradores de carne de caça.” – texto da matéria “Ibama divulga '10 regras' para turistas que visitarão Natal durante a Copa”, publicada em 28 de maio de 2014 pelo portal G1

Ótima iniciativa do Ibama do Rio Grande do Norte e que deveria ser seguida pelas gerências do órgão e secretarias de Meio Ambiente dos estados e municípios que receberão turistas durante a Copa do Mundo de futebol. A matéria não informou como essas orientações serão divulgadas para os visitantes e para os profissionais dos serviços de turismo. É uma cartilha? Há cartazes?

Seria muito interessante que houvesse uma cartilha, pequena e ilustrada, para ser distribuída aos passageiros que vão frequentar aeroportos e terminais rodoviários, além de pontos de táxi, hotéis, pousadas, agências de turismo e postos de informações ao turista.

No Rio Grande do Norte existe um clássico exemplo de exploração de animais silvestres, aliada ao tráfico (abordada pelo Ibama no ítem 3 acima). Há anos, nas dunas de Genipabu, turistas são levados pelos bugueiros  para conhecer as belas paisagens do local e se divertirem com o veloz sobe e desce dos veículos nas dunas. Dentre as atrações, sempre há uma paradinha para o encontro com garotos e rapazes que oferecem iguanas e micos para serem fotografados (ou até comprados) pelos entusiasmados visitantes.

O que os deslumbrados não sabem é que esses animais foram capturados ilegalmente na natureza. Em muitos casos, estão ali dopados e machucados para parecerem mansos e assim não atacarem enquanto ficam nos braços e até na cabeça dos turistas, que fazem poses para as fotos.

Que a ambição pelo dinheiro dos visitantes seja trocada pelo turismo consciente e sustentável.

- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Lorena (SP): prefeitura sinaliza preocupação com tráfico de animais

Quando se aborda a atuação do poder público no combate ao tráfico de animais, normalmente a responsabilidade é passada para a União e os Estados. Não são muitos os prefeitos que orientam a guarda municipal a reprimir a venda ilegal de silvestres e a criação doméstica sem autorização, bem como poucos são os que investem em centros de triagem (Cetas) para receber os bichos apreendidos e dar uma destinação adequada aos mesmos.

A cidade de São Paulo mantém uma Divisão de Fauna, em que atende animais apreendidos e dá um destino adequado a eles. Bragança Paulista (SP) firmou um convênio com a Associação Mata Ciliar para a organização atuar em seu Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras). São Penas alguns exemplos, dos poucos que existem.

Agora foi a vez de Lorena (SP), município situado no Vale do Paraíba. No município já existe um Cetas, administrado pelo Ibama e situado dentro da Floresta Nacional de Lorena. A iniciativa da prefeitura é intensificar a repressão ao mercado negro de animais.

Entrada da Floresta Nacional de Lorena, onde funciona o Cetas
Foto: ICMBio

“Lorena será a sexta no Vale do Paraíba e litoral norte a contar com serviço da atividade delegada, conhecido como 'bico oficial' da Polícia Militar. Inicialmente, seis policiais atuarão com objetivo de reforçar a fiscalização e segurança no município. Os trabalhos estão previstos para terem início no segundo semestre.

(...) A lei para autorizar a atividade delegada em Lorena foi assinada pelo prefeito Fábio Marcondes (PSDB) na última terça-feira (13). Segundo a prefeitura, a expectativa é que o convênio seja assinado pelo Comando de Policiamento do Interior 1 (CPI-1) e pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Os policiais em trabalho extra ficarão responsáveis pela fiscalização de ruídos, comércio irregular e apoio ao transporte alternativo e escolar. "Uma das maiores reclamações que temos na cidade é quanto a ruídos, mas também vamos atuar com apoio ao transporte e na zona rural, para combater tráfico de animais e outras irregularidades", afirmou o secretário de Segurança Municipal, Benedito Donizetti da Rosa.”
– texto da matéria “Lorena será sexta cidade do Vale a aderir ao 'bico oficial' da PM”, publicada em 15 de maio de 2014 pelo portal G1

Parabéns à prefeitura de Lorena por ter a defesa da fauna entre os objetivos desse reforço policial.
Foto: site prefeitura Lorena
Mas vale lembrar ao prefeito Fábio Marcondes (foto ao lado) que o combate ao tráfico de animais não pode ficar restrito a ações de fiscalização e repressão. Como o município já possui um Cetas em seu território (que como todos do Ibama vive em dificuldades), o poder público deve investir na mais prioritária das frentes: educação ambiental.

Prefeito Fábio Marcondes, só existe quem vende porque tem quem compra. Por isso, invista em campanhas e atividades permanentes para conscientizar a população do problema que é criar animais silvestres como bichos de estimação (principal motor do tráfico de fauna no Brasil).

Estimativa de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) indica que 38 milhões de animais são retirados da natureza todos os anos para abastecer o comércio ilegal (sem contar peixes e invertebrados). Além do dano ambiental, que pode levar a extinções regionais de espécies, desequilíbrio de ecossistemas e a uma infinidade de crueldades contra os bichos, o poder público tem de pensar nos problemas de saúde pública envolvidos.

Mais de 180 zoonoses (doenças transmitidas por animais a humanos) relacionadas ao tráfico de animais já foram identificadas. Os animais retirados diretamente da natureza podem levar para as residências muitas doenças. A raiva é uma delas.

Invista em educação ambiental com projetos permanentes. Mudanças de habito demoram, mas acontecem. Envolva as secretarias de Meio Ambiente, Educação e Cultura.

O meio ambiente agradece e os cofres da prefeitura, que gastará menos com a redução de doentes, também.

- Leia a matéria completa do portal G1

Araras retomando a vida livre em Goiás e os processos de soltura

"Retornaram ontem à liberdade 20 araras-canindé (Ara ararauna). Elas foram soltas pelo Ibama no município de Aragoiânia, que fica a uma hora de Goiânia, na Fazenda Cachoeirinha, cujos proprietários são parceiros do instituto desde 2006. As aves são oriundas de apreensão de tráfico e de entregas voluntárias e 19 vieram do Rio de Janeiro, onde passaram por treinamento de voo para fortalecimento muscular e exames clínicos que atestam sua saúde.

Segundo a diretora de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas (DBFlo), Hanry Alves, o número de animais devolvidos à natureza ou encaminhados a criadouros conservacionistas aumentou de 50% para 68%. "Este é o verdadeiro resultado de todo o processo que a gente faz no Ibama: o momento em que o bicho volta para a natureza", disse."
– texto da matéria “Araras livres para voar”, publicada em 27 de maio de 2014 pelo site do jornal Diário da Manhã (Goiânia – GO)

Arara-canindé: bonito é assim, livre
Foto: Marcelo Scaranari

A soltura de animais apreendidos de traficantes ou de cativeiros domésticos ilegais é um momento muito feliz. Mas para chegar até esse ponto, uma longa a trabalhosa jornada é feita pelos profissionais envolvidos. Os bichos têm de ser examinados clinicamente, curados os doentes, observados para verificar se potencialmente podem voltar, treinados para reaprender a viver na natureza. Além disso, é necessário ter uma área de soltura adequada para a espécie, com recursos para sua vida plena (alimentação, abrigo, outros de sua espécie, clima adequado).

Mas, sem dúvida, a principal dificuldade nesse processo é devolver o animal para a região de onde foi capturado. E esse trabalho, que em algumas espécies de aves pode ser feito a partir de marcadores genéticos, deve começar no momento da apreensão, com um trabalho de investigação feito com as informações fornecidas pelo traficante ou pessoa que mantinha o bicho em cativeiro.

Infelizmente, esse esforço não é regra. E a matéria do Diário da Manhã não informa se as araras eram da região da Fazenda Cachoeirinha.

Ainda é preciso aperfeiçoar todo esse processo.

- Leia a matéria completa do Diário da Manhã

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Muitas apreensões de silvestres e nenhuma prisão em Sergipe

“Cerca de 130 aves silvestres foram apreendidas na segunda-feira (26) em uma feira livre em Estância, no interior de Sergipe. As pessoas que comercializavam os animais fugiram do local para evitar o flagrante. Entre os animais apreendidos havia alguns da espécie pintassilgo, considerado um pássaro em extinção na região Nordeste.

Algumas aves estavam mortas
Imagem: reprodução TV Sergipe

(...) Entre os pássaros aprendidos estão araras jandairas, velandes , sangue de boi e cabeças. Em algumas gaiolas várias aves dividiam o mesmo espaço e muitos tinham sinais de maus tratos, alguns não resistiram.

