segunda-feira, 31 de março de 2014

Desta vez foi em Minas Gerias: jovem detido com animais silvestres

A consciência da importância da água, do ar puro, de conservar a vegetação e reciclar  descartáveis podem ainda não ser os ideias entre os jovens, mas muito já foi feito. Já para a defesa da fauna silvestre, com o fim da criação desses animais como bichos de estimação, o trabalho está bastante longe do aceitável.

Em 26 de março de 2014, o Fauna News publicou o post "Jovens capturando aves. Mais uma geração será perdida", em que comentou a  apreensão de dois pássaros silvestres e de um produto conhecido como visgo, que é usado para capturar aves com um rapaz de 18 anos e dois adolescentes de 17 na zona rural de Rio Claro (SP).

"A mistura de influências europeias e indígenas formou a cultura do brasileiro em criar animais silvestres em cativeiro doméstico. Somente em 1967 é que a caça, captura e guarda sem autorização se tornaram crimes. Desde então, o poder público brasileiro restringiu à repressão sua atuação no combate a tais costumes. As ações educativas, voltadas para a conscientização e mudanças de atitudes, sempre foram pontuais, nunca uma postura do Estado.

O resultado é que as antigas gerações são exemplo para novas gerações, que sem informação e formação adequadas, repetem o hábito de criar animais silvestres em gaiolas, poleiros, jaulas e correntes. É o que está acontecendo com os jovens flagrados capturando aves em Rio Claro.

Campanhas e projetos de educação ambiental sobre os problemas envolvidos na captura, comércio e criação de silvestres ilegais são raros. Quando muito se divulga que é crime. Também o viés educativo das leis, no caso da infração ambiental cometida pelos jovens, não existe. A legislação é fraca e não pune." - texto do Fauna News

Desta vez, um rapaz foi detido em Divinópilis (MG).

"Um jovem de 19 anos foi detido pela Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA) com vários pássaros da fauna silvestre na tarde dessa quarta-feira (26), no povoado de Boa Vista em Divinópolis. Segundo a polícia, as aves serão levadas até o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), em Belo Horizonte, na manhã dessa quinta-feira (27).

Aves apreendidas na casa de rapaz de 19 anos
Foto: Divulgação PM Ambiental MG

Na casa do jovem os policiais encontraram um pássaro bigodinho, um pássaro preto, quatro trinca ferro, três papa capins, dois bico de pimenta, um canário chapinha, dois tico-tico cabeça de fogo, quatro maritacas, 15 gaiolas e três alçapões.
A polícia não soube informar se as aves seriam para comércio." - texto da matéria "Jovem é detido com pássaros da fauna silvestre em Divinópolis", publicada em 27 de março de 2014 pelo portal G1

Fica novamente a reflexão: estamos perdendo mais uma geração.

- Leia a matéria completa do G1
- Releia o post "Jovens capturando aves. Mais uma geração será perdida", publicado pelo Fauna News em 26 de março de 2014

Começar a semana pensando...

...nos motivos que levam animais a se arriscar em rodovias. O exemplo da preguiça.

"Eles só saem assim [se arriscando], caso estejam procurando comida ou no período de acasalamento. O alimento favorito do bicho-preguiça é a folha da umbaúba, árvore que também é comum aqui no estado".


Médica veterinária Grasiela Alves Pacheco, do Núcleo de Fauna do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), na matéria "Bicho-preguiça se arrisca ao atravessar principal rodovia do TO", publicada em 26 de março de 2014 pelo portal G1

Foto: Paparazzo Caminhões da BR-153

- Leia a matéria completa do portal G1

sexta-feira, 28 de março de 2014

Reflexão para o fim de semana: o reencontro com a liberdade (vídeo)


“Esse foi o primeiro longo voo de um papagaio-de-peito-roxo durante o período de ambientação pós-soltura no Parque Nacional das Araucárias, SC. A ave foi solta em Setembro de 2012 com um grupo de 30 papagaios.

Para saber mais sobre o projeto de reintrodução do papagaio-de-peito-roxo no Parque Nacional das Araucárias, visite: www.espacosilvestre.org.br
– texto publicado no You Tube pelo Instituto Espaço Silvestre

O Instituto Espaço Silvestre realiza a recuperação e soltura de papagaios-de-peito-roxo vítimas do tráfico de animais.

Papagaios-de-peito-roxo após a soltura
Foto: Vanessa Kanaan

Criadouro para tráfico de répteis no RS. Mais um caso usando os Correios

“Funcionários do Ibama descobriram um criadouro ilegal de animais silvestres, durante operação realizada na manhã de terça-feira (25). O esquema funcionava na garagem de uma residência, na cidade de Espumoso. No local foram encontradas 12 serpentes, um filhote de lagarto, diversos ratos e um jabuti. O morador, que havia viajado para Porto Alegre, poderá responder pelos crimes de introdução de espécie exótica no país, maus tratos, e tráfico internacional de animais silvestres. A multa deve variar entre R$ 10 a R$ 15 mil. O caso será encaminhado à Polícia Federal.

Na garagem funcionava um criadouro para reprodução e venda
Foto: Gerson Lopes/O Nacional

O esquema vinha sendo investigado desde o final do ano passado, depois que funcionários dos correios de Passo Fundo descobriram, através do equipamento de raio x, quatro encomendas suspeitas para Espumoso. A primeira delas chegou no dia 26 de dezembro. No conteúdo despachado via Sedex de São Paulo, capital, havia uma cobra da região amazônica, avaliada em cerca de 450 euros. Dias depois, outra encomenda trazia filhotes de ratos congelados, que provavelmente seriam usados na alimentação da serpente.” – texto da matéria “Ibama descobre criadouro ilegal de animais silvestres”, publicada em 25 de março de 2014 no site do jornal O Nacional (Passo Fundo – RS)

No imóvel, onde reside um casal, estava montada uma infraestrutura para criação e reprodução dos animais. No hospital veterinário da Universidade de Passo Fundo. Segundo entrevista da veterinária Michelli Ataíde, para matéria veiculada pela RBS TV (retransmissora da Rede Globo), os animais apresentavam hematomas e dermatite.

Ibama investigava desde o final de 2013
Foto: Gerson Lopes/O Nacional

Ontem, 27 de março de 2014, o Fauna News publicou o post “Cobras gringas traficadas pelos Correios”, em que abordou a apreensão de duas cobras píton que foram entregues pelos Correios para uma pessoa em Sobradinho (DF). Assim como foi verificado no caso de Espumoso, os répteis apresentavam problemas de saúde, debilitadas, magras e letárgicas.

“A utilização de meios postais como meio para traficar animais silvestres é bastante comum. No Brasil, os Correios, o Ibama e a Polícia Federal têm encontrado muitos bichos empacotados, na grande maioria dos casos, imobilizados de forma cruel. Os répteis (cobras, iguanas e pequenas tartarugas) são os mais apreendidos.” – texto do post “Cobras gringas traficadas pelos Correios”

- Leia a matéria de O Nacional
- Assista à matéria da RBS TV
- Releia o post do Fauna News “Cobras gringas traficadas pelos Correios”

quinta-feira, 27 de março de 2014

Apresentador do Animal Planet: na TV ou traficando, ganhando dinheiro com animais

“O ex-apresentador de um programa do canal Animal Planet, Donald Schultz, foi condenado nesta segunda-feira (24), nos Estados Unidos, a dois anos de liberdade condicional, 200 horas de serviço comunitário e uma multa de US$ 9 mil depois de admitir que tentou vender dois lagartos iranianos, uma espécie em extinção, sem autorização.

Donald Schultz foi condenado por tráfico de animais
Foto: Glenn Pinkerton/Las Vegas News Bureau/AP

Em novembro, Schultz, que é sul-africano, fez um acordo judicial e se declarou culpado de violar a Lei de Espécies Ameaçadas de Extinção. Em 2010, ele tentou vender dois lagartos raros por US$ 2,5 mil a um agente federal disfarçado de cliente.

No seu programa, "Wild Recon", que foi cancelado, Schultz se aventurava em locais remotos para recolher amostras biológicas a partir de cobras venenosas e outros animais perigosos. Ele também fez o programa "Venom in Vegas", no qual ficou em uma grande estrutura de vídeo fechado com mais de cem cobras, algumas venenosas, em frente a um cassino de Las Vegas.”
– matéria publicada em 25 de março de 2014 pelo portal G1

Muitas atrações transmitidas na televisão, “mascaradas” como propagador de informações sobre animais silvestres, são meros exploradores da fauna. Não é incomum que os apresentadores ultrapassem o limite ético da manipulação dos bichos, causando incômodos desnecessários aos mesmos.

É também comum que programas exibam animais apenas como entretenimento, como parte de shows e até reforçando a ideia de que é legal ter um silvestre como bicho de estimação.

