terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Apreensão indica falhas no combate ao tráfico de animais

“Dois homens foram presos em flagrante por transportar ilegalmente 140 aves silvestres na madrugada deste sábado (28), na Rodovia Anhanguera (SP-330), em Orlândia (SP).  Segundo a Polícia Ambiental, os suspeitos pagaram fiança e devem responder pelo crime em liberdade, mas também foram multados em R$ 140 mil cada um, pelo crime de maus-tratos.

(...) Ainda de acordo com a polícia, os suspeitos confessaram que transportavam as aves de Goiás para São Paulo (SP), onde seriam vendidas ilegalmente. Eles foram presos e levados para a delegacia de Orlândia, onde pagaram fiança. Cada um também foi multado em R$ 140 mil por maus-tratos.”
– texto da matéria “Dois são presos em Orlândia, SP, por transportar 140 aves ilegalmente”, publicada em 28 de dezembro de 2013 pelo portal G1

São 140 canários-da-terra que vinham de Goiás para São Paulo. A apreensão já em território paulista indica que há falhas (ou não há) fiscalização nas regiões de captura do animal.

Foto: Renata Diem

O combate ao tráfico de fauna é composto por várias frentes. Sem dúvida, duas se destacam: a necessidade de educação ambiental para reduzir a demanda (afinal, só existe quem vendo porque existe quem compra) e de fiscalização nas áreas de apanha e captura dos animais. Para atuar nessa última frente é necessário investir em mapeamento, o que pode ser feito investigando os infratores detidos, e na presença ostensiva de policiais.

Nessas localidades, se houver necessidade, há de se implantar programas de geração e complementação de renda para que o comércio ilegal de fauna não seja uma atrativo às famílias pobres. Vale destacar que a captura de animais não é, normalmente, a principal fonte de renda dos envolvidos.

Enquanto o poder público não atuar de forma completa (em várias frentes) no combate ao tráfico de fauna, o crime continuará a existir, a saúde da população continuará em risco por causa das zoonoses e a biodiversidade brasileira perderá cada vez mais sua riqueza.

Como combater o mercado negro de fauna com eficiência?
- Programas de geração de renda (substituição de renda – combate à pobreza);
- repressão eficiente e sem corrupção (guias, anilhas, etc);
- legislação adequada;
- educação ambiental;
- infraestrutura para o pós-apreensão (técnicos para atendimento nas apreensões, rede de Cetas e procedimentos rápidos e eficientes para reintroduções).

- Leia a matéria completa do portal G1

Lobo-guará atropelado sobrevive em Minas Gerais

“No início da semana a Guarnição de Policiais Militares lotados no 3º Pelotão PM de  Meio Ambiente e Trânsito foram acionados a comparecer na rodovia BR-460 no trecho entre São Lourenço e Carmo de Minas, próximo ao trevo de acesso à cidade de Dom Viçoso, para atender solicitação de atropelamento de animal da fauna brasileira, no local foi encontrado às margens da rodovia, aproximadamente 40 m mato adentro um lobo guará, que devido ao impacto com veículo estava com 03 patas quebradas e com fraturas expostas.” – texto da matéria “Lobo guará é encontrado atropelado em acostamento da BR-460 próximo a Carmo de Minas”, publicada em 29 de dezembro de 2013 pelo site mineiro Popular.net

O animal sofreu vrárias fraturas
Foto: Divulgação PM Ambiental MG

O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) foi classificado em 2009 pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), como uma espécie “quase ameaçada” e em 2003 como “vulnerável” pelo Ibama. Estimativa de 2005 indicou haver cerca de 20 mil lobos-guará no Brasil. E a perspectiva não é animadora. De acordo com o biólogo e pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio), Rogério Cunha de Paula, se não houver uma redução do desmatamento intensivo do Cerrado, em 30 anos a população de Chrysocyon brachyurus diminuirá entre 40% e 50%. “E se continuar, entre 60 e 70 anos é possível ocorrer a extinção”, afirma.