Segundo informações do Pelotão Ambiental, 150 aves silvestres já foram apreendidas neste mês de maio, número que chega a 589 de janeiro até a segunda-feira (26). Apesar desses dados, ninguém foi preso. A pena prevista para esse crime é de seis meses a um ano de detenção, além de multa.”
– texto da matéria “Mais de 130 aves silvestres são apreendidas em feira livre em Sergipe”, publicada em 27 de maio de 2014 pelo portal G1

O tráfico de animais silvestres em feiras é prática comum em todo o Brasil, com destaque para os municípios nordestinos.  Combate a esse crime é falho, pois o poder público atua praticamente apenas com seus aparatos repressivos, esquecendo de investir em educação ambiental (essencial), infraestrutura para o pós-apreensão (como equipes especializadas para atendimento veterinários imediatamente após a apreensão, centros de triagem, áreas de soltura, programas de reintrodução, etc.) e projetos de geração e substituição de renda nas áreas de captura e coleta dos bichos (normalmente bastante carentes).

A repressão, por meio das polícias ambientais e Ibama, também tem sérios problemas. Esses órgãos de fiscalização pouco investem em “inteligência”, coibindo a prática apenas nos pontos de venda e não nas regiões onde ocorre a captura dos animais. Ainda assim, as operações contra quem vende é problemática. A prova está na declaração do policial sergipano:

“Quando percebem a presença do Pelotão Ambiental os suspeitos e se evadem do local e as próprias pessoas que ficam na feira têm receio de apontar que são os criminosos e fica difícil a gente flagrá-los”, afirma o tenente Josenilton de Deus Alves, comandante do Pelotão Ambiental da Polícia Militar.”
– texto do portal G1

Chegar com viaturas e fardas nas feiras com certeza faz com que os traficantes fujam Isso é ação de quem não quer prender ninguém. Essa atitude fica evidente com os números apresentados pelo Pelotão Ambiental: 589 aves silvestres apreendidas desde janeiro e nenhuma pessoa respondendo criminalmente por isso.

Já passou da hora de o poder público repensar a forma como combate o mercado negro de silvestres. Mas, para isso, é necessária vontade - inclusive dos legisladores que precisam mudar as leis, fazendo-as realmente punitivas.

- Leia a matéria completa no portal G1

Ação em defesa da fauna pela PM mineira

“A equipe da 5ª Companhia de Polícia Militar do Meio Ambiente e Trânsito (5ª CIA Ind Mat) realizou, ontem (22), ações de fiscalização, conscientização sobre a proteção e preservação do meio ambiente e a educação ambiental.

Policiais mineiros em ação na região de Uberaba
Foto: Jornal de Uberaba

O tenente PM Luciano lembra que ontem foi comemorado o Dia Internacional da Biodiversidade. Ele relatou que a equipe da 5ª CIA Ind Mat se deslocou por vários pontos de Uberaba e região, atuando com a distribuição de material informativo para os motoristas que passaram pelo posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), localizado às margens da MG-427. “Abordamos milhares de veículos e visitamos escolas, realizando orientações com vários assuntos relacionados ao meio ambiente, como os crimes contra a fauna e a flora, pesca, maus-tratos aos animais, combate à caça, a retirada de filhotes, e alertando sobre as consequências para o meio ambiente de se praticar atividades poluidoras”, relatou.

Outro ponto importante abordado pelo tenente PM foi a conscientização do limite da velocidade nas estradas. “Fica o alerta para os motoristas manterem o limite da velocidade, com o objetivo de prevenir o atropelamento de animais que vão para a pista e, consequentemente, tornam-se vítimas. Além da conscientização, os policiais militares realizaram fiscalização da documentação dos veículos”, acrescentou.”
– texto da matéria “5ª CIA Ind Mat promove ações no Dia da Biodiversidade”, publicada em 23 de maio de 2014 pelo site do Jornal de Uberaba (MG)

A ação da Polícia Militar de Meio Ambiente e Trânsito, apesar de pontual, é importante. Atuar na conscientização da população sobre problemas como tráfico de animais, manutenção de silvestres em cativeiro sem autorização e atropelamento de fauna são importantíssimas, já que a participação do cidadão é essencial para a redução desses problemas.

Só existe o mercado negro de fauna porque tem gente que compra animais. Ao mesmo tempo, se os motoristas trafegarem com mais atenção e respeitando os limites de velocidade em estradas que cortam áreas com vegetação preservada, o número de silvestres atropelados diminui consideravelmente.

Vale lembrar que essas ações educativas pontuais têm alcance limitado. O resultado efetivo só acontece quando o poder público, aliado a entidades da sociedade civil, como ONGs, realizam um trabalho planejado e permanente. A consciência e o comportamento da população demoram para serem mudados, mas essa alteração são a forma mais efetiva para a solução dos problemas.

- Leia a matéria completa do Jornal de Uberaba

terça-feira, 27 de maio de 2014

Combatendo o tráfico de fauna na origem: a captura de silvestres

A forma ideal de repressão do tráfico de fauna pelos órgãos de fiscalização é atacar antes da captura ou coleta dos animais. Colocar policiais em estradas para interceptar os bandidos e os bichos durante o transporte ou em feiras e outros locais de venda para prender os traficantes no final da cadeira do mercado negro não resolve o pior dos problemas: os animais já foram retirados de seus hábitats e deverão passar por todo um processo para, com sorte, retornar à vida livre.

Isso quer dizer que, quando se apreende um silvestre fora de seu ecossistema de origem, o dano já está feito. Resta tentar reduzi-lo.

E por isso que fiscalizar as áreas de captura e coleta de animais, ovos, larvas e outras formas da fauna é o ideal. E foi isso que realizou a PM Ambiental mineira em Mariana.

“A Polícia Militar de Meio Ambiente de Mariana, na região Central do Estado, apreendeu armas, munição e várias "cevas", armadilhas utilizadas para a captura de animais silvestres, durante uma operação realizada nesse sábado (24). As "cevas" utilizam comida para atrair os animais, que quando se aproximam, são abatidos e vendidos no mercado clandestino, segundo a Polícia Militar do Meio Ambiente.

Ceva para captura de silvestres encontrada em Mariana (MG)
Foto: divulgação PM Ambiental MG

Com o objetivo de combater a caça e a captura de espécies selvagens, os militares fizeram buscas na localidade de Bicas, na zona rural da cidade, onde descobriram várias armadilhas espalhadas pelo terreno conhecido como Fazenda Tesoureiro.

Eles entraram na mata fechada para procurar os responsáveis por armar as "cevas" e, durante a patrulha, encontraram dois homens "empoleirados" no alto de duas árvores. Ao perceber a aproximação dos policiais, os suspeitos fugiram pela mata. Até o momento, ninguém foi preso.”
– texto da matéria “Polícia apreende armadilhas para caça de animais silvestres em Mariana”, publicada em 25 de maio de 2014 pelo site do jornal mineiro O Tempo

Apesar de ninguém ter sido preso, com certeza os traficantes de animais estão incomodados. E essa é a intenção. Mesmo sem ter colocado as mãos nos bandidos, os policiais têm de continuar a fiscalizar as áreas de captura para espantar os infratores.

É um jogo de gato e rato, mas que tem de ser jogado com vontade. Se a fiscalização não for constante, os traficantes voltarão a se sentir confortáveis.

- Leia a matéria completa de O Tempo

A capivara do Amazonas: era pet ou refeição?

“Uma capivara adulta foi resgatada de um cativeiro ilegal, na tarde deste domingo (25), no Amazonas. De acordo com o Batalhão Ambiental, o animal foi encontrado em uma jaula improvisada, em uma residência situada na comunidade Bela Vista, no km 55 da Rodovia Manoel Urbano, que liga Manaus a Manacapuru. Ao órgão, o proprietário da casa, de 38 anos, alegou que havia comprado o animal por R$ 300 e que o mantinha em casa por vontade dos filhos.

A capivara foi resgatada pela PM Ambiental do Amazonas
Foto: divulgação PM Ambiental AM

(...)Segundo Eliane, o homem disse que mantinha a capivara no local há quatro dias. Além disso, ele teria alegado que adquiriu a capivara com um vendedor que passou pela área. "Ele não foi claro quanto a finalidade do confinamento. Ele chegou a dizer que mantinha o animal em casa por causa dos filhos, que gostavam da capivara. Depois contou que pretendia engordá-lo", contou.”
– texto da matéria “Capivara é resgatada de cativeiro em residência no Amazonas”, publicada em 25 de maio de 2014 pelo portal G1

Seja qual for o motivo, o fato é que a capivara foi retirada de seu hábitat e vendida para satisfazer um capricho do ser humano. Não importa se o animal seria tratado com todo amor, como um bichinho e estimação, ou se seria engordado para parar na panela, simplesmente pela satisfação de se alimentar com uma carne diferente.