Os apresentadores, pseudo defensores da natureza, a produção do programa e as emissoras estão interessados em audiência e os ganhos publicitários.

Para quem assiste, às vezes fica difícil diferenciar o que está sendo feito com respeito e real interesse em informar e conscientizar, daquilo realizado como um caça-níquel. No caso de Donald Schultz, a máscara caiu totalmente e sua verdadeira face apareceu.

- Leia a matéria no portal G1

Cobras gringas traficadas pelos Correios

“Duas cobras da espécie píton asiática foram identificadas pelos Correios em Salvador, na Bahia. Os animais foram despachados na Bahia com destino final no Distrito Federal. Colocadas em meias para despistar a fiscalização, as cobras ficaram três dias acondicionados desta forma até chegar à cidade de Sobradinho/DF. Os agentes do Ibama, em um trabalho de inteligência juntamente com os Correios, acompanharam a entrega da encomenda para pegar o comprador em flagrante.

Cobras apreendidas em Sobradinho (DF)
Foto: Divulgação Ibama

O receptador já tinha um terrário preparado para receber as cobras. Ele foi multado em R$ 7 mil reais, de acordo com o artigo 25 do Decreto 6514/2008, por introduzir animal, nativo ou exótico, no país ou fora de sua área de distribuição natural sem parecer técnico oficial favorável ou licença expedida por autoridade ambiental competente, além de ter sido multado por maus-tratos.

Os animais foram doados ao zoológico de Brasília. A assessora técnica da diretoria de répteis e anfíbios do Zoológico, Mariana Gallego, afirma que os animais chegaram muito debilitados, magros e letárgicos. “Mesmo sendo muito resistentes, as cobras chegaram extremamente desidratadas e aqui vão receber os cuidados adequados para se recuperarem. Depois de um período de quarentena, ficam expostas para visitação no serpentário do zoológico”, destacou a especialista.”
– texto da matéria “Cobras asiáticas comercializadas de forma ilegal são interceptadas por Correios e Ibama”, publicada em 24 de março de 2014 pelo site do Ibama

A utilização de meios postais como meio para traficar animais silvestres é bastante comum. No Brasil, os Correios, o Ibama e a Polícia Federal têm encontrado muitos bichos empacotados, na grande maioria dos casos, imobilizados de forma cruel. Os répteis (cobras, iguanas e pequenas tartarugas) são os mais apreendidos.

Desta vez, a fiscalização surpreendeu o comprador rapidamente. A investigação tem de trabalhar para identificar o traficante, aquele que despachou as cobras e identificar o esquema montado para introduzir no Brasil os animais de outros países. Dado esse passo, o ideal é acionar as autoridades da nação de origem dos répteis para coibir a atividade no primeiro elo da corrente.

O Brasil é apontado, no mercado negro internacional de fauna, como um país predominantemente exportador. Mas colecionadores daqui investem na importação de animais irregulares, bem como interessados em bichos para rinhas, como os canários-peruanos (apreendidos em grandes quantidades no Mato Grosso do Sul, estado por onde entram em território nacional).

- Leia a matéria completa do Ibama

quarta-feira, 26 de março de 2014

Macaca morre atropelada e filhote recém-nascido é resgatado

“Um filhote de macaco foi resgatado depois que a mãe dele morreu atropelada na BR-163, próximo à cidade de Sorriso, a 420 km de Cuiabá. De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) o bebê macaco foi encaminhado na manhã deste domingo (23) para o campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Cuiabá, onde deve receber cuidados especiais no Hospital Veterinário da instituição.

Filhote resgatado. Mãe morreu atropelada
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Ainda conforme a PRF, a mãe do macaco foi atropelada na sexta-feira (21). Uma equipe dos bombeiros de Sorriso encontrou o filhote próximo ao corpo da mãe e fez o resgate. O macaco foi levado para uma clínica veterinária da cidade, onde recebeu os primeiros atendimentos. A princípio o animal não estava ferido.” – texto da matéria “Filhote de macaco é resgatado após mãe morrer atropelada em MT”, publicada em 23 de março de 2014 pelo portal G1

O filhote resgatado é macho e não pesa mais de 500 gramas.

Quando se pensa em proporcionar a possibilidade de travessias seguras para animais silvestres em rodovias, as passagens de fauna projetadas como pontes ou por baixo da estrada são sempre citadas. Mas para os primatas, principalmente os que se deslocam prioritariamente pelas copas das árvores, elas podem não funcionar.

Em compensação, as conhecidas estruturas feitas com cordas (parecendo escadas, que são penduradas horizontalmente e ligam copas de árvores) também podem não se adequadas para todas as espécies. No Rio de Janeiro, na região das Reservas Biológicas União e Poço das Antas a Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) luta para que estruturas adequadas sejam instaladas na BR-101 (que está sendo duplicada) para permitir a travessia dos ameaçados micos. Os primeiros projetos apresentados não foram adequados.

O Secretário Executivo da AMLD, Luís Paulo Ferraz, tem manifestado preocupação com o projeto da Autopista Fluminense – concessionária responsável pela obra.  Ele afirma que a solução apresentada, chamada “rope and ladder” (nome técnico da “escada” de corda) não é adequada para o mico-leão-dourado. “Esse primata pesa entre 500g e 600g. O vento de caminhões passando por baixo, a mais de 100 km/h, vai balançar a passarela de corda, possivelmente deslocando os micos que tentem atravessar. O mais provável é que eles atravessem pela pista em vez de usar a passarela, mantendo o risco de atropelamentos”, afirma.

O assunto é complexo e não existe fórmula pronta. Cada rodovia tem suas peculiaridades, envolvendo o tipo de fauna, flora, hidrografia da região, clima, tráfego e comunidades, por exemplo. Os processos de licenciamento ambiental das construções e duplicações de estradas tem de ser muito bem feito e, sobretudo, contar com a colaboração de especialistas das espécies envolvidas. Caso contrário, a solução pensada é ineficiente e os atropelamentos de silvestres continuam a ocorrer.

- Leia a matéria completa do G1

Jovens capturando aves. Mais uma geração será perdida

“Guarda Civil Municipal (GCM) de Rio Claro (SP) apreendeu, na manhã desta segunda-feira (24), dois pássaros silvestres. As aves estavam com um rapaz de 18 anos e dois adolescentes de 17 na zona rural da cidade. Elas foram entregues à Polícia Ambiental e os suspeitos foram liberados.

Aves apreendidas com os jovens em Rio Claro (SP)
Foto: Divulgação Guarda Civil Municipal Rio Claro

De acordo com a GCM, o trio foi abordado em uma área próxima à Rua da Jacutinga. Na mata, os jovens foram localizados e demonstraram nervosismo. Com eles, havia duas gaiolas com as aves da espécie bigodinho e coleirinha. Eles também estavam com um produto conhecido como visgo, que é usado para capturar pássaros.”
– texto da matéria “Guarda Civil apreende dois pássaros silvestres na zona rural de Rio Claro”, publicada em 24 de março de 2014 pelo portal G1

A mistura de influências europeias e indígenas formou a cultura do brasileiro em criar animais silvestres em cativeiro doméstico. Somente em 1967 é que a caça, captura e guarda sem autorização se tornaram crimes. Desde então, o poder público brasileiro restringiu à repressão sua atuação no combate a tais costumes. As ações educativas, voltadas para a conscientização e mudanças de atitudes, sempre foram pontuais, nunca uma postura do Estado.

O resultado é que as antigas gerações são exemplo para novas gerações, que sem informação e formação adequadas, repetem o hábito de criar animais silvestres em gaiolas, poleiros, jaulas e correntes. É o que está acontecendo com os jovens flagrados capturando aves em Rio Claro.

Campanhas e projetos de educação ambiental sobre os problemas envolvidos na captura, comércio e criação de silvestres ilegais são raros. Quando muito se divulga que é crime. Também o viés educativo das leis, no caso da infração ambiental cometida pelos jovens, não existe. A legislação é fraca e não pune.

Estamos perdendo mais uma geração.

- Leia a matéria completa do G1

terça-feira, 25 de março de 2014

Alagoas: 90 aves em feiras. A cortina de fumaça continua

“Três equipes do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) de Alagoas apreenderam, na manhã deste domingo (23), 90 aves que estavam sendo comercializadas ilegalmente em feiras livres na capital alagoana e nos municípios de Atalaia, Maribondo e Rio Largo. Ninguém foi preso durante a ação da polícia.

Aves apreendidas em feiras de Alagoas
Foto: Divulgação PM Ambiental AL

De acordo com o subtenente Jorge Pedro, que comandou a operação, aves nativas e silvestres foram encontradas pelos militares ao chegarem nas feiras. "Nos deparamos com araras, jandaias, canário da terra, sanhaço e galo de campina. O que chamou a atenção foi a quantidade de aves apreendidas", disse.” – texto da matéria “Polícia ambiental apreende 90 aves comercializadas em feiras de Alagoas”, publicada em 23 de março de 2014 pelo portal G1

Bem o mal, a polícia faz a sua parte. Poderiam sim, investigar e prender os traficantes em seus depósitos ou ainda nas áreas de captura, o que ajudaria muita na soltura dos animais apreendidos.