A perda e fragmentação de hábitat praticamente forçam os animais a procurarem novas áreas para se alimentar, reproduzir, enfim, viver de acordo com sua natureza. Os deslocamentos expõem os lobos-guarás a novas influências que, em áreas de ocupação humana, podem ser visíveis (estradas, ataques de cães e caça promovida por fazendeiros, por exemplo) e invisíveis, como a exposição a doenças de animais domésticos com os quais nunca tiveram contato ou quando se alimentam de frutos contaminados por agrotóxicos em áreas agrícolas. “Já temos registros de casos de lobos-guará com parvovirose e raiva na Serra da Canastra, em Minas Gerais, que são doenças transmitidas por cães domésticos”, explica Paula.

Os atropelamentos estão entre as principais causas de morte de lobos-guarás. Esses casos “engordam” a trágica estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas: 475 milhões de animais silvestres morrem atropelados, todos os anos, nas estradas e rodovias brasileiras.

Felizmente, o animal atropelado em Minas Gerais não foi mais um nesse universo. Infelizmente, dependendo das lesões e do quanto se investir na recuperação desse animal (o que o poder público não faz com facilidade), ele está condenado ao cativeiro, deixando de cumprir seu papel ecológico. Para a natureza é o mesmo que a morte.

- Leia a matéria completa do Popular.net

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

No Distrito Federal, o Muro da Liberdade

É um marco indicando o início de um território onde não se admite o cativeiro. Mais que isso, é um limite de uma área de reencontro com a liberdade. Um muro, parte pedras e parte gaiolas, indicando o início da Chapada Imperial, uma reserva particular de 4.800 hectares com vegetação diversificada do bioma Cerrado.

O Muro da Liberdade
Foto: Anderson Valle

Dentro os projetos desenvolvidos nessa reserva situada a 50 km do centro de Brasília, destaca-se o Bicho Livre. Nessa área protegida, o Ibama é responsável por solturas de animais silvestres apreendidos do tráfico e de cativeiro ilegal. Segundo o analista ambiental do órgão ambiental, o veterinário Anderson Valle, 2.500 pássaros já foram devolvidos à vida livre.

“O processo de reabilitação envolve ensinar os animais a voar, se alimentarem e socializarem. Óbvio que apenas aves de ocorrência no cerrado foram soltas”, explica Valle. O veterinário afirma que para preservar os animais soltos foi preciso criar uma área tampão, que ajudasse a isolá-los e a evitar a captura para o mercado negro.

“Assim capacitamos vários meninos e meninas com mais de 16 anos da região para serem guias de turismo. Em dois anos de projetos, passamos de seis mil para doze mil visitantes por ano. Temos toda a comunidade, em um raio de 10 quilômetros das cercas, em que as casas não mantêm animais em gaiola. Desenvolvemos palestras em escolas e conscientizarmos as pessoas de que bom é o bicho livre”, relata Valle. O projeto existe há dois anos.

- Saiba mais sobre o projeto Bicho Livre na Chapada Imperial

Começar a semana pensando...

...na entrega voluntária de animais traficados mantidos em cativeiro.
Foto: P5 BPMA/ES
“Em diálogo com minha família, que estava reunida para o Natal, conversamos sobre o Fred, o nosso papagaio, e chegamos ao consenso de que o melhor para ele era ser devolvido à natureza. Vamos sentir saudades, mas sabemos que isso é o melhor para ele”.