E não importa se a capivara não é uma espécie em risco de extinção, com população grande. O fato é que animais silvestres devem permanecer em seus ecossistemas de origem, cumprindo seus papéis ecológicos (sendo predados, predando, espalhando sementes e ajudando a plantar florestas, etc).

Falta investimento do poder público em educação ambiental, conscientizando a população desses problemas e dos riscos à saúde pública causados pela retirada dos silvestres de seus hábitats (zoonoses).

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Onça-pintada atropelada no MT: felino também é vítima das estradas

“Uma onça foi encontrada morta à beira de uma estrada estadual de Mato Grosso, entre os municípios de Jangada e Barra do Bugres. O animal tinha aproximadamente 1,20m, segundo o tenente do Corpo de Bombeiros Leilson Vieira, que viu o felino morto na MT-246 por volta das 9h deste sábado (24).

Onça-pintada atropelada na MT-246
Foto: Leilson Vieira

Vieira disse acreditar que a onça tenha sido atropelada por um veículo de grande porte. "Tinha marcas de frenagem na pista que parecia ser de uma carreta ou caminhão". Segundo o tenente, o animal aparentava ser adulto e devia pesar, pelo menos, 200 quilos.”
– texto da matéria “Onça é encontrada morta às margens de estrada estadual em Mato Grosso”, publicada em 24 de maio de 2014 pelo portal G1

A espécie está classificada como “vulnerável” na lista brasileira de animais ameaçados de extinção. Não bastasse a perda de hábitat, a caça dos animais que lhe servem de alimento e a perseguição de fazendeiros que as matam para preservar animais de criação (normalmente, o gado), as onças-pintadas também sofrem com os atropelamentos em estradas e rodovias brasileiras.

- Leia a matéria completa no portal G1

Começar a semana pensando...

...sobre a falta de investimento em conscientização para combater o tráfico de fauna.

Imagem: reprodução TV NBR
“É uma estratégia de fiscalização dirigida para as espécies boto-cor-de-rosa, peixe-boi-da-amazônia, arara-azul-de-lear, onça-pintada, tatu-bola, muriqui, tubarão e arraias de água doce. A intenção é apertar para acabar com o tráfico ilegal”.

Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, durante anúncio da força-tarefa para combater a caça e o mercado negro da fauna silvestre no Dia Internacional da Biodiversidade, em 22 de maio de 2014

Ministra Isabella, um aviso: espere sentada o fim do tráfico de fauna silvestre com organização de ações repressivas. A fiscalização é necessária, mas sem conscientização da população, é inútil.

Chega de pirotecnia!

- Leia a matéria completa “Ações integradas garantem a preservação de espécies”, publicada pelo Portal Brasil em 23 de maio de 2014

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Reflexão para o fim de semana: ursa resgata filhote em estrada que corta parque nacional

 Resgate de filhote em estrada que corta parque nacional no Canadá
Imagem: reprodução vídeo BBC Brasil

“O caçador de tempestades Ricky Forbes estava à busca de imagens de fenômenos extremos da natureza, quando se deparou com uma cena inusitada no Canadá.

Uma mamãe ursa resgata um de seus filhotes pelo pescoço de uma estrada movimentada.

O episódio aconteceu no Kootenay National Park, na província de British Columbia, no oeste do país.”
– texto da matéria “Ursa resgate filhote em autoestrada movimentada”, publicada em 22 de maio de 2014 pelo UOL Notícias com base em vídeo da BBC Brasil

Se a informação estiver correta, este é um dos riscos de se construir ou manter uma estrada dentro de uma unidade de conservação. Bom para pensar sobre o projeto de reabertura da Estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná.

Assista ao vídeo:


- Leia a matéria do UOL Notícias

Tocantins ganha seu primeiro Cetas. Que venham outros para não virar depósito de bicho

Político adora fazer festa para chamar a atenção às inaugurações de estruturas de atendimento do setor público. Chamam gente que nem sabe o que estão fazendo no local, determinam que funcionários públicos deixem seus afazeres par prestigiarem o chefe e por aí vai. É o famoso “bate bumbo”.

Independentemente da festa que se anuncia, a inauguração oficial do primeiro Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Tocantins vale ser destacada.

“O Presidente do Instituto Natureza do Tocantins – Naturatins, Stalin Júnior, vai inaugurar oficialmente o primeiro Centro de Triagem de Animais Silvestres – Cetas instalado em Araguaína. O evento acontece nesta sexta-feira, dia 23 de maio, às 8 horas, juntamente com a inauguração do 2° Pelotão da Companhia Independente de Polícia Militar Rodoviária Ambiental – Cipra no município.

Atendimento de animais no primeiro Cetas do TO
Foto: divulgação Naturatins

O Cetas teve início de suas atividades no final do ano e desde então vem passando por adequações de suas instalações para ser o local de recepção de animais silvestres que necessitam de tratamento e cuidados especiais.

A solenidade marca uma vitória na luta pela defesa do meio ambiente. E o Naturatins junto ao Governo do Estado, através da criação do Cetas, busca melhorar os cuidados e a destinação dos animais silvestres em risco, cumprindo assim os dispositivos legais relativos à proteção e conservação do meio ambiente. Neste contexto, o Centro de Triagem é um instrumento essencial no combate à criação ilegal, maus tratos e o tráfico de animais silvestres.

Segundo o levantamento do departamento de fauna do Naturatins, grande parte dos animais que são encaminhados ao Cetas é proveniente de apreensão ou resgates realizados pelo Naturatins e demais parceiros ambientais, através de denúncias e entregas espontâneas por parte de pessoas que os criavam em cativeiro.

Cetas
Foto: divulgação Naturatins
O primeiro Cetas está localizado no 2° Pelotão da Cipra em Araguaína e atualmente conta com 11 recintos adequados ao alojamento de até 75 animais de vários portes e espécies, conforme o padrão proposto pelo Ibama – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e desde que seja em caráter provisório, já que o Centro é um local de triagem e recuperação e não de abrigo definitivo.

A unidade conta com atendimento médico-hospitalar, recintos adequados e equipe técnica treinada para manipular e cuidar dos animais durante o período necessário para sua recuperação, tratamento, reabilitação e possivelmente reintrodução ao meio ambiente.”
– texto de divulgação “Inauguração oficial do Centro de Triagem de Animais Silvestres em Araguaína será nesta sexta-feira”, publicado em 21 de maio de 2014 pelo site do Naturatins

Espera-se que o governo do Tocantins e as prefeituras invistam em Cetas e Cras (Centros de reabilitação de Animais Silvestres), pois uma estrutura com capacidade de atender apenas 75 animais (número que, muitas vezes, se atinge em apenas uma operação de fiscalização) não será suficiente para atender a demanda.

Da União, representado pelo Ibama, não adianta esperar nada. )O órgão alega que a Lei Complementar 140, de 2011, tirou dele a responsabilidade de manter centros de atendimento de silvestres – o que está sendo feito nos acordos de cooperação técnica que passa a gestão da fauna silvestre para os Estados.

- Leia a matéria no site do Naturatins
- Conheça a Lei Completamente 140

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Reincidência em crimes contra a fauna é consequência da lei fraca

“A Polícia Militar Ambiental apreendeu 21 aves silvestres na manhã desta quarta-feira (21) em Jaboticabal (SP). Os pássaros foram encontrados em uma casa do Jardim Angélica e depois foram soltos em uma mata próxima a cidade. Uma multa de R$ 10,5 mil foi estipulada para o mantenedor do local.

Aves estavam com pessoa reincidente no crime
Foto: divulgação PM Ambiental SP

A PM informou que tomou conhecimento do caso e chegou até a residência por meio de uma denúncia anônima. Entre as espécies encontradas havia bigodinhos, canários-da-terra e coleirinhas. Os pássaros foram devolvidos à natureza e as gaiolas em que eles estavam foram destruídas, informou a polícia.

O suspeito de manter os animais em cativeiro já havia sido autuado pelo mesmo motivo em 2012. Ele terá de pagar multa administrativa, mas responderá pelo crime em liberdade.
” – texto da matéria “Polícia Ambiental apreende 21 aves silvestres em cativeiro em Jaboticabal”, publicada em 21 de maio de 2014 pelo portal G1

Esse é o resultado da impunidade. Se da primeira vez o infrator tivesse recebido uma punição exemplar, não cometeria o crime novamente.

Atualmente, a peça legal aplicada contra o tráfico de fauna é a Lei de Crimes Ambientais (n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), que estipula no artigo 29:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

 Pena – detenção, de seis  meses a um ano, e multa.