 Mas, em geral, o poder público continua omisso no combate ao tráfico. Não investe na mudança da legislação, tornando-a mais dura e eficiente e, sobretudo, nada faz para conscientizar a população sobre os problemas ambientais e de saúde pública envolvidos nesse mercado.

Enquanto a população procurar animais silvestres para mantê-los em cativeiro, haverá o tráfico. Independentemente de haver espécies comercializadas legalmente – o que o Fauna News é contra!

Somente com mudanças de hábitos e costumes, gerando a redução de demanda, a retirada de silvestres da natureza será combatida com efetividade. Essa óbvia conclusão não encontra respaldo em governantes burros e que não priorizam a conservação da fauna brasileira.

É mais fácil e barato criar a cortina de fumaça da fiscalização policial a investir em medidas que vão funcionar.

- Leia a matéria do portal G1

Enfeitando a chácara com animais silvestres ilegais

“Treze animais silvestres foram apreendidos, na manhã desta sexta-feira (21), pelo Policiamento Ambiental, em Piratininga (13 quilômetros de Bauru). Os animais estavam no interior de uma chácara, localizada no Jardim Ibituruna, zona rural.

Parte das aves apreendidas na chácara
Foto: Divulgação PM Ambiental SP

Segundo a Polícia Militar (PM) Ambiental, os policiais foram informados, por meio de denúncia anônima, de que no interior do imóvel estariam animais silvestres.

Os militares foram até o endereço informado e encontraram quatro tucanos, quatro pássaros da espécie periquitão maracanã, dois jabutis, dois tigres d’água e um periquito rico.”
– texto da matéria “Piratininga: 13 animais silvestres são apreendidos”, publicada em 21 de março de 2014 pelo site do Jornal da Cidade (Bauru- SP)

Por que não plantar árvores para atrair aves?

Por que não manter a reserva legal com mata nativa para atrair outros animais?

Será que dá trabalho e gasta muito dinheiro?

Ou será que o falta de informação sobre os problemas ambientais e de saúde pública fez com que a infratora achasse que capturar ou comprar animais no mercado negro são formas válidas para manter contato próximo com a natureza?

Seria crueldade mesmo, com a dona da chácara disposta a tudo pelo seu prazer?

Muitas perguntas mas todas pertinentes a esse tipo de caso.

- Leia a matéria completa do Jornal da Cidade

segunda-feira, 24 de março de 2014

Decoração baseada na morte de borboletas

A captura e tráfico de borboletas para a confecção de quadros e peças decorativas é bastante comum no Brasil. Muitas dessas peças são comercializadas como suvenires para turistas.

“Policiais da 12ª DP (Copacabana), com apoio do Ibama, realizaram, nesta sexta-feira (21/03), a operação Panapanã Mortuus. Durante a ação, cerca de 1.334 borboletas mortas e dissecadas da fauna silvestre brasileira foram apreendidas. Os animais estavam sendo comercializados em quadros de decoração, na Rua Ministro Viveiro de Castro, em Copacabana, Zona Sul do Rio.

O dono do estabelecimento foi autuado por crime ambiental e multado em R$ 1.434.00 pelo Ibama, pois algumas das espécies que foram encontradas no local estão ameaçadas de extinção.”
– texto da matéria “Polícia Civil apreende borboletas da fauna silvestre brasileira”, publicada em 21 e março de 2014 pelo site do Jornal do Brasil

Fiscais do Ibama em fiscalização em 2010
Foto: Divulgação Ibama

Em 6 de março de 2014, o Fauna News publicou o post “Borboletas para o tráfico”, em que comentou o flagrante contra um casal de aposentados que estavam capturando centenas de borboletas dentro do Parque Nacional da Serra do Itajaí (SC).

Borboletas mortas no Parque Nacional da Serra do Itajaí (SC)
Foto: Divulgação ICMBio

Esse tipo de comércio tem de ser combatido com investigação para identificar quem fabrica tais peças, multas pesadas contra os comerciantes e, sobretudo, informar turistas e potenciais compradores da irregularidade e dos problemas (borboletas são polinizadoras, presas e predadoras, por exemplo) envolvidos na aquisição do suvenir.

Lembrancinha cruel e de péssimo gosto.

- Leia a matéria completa do Jornal do Brasil
- Releia o post “Borboletas para o tráfico”, publicado em 6 de março de 2014 pelo Fauna News

Começar a semana pensando...

...sobre o desaparecimento do azulão-do-nordeste: é o tráfico.
Foto: Arquivo pessoal
“O Azulão Nordestino já esta praticamente extinto, pois não se encontra mais na natureza. Talvez se encontre uma ou outra em algum lugar do nordeste, mas ela só estará livre até encontrar um predador humano, pois a procura por esta ave rara é muito grande devido ao seu valor comercial e sua beleza. Quase todo brasileiro conhece o Azulão, mas aprisionado em gaiolas, pois na vida selvagem praticamente não existe mais. Nos anos de 1980 ainda era comum se ver alguns azulões, mas cada vez foi ficando mais raro aqui na Paraíba, hoje é praticamente impossível você encontrar um livre na natureza.”

Ambientalista Aramy Fablicio (na foto com um casal de azulão-do-nordeste), no artigo "Alerta Sobre a Extinção da Ave Azulão do Nordeste", publicado em 18 de março de 2014 pelo site Concierge Jampa

sexta-feira, 21 de março de 2014

Reflexão para o fim de semana: final feliz para a preguiça da ES-484

Preguiça foi solta na Reserva Florestal 
Três Pontões, em Afonso Cláudio
Foto: Divulgação PM Ambiental ES

“Pelo menos para esse animal silvestre o final foi feliz. Após encontrar um bicho-preguiça atravessando a Rodovia ES 484 correndo o risco de ser atropelado, o auxiliar administrativo de 31 anos, Julio Cesar Araujo, estacionou o seu veículo e retirou o animal da rodovia acionando a Polícia Militar Ambiental.

O cidadão seguia de Afonso Cláudio para o município de Laranja da Terra juntamente com a família, e sua atitude certamente salvou a vida do animal, conforme informações dos policiais que atenderam a ocorrência.

Uma equipe do BPMA rapidamente se dirigiu ao local e identificou o animal como uma preguiça-comum (Bradypus variegatus), pesando em torno de três quilos, mamífero típico das Américas do Sul e Central.”
– texto da Polícia Militar Ambiental do Espírito Santo divulgado em 20 de março de 2014

Lagarto com adolescente de 15 anos: resultado da falta de educação ambiental

“Um lagarto de aproximadamente 80 centímetros foi apreendido nesta terça-feira (18) com um jovem de 15 anos no bairro Maria Ortiz, em Vitória. De acordo com policiais militares, o animal estava dentro de uma sacola de compras. Com o jovem, estava um outro adolescente, de 16 anos, que portava um revólver calibre 32. A dupla foi levada para o Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) da capital. O lagarto foi encaminhado ao Centro de Estudos e Reintrodução de Animais Selvagens (Projeto Cereias), em Aracruz, na região Norte do estado.

Lagarto estava em uma sacola
Imagem: Reprodução TV Gazeta

 (...) O menor que estava com o animal já foi apreendido por porte ilegal de arma de fogo e disse à polícia que capturou o lagarto, mas que iria soltar logo depois.” – texto da matéria “Lagarto é apreendido dentro de sacola com adolescente em Vitória”, publicada em 19 de março de 2014 pelo portal G1

Será que iria soltar mesmo?

Qual a informação que esse adolescente tem sobre os riscos à saúde por ter contato com o lagarto e as consequências para o meio ambiente da retirada de animais silvestres dos ecossistemas? A falta de educação ambiental para conscientizar as chamadas “futuras gerações” da necessidade de respeitar a fauna e o hábitat fará com que os péssimos hábitos dos adultos, da sociedade, se perpetuem.

O hábito de manter silvestres em cativeiro doméstico é uma das principais causas da retirada de 38 milhões de animais da natureza, todos os anos, no Brasil (dado de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, a Renctas). Esse costume e a caça para uso da carne na alimentação são causas importantes da perda de biodiversidade no Brasil.

- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 20 de março de 2014

Em Caruaru (PE), traficantes presos antes de vender animais na feira

“Policiais da Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma) detiveram dois dos maiores bio-traficantes de Pernambuco na última segunda-feira (17), em Caruaru, no Agreste do Estado. Com eles foram encontradas 62 espécies de aves silvestres.