Técnico em eletrônica Alexandre Augusto Dias Ferreira (foto), de 43 anos, ao entregar em Cachoeiro de Itapemirim (ES) para a Polícia Militar Ambiental o papagaio comprado na Bahia e criado por oito anos

- Leia a matéria completa no site Via ES

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Reflexão para o fim de semana: bugios resgatados do tráfico (vídeo)



“Oito macacos da espécie Bugio-vermelho foram devolvidos à natureza após serem resgatados de traficantes.
Enfim, de volta ao lar!
Oito macacos da espécie bugio-vermelho, incluindo um filhote, foram reintegrados à vida selvagem.
Os animais foram resgatados de traficantes e precisaram de cuidados especiais para voltar à floresta.
O tratamento incluiu reeducação alimentar, com base em frutas, e reintegração com outros primatas.
De acordo com os voluntários que estiveram à frente do tratamento, nem todos animais têm sucesso ao voltar à selva, mas estes aqui, pelo visto, se deram muito bem.” – texto da matéria “Macacos resgatados de traficantes voltam à floresta”, publicada pelo site do jornal Diário da Manhã (Goiânia - GO), em 20 de dezembro de 2013, com base em informações da agência AFP
 Momento da soltura
Imagem: Reprodução AFP

Para as crianças: educando com música pelo fim do tráfico de animais (vídeo)


“Sabiá da Mangueira (CD Cantando por Liberdade)

Letra - Sandovaldo Moura, Música - Messias Messina, Intérprete - Messias Messina,Vídeo - Sandovaldo Moura.

Esse vídeo integra o material do projeto Liberdade & Saúde - animais silvestres livres: pessoas saudáveis. O projeto é executado pelo IBAMA-PI, sendo coordenado pelos médicos veterinários Fabiano Pessoa e Sandovaldo Moura.

O projeto busca promover a utilização da educação ambiental como ferramenta de combate ao tráfico de animais silvestres e prevenção de suas zoonoses através da integração entre o IBAMA-PI e o sistema educacional público e privado de ensino. Os educadores, durante os cursos, recebem o material elaborado pela equipe do IBAMA-PI (gibi Liberdade & Saúde, cd Cantando por Liberdade, joguinhos, cartazes, vídeos e cd contendo as palestras e as músicas animadas em powerpoint). Assim, o projeto parte do pressuposto que essa informação chegará aos alunos e, por meio desses, aos seus familiares e amigos, os quais, conscientes dos malefícios do tráfico, não comprarão animais silvestres ilegais. Consequentemente, não serão cúmplices nas crueldades praticadas durante a sua captura e transporte. Além disso, não se exporão às zoonoses silvestres, resultando em ganhos econômicos e ambientais.

Contatos: sandovaldo@yahoo.com.br; fabiano.pessoa@hotmail.com”
– texto do You Tube

Reprodução imagem do vídeo

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Quando aparece, é morto atropelado

O gestor do Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), Danilo Santos da Silva, informou a morte de uma fêmea de tamanduá-mirim na altura do km 34,5 da rodovia Rio-Santos (BR-101), próximo ao limite da unidade de conservação, em Ubatuba, litoral norte paulista. O fato ocorreu em 22 de dezembro de 2013.

Animal morto na margem da rodovia
Foto: Divulgação PESM/Picinguaba

“É uma pena! Tão difícil de ser avistado em seu habitat natural, de repente, o bicho aparece atropelado”, afirmou Danilo.

Danilo com o animal morto
Foto: Divulgação PESM/Picinguaba

Infelizmente, o ocorrido com a tamanduá-mirim não é um caso raro.

A bióloga Josciele Caroline Santos fez, para o projeto “101: a BR da Vida” da ONG Profauna - Proteção à Fauna e Monitoramento  Ambiental, de Ubatuba,”, um levantamento das mortes de animais silvestres por atropelamento no trecho entre os kms 8 e 44 da BR-101, que corta por quatro quilômetros o Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM). Entre janeiro e agosto de 2011 e janeiro e agosto de 2012, foram registrados 106 casos, sendo 89 com mamíferos (83,96%), 8 com répteis (7,54%), 8 com aves (7,54 %) e um com espécie não identificada (0,94 %) devido ao estado de decomposição da carcaça.