§1º – Incorre nas mesmas penas:

Inciso III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”


Também é aplicado o artigo 32 da mesma lei:

“Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.”


Da forma como a Lei de Crimes Ambientais trata esse crime, ninguém vai para a cadeia por traficar animais. Pelo fato de as penas serem inferiores a dois anos (“menor potencial ofensivo”), os acusados são submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo. É o famoso pagamento de cestas básicas ou trabalho comunitário.

Agrava a situação a Lei 12.403/2011, que estabeleceu o fim da prisão preventiva para crimes com penas inferiores a quatro anos de prisão, como a formação de quadrilha (enquadramento que muitos delegados, por exemplo, utilizavam para segurar traficantes de animais na cadeia por algum tempo).

E mesmo que os acusados acabassem condenados e presos, as penas previstas na atual lei são brandas e não servem para inibir os criminosos.

Com tal legislação, criar animais silvestres como bichos de estimação e traficar fauna continuarão ilícitos sem punição. Deve-se diferenciar o criador ilegal do traficante profissional, com penas distintas e proporcionais, mas que sejam punitivas, educativas e, sobretudo, aplicadas.

- Leia a matéria completa do portal G1

Silvestres na rodovia Raposo Tavares (SP): quem sabe um futuro melhor

“A Rodovia Raposo Tavares deve receber, até 2015, túneis para a travessia de animais. A obra será executada pela Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart), que administra o trecho na região de Presidente Prudente e visa diminuir o número de atropelamentos registrados, que segundo especialistas, é a principal causa de morte de animais vertebrados no Brasil.

Nova passagem de fauna na rodovia Raposo Tavares (SP)
Foto: divulgação Cart

O investimento total neste projeto será é de mais de R$ 4 milhões e passa também pela Rodovia João Baptista Cabral Rennó, com a construção de cerca de 60 passagens para a fauna. Na primeira fase, o objetivo é construir ou adaptar as passagens sob o asfalto para evitar que haja a travessia da fauna pela pista. Nos pontos com maior quantidade de animais de médio e grande porte, também serão colocadas telas dos dois lados das vias, formando uma barreira que irá guiá-los até o túnel debaixo da pista.

Nos trechos no qual já existiam os túneis, serão realizadas obras para reformá-los. Os pontos escolhidos para as construções foram apontados em levantamento realizado durante cinco anos pela Cart dos locais onde houve mais atropelamentos, além um estudo do ecossistema da região que apontou onde mamíferos e répteis são maiores – em geral, próximos aos rios.

Na Rodovia Raposo Tavares, serão construídos ou adaptados, 54 pontos de passagens. Entre os quilômetros 471 e 542 (de Maracaí a Regente Feijó), a obra está na fase de instalação de telas. Já do quilômetro 576 a 654 (Álvares Machado a Presidente Epitácio), ainda será feita as construções dos túneis. Ainda nesse trecho, há a previsão da colocação de 226 secções nas barreiras new jersey, separando as pistas, para facilitar a travessia dos animais que adentrarem as vias.

Além destas instalações, sinalizações serão reforçadas nas vias, com placas de advertência do tipo “Animais Selvagens”, que serão colocadas entre 50 e 80 metros das proximidades das regiões com maior incidência de animais.”
– texto da matéria “Túneis de travessia de animais serão instalados em rodovia”, publicada em 21 de maio de 2014 pelo portal G1

A iniciativa parece ter sido bem estudada e planejada. Passagens de fauna, cercas, abertura nas barreiras que separam as pistas para permitir a travessia de animais que chegam às pistas, sinalização. E tudo em trechos indicados após levantamentos. Muito bom.

Apesar de tudo, duas iniciativas poderiam também ser aplicadas: a instalação de radares para controle de velocidade nos trechos com maior incidência de atropelamentos e a realização de campanhas permanentes de divulgação em rádios, jornais e emissoras de televisão da região.

Parabéns à Cart. E, se sentirem a necessidade, não deixem de investir nos radares e nas campanhas.

Sobre a apuração do portal G1, seria interessante para o leitor saber quais as espécies são as mais atropeladas na região e qual a quantidade de silvestres atingidos. Deu para perceber que a matéria não foi feita com base em entrevista, mas apenas com as informações de um release (texto de divulgação) da concessionária.

- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Entrega voluntária de silvestres: como ela aconteceu em Barra Mansa (RJ)?

“Uma operação da secretaria de Meio Ambiente recolheu 16 pássaros silvestres na manhã desta terça-feira (20), em Barra Mansa, no sul do Rio de Janeiro. Foram apreendidos um tucano, três trinca-ferros, cinco maritacas, um canário da terra, dois coleiros papa-capim, um coleiro pardo, dois azulões e um melro.

Aves apreendidas em entrega voluntária
Foto: Yuri Melo/PMBM

Eles foram entregues de forma espontânea pelos antigos donos, que não tinham autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para manter os animais em cativeiro. Ninguém foi preso.” – texto da matéria “Operação recolhe 16 pássaros silvestres em Barra Mansa, RJ”, publicada em 20 de maio de 2014 pelo portal G1

Seria bastante interessante que a matéria explicasse como os infratores foram convencidos a entregar esses animais. Houve alguma ação educativa do poder público sobre os problemas envolvidos no tráfico de fauna, a população se conscientizou a partir de algum projeto de ONG ou as entregas ocorreram durante alguma ação fiscalizatória e, para não serem multados e criminalmente investigados, os envolvidos preferiram abrir mão do silvestre de estimação?

Está no parágrafo 5º do artigo 24 do Decreto nº 6.154, de 2008:

“No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste decreto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.”

- Leia a matéria completa do portal G1

Tatu-canastra atropelado no MS: quando a espécie corre risco de extinção a perda é maior

“Desta vez a vítima de trânsito na BR-359 foi um tatu Canastra, um dos maiores tatu do mundo segundo os ambientalistas.


Tatu-canastra: espécie em risco de extinção
Foto: divulgação Alcinopolis.com

O Registro foi feito por um leitor do site alcinopolis.com que enviou as fotos pelo WhatsApp. Segundo o leitor, o tatu estava nas margens da BR já sem vida, que provavelmente a causa da morte tenha sido atropelamento, ele só não soube dizer em que Km, mas disse que é no município de Coxim.” – texto da matéria “Tatu Canastra é encontrado morto na BR-359, no município de Coxim”, publicada em 17 de maio de 2014 pelo site Alcinopolis.com (Alcinópolis – MS)

O atropelamento de qualquer animal sempre representa alguma perda para os ecossistemas. Vale saber que, de acordo com o coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, Alex Bager, 475 milhões de animais silvestres morrem atropelados todos os anos nas estradas e rodovias brasileiras.

Mas essas perdas podem ser ainda mais impactantes quando envolvem animais de espécies ameaçadas de extinção. É o caso do tatu-canastra, classificado com “vulnerável” na listagem brasileira de espécies da fauna em risco de extinção.

A perda de um animal nessas condições tem grande impacto para a espécie e para o hábitat, já que são poucos os que restam para cumprir suas funções ecológicas.

“É o maior tatu existente. Seu comprimento pode chegar a 1,5 m, incluindo a cauda, e os adultos podem atingir 60 kg. Ao contrário de outros tatus, esta espécie frequentemente destrói os cupinzeiros quando está se alimentando, sendo um importante regulador das populações desses insetos no ecossistema.” – texto informativo sobre a espécie no site do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

- Leia a matéria completa do Alcinopolis.com
- Leia o texto completo do ICMBio sobre o tatu-canastra

terça-feira, 20 de maio de 2014

Zoonoses: um dos perigos do tráfico de animais (vídeo)

A ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), publicou no 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico da Fauna Silvestre, em que afirmou existirem mais de 180 zoonoses (doenças transmitidas de animais silvestres para humanos) relacionadas ao mercado negro de animais. O risco é grande e algumas delas, bastante comuns como a raiva, podem matar.

Imagem do vídeo de Sandovaldo Moura

Se a crueldade e os problemas aos ecossistemas causados pelo comércio ilegal de animais não são suficientes para convencer muita gente a não criar silvestres como bichos de estimação, quem sabe se o risco de transmissão de doenças é um argumento convincente.

O vídeo e a música a seguir são do veterinário Sandovaldo Moura, analista ambiental do Ibama do Piauí. As informações transmitidas são baseadas na palestra do veterinário Fabiano Pessoa. Os arranjos são de Messias Messina e o intérprete é Jefferson MC.