Aves seriam vendidas em feira na cidade
Foto: Divulgação PMPE

Laércio Afonso do Vale, 54 anos, e José Edson do Vale Silva, 42, foram detidos em casa. No local, a polícia encontrou um papagaio, uma ave da espécie salta-caminho, 29 craúnas, um sabiá, 12 papa-capins, um estevam, um galo de campina, um bicudo, um tiziu, três azulões, um cancão, dois xéxes, seis Canários e duas Jandaias. Todas as aves, que estavam acondicionadas ilegalmente, seriam vendidas na feira de Caruaru.”
– texto da matéria “Dupla é detida com 62 aves silvestres em Caruaru”, publicada em 18 de março de 2014 pelo site do Jornal do Commercio

Chama a atenção o fato de a matéria afirmar que os irmãos Laércio e José serem dois dos maiores traficantes de fauna de Pernambuco. O problema é que no texto não há nenhuma informação que prove isso. Cadê a pesquisa da ficha criminal de ambos? Ao menos isso.

Se a dupla for realmente tão ativa no crime, a matéria deveria ser melhor feita e mostrar, com detalhes, como ela atua. Na matéria de divulgação da PM de Pernambuco (“Duas pessoas são detidas por comercializar aves silvestres”), os dois são apontados como traficantes, sem o adjetivo “maiores”.

O fato de os infratores serem traficantes de animais e de responderem pelo crime em liberdade também deve ser destacado. Com certeza, não deve ser a primeira vez que a dupla é detida (apesar dessa informação não ter sido divulgada). A reincidência é resultado de uma legislação que não pune esse tipo de crime.

Enquanto o poder público brasileiro finge que combate o mercado negro de fauna, 38 milhões de animais silvestres brasileiros são retirados todos os anos da natureza para o tráfico (dado de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, a Renctas).

- Leia a matéria completa do Jornal do Commercio
- Leia a matéria completa da PM de Pernambuco

Em dois meses, 645 animais apreendidos na PB. E podia ser mais

“O Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPAmb) já apreendeu, nos dois primeiros meses deste ano, 645 animais que estavam sendo mantidos irregularmente em cativeiro em residências ou em criadouros para comércio ilegal. As ações aconteceram em diversos bairros da Região Metropolitana de João Pessoa, dentro da Operação Resgate. Entre os bichos que mais aparecem entre aqueles resgatados estão espécies de aves de forma geral, répteis e anfíbios.

A maioria dos animais é vítima do tráfico de fauna
Foto: Divulgação PM Ambiental PB

Conforme o comandante do Batalhão Ambiental, tenente coronel Paulo Sérgio, os flagrantes são feitos muitas vezes nas feiras livres, local onde acontece a venda ilegal, e em residências próximas a reservas, onde há a criação doméstica irregular. “A multa para quem pratica esses crimes variar de R$ 500, por animal, até R$ 5 mil se ele estiver ameaçado de extinção”, alertou o oficial, ao lembrar que maus tratos a qualquer tipo de bicho, mesmo aqueles que podem ser criados em domicílio, também geram penalidades.” – texto da matéria “Polícia ambiental apreendeu 645 animais silvestres no primeiro bimestre de 2014”, publicada em 18 de março de 2014 pelo site WSCOM

O total divulgado também inclui animais silvestres resgatados em ambienta urbano. Mas esses não são a maioria. Os vítimas do tráfico e do cativeiro doméstico são a maior parte.

O número é grande, mas poderia ser bem maior. Muito maior!

Se os policiais realmente quiserem apreender todos os animais mantidos irregularmente em residências e fizessem operações em todas as feiras, essa quantidade já estaria na casa dos milhares. Estima-se que 60 milhões de brasileiros que possuem animais silvestres e que entre dois e quatro milhões de bichos vivam em cativeiros ilegais no país.

O costume de criar silvestres como bichos de estimação é que movimenta o mercado negro de fauna por todo o Brasil, em especial em feiras no Nordeste. Esse hábito é responsável por boa parte dos 38 milhões de animais silvestres retirados todos os anos da natureza para abastecer o comércio ilícito de fauna no Brasil (dados de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, a Renctas).

- Leia a matéria completa do WSCOM

quarta-feira, 19 de março de 2014

Três Lagoas (MS): prefeitura pode fazer sua parte e ter um CRAS

São poucos os municípios dispostos a investir em centros de reabilitação de animais silvestres vítimas do tráfico de fauna, de atropelamentos, de ferimentos por diversas causas e resgatados em ambiente urbano. Normalmente, essas estruturas são geridas pelos Estados e pela União. Mas nada impede que os Municípios também trabalhem na recuperação dos silvestres.

'O vereador Beto Araujo (PSD) recebeu parecer favorável para a construção de um Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Três Lagoas, após consulta ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), em Campo Grande, e, ainda nesta semana, aguarda reunião com representantes da empresa Eldorado, para discutir a implantação. Segundo Beto, na audiência pública de licenciamento da ampliação da fábrica de celulose, a empresa apresentou interesse em custear o CRAS, como uma de suas medidas de compensação ambiental e mitigação aos danos, já que atropelamento de animais nas estradas foi um dos impactos detectados.

Cras de Campo Grande, do governo do Estado: 
o único do Mato Grosso do Sul
Foto: Amambaí Notícias

“Este CRAS é uma das minhas grandes lutas e, se depender da manifestação técnica nº 002, de 22 de janeiro de 2014, emitido pelo Imasul, e do interesse das grandes empresas em construí-lo, estamos mais perto desta conquista, que vai impactar positivamente a vida silvestre em toda região. Vamos trabalhar para ter o CRAS, mas um CRAS que será referência”, afirmou Beto. No ano passado, ele se reuniu com o gerente do Imasul, em Campo Grande, Vander Melquíades de Jesus, e com a fiscal ambiental Ana Paula, para discutir o assunto.

De acordo com a manifestação técnica, o único CRAS do Estado, sediado em Campo Grande, já atendeu mais de 40 mil animais, em 27 anos de existência, e a maior porcentagem de animais recepcionados é proveniente de tráfico e de atropelamentos nas rodovias do Estado.

Ainda afirma o parecer que os municípios da Bacia do Paraná são os que mais sofrem pressão de apanha de papagaios e a “maior parte das antas atropeladas recepcionadas também vem dessa região”. Com este perfil, a implantação de um CRAS, de acordo com o documento, “seria de grande importância para atender todas as demandas supracitadas, por ser um município estratégico na bacia do Paraná, podendo atender aos municípios no seu entorno. Além disso, cooperaria com o CRAS/Campo Grande, evitando superlotação deste”'
– texto da matéria “Vereador Beto Araujo luta pela construção de CRAS modelo em Três Lagoas”, publicada em 17 de março de 2014 pelo site Jornal Dia Dia

Por causa dessa falta de investimento do poder público municipal de todo o país, os poucos Cetas (Centros de Triagem de Animais Silvestres) e Cras (Centros de Recuperação de Animais Silvestres) dos Estados, da União, de ONGs e universidades ficam lotados e não conseguem dar atendimento adequado aos bichos. Isso também dificulta que animais sejam destinados para programas de solturas ou que o próprio poder pública desenvolva esse tipo de atividade.

O resultado é, quando não ocorrem mortes, o cativeiro sem perspectiva de retorno à vida livre (quando o animal apresenta condições para soltura).

Que Três Lagoas consiga dar esse passo e seu exemplo, na utilização de recursos de compensação ambiental, seja seguido por outros municípios. Também fica a torcida para que a prefeitura realmente o mantenha como um centro de referência, afinal, montar a estrutura não é a parte difícil, mas custeá-la e fazê-la funcionar bem (e não se transformar em um depósito de bichos) é o grande desafio.

- Leia a matéria completa do Jornal Dia Dia

Répteis de estimação

Aves representam mais de 80% das apreensões de animais silvestres apreendidos com traficantes ou em cativeiro doméstico irregularmente. São, sem dúvida, a preferência nacional. Há quem goste também de pequenos primatas, como saguis e macacos-prego. Mas os répteis, principalmente jabutis e tigres d’água, são facilmente encontrados no mercado negro. E há que os prefira como bichos de estimação.

“A Polícia Militar Ambiental de Bauru apreendeu, nesta segunda-feira (17), uma jiboia e três jabutis que eram criados em cativeiro, no Centro de Pirajuí (48 quilômetros de Bauru).

Local onde a jiboia era criada
Foto: Divulgação PM Ambiental SP

Segundo a PM, os animais silvestres estavam na residência de um apicultor de 54 anos, que não possuía registro e licença para possuir os répteis.” – texto da matéria “Pirajuí: PM apreende jiboia e três jabutis em cativeiro”, publicada em 17 de março de 2014 pelo Jornal da Cidade (Bauru- SP)

As cobras têm ganhado destaque como bichos de estimação. Esses animais acabam criados – na verdade confinados - em terrários ou pequenas caixas, mostrando a incapacidade do ser humano de conviver com outras espécies.