A maior parte das mortes (32) aconteceu no trecho da BR-101 dentro do PESM, o que evidencia a necessidade de a área ser prioritária na implantação de estruturas para redução dos atropelamentos. O coordenador geral do Profauna Tiago Leite afirma que, a partir desse trabalho, será preparado um documento para ser usado como ferramenta na conservação ambiental da região. “Vamos levá-lo para os órgãos do poder público e instituições responsáveis pelo assunto para iniciar um diálogo e discutir propostas para continuar o monitoramento e estabelecer mecanismos e estratégias para redução dos atropelamentos.”

De acordo com o coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, Alex Bager, cerca de 475 milhões de animais silvestres morrem por atropelamento todos os anos nas estradas e rodovias brasileiras. Excesso de velocidade, falta de infraestrutura (sinalização, passagens de fauna adequadas para cada situação, retirada de carcaças da via para não atrair carniceiros, etc) e ausência de projetos de conscientização dos motoristas são os motivos desse massacre.

E o caso envolvendo a tamanduá-mirim é ainda mais delicada pela proximidade com uma unidade de conservação de proteção integral, onde fauna e flora estão bem conservadas e devem ser protegidas (o que inclui cuidados especiais no entorno, a chamada zona de amortecimento).

ONU cria data para conscientizar contra o tráfico de fauna

“Em 20 de dezembro de 2013, da sexagésima oitava sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu proclamar 3 de marco, dia da aprovação da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES), como o Dia Mundial da Vida Selvagem, para celebrar e aumentar a conscientização sobre a fauna e da flora selvagens do mundo.


Na sua resolução , a Assembleia Geral reafirmou o valor intrínseco da vida selvagem e as suas diversas contribuições, inclusive ecológica, genética, social, econômica, científico, educacional, cultural, recreativo e estético, para o desenvolvimento sustentável e para o bem-estar humano, e reconheceu o importante papel da CITES no sentido de garantir que o comércio internacional não ameace a sobrevivência da espécie.” – texto da matéria “Assembleia Geral da ONU proclama 03 de março como o Dia Mundial da Vida Selvagem” publicada em 23 de dezembro de 2013 pelo site da CITES

Acompanhando o aumento da preocupação de países do chamado “primeiro mundo”, como Estados Unidos, França e Inglaterra, com o tráfico de fauna, percebe-se que o alvo deles não é somente com a vida selvagem. O envolvimento dessa atividade criminosa com o terrorismo e com guerras civis têm bastante relevância.

“A ONG WWF International divulgou em 12 de dezembro de 2012 o relatório Fighting Illicit Wildlife Trafficking, em que a empresa de consultoria grupo Dalberg entrevistou representantes de governos e de organizações internacionais. Muita coisa não é novidade, mas chamou a atenção o seguinte dado:

“Grande parte do comércio de produtos ilegais da vida selvagem é executado por redes criminosas sofisticadas com amplo alcance internacional. Os lucros do tráfico de animais silvestres são usados para comprar armas, financiamento de conflitos civis e de atividades terroristas, conclui o relatório.

O envolvimento do crime organizado e os grupos rebeldes em crimes selvagens está aumentando, de acordo com entrevistas com governos e organizações internacionais conduzidas pela empresa global de consultoria grupo Dalberg em nome da WWF.”  - texto do site da WWF” - texto do post “Novo alerta: tráfico de animais financia guerrilhas e terroristas”, publicado pelo Fauna News em 13 de dezembro de 2012

Vale destacar que o tráfico de marfim e de chifres de rinocerontes são muito rentáveis e praticados por esses grupos.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Começar a semana pensando...

Foto: José Antônio Teixeira
...sobre a falta de Cetas e o problema da fiscalização com animais apreendidos.

“Hoje, os animais morrem na mão da fiscalização. Às vezes, apreendo uma espécie e não tenho para aonde levá-la. O jeito é deixá-la em um quartel da Polícia, onde provavelmente morrerá”.