Sandovaldo e Fabiano coordenam o projeto “Liberdade & Saúde - animais silvestres livres: pessoas saudáveis”, executado pelo Ibama do Piauí, com a intenção de promover a utilização da educação ambiental como ferramenta de combate ao tráfico de animais silvestres e prevenção de suas zoonoses. O trabalho é distribuído no sistema educacional público e privado do estado.

-  Assista ao vídeo (You Tube)

Conscientizar ou punir os mais velhos?

“Um idoso de 70 anos foi detido e 28 pássaros da fauna silvestre foram apreendidos na tarde da última quinta-feira (15) em Santa Maria, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Uma denúncia anônima indicou que na casa do suspeito haveriam aves de várias espécies. Quando os oficiais chegaram na residência, encontraram espécies trinca-ferro, canário, sabiá e outros.

Todas essas aves estavam com idoso de 70 anos
Foto: Divulgação / UPAM do Desengano

O idoso prestou esclarecimentos e foi liberado em seguida. (...)”
– texto da matéria “Polícia apreende 28 pássaros silvestres em Campos, no RJ”, publicada em 16 de maio de 2014 pelo portal G1

O hábito de criar animais silvestres como bichos de estimação é antigo no Brasil e tem passado por várias gerações. Muitos ambientalistas que atuam no combate ao tráfico afirmam que os trabalhos de educação ambiental devem prioritariamente serem direcionados para crianças e jovens, pois os mais velhos já estariam perdidos. Será?

Mas, se os mais velhos não se conscientizam, como coibir o envolvimento deles com o tráfico se a legislação não é punitiva? Não é porque uma pessoa é idosa, como no caso de Campos de Goytacazes, que ela pode cometer crimes e ficar impune. Ser idoso não é sinônimo de ser incapaz de entender o que é certo ou errado.

Como resolver esse dilema envolvendo os mais velhos? Tentar conscientizar ou punir?

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O tráfico de animais nos palcos

“A Fundação Cultura Artística de Londrina (Funcart) e a Escola Municipal de Teatro (EMT) iniciaram nesta segunda-feira (12) uma série de apresentações dos projetos "Teatro e Assistência Social" e "Caravana Ecológica". Ao longo do ano, as duas iniciativas levarão para escolas, praças, centros de atendimento e outros espaços alternativos montagens voltadas à conscientização de públicos específicos.  A iniciativa tem patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).

Os dois projetos envolvem estudantes de teatro e professores da Funcart. As montagens têm curta duração, entre 20 minutos e meia hora, e são de caráter itinerante, ou seja, podem adaptar-se a qualquer ambiente. Essa flexibilidade tem como objetivo fazer com que os esquetes cheguem aos públicos mais interessados nos temas.

Peça teatral aborda tráfico de animais
Foto: divulgação

Caravana Ecológica
Os espetáculos do projeto "Caravana Ecológica" já rodaram praticamente todo o Brasil. A nova montagem, com os atores Priscila Souza e Adalberto Severiano, não foge à regra: as apresentações começam em colégios de Londrina e percorrem, até o final do ano, cidades como Curitiba (PR), Itabaiana (SE), Aparecida (SP), Guarulhos (SP), Itajaí (SC) e Garibaldi (RS).

A abordagem é sempre relacionada à consciência ecológica e ao tráfico de animais silvestres. A natureza exuberante do Brasil acaba fazendo do país um alvo para este tipo de crime. Os números são alarmantes: a captura e venda de animais de forma ilícita é o terceiro tipo de tráfico que mais movimenta dinheiro no mercado negro, perdendo apenas para o comércio de drogas e armas.
” – texto da matéria “Funcart inicia apresentações de projetos de arte e cidadania em Londrina”, publicada em 12 de maio de 2014 pelo site do jornal O Diario (Maringá – PR)

Muito bom que um programa municipal patrocine iniciativa artísticas que buscam sensibilizar e conscientizar a população, principalmente crianças e jovens, sobre questões ambientais – em especial sobre o tráfico de fauna. É raro encontrar peças teatrais que abordem o mercado negro de animais silvestres, prática incentivada e mantida no Brasil pelo hábito de criar silvestres como bichos de estimação. Só com educação ambiental essa prática criminosa, cruel e tão maléfica aos ecossistemas sofrerá uma redução sensível.

Parabéns ao município de Londrina pelo investimento.

Parabéns aos atores pela ousadia em abordar o tema.

- Leia a matéria completa de O Diario

Começar a semana pensando...

...sobre a falta de infraestrutura do poder público paulista para atender silvestres feridos.
Foto: Facebook
“Temos que ter um pronto-socorro animal, e depois disso, um lugar onde eles possam ficar internados e fazer o processo de convalescência, de recuperação da saúde, para depois voltarem à natureza. Ou, então, aqueles que não têm mais condições de voltar à natureza que sejam abrigados para o resto da vida”.

Veterinário Rodrigo Levy, em entrevista para o portal G1. Há 12 anos, ele e uma equipe de voluntários prestam atendimento em uma clínica e uma chácara particulares em Pirassununga (SP)

Nem governo do Estado nem a maioria das prefeituras se mexem. Descaso.

- Leia a matéria completa “Falta de local adequado prejudica o tratamento de animais silvestres, publicada em 15 de maio de 2014 do portal G1

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Reflexão para o fim de semana: a beleza do retorno à vida livre no Mato Grosso do Sul

Momento da soltura do lobo-guará
Foto: Teódison (Mano)

“O Recanto Ecológico Rio da Prata (Jardim – MS) recebeu no dia 8 de maio a visita de integrantes do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) de Campo Grande (MS) para a realização de soltura de alguns espécimes.

(...)Foram soltos no local: 03 Jabutis – Geochelone carbonaria; 03 Gambás – Didelphis albiventris; 02 Pombas Asa Branca – Patagioenas picazuro; 01 Juriti Pupu – Leptotila verreauxi; 01 Coruja Buraqueira – Athene cunicularia e 01 Lobo Guará – Chrysocyon brachyurus.

Segundo informações da equipe do CRAS, foi a primeira soltura de um lobo-guará na região. "Ficamos muito felizes em receber um animal desta importância. Isso nos mostra que o ambiente da RPPN Cabeceira do Prata se encontra em perfeitas condições para receber animais deste porte", revela Juliana.”
(bióloga colaboradora do Recanto, Juliana Andrade) – texto da matéria “Animais silvestres são soltos no Recanto Ecológico Rio da Prata”, publicada em 15 de maio de 2014 pelo site Bonito Notícias

- Leia a matéria completa do Bonito Notícias

Macaco em Belém (PA): abandonado?

Criar silvestres como bichos de estimação envolve uma série de cuidados que, muita gente, sequer imagina. O impulso do desejo, aliado à essa ignorância, leva as pessoas a comprarem esses animais no mercado negro na grande maioria dos casos.

Mas quando o animal cresce ou começa a se comportar como um silvestre e não como um doméstico cão ou gato, o então desejado bichinho passa a ser um problema. Assim também ocorre quando, por conta da necessidade de uma dieta específica que não é fornecida, o silvestre adoece e cuidados especiais passa a necessitar.

Por conta disso, não é incomum que o animal seja abandonado. E a pessoa, por ignorância e irresponsabilidade, larga o silvestre em qualquer área verde. É o que pode ter acontecido com o macaco resgatado em Belém (PA):

“O Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) procura uma nova casa para um macaco que foi resgatado na última terça-feira (13). O animal foi encontrado por uma estudante dentro do terreno do jornal O Liberal, em Belém, e levado até a sede do batalhão onde está sendo alimentado até ter um lar definitivo.

Macaco resgatado tem destino incerto
Foto: Akira Onuma/O Liberal

(...) Segundo a tenente Patrícia Monteiro, o animal é bastante dócil. "Este macaco está domesticado. Ele está sendo mantido no BPA até conseguirmos um lugar para ele, que pode ser no Museu Emílio Goeldi ou na Ufra. Se não conseguirmos, iremos tentar enviá-lo para um criadouro legalizado, que fica no município de Terra Alta", explica.

De acordo com o BPA, a hipótese mais provável é que o animal vivesse em cativeiro antes de fugir ou ser abandonado. "Acredito que ele tinha dono e fugiu. Já vimos casos semelhantes: na semana passada resgatamos uma arara vermelha que nem voava, apenas andava pelo chão", explica a tenente. A arara foi entregue aos cuidados do Museu Emílio Goeldi.”
– texto da matéria “Batalhão Ambiental procura lar para macaco resgatado em Belém”, publicada em 14 de maio de 2014 pelo portal G1

Vale destacar a dificuldade enfrentada pela PM Ambiental paraense para encontrar um local adequado para o macaco. Isso ocorre porque no estado do Pará o único centro de triagem de animais silvestres (Cetas) pertence à Mineração Rio do Norte, inaugurado em 2012 na região da Floresta Nacional Saracá-Taquera, onde ocorre a extração de bauxita pela mineradora.