Iguanas também têm sido capturadas e vendidas ilegalmente no Brasil. Inúmeras apreensões nos Correios e em feiras ocorrem por todo o Brasil.

Um dos grandes problemas quando se cria um animal silvestre é acertar na dieta do bicho. Cada espécie tem sua peculiaridade e, sem dúvida, os répteis são grandes vítimas dessa falta de conhecimento. Em geral, as pessoas acham que (exceto para as cobras) basta dar algumas folhas para a tartaruga ou iguana que está tudo certo. Erro que agrava a crueldade da retirada do ser de seu hábitat.

Os répteis são menos carismáticos para a população e, muitas vezes, esquecidos quando se aborda o tráfico de fauna. Mas eles são tão vítimas quanto qualquer outro animal.

- Leia a matéria completa do Jornal da Cidade

terça-feira, 18 de março de 2014

Estrada Cunha-Paraty e a prevenção ao atropelamento de animais

A pavimentação e reabertura do trecho dem9,36 km da estrada que liga Cunha (SP) a Paraty (RJ) e corta o Parque Nacional da Serra da Bocaina é polêmico mas vai acontecer, provavelmente, no segundo semestre de 2015. Uma das preocupações de ambientalistas, do Ibama e do ICMBio (que administra a unidade de conservação) é o atropelamento de fauna.

Algumas medidas estão sendo tomadas para evitar o problema.

“Ecologicamente planejada, com liberação de órgãos ambientais, a estrada tem 9 metros de largura. Na semana passada, já alcançava cerca de dois quilômetros de piso zerado, a partir da divisa dos Estados de São Paulo e Rio. A pista de rodagem, de 6 metros, ladeada por uma calçada de um metro e mais uma calha lateral de 50 centímetros, é trabalhada no bloquete de concreto. O piso especial foi exigência do Ibama e do Instituto Chico Mendes (ICMBio) para que o ruído dos pneus iniba a travessia dos bichos e evite atropelamentos e a rodovia deve ficar pronta no segundo semestre de 2015. Mas a obra, executada pelo Consórcio Serra da Bocaina e orçada em R$ 84 milhões, já mudou a rotina.” – texto da matéria “A estrada parque que já começa a surgir na rota Cunha-Paraty”, publicada em 16 de março de 2014 pelo site do jornal O Estado de S. Paulo

Pavimentação da estrada Cunha-Paraty
Foto: Clarice Castro

Outra medida – talvez a principal:

‘(...) “As estimativas do DER do Rio giram em torno de 120 mil veículos por ano na estrada”, afirma o chefe do parque, Francisco Livino. Mas, quando ficar pronta, a passagem será limitada. “Só serão permitidos veículos de passeio, até vans. Não será permitida a passagem de veículos de grande porte, tampouco veículos transportando cargas perigosas”, explica o urbanista e arquiteto que dirige a unidade de conservação, área de preservação de 104 mil hectares de florestas.

De acordo com Livino, o trânsito na área do PNSB será somente durante o dia e com velocidade máxima de 30 km/h. Essa medida, segundo ele, vai reduzir os “riscos de atropelamentos de animais silvestres”. As duas pontas da estrada “serão guarnecidas por guaritas de controle de acessos”, acrescenta. Haverá ainda a cobrança de pedágio, que Livino chama de “ingresso no parque”, de valor ainda não fixado.’
– texto de O Estado de S. Paulo

Mas nem só de atropelamentos vivem os problemas causados pelas estradas e rodovias em áreas com vegetação e fauna preservadas. Seria bastante interessante que fosse divulgado qual o impacto que a fragmentação da área e o fluxo esperado de veículos causará no hábitat das espécies de animais que vivem na região.

Serão interrompidas rotas migratórias?

Serão interrompidas rotas de busca de alimentação e parceiros para procriar?

A estrada vai interferir na busca de água dos animais?

A emissão de poluentes pode alterar comportamentos do animais que vivem na região?

A abertura e reativação de estradas e rodovias promovem alterações que vão além dos atropelamentos. Será que tudo isso foi pensado?

- Leia a matéria completa de O Estado de S. Paulo

Não importa se são drogas ou animais, o negócio é traficar

“Denúncias anônimas levaram vários policiais militares, sob o comando do Subtenente Luiz Carlos de Souza, com o apoio do Sargento Almir, Sd- Elton, Sd- Reinaldo, Sd-Emmanuel e Sd-Rocha, a montar uma operação de guerra na comunidade de Lagoa Seca a 12 km da sede do município.

(...) Os policiais foram até uma residência e abordaram o suspeito identificado como Rafael Guilherme do Nascimento (30 anos) “Vulgo Preguiça”, e sua esposa Vitória Regia Elias Oliveira (34 anos).

Mais de 100 aves foram apreendidas
Foto: Guamaré em Dia

Os agentes realizaram com autorização dos acusados, buscas no imóvel e encontraram drogas tipo crack, celulares, chips de várias operadoras, dinheiro fracionados e mais de 100 espécies de animais silvestres no imóvel.” – texto da matéria “Casal acusado de tráfico é preso com drogas e mais de 100 espécies de animais silvestres.”, publicada em 13 de março de 2014 pelo blog Guamaré em Dia, do município de Guamaré (RN)

Em 2001, a ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) publicou no 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico da Fauna Silvestre, em que há um capítulo específico para o tema – “Ligação com Outras Atividades Ilegais”.

“O comércio ilegal de animais silvestres está ligado a outros tipos de atividades ilegais, tais como drogas, armas, álcool e pedras precisas. Na América do Sul, os cartéis de drogas têm grande envolvimento com o comércio ilegal de fauna silvestre, muitas vezes se utilizam da fauna para transportarem seus produtos. Frequentemente são encontradas drogas dentro de animais vivos ou em suas peles.” - texto do Relatório

Como os métodos para traficar drogas e animais (os utilizados como bichos de estimação, principalmente) são semelhantes e as rotas coincidem, há muitas quadrilhas que atuam nos dois ramos do crime. De acordo com a Renctas, em 2001 havia entre 350 e 400 quadrilhas organizadas no comércio ilegal de fauna silvestre, sendo que, desse total, cerca de 40% possuem ligação com outras atividades ilegais.

Assim como o tráfico de drogas tem, historicamente, sido tratado como um problema exclusivamente policial, o mercado negro de fauna sofre do mesmo mal. Conscientizar a população dos problemas e consequências do comércio ilegal de silvestres pode demorar mais para dar resultados, mas com certeza eles são mais efetivos que a repressão pura. A fiscalização intensa é necessária, mas não pode ser a única ferramenta.

- Leia a matéria completa do Guamaré em Dia

segunda-feira, 17 de março de 2014

Repeteco no Sergipe: mais uma apreensão em feira

Em 12 de março de 2014, o Fauna News publicou o post “Tráfico de animais: muito além da apreensão”, em que aproveitou o resgate de 65 aves na feira de trocas do bairro Lamarão, em Aracaju, para comentar sobre vários pontos do tráfico de fauna. A capital sergipana voltou a ser notícias. E mais uma vez com uma feira de trocas.

O Pelotão Ambiental, o Batalhão de Choque e a Companhia de Polícia de Trânsito (CPTran) apreenderam 221 aves silvestres na manhã deste sábado (15) na Feira das Trocas em Aracaju, no bairro Capucho, em Sergipe.

Aves apreendidas em feira de Aracaju
Imagem: Reprodução TV Sergipe

Quase todas as aves foram soltas em uma área de Mata Atlântica, exceto duas que estavam debilitadas e, que por isso, foram encaminhadas para o centro de triagem do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).” – texto da matéria “Polícia apreende 221 aves silvestres na Feira das Trocas em Aracaju”, publicada em 15 de março de 2014 pelo portal G1

Pode parecer repetitivo, mas vale destacar o fenômeno do tráfico de animais em feiras no Brasil, em especial, no Nordeste. Somente a repressão, apesar de necessária, não vai resolver o problema. É necessário, sobretudo, conscientizar a população sobre os males do comércio ilegal de fauna para os bichos, os ecossistemas e a saúde humana. Dessa forma, pode-se reduzir a demanda.

Outro ponto que chama a atenção é a soltura rápida dos animais. Aqui é feito o questionamento de sempre: as aves foram adequadamente avaliadas para o retorno à vida livre: E o local, tinha condições adequadas (de alimentação, dormida, água e segurança) para receber os bichos

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia o post “Tráfico de animais: muito além da apreensão”, publicado em 12 de março de 2014 pelo Fauna News

Começar a semana pensando...