Chefe de Operações Especiais da Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo, capitão Marcelo Robis Francisco Nassaro (foto), durante audiência pública realizada em 17 de dezembro de 2013 na Câmara dos Deputados para discutir a Resolução 457/2013 do Conama

- Leia a matéria completa da Agência Câmara de Notícias

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

PM Ambiental paulista faz “arrastão” pela fauna no interior do estado

Enquanto o poder público não investe em educação ambiental para começar a minar o hábito do brasileiro de manter animais silvestres em cativeiro doméstico, órgãos de fiscalização como as polícias ambientais continuarão a lutar contra um adversário invencível. O tráfico de animais só vai diminuir significativamente quando houver diminuição na demanda, isto é, quando diminuírem os compradores.

Apesar de não haver projetos de conscientização (do governo) e de a legislação também não ter um caráter educativo (por ser branda demais), os órgão de fiscalização buscam fazer sua parte.

“Nos dias 16, 17, 18 e 19 de dezembro, a Polícia Militar do Estado de São Paulo por intermédio da Polícia Ambiental desencadeou a operação denominada “NATAL LIVRE”, nos municípios de São José do Rio Preto, José Bonifácio, Mirassol, Tanabi, Neves Paulista, Jaci, Novais, Nipoã, Nova Granada, Nova Aliança, Planalto, Guapiaçu, Palestina, Poloni, Ubarana e Catanduvas, Novo Horizonte, Borborema, Ariranha, Pindorama, Palmares Paulista, Novais, Cajobi, Paraíso, Ibirá, Itajobi e Sales.

Centenas de animais foram apreendidos em quatro dias
Foto: Divulgação Polícia Militar Ambiental SP

O foco das ações de policiamento ambiental foi a constatação de aves e animais silvestres mantidos em cativeiro, sem a autorização do órgão ambiental competente, o comércio irregular, possíveis maus tratos, além de outros delitos relacionados à fauna, e a repressão aos crimes de caça de animais da fauna silvestre, e também ao porte e posse ilegal de armas de fogo, visando à apreensão de armamentos em situação irregular e de material utilizado para a prática de tais crimes.

(...) Foram apreendidas 444 aves silvestres, mantidos em cativeiro irregularmente em 355 gaiolas e alçapões, dentre estas tucanos, Jandaia da testa vermelha, papagaios verdadeiros, periquitos da asa amarela e Maracanã, tempera-viola, sanhaços, sabiás, trincas ferro, tico tico rei, canários da terra, patativa chorona, iraúna grande, coleirinha baiano e outras diversas, e ainda aves ameaçadas de extinção como: curió, bicudo, caboclinho, azulão, coleira-do-brejo e patativa verdadeira.

Peles também foram apreendidas
Foto: Divulgação Polícia Militar Ambiental SP

Nos plantéis de pássaros silvestres fiscalizados, 49 anilhas encontravam-se irregulares.”
  – texto publicado em 19 de dezembro de 2013 na página do Facebook da Polícia Militar Ambiental de São Paulo

A fiscalização é uma peça na engrenagem que deveria existir para combater o mercado negro de fauna e o cativeiro doméstico ilegal. Legislação realmente punitiva e educativa, uma política de conscientização (não um projeto de curto prazo), políticas sociais em áreas pobres onde ocorre a apanha e captura de animais e infraestrutura para receber animais apreendidos e, quando possível, devolvê-los à vida livre são as outras peças.

- Leia o texto no Facebook

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Para variar, poder público não faz sua parte

“A Unidade de Medicina Veterinária, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza é, atualmente, um dos únicos centros de referência no atendimento a animais silvestres na região Sudoeste do Paraná, de acordo com o 3º Pelotão da Polícia Militar Ambiental, de Francisco Beltrão.