Um estado com o tamanho do Pará e a biodiversidade que possui deveria ter mais infraestrutura para cuidar de sua fauna. Nem União, nem governo do Estado e nem os Municípios se mexeram para cumprir sua obrigação.

Enquanto isso, animais ficam provisoriamente sendo cuidados por policiais. Ta balho que não deveria ser deles.

Lamentável.

- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Solturas como ferramenta de inclusão e educação

“Assim que se encheu de coragem, Thiago Luciano de Paula, 9 anos, estendeu as pequenas mãos e recebeu do policial ambiental um assustado passarinho, que acabara de ser libertado de uma gaiola de madeira. O menino segurou a ave com extremo cuidado, como se fosse a mais bela joia da humanidade. Depois, esticou os braços e libertou o bichinho. Em pé, assistiu à ave ganhar o céu com rapidez para, em seguida, desaparecer nas frondosas árvores da Estação Ecológica do antigo IPA. A cena mágica se repetiu várias vezes.

Soltura como ferramenta educativa
Foto: Guilherme Baffi

Vinte e quatro estudantes com necessidades especiais da escola Renascer, de Rio Preto, participaram na manhã desta segunda-feira, 12, da soltura de cem pássaros, das mais variadas espécies.” – texto da matéria “O voo da liberdade e da educação ambiental”, publicada em 13 de maio de 2014 pelo site Diario Web (do jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto – SP)

Respeitadas as necessidade técnicas para as solturas, a participação de crianças e adolescentes nesses eventos pode ser uma ótima oportunidade para sensibilizá-los sobre a necessidade de respeitar a fauna silvestre. Em Rio Preto, a retomada da liberdade foi acompanhada por jovens com idade entre 7 a 13 anos e problemas como síndrome de Down e autismo. A ação foi organizada pela Polícia Militar Ambiental.

- Leia a matéria completa do Diario Web

Caso Princesa Diamante: Justiça determina repatriação de descendentes

“Num caso que começou em 2006, em Niterói, no Rio de Janeiro, a Justiça Federal acolheu pedido do Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR), e determinou a repatriação dos descendentes de uma jiboia rara, pertencente à fauna silvestre brasileira - avaliada em cerca de um milhão de dólares - que foi comercializada, subtraída e exportada para os Estados Unidos. A cobra tem uma mutação genética chamada leucismo, que deixa a pele toda branca e os olhos negros, sendo a primeira jiboia a registrar esse padrão conhecida no mundo.

Jeremy Stone, acusado de traficar a jiboia
Imagem: Reprodução TV Globo

Em 2009, a serpente achada nas matas do Rio de Janeiro foi retirada do país pelo americano Jeremy Stone, através da fronteira com a Guiana na cidade de Bonfim, em Roraima. Depois de conseguir exportá-la para os Estados Unidos, Stone passou a realizar o cruzamento da espécie leucística com outras jiboias para explorar o alto valor comercial das descendentes. Após pedido de busca e apreensão do MPF-RR, por meio de cooperação internacional, autoridades americanas conseguiram capturar oito filhotes da serpente leucística.

O MP requisitou então à Justiça Federal, no início deste ano, a repatriação das descendentes da jiboia. A intenção do pedido foi recuperar e preservar um patrimônio genético brasileiro, para amenizar dano irreparável à fauna, já que a jiboia subtraída não foi encontrada, de acordo com informação divulgada, nesta segunda-feira (12/5), no site da Procuradoria-Geral da República.

O MPF-RR está adotando as providências necessárias para a efetivação da repatriação dos filhotes que estão apreendidos no zoológico de Salt Lake City, capital do Estado de Utah.”
– texto da matéria “Filhotes de jiboia rara contrabandeada para os EUA vão ser repatriados”, publicada em 12 de maio de 2014 pelo site do Jornal do Brasil

O Fauna News publicou dois posts sobre o caso da Princesa Diamante, a jiboia com leucismo traficada por Jeremy Stone (em 8 de outubro de 2013 o texto “Animais raros: o tráfico brasileiro além das feiras” e em 10 de outubro de 2014 o texto “Caso Princesa Diamante: suspeitos de tráfico de jiboia rara são denunciados”).

Para entender o caso:

“O MPF-RR denunciou à Justiça Federal, em outubro do ano passado, quatro envolvidos no tráfico da jiboia rara por crimes contra a fauna e o meio ambiente (furto, contrabando, e fraude processual). De acordo com a investigação, brasileiros Giselda Candiotto e José Carlos Schirmer iniciaram, em julho de 2006 a operação para a comercialização da cobra, logo após os bombeiros terem levado a espécie para o Zoológico de Niterói (Zoonit), onde Giselda era diretora.

Foto de Giselda com Jeremy nos EUA
Imagem: Reprodução TV Globo

A cobra foi vendida e exportada ilegalmente para o americano Jeremy Stone, que teve o apoio da sua irmã Keri Ann Stone na operação que retirou o animal do Brasil. O americano teria pago cerca de um milhão de dólares pelo animal. Na denúncia, o Ministério Público Federal pediu o arbitramento do valor mínimo para reparação do dano em dois milhões de reais.”
- texto do Jornal do Brasil

O tráfico de animais raros e caros acontece com frequência, mas de forma muito mais organizada e discreta se comparado com o restante do comércio ilegal de fauna no Brasil. O mais comum é serem noticiadas apreensões de aves em feiras.

O caso da Princesa Diamante, graças ao empenho do funcionário do Ibama Carlos Magno, conhecido como Batata, teve um desenrolar diferente e está se tornando um paradigma: típico para o tráfico internacional e exemplar sobre punição aos envolvidos.

- Leia a matéria completa do Jornal do Brasil
- Releia os posts do Fauna News “Animais raros: o tráfico brasileiro além das feiras”, de 8 de outubro de 2013, e “Caso Princesa Diamante: suspeitos de tráfico de jiboia rara são denunciados”, de 10 de outubro de 2014

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Fecha tudo! No MT, Ibama e Secretaria do Meio Ambiente se recusam a receber animal atropelado

“Policiais rodoviários federais resgataram, esta manhã, um tamanduá bandeira de grande porte que foi atropelado por um veículo na BR-163, nas proximidades do posto da PRF. O veículo que atropelou o tamanduá não foi identificado. De acordo com informações da PRF, órgãos ambientais como Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram procurados e se recusaram a receber o animal. No entanto, a equipe que resgatou o animal fez um encaminhamento “forçado” da ocorrência à unidade do Ibama em Sinop.

Tamanduá-bandeira atropelado na BR-163, no MT
Foto: divulgação Polícia Rodoviária Federal

O animal ferido será encaminhado a um profissional capacitado ou instituição própria para receber tratamento adequado e, posteriormente, torná-lo apto a retornar ao seu habitat natural.” – texto da matéria “Tamanduá é atropelado na BR-163 em Sorriso”, publicada em 12 de maio de 2014 pelo site Só Notícias (MT)

Ás vezes é necessário ler mais de uma vez para acreditar no que está escrito. Então vamos lá:

“De acordo com informações da PRF, órgãos ambientais como Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram procurados e se recusaram a receber o animal.”

É isso mesmo? Os órgãos ambientais se recusaram a receber o tamanduá? Então, por favor, presidente Dilma Rousseff e governador do Mato Grosso Silval Barbosa acabem com o Ibama e a Sema, pois não servem para o que foram criados. Ou será que essas estruturas só estão aí para trabalhar em licenciamentos de empreendimentos com grande interesse econômico?

Não bastasse a fauna brasileira ser massacrada em estradas sem infraestrutura para minimizar impactos, permitindo que 475 milhões de animais seja atropelados todos os anos nessas vias (dado do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas), agora quem tem obrigação legal de dar assistência aos bichos tira o corpo fora.

Nesse mesmo Mato Grosso, do governador Silval Barbosa foi proibido, em 24 de abril de 2014, pela Justiça de gastar os recursos do Fundo Estadual de Meio Ambiente (Femam) em outras pastas da administração pública (confira no post “Governo do MT: desviando o já minguado recurso em meio ambiente e fauna”, publicado em 2 de maio de 2014 pelo Fauna News). O Ministério Público Estadual estima que aproximadamente R$ 19 milhões teriam sido realocados do Femam e revertidos à Conta Única do Estado, entre os anos 2010 e 2012, o que acabou inviabilizando uma série de atividades executadas.