...na condição de haraam (pecado) do tráfico de animais silvestres para os muçulmanos da Indonésia.
Foto: site kabar-priangan.com
“Quem tira uma vida, mata uma geração. Isso não se restringe aos seres humanos, mas também inclui outros seres vivos de Deus, especialmente se eles morrem em vão”.

Asrorun Ni’am Sholeh (foto), secretário da comissão do Conselho indonésio de Ulama, principal órgão clerical muçulmano da Indonésia, citado no post “Tráfico de animais é “haraam” (pecado) para muçulmanos da Indonésia”, publicado em 14 de março de 2014 pelo Fauna News

As demais religiões poderiam tomar a mesma atitude.


- Leia o post completo do Fauna News

sexta-feira, 14 de março de 2014

Reflexão para o fim de semana: filhotes de onça-pintada, da natureza para o cativeiro

Oncinhas foram capturadas por moradores para cativeiro
Imagem: Reprodução TV Amapá

“O Bom Dia Amazônia desta quarta-feira (12) destacou que entre os animais que já viviam no centro de triagem, dois já tem destino certo, o interior de São Paulo. Os filhotes de onça pintada que vieram de barco, foram resgatados num cativeiro na Ilha de Marajó no estado do Pará. São duas fêmeas que tem aproximadamente 5 meses de idade cada.

A responsável pelo CETAS/AP, Mirella Cavalcante, disse que existe algumas versões sobre a origem das onças, uma delas é que a mãe pode ter sido morta. “Outra hipótese é que a mãe deve ter saído para caçar, e a pessoa aproveitou o momento para pegar os filhotes”, especula.”
– texto da matéria “Bom Dia Amazônia: filhotes de onça pintada do AP serão enviadas para SP” publicada em 12 de março de 2014 pelo site da Rede Amazônica (TV Amapá)

Os filhotes foram capturados no Parque Estadual Charapucu, no Arquipélago do Marajó (PA), e viveram em cativeiro até serem resgatados pelas fiscalização. Eles serão transferidos para a Associação Mata Ciliar, no interior do SP. O provável destino de ambas é o cativeiro, o que significa que jamais cumprirão plenamente suas funções ecológicas em seu ecossistema de origem.

- Leia a matéria no site da Rede Amazônica e assista ao vídeo.

Tráfico de animais é “haraam” (pecado) para muçulmanos da Indonésia

No Brasil o fato praticamente não foi noticiado ou repercutido, mas é de extrema importância para o combate ao tráfico de animais silvestres no mundo.

“A autoridade islâmica na Indonésia emitiu um parecer jurídico baseado na lei muçulmana, contra a caça ilegal e o tráfico de espécies selvagens ameaçadas na nação do Sudeste Asiático.

A agência de notícias France-Presse relatou que o Conselho indonésio condenou tais atividades como “antiéticas, imorais e pecaminosas”.

O inferno: mercado Jatinegara, em Jacarta, capital da Indonésia
Foto: Mark Leong/National Geographic

A National Geographic considerou esse decreto islâmico “sem precedentes” e disse ter chegado durante um período de crescente criminalidade relacionada com a vida selvagem. A Indonésia, uma vasta nação de arquipélagos que compõem cerca de 17.500 ilhas e 250 milhões de pessoas, possui uma grande variedade de fauna e flora, muitas das quais estão sob ameaça de extinção como o orangotango e o tigre de Sumatra. Foi observado também que elefantes selvagens foram caçados ilegalmente para a retirada de suas presas de marfim, geralmente enviadas para a China, onde elas têm – supostamente – uso medicinal. A Indonésia está enfrentando a superexploração dos recursos marinhos pela pesca excessiva e a degradação de seu ecossistema.

“Todas as atividades resultantes da extinção da vida selvagem sem motivos religiosos justificáveis ou disposições legais são haram (proibidos). Estas incluem a caça ilegal e o comércio de animais ameaçados de extinção”, diz Asrorun Ni’am Sholeh, secretário da comissão do Conselho. “Quem tira uma vida, mata uma geração. Isso não se restringe aos seres humanos, mas também inclui outros seres vivos de Deus, especialmente se eles morrem em vão”.

O Conselho (Conselho indonésio de Ulama, principal órgão clerical muçulmano da Indonésia – comentário do Fauna News) insiste que o governo de Jacarta supervisione a proteção do meio ambiente e revise as licenças concedidas a empresas que foram acusadas de agredir o meio ambiente, além de processar os madeireiros ilegais e traficantes de animais selvagens. “Este procedimento legal é emitido para dar uma explicação, bem como uma orientação, a todos os muçulmanos na Indonésia sobre a perspectiva da lei sharia em questões relacionadas à conservação animal”, disse Hayu Prabowo, presidente do Conselho Ambiental de Recursos Naturais, de acordo com a National Geographic. “As pessoas podem escapar da regulamentação do governo, mas não podem escapar da palavra de Deus”.

Sob as leis da Indonésia, o tráfico ilegal de animais silvestres pode levar até cinco anos de prisão e uma multa de 100 milhões de rúpias (8,5 mil dólares).”
– texto da matéria “Muçulmanos da Indonésia exigem proteção aos animais selvagens”, publicada em 11 de março de 2014 pelo site da revista The São Paulo Times

Haraam
para os muçulmanos é o mesmo que um pecado grave para os cristãos. A manifestação oficial dos líderes muçulmanos do país (chamada fatwa) foi resultado de uma viagem que fizeram em setembro de 2013 à Sumatra (Ilha indonésia). Ela foi organizado pela Universidade Nacional da Indonésia (TANU), a WWF- Indonésia, e da Aliança Britânica de Religiões e Conservação.

O mercado negro de animais no Sudeste Asiático é extremamente ativo, sendo talvez o mais forte do mundo. No país, orangotangos, rinocerontes e tigres estão entre as principais vítimas.

Já que poder público não investe em fiscalização e conscientização e as leis dos homens não são suficientes para combater com eficiência o tráfico de fauna e a caça, que as leis divinas tenham sucesso.

- Leia a matéria na íntegra do The São Paulo Times
- Leia a matéria da National Geographic sobre o assunto (em inglês)

quinta-feira, 13 de março de 2014

Jacaré-de-papo-amarelo: cativeiro, esgoto e morte

“O jacaré-de-papo-amarelo capturado na madrugada desta terça-feira (11) na Estação de Tratamento de Esgoto da Samambaia, no Distrito Federal, morreu horas depois no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama. O bicho pesava cerca de 60 quilos e tinha 1,5 metro. Segundo relato de funcionários da estação de esgoto, o jacaré se escondia há cerca de dois anos no local.

Jacaré momento após sua captura
Foto: Divulgação Batalhão de Polícia Militar Ambiental

(...) Para o coronel Ribas (oficial do Batalhão de Polícia Militar Ambiental – comentário do Fauna News), o réptil não chegou à estação naturalmente. “O tipo mais comum no cerrado é o jacaretinga, não o papo-amarelo. Mas, de qualquer forma, não é natural encontrar jacarés no Distrito Federal. Eles sempre são trazidos por alguém, geralmente que criava em casa e que se assustou ao ver que ele crescia e ficava arisco”, afirmou.”
– texto da matéria “Jacaré morre horas depois de ser capturado em rede de esgoto no DF”, publicada em 11 de março de 2014 pelo portal G1

A causa da morte do jacaré ainda é desconhecida. O motivo deve ser investigado, afinal o animal viveu dois anos no esgoto e horas após seu manejo para captura captura, morreu dentro do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama do Distrito Federal.

Chama a atenção a suspeita do coronel Ribas: o réptil pode ter sido solto por pessoas que o criavam em cativeiro domiciliar. Não é tão comum, mas acontece.

O jacaré viveu dois anos no esgoto
Foto: Raquel Morais/G1

A irresponsabilidade de que aprisiona animais silvestres gera esse tipo de consequência. Além do bicho não ter cumprido suas funções ecológicas em seu ecossistema de origem, ele foi obrigado a adaptar-se a um ambiente estranho, acima de tudo, completamente diferente do seu e insalubre. Mas répteis são bastante resistente e ele sobreviveu por dois anos.

A captura só foi motivada depois que o jacaré atacou um cachorro. Até então, ele atacava aves para se alimentar. E assim ele foi deixado por anos, vítima da irresponsabilidade e do descaso de quem administra a estação de tratamento de esgoto (que sabia da existência dele no local).

A morte do jacaré pode ter sido proveniente de manejo inadequado, problemas gerados pelo estresse, alguma doença ou outros fatores. Mais que isso, o animal foi vítima de uma sociedade que trata com descaso a vida selvagem.

- Leia a matéria completa do portal G1

O neoliberalismo antropocêntrico transformando vida silvestre em mercadoria

Vale ser lido na íntegra o artigo de Alejandro Nadal, membro do Conselho Editorial do SinPermiso (revista espanhola com abordagem socialista), que foi reproduzido pelo site Carta Maior em 9 de março de 2014.  Para qualquer ação visando a conservação da fauna silvestre, há sempre uma reação do tipo “lobo em pele de cordeiro” com o discurso do “uso sustentáveis dos recursos naturais”. Texto ótimo para reflexão. Para os brasileiros, vale o debate sobre a publicação pelo Ibama da chamada Lista Pet, que permitirá o comércio de cerca de 100 espécies de animais silvestres como bichos de estimação.

O Fauna News publica o texto completo abaixo.


Rinoceronte morto por causa de seu chifre
Foto: Troy Otto

"SOBRE ELEFANTES E RINOCERONTES:
NEOLIBERALISMO NA FAZENDA

O lobby pró-comércio insiste que apenas as suas fazendas produtivas poderão salvar tigres, elefantes, ursos, rinocerontes e outras espécies ameaçadas.

Há duas semanas, aconteceu em Londres uma reunião internacional sobre o tráfico de espécies ameaçadas de extinção. A conferência teve por objetivo confirmar o compromisso de países consumidores e exportadores da flora e da fauna silvestre para controlar e erradicar esse grave problema.

Nos últimos anos, a extração ilegal de todo tipo de vida silvestre se agravou de maneira alarmante. Os exemplos mais conhecidos são os elefantes e os rinocerontes. Um cálculo conservador sobre o número de elefantes mortos na África no ano passado chega aos 22 mil exemplares (há quem calcule que as mortes ultrapassem os 50 mil elefantes por ano). Nesse ritmo, a espécie poderá ser extinta em uns 15 anos.

A disparidade nos números se deve ao fato de que a população total de elefantes não é conhecida, sobretudo nas regiões de florestas da África ocidental. Os elefantes são assassinados por conta de seu marfim, cujo valor de mercado (legal e ilegal) alcança os 4 mil dólares por aquilo: um dente de um elefante macho adulto pode chegar a pesar 18 quilos. O mercado mais importante de marfim é na China, e em alguns outros países da Ásia, mas também há espaços para transações legais nos Estados Unidos e na Europa.

O caso dos rinocerontes é alarmante. Aqui os números são mais precisos. Existem 18 mil rinocerontes brancos e em torno de 2 mil negros. A grande maioria desses animais (96%) se encontra na África do Sul. Em torno de 5 mil rinocerontes estão em terras de propriedade privada. No ano passado, mais de mil foram caçados ilegalmente com a finalidade de cortar-lhes os chifres e vendê-los na China e no Vietnã a preços astronômicos (em Hanói e em Ho Chi Minh, um quilo de chifre pode valer 90 mil dólares). Mesmo que a taxa de natalidade dos rinocerontes ainda supere a mortandade provocada por essa caçada, as coisas podem mudar neste ano, e esses animais também podem ser extintos em 10 ou 15 anos. Em situações tão dramáticas ou até mais delicadas que a dos elefantes e rinocerontes, estão os tigres, diversas espécies de ursos, e muitos répteis e aves.

Participaram da conferência de Londres representantes de 46 países, que lá assinaram um importante acordo por meio do qual claramente fecham portas aos esforços de alguns países no sentido de legalizar os mercados dessas e de outras espécies.

A reação não demorou a chegar. Diante do objetivo de acabar com o tráfico ilegal de espécies ameaçadas, surgiu um movimento que pretende controlar o massacre por meio da criação de mercados legais dessas espécies e seus “produtos” (peles, dentes, chifres, ossos, suco biliar etc.). Trata-se de um lobby internacional de proprietários de fazendas de todo tipo de animais, desde chifres e lagartos (peles), até fazendas com rinocerontes (chifre), tigres (ossos e pele), e ursos em cativeiro para lhes extrair o suco biliar. Se você tem o coração frágil, não aconselho a ver no YouTube os vídeos sobre a vida dos animais nessas “fazendas”.

Esse lobby se esconde atrás das palavras mágicas “uso sustentável” e argumenta que, com fazendas e produtores legais, é possível ter controle sobre esse mercado.

Insistem que suas fazendas baixariam os preços desses produtos, e isso acabaria por minar os cartéis que hoje dominam o tráfico de espécies. Mas sua análise econômica tem inúmeros problemas, entre os quais está o fato de que não há dados sobre a elasticidade-preço da demanda. Isso quer dizer que os modelos adotados por esse lobby não podem dizer nada sobre a expansão da demanda final quando os preços forem reduzidos. Além disso, os mercados legais abrem as portas ao marfim, chifres, peles e outros “produtos” desses animais.

Os defensores das fazendas insistem que a vida selvagem é um “recurso” que deve ser explorado para o bem-estar da humanidade. Bem, não toda a humanidade, mas apenas quem é proprietário e tem capital para converter a vida silvestre em espaço de rentabilidade. Em poucas palavras, é o neoliberalismo aplicado a tudo o que se arrasta, caminha, voa ou nada na biosfera. O projeto desse lobby é legalizar mercados e abrir fazendas de espécies ameaçadas para convertê-las em mercadorias e, desse modo, assegurar sua “conservação”.

Não importa que o gado e a avicultura tenham muito pouco a ver com a conservação da vida silvestre. O lobby pró-comércio insiste que apenas as suas fazendas produtivas poderão salvar tigres, ursos, rinocerontes e outras espécies (incluindo os elefantes).

Se George Orwell voltasse, sem dúvidas escreveria um adendo ao seu célebre Revolução dos Bichos. Mas, desta vez, o porco Napoleão não representaria o comitê central de um partido totalitário, mas o conselho de administração de uma fazenda na qual os animais devem se reproduzir para entregar suas peles, dentes, chifres e ossos aos acionistas. E tudo isso aos gritos de “Viva o uso sustentável e o capital natural!"

Carregamento de marfim apreendido na China
Foto: Kin Cheung

- Leia o texto na Carta Maior

quarta-feira, 12 de março de 2014

Tráfico de animais: muito além da apreensão

“Homens do Pelotão Ambiental da Polícia Militar de Sergipe apreenderam 65 pássaros silvestres na manhã deste domingo (2), durante fiscalização na chamada ‘Feira das Trocas’ na Avenida Euclides Figueiredo, no Bairro Lamarão, Zona Norte de Aracaju (SE).

Aves apreendidas em feira
Foto: Divulgação/Pelotão Ambiental

De acordo com informações do sargento Linsmar de Cristo, os pássaros das espécies cardeal, papa-capim, jesus-meu-deus, azulão, entre outras, estavam presas em dez gaiolas e cinco cumbucas.

Um homem foi preso e encaminhado à Delegacia Plantonista, no Centro da capital. Ele irá responder por crime ambiental, que corresponde à pensa de seis meses a um ano de prisão, além de pagamento de multa.

Os pássaros foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama.”
– matéria "Pelotão Ambiental apreende 65 pássaros silvestres em Aracaju" publicada em 2 de março de 2014 pelo portal G1

O Fauna News publica a matéria acima sem cortes. A intenção é mostrar o quanto a imprensa é superficial quando aborda o tráfico de animais. Para o leitor que não conhece do assunto, o trabalho jornalístico passa a impressão de que o problema está resolvido.

Deve-se destacar que o infrator detido responderá pelo crime em liberdade e não será preso. A legislação oferece a possibilidade da “transação penal” quando a pessoa é flagrada pela primeira fez, o que significa que, caso aceite, ela não será processada e terá de pagar cestas básicas ou realizar algum trabalho comunitário.

Para os reincidentes, raramente os casos terminam em condenação com cadeia. Traduzindo: tráfico de animais é o crime da impunidade.

Outro ponto que deve ser destacado na matéria do G1 está na última sentença:

“Os pássaros foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama.”

A partir da entrega das aves, começa então uma jornada épica até a volta à vida livre – nas melhores das hipóteses. Há animais que, doentes, feridos ou domesticados demais (dependendo da espécie), jamais retornarão à natureza. O cativeiro será até o final da vida.

O problema do mercado negro de fauna é bastante complexo. O leitor tem de saber que, de acordo com estimativa da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais (Renctas), cerca de 38 milhões de bichos são retirados da natureza todos os anos para abastecer o comércio ilegal (sem contar invertebrados e peixes).

Esse mercado causa desequilíbrio nos ecossistemas, extinções de espécies e graves problemas de saúde pública causados pelas doenças transmitidas para os humanos (mais de 180 zoonoses já foram identificadas).

Ao ler qualquer matéria sobre apreensão de animais, é bom saber que há muita coisa envolvida além da apreensão.

- Leia a matéria no G1

O que leva à entrega voluntária de animal em cativeiro?

“A Guarda Municipal (GM) de Limeira (SP) recolheu nesta segunda-feira (10) em uma casa no bairro Nova Suíça 29 pássaros nativos da fauna brasileira que eram criados em cativeiro. Segundo a Prefeitura, trata-se de uma devolução voluntária feita por um munícipe, que fez contato com o Pelotão Ambiental da corporação.