Entre os projetos que deixaram de ser executados, segundo o Ministério Público, estão a implantação do Jardim Botânico, a implementação do Sistema de Informações Sobre Gestão de Áreas Degradadas, a implementação de projeto piloto de monitoramento de agrotóxicos, a criação de um Centro de Reabilitação e quatro Centros de Triagens de Animais Silvestres e a elaboração de planos de manejo para quatro Unidades de Conservação Estaduais de Proteção Integral.

Tá ficando muito feio para o estado do Mato Grosso, unidade da federação onde a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal se encontram.

- Leia a matéria completa do Só Notícias
- Releia o post “Governo do MT: desviando o já minguado recurso em meio ambiente e fauna”, publicado em 2 de maio de 2014 pelo Fauna News

Anilhas novamente. Desta vez no Mato Grosso do Sul

“Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Dourados apreenderam na terça-feira (6), em Fátima do Sul, 35 aves silvestres que eram criadas ilegalmente em cativeiro.

Duas pessoas foram multadas em R$ 200 mil e também responderão por crime ambiental.

Aves apreendidas em Fátima do Sul
Foto: Cido Costa

O Ibama chegou aos suspeitos por meio de denúncias. Em uma casa localizada na área central da cidade, foram apreendidas 14 aves; as outras 21 estavam em uma residência no Jardim Eliane.

Segundo o fiscal Werneck Almada, os criadores mantinham em cativeiro animais retirados da natureza. Ele explicou que um os acusados são investigados por adulterarem anilhas que servem para comprovar legalmente a origem das aves. Um deles até possuía um equipamento específico para isso.

(...) Ainda de acordo com Werneck, o cerco contra o comércio ilegal de animais silvestres está sendo fechado. “Na semana passada já havíamos apreendido 32 aves. Alguns criadouros da região não estão cumprindo a Lei, por isso, estamos intensificando nossas fiscalizações”, concluiu.”
– texto da matéria “Ibama apreende 35 aves e aplica multa de R$ 200 mil”, publicada em 7 de maio de 2014 pelo site do jornal Correio do Estado (MS)

Em 6 de maio de 2014, o Fauna News publicou o post “Criadores de silvestres e falta de controle do poder público”, em que comentou a apreensão de quase 500 aves e de material para adulteração de anilhas em Catalão (GO). Percebe-se que fraudar o sistema de marcação e controle de aves silvestres, as anilhas, é uma prática disseminada no país todo. E, infelizmente, os órgãos de fiscalização não dão conta de fiscalizar o grande universo de criadores.

O poder público deu autorização para um grande número de criadores atuar legalmente, mas não se aparelhou o suficiente para acompanhar essa atividade. Uma das piores consequências dessa falta de controle é o envolvimento de muitos desses criadores com o tráfico de fauna.

O problema das adulterações e falsificações de anilhas é mais um fator que comprova a falta de atenção dos governantes brasileiros com a fauna silvestre brasileira. Apesar de apreensões e prisões estarem sendo feitas, o número de casos registrados é muito inferior ao de infratores agindo.

- Leia a matéria completa do Correio do Estado
- Releia o post “Criadores de silvestres e falta de controle do poder público”, publicado em 6 de maio de 2014 pelo Fauna News

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Começar a semana pensando...

...sobre a cultura de criar animais silvestres como bichos de estimação.

“Os principais defensores da manutenção de animais silvestres como animais de estimação alegam que este é um traço cultural do brasileiro e, como tanto, deveria ser preservado. Contudo, a meu ver, culturas são dinâmicas e devem evoluir. Obviamente patrimônio cultural valioso como música, dança, histórias, tradições, receitas, ente outros devem ser mantidos. No entanto, costumes claramente nocivos podem e precisam evoluir. Ou alguém argumenta que (guardadas as devidas proporções) escravidão, mulheres que não trabalhavam e não tinham direito a voto, ausência de controle de natalidade, palmadas em crianças, racismo e homofobia deveriam ser mantidos como patrimônio cultural porque um dia fizeram parte dos costumes aceitos em nossa sociedade?”

Foto: Nopac Talent
Juliana Machado Ferreira, bióloga com mestrado e doutorado em Genética, Diretora Executiva da ONG Freeland Brasil e colaboradora da ONG SOS Fauna, em seu artigo “Um hábito cultural brasileiro e suas consequências”, publicado em 8 de maio de 2014 no site Planeta Sustentável

- Leia o artigo completo

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Crimes contra a fauna, fiscalização e conscientização pela Polícia Ambiental da Paraíba

“O Batalhão de Polícia Ambiental da Paraíba (BPAmb) realizou, nos primeiros quatro meses deste ano, 489 autuações em todo Estado. O número representa um aumento de 2,73% das ocorrências com relação ao mesmo período de 2013, graças ao trabalho preventivo e fiscalizador da corporação.


Crimes contra a fauna não diminuirão sem educação
Foto: Walter Paparazzo/G1

A maior parte desses crimes e infrações está concentrada nas regiões metropolitanas e suas cidades circunvizinhas, especialmente nas feiras livres. Em 21,6% dos casos, são ilícitos contra a fauna, poluição sonora e falta de licença ambiental.

(...) Trabalho educativo – Para combater os crimes ambientais e apoiar as ações ostensivas, o BPAmb também intensifica as atividades preventivas. Um desses exemplos é o trabalho de mobilização da população. Ele é feito a partir das faixas etárias mais jovens, com a realização de palestras educativas em escolas e eventos educacionais.”
– texto da matéria “Polícia registra quase 500 denúncias de crimes ambientais este ano”, publicada em 6 de maio de 2014 pelo site PBAgora

Dá para perceber que a Polícia Ambiental da Paraíba já admitiu que somente fiscalização e repressão não vão reduzir a quantidade de crimes ambientais, em especial contra a fauna. Tanto que, mesmo não sendo sua obrigação, a corporação realiza atividades de educação ambiental.

Por mais operações a atendimentos de solicitações e denúncias que a polícia realize, crimes como o tráfico de animais e a manutenção sem autorização de silvestres em cativeiro doméstico vão continuar acontecendo. Pior: sem a conscientização da população das graves consequências para os ecossistemas e para a saúde pública (com a transmissão de doenças) esses números vão continuar aumentando.

Os policiais podem continuar fazendo palestras e eventos educacionais, mas a ação é pouca. Cabe a outros setores do poder público, como secretarias de Meio Ambiente e de Educação, se envolver para disseminar em massa um trabalho de longo prazo para a redução de crimes contra a fauna.

Caso contrário, é como dizem: a fiscalização vai enxugar gelo.

- Leia a matéria completa do PBAgora

Algo está errado: anta é atropelada e a notícia é o veículo danificado

Inversão de valores: o bem material vale mais que uma vida.

“Um Chevrolet Montana ficou com a lateral dianteira danificada após atropelar um animal silvestre no quilômetro 782 da BR-163. O acidente ocorreu, por volta das 3h, e o motorista que seguia sentido Sorriso-Sinop não se feriu.

O dano material prevaleceu à morte do animal
Foto: divulgação Polícia Rodoviária Federal

À Polícia Rodoviária Federal o motorista disse que a anta teria entrado subitamente na pista, provocando a colisão. O animal morreu na hora.” – texto da matéria “Sorriso: veículo fica danificado ao bater em anta na BR-163”, publicada em 1º de maio de 2014 pelo site Só Notícias (MT)

Morte do animal não tem importância na notíca
Foto: divulgação Polícia Rodoviária Federal

A imprensa, na grande maioria dos casos, reflete os valores da sociedade e seus diversos segmentos. Foi o que aconteceu com a matéria só site Só Notícias: prevaleceu uma leitura antropocêntrica do acidente na BR-163.

O dano a um veículo prevaleceu a morte de um animal silvestre, que ajudou a engordar a dramática estatística do coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, Alex Bager: 475 milhões de silvestres morrem atropelados todos os anos nas estradas e rodovias brasileiras. O pesquisador, vinculado à Universidade Federal de Lavras (MG), é categórico ao afirmar que os atropelamentos estão entre as principais causas de perda da fauna.

Apesar da dimensão do problema, o jornalista se preocupou com um veículo amassado. Seu motorista não se feriu.

Algo está errado. E bastante errado.

Essa publicação é parte do pensamento que impera na sociedade, onde bens materiais são mais importantes que a vida. Assim como a grande maioria dos brasileiros, o jornalista que escreveu a matéria e seu editor não têm noção do contexto do problema com que se depararam.

Independentemente da dimensão da tragédia que acontece diariamente nas estradas brasileiras, a perda de uma vida sempre será mais importante que uma porcaria de veículo danificado.