Uma das 29 aves entregues
Foto: Wagner Morente/Prefeitura

Além dos pássaros, foram recolhidos cinco alçapões utilizados para capturar aves. Entre as espécies recolhidas estão coleirinha, chupim, cardeal, tico-tico rei, canário da terra e sabiá. O coordenador de Segurança Rural e Ambiental, Angelo Oliveira, disse que a Lei 9.605/98 garante que em casos de devolução voluntária o proprietário não é punido.

"Se a pessoa devolve os pássaros por vontade própria, indica que tomou consciência de não poder caçar mais os pássaros e não fará isso novamente. É diferente do que ocorre quando fazemos a apreensão", disse. De acordo com Oliveira, qualquer pessoa que tiver aves nativas presas em casa pode fazer a devolução por meio de contato com a GM, que manterá o nome do responsável em sigilo.”
– texto da matéria “Guarda recolhe 29 aves nativas após devolução voluntária em Limeira, SP”, publicada em 10 de março de 2014 pelo portal G1

Está no parágrafo 5º do artigo 24 do Decreto nº 6.154, de 2008:

“No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste decreto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.”

Seria bastante educativo saber o que levou essa pessoa a entregar as aves. O motivo foi uma nova consciência pelo dano ambiental, com preocupação pela saúde dos ecossistemas, ou a entrega ocorreu por dó dos animais confinados em gaiolas. Identificar qual o processo de tomada de consciência do infrator é extremamente interessante para a orientar a realização de campanhas educativas e ações de educação ambiental.

Bom, isso se alguém se interessar em investir em educação contra o tráfico de animais – coisa que o poder público não faz.

- Leia a matéria completa do portal G1

terça-feira, 11 de março de 2014

Correu por causa das aves em cativeiro ou das armas ilegais?

“A Polícia Militar Ambiental de Bauru apreendeu na manhã de ontem armas de fogo e pássaros silvestres no Distrito de Tibiriçá, município de Bauru. O flagrante ocorreu na parte exterior de uma residência localizada na rua José Pereira Rangel, onde estavam gaiolas com pássaros silvestres. O proprietário ainda tomou duas multas que somam R$ 27 mil.

Aves apreendidas em Bauru
Foto: Divulgação PM Ambiental São Paulo

 O morador, um construtor de 53 anos, ao se deparar com a chegada dos policiais ambientais fugiu pelos fundos, para não ser preso em flagrante, ficando a sua esposa no local.

Durante vistoria no interior do imóvel, os policiais localizaram 26 pássaros silvestres em cativeiro com as autorizações em desacordo com a legislação, além de os pássaros em situações de maus-tratos. Em continuidade à fiscalização, foi localizada no interior do imóvel, uma espingarda calibre 32, uma espingarda calibre 36, uma carabina calibre 22, 131 munições, 92 espoletas, 180 gramas de chumbo e um canhãozinho utilizado para caça de animais silvestres.”
– texto da matéria “Construtor toma multa de 27 mil reais”, publicada em 10 de março de 2014 pelo site do Jornal da Cidade (Bauru – SP)

A divulgação da necessidade de autorização para a criação de animais silvestres como bichos de estimação já ocorre com determinada frequência em algumas regiões do país. Isso inviabiliza a velha alegação dos infratores de que não conhecia a exigência.

No caso de Bauru fica a pergunta: o construtor correu por causa da situação irregular das aves ou das armas?

Quem sabe na delegacia ele esclarece...

- Leia a matéria completa do Jornal da Cidade

Rio Grande do Norte: tráfico para a capital com aves mortas

“Policiais Rodoviários Federais apreenderam na noite desta quinta-feira (6), durante fiscalização na BR-304, no posto da PRF da cidade de Lajes, 30 pássaros silvestres das espécies caboclinho, azulão e xexéu. Devido ao pequeno espaço nas gaiolas, algumas das aves estavam mortas. Duas pessoas foram detidas e encaminhadas para a delegacia.

Momento da apreensão no Rio Grande do Norte
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Segundo a PRF, os pássaros eram transportados em pequenas gaiolas dentro do porta malas de um Fox. O motorista e o passageiro do veículo disseram que haviam comprado os animais na cidade de Itaú e que iriam vendê-los em Natal.” – texto da matéria “PRF encontra aves silvestres vivas e mortas durante fiscalização no RN”, publicada em 7 de março de 2014 pelo portal G1

O tráfico de animais é intenso entre os municípios nordestinos, com destaque para os infratores que abastecem as feiras das capitais. É o caso da apreensão realizada no Rio Grande do Norte.

Vale destacar também a cruel forma de transporte dos animais. Aves chegaram a morrer pela falta de espaço, alimento, água e o estresse de serem mantidas amontoadas em pequenas gaiolas.

Normalmente, os infratores detidos não estão realizando o delito pela primeira vez. Pode ser que seja o primeiro flagrante, com a velha alegação de que nunca tinham praticado tal crime antes. Mas a legislação branda permite a reincidência.

Atualmente, a peça legal aplicada contra o tráfico de fauna é a Lei de Crimes Ambientais (n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), que estipula no artigo 29:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

 Pena – detenção, de seis  meses a um ano, e multa.

§1º – Incorre nas mesmas penas:

Inciso III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”


Também é aplicado o artigo 32 da mesma lei:

“Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.”


Da forma como a Lei de Crimes Ambientais trata esse crime, ninguém vai para a cadeia por traficar animais. Pelo fato de as penas serem inferiores a dois anos (“menor potencial ofensivo”), os acusados são submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo. É o famoso pagamento de cestas básicas ou trabalho comunitário.

Agrava a situação a Lei 12.403/2011, que estabeleceu o fim da prisão preventiva para crimes com penas inferiores a quatro anos de prisão, como a formação de quadrilha (enquadramento que muitos delegados, por exemplo, utilizavam para segurar traficantes de animais na cadeia por algum tempo).

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 10 de março de 2014

Dutra: rota manjada do tráfico de animais que ainda funciona

“A principal rodovia usada por traficantes para abastecer o Sul do Rio é a Via Dutra. O acesso foi mapeado pela Polícia Federal. “A rodovia Presidente Dutra é o principal eixo entre as duas maiores metrópoles do nosso país, e que, portanto, concentra uma parte considerável da nossa população. Então, em razão disso, a Dutra é o caminho natural desse tipo de crime e de outros tipos de crime também, como tráfico de armas, o contrabando, descaminho, o transporte de material contrabandeado, de animais silvestres indevidamente mantidos em cativeiro e comercializados”, explicou o delegado da Polícia Federal, Elias Escobar.” – texto da matéria “Dutra é principal rota dos traficantes para abastecer Sul do Rio, diz polícia”, publicada em 8 de março de 2014 pelo portal G1

Via Dutra: rota de muitos crimes
Foto: Divulgação/CCR Nova Dutra

A pergunta é: qual a novidade?

A abordagem da matéria está equivocada. A apuração jornalística deveria procurar saber exatamente o que a Polícia tem feito para acabar com o crime na Dutra, o que inclui o tráfico de animais. E com detalhes, não a explicação publicada na sequência:

“Para coibir o tráfico na região a Polícia Federal trabalha na linha da investigação para detectar os grupos, localizá-los e prendê-los. “A gente trabalha com a inteligência para identificar os destinatários dessa droga, é claro, porque se essa droga é enviada de outra cidade dentro do próprio estado, ela tem um destinatário dentro da nossa região. Então, é buscar identificar esse destinatário e identificar também o remetente da droga, ou seja, a origem da droga. Isso é que é importante pra atividade policial”, disse.” – texto do G1

Que a Dutra é uma rota intensamente utilizada por vários grupos criminosos, isso não é novidade. O que o leitor precisa saber é se o atual esquema repressivo e fiscalizatório está funcionando e, se não está, quais os motivos da ineficiência.

Muitos animais traficados chegam pela Dutra às regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. A rota é manjada e já foi publicada em vários documentos do poder público e de ONGs. O que falta é a fiscalização efetivamente funcionar para reduzir drasticamente o problema.

- Leia a matéria no portal G1

Começar a semana pensando...

...sobre o tráfico de animais no Peru: 400 espécies em risco.
Foto: Info Region
“(...) o confinamento de animais selvagens em ambientes domésticos afeta negativamente a família e a sociedade, já que eles podem transmitir doenças, afetar o turismo e fortalecer a rede internacional de tráfico ilícito.”

Fabiola Muñoz, diretora do Departamento para a Vida Selvagem e Florestas do Ministério da Agricultura do Peru, na matéria “Peru diz que cerca de 400 espécies estão em risco devido ao tráfico”, publicada em 9 de março de 2014 pelo site Opinião & Notícia

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