- Leia a matéria do Só Notícias

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Tartarugas apreendidas no Pará: iam para a panela?

“Um esquema de venda ilegal de animais das espécies conhecidas como "tracajá" e "cabeçudo" (cágados), foi desarticulado na localidade Monte Dourado, em Almeirim, no oeste do Pará. Um homem de 33 anos foi preso em flagrante por crime ambiental, de acordo com informações divulgadas nesta segunda-feira (5). Os animais foram encontrados armazenados na casa do suspeito, em Almeirim. No total, 31 animais vivos, que seriam vendidos foram apreendidos no imóvel.

Tráfico de tartarugas no Pará
Foto: divulgação Polícia Civil PA

Os policiais civis e militares chegaram ao suspeito após investigar informações de que, na região, ocorria o tráfico desses animais, o que configura crime ambiental contra a fauna. Em decorrência do trabalho policial, foi preso o homem de apelido "Coelho". Ele foi flagrado logo após receber um carregamento de cágados.

O suspeito foi conduzido até a Delegacia, onde foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pelo delegado Arthur do Rosário Braga. Conforme o delegado, o acusado afirmou, em depoimento, ter recebido a carga de um homem, cujo nome afirma desconhecer. Ele alega ainda que mora em uma ilha próxima de Almeirim e que pagou pela mercadoria R$ 887.”
– texto da matéria “Homem é preso com carga de tartarugas para venda, no PA”, publicada em 5 de maio de 2014 pelo portal G1

O tráfico de fauna também inclui animais comercializados ilegalmente para alimentação. A matéria do portal G1 não informa qual seria o destino dos répteis, mas em boa parte da Amazônia ainda ocorre o consumo da carne de tartarugas.

E esse consumo não é feito apenas em comunidades ribeirinhas e população tradicional, que pela falta de acesso a outro tipo de carne recorre a animais silvestres. Muitos restaurantes encomendam essas tartarugas para servi-las como uma iguaria a seus clientes. Esse deve ser o caso, já que foi apreendida uma grande quantidade de animais.

Novamente, a exploração da fauna esbarra em aspectos culturais.

Novamente, percebe-se a necessidade de conscientizar a população dos danos ambientais e dos riscos à saúde consequentes do consumo desses animais.

Cultura e hábitos mudam. Basta vontade do poder público em investir em educação ambiental.

- Leia a matéria completa do portal G1

Novo blog aborda animais silvestres. Mas que o faça com cuidado

Silvestres de Estimação. Esse é o nome de um novo blog lançado em 5 de maio de 2014 e que que passou a ser publicado no site do jornal A Tribuna, da Baixada Santista (SP). Ele será escrito pelos veterinários André Luís P. G. C. Andrade, Camila Marques, Flávio de Souza e Marcella Sanches Paes de Barros, que prometem escrever sobre animais silvestres.

“Nesse blog falaremos sobre essa variedade imensa de animais, suas peculiaridades, longevidade, reprodução e curiosidades. Serão abordados temas como dicas para comprar o animal certo, acessórios, adestramento e a triste realidade do tráfico desses animais.


Outro tema de extrema importância é a saúde de petsilvestres. Muitos proprietários chegam a clínica veterinária com o animai em estado terminal, pois não conseguem identificar os sinais da enfermidade. E quando notam, o processo está muito avançado. Por isso, falaremos sobre saúde e doenças, como identificar sintomas de enfermidades, profilaxia, quarentena, zoonoses (doença que são comuns entres animais e humanos), etc.

Quebraremos vários mitos falando sobre alimentação, recintos e todos os cuidados indispensáveis para a saúde, longevidade e bem estar desses animais tão interessantes.”
– texto do post “Petsilvestres”, publicado em 5 de maio de 2014 (o primeiro do blog)

Criar animais silvestres como bichos de estimação é um hábito antigo do brasileiro. Essa cultura foi forjada pela mistura de costumes indígenas e de europeus desde o início de nossa história.

Somente a partir de 1967, com a Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197), é que passou a ser necessária autorização para caça, captura e manutenção de animais silvestres em cativeiro. Quem não a possui comete um crime, hoje também abordado no artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais. Isso quer dizer que existe a possiblidade de as pessoas criarem comercialmente algumas espécies de animais silvestres para venda como pets, sendo portanto legal a criação doméstica desses bichos com comprovação de origem.

O Fauna News não vai questionar se o Silvestres de Estimação está tratando de um hábito ilegal, afinal a lei permite que pessoas criem esses animais como bichos de estimação. O que se questiona é o incentivo à prática.

Deixando claro: o Fauna News é contra a comercialização (inclusive a permitida) de animais silvestres como pets. É um valor ético do blog. Estima-se que 95% do mercado de animais silvestres no Brasil seja ilegal. Outras pesquisas indicam que 60 milhões de brasileiros possuem animais silvestres.

O Silvestres de Estimação, talvez por ser feito por veterinários, tenha a intenção de diminuir o sofrimento dos animais em cativeiro doméstico, proporcionando o mínimo de bem estar aos bichos. Mas os autores devem ter muito cuidado, afinal se veicularem uma vida harmoniosa entre humanos e silvestres em ambiente doméstico podem incentivar o péssimo hábito de manter silvestres em gaiolas, poleiros e correntes.

E quem financia o tráfico é quem compra. E a maioria das pessoas que adquire silvestres é pouco instruída e de camadas menos ricas da sociedade. Portanto, esse público, se desejoso por um silvestre graças a exemplos que a mídia veicula e assim reforça uma cultura problemática, não vai às lojas comprar um papagaio-verdadeiro legalizado de R$ 1.500. Vai às feiras e depósitos comprar um retirado ainda filhote do oco de uma árvore por R$ 150.

É esse costume que faz com que 38 milhões de animais silvestres sejam retirados todos os anos da natureza brasileira para abastecer o mercado negro de fauna (dado de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres – Renctas).

Silvestres de Estimação, desculpe, mas seu nome já não ajuda e estimula a cultura do silvestre pet. Que seu trabalho realmente ajude no combate ao tráfico de fauna. A causa precisa de aliados.

Boa sorte!

- Conheça o Silvestres de Estimação
- Leia o post “Petsilvestres”, publicado em 5 de maio de 2014 pelo Silvestres de Estimação

terça-feira, 6 de maio de 2014

Primatas raros roubados na Inglaterra são recuperados

“A polícia britânica recuperou quatro de cinco macacos que foram roubados de um zoológico no norte da Inglaterra. A busca pelos animais, alguns deles de espécies seriamente ameaçadas de extinção, espalhou-se por toda a Europa.

Os ladrões levaram os macacos --duas fêmeas e um filhote da espécie sagui-cabeça-de-aldogão e dois da sagui-imperador-- de suas jaulas após abrirem um buraco na cerca de proteção em um zoológico de Blackpool, no noroeste da Inglaterra, na noite de terça-feira.

Sagui-cabeça-de-algodão: espécie em extinção
Foto: Stephanie Pilick/dpa

Autoridades disseram que estavam fazendo interrogatórios em toda a Europa, onde houvesse "definitivamente um mercado para os macacos".

A União Internacional para a Conservação da Natureza lista o sagui-cabeça-de-algodão como uma espécie com perigo crítico de extinção, com uma população mundial estimada de 6.000 animais.

Após um grande apelo público, autoridades do zoológico confirmaram neste sábado que quatro dos cinco macacos foram encontrados sem ferimentos em um endereço de West Yorkshire, na noite de sexta-feira. O filhote ainda está desaparecido.”
– texto da matéria “Polícia encontra quatro de cinco macacos raros roubados de zoo britânico”, publicada em 3 de maio de 2014 pela Reuters Brasil

Esse tipo de ação faz parte do tráfico de animais para colecionadores e zoológicos. É um nicho do mercado negro altamente lucrativo, pois envolve animais em risco de extinção que não estão nas listagem dos silvestres que podem ser comercializados.

Com populações muito pequenas, qualquer animal em extinção retirado da natureza ou de programas de conservação significa um grande prejuízo para a espécie e um grande passo rumo à extinção.

A redução drástica da população ou o desaparecimento de uma espécie da natureza podem causar sérios desequilíbrios aos ecossistemas em que elas atuam. Vale lembrar que a natureza funciona como uma grande teia, com uma espécie (seja animal ou vegetal) dependendo da outra para sobreviver. Assim, a falta de um tipo de ser vivo representa menos alimento para outro, redução na disseminação de sementes, problemas na produção de água e na captura de carbono da atmosfera e por aí vai...

Sobre a matéria da Reuters, faltou informar se prenderam alguém ou identificaram os traficantes e os receptadores.

- Leia a matéria completa da Reuters