Filhotes de coruja-da-igreja atendidos na UFFS
Foto: Divulgação UFFS

(...) O sargento-comandante do 3º Pelotão da Polícia Militar Ambiental, Charles Luis Civa, explica que antes da existência do projeto, os atendimentos a animais silvestres eram feitos por médicos veterinários voluntários. "Hoje é crucial o projeto da UFFS, pois é o único centro de tratamento habilitado na nossa região. O pessoal da Unidade de Medicina Veterinária tem uma agilidade significativa, sempre estão dispostos a nos atender", destacou.” – texto da matéria “UFFS – Campus Realeza é referência no atendimento a animais silvestres na região”, publicada em 18 de dezembro de 2013 pelo site Jornal Novo Tempo

A unidade veterinária atende animais apreendidos pela Polícia Militar Ambiental, tais como atropelados, vitimas de maus tratos e recém salvos do tráfico necessitando de atenção médica.

“(...) Encontramos animais em diversas circunstâncias, mas podemos dizer que um terço deles são vítimas de atropelamentos”, afirma o sargento-comandante do 3º Pelotão da Polícia Militar Ambiental, Charles Luis Civa, na matéria do Jornal Novo Tempo. A maioria dos atendimentos envolve aves.

Chama a atenção a dependência que a Polícia Militar Ambiental tem desse serviço oferecido por uma instituição de fora da gestão pública ambiental. E é assim em todo o país.

O poder público não investe em atendimento com veterinários e biólogos para o momento imediatamente após a apreensão ou a qualquer ocorrência envolvendo silvestres. Esse trabalha acaba nas mãos, na maioria das vezes, de universidades e ONGs.

Fauna silvestre não é prioridade no Brasil.

- Leia a matéria completa do Jornal Novo Tempo

Trafegando em estradas que cortam unidades de conservação

Estradas e rodovias, quando cortam unidades de conservação de proteção integral (como parques, reservas biológicas e estações ecológicas), devem ter tratamento especial. Afinal, o risco de animais silvestres se arriscarem na faixa de asfalto é grande. Infelizmente, apesar das iniciativas para tentar reduzir os atropelamentos de fauna na BR-471 corta 17 quilômetros da Estação Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul, os resultados ainda são preocupantes.

“O alto índice de mortes de animais na estrada que cruza a Reserva Ecológica do Taim, na Região Sul do Rio Grande do Sul, preocupa os administradores do local. Em 2013, foram 320 casos. No ano passado, o número chegou a 450.

Capivara se arrisca em travessia na BR-471
Imagem: RBS TV

A BR-471 corta 17 quilômetros do Taim. Para evitar danos à fauna, em 2011 o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) começou a colocar telas em uma extensão de dez quilômetros, a fim de não fragmentar as comunidades de animais. A proteção ainda não foi concluída, mas o número de atropelamentos está fazendo com que o Instituto Chico Mendes mude de ideia e queira aumentar a área de proteção.” – texto da matéria “Mortes de animais no RS preocupam administradores da Reserva do Taim”, publicada em 14 de dezembro de 2013 pela página Nossa Terra do portal G1

Os 10 quilômetros de cerca não estão resolvendo, tanto que o gestor da estação ecológica, Henrique Ilha, já pensa em cercar toda a extensão da BR-471 que corta a unidade de conservação, além de aumentar as passagens de fauna (túneis para travessia de animais).

A matéria do G1 não abordou a questão do limite de velocidade nesses 17 quilômetros e atividades de conscientização dos motoristas que utilizam o trecho da estrada. Em áreas com alta probabilidade de animais tentarem cruzar a estrada, como as unidades de conservação, é, no mínimo, prudente fazer com que motoristas dirijam mais devagar.

Esses mesmos motoristas têm de estar cientes que, naquele trecho de rodovia, há boas chances de animais aparecerem. Campanhas educativas, com sinalização, distribuição de folhetos e campanhas em rádio, por exemplo, são boas alternativas.

Com motoristas trafegando em velocidade menor e mais atentos para a questão, com certeza os índices de atropelamentos diminuem.

De acordo com o Centro Brasileiros de Estudos em Ecologia de Estradas, 475 milhões de animais silvestres morrem por atropelamentos todos os anos nas estradas e rodovias brasileiras.

- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O Exército tem de dar explicações

“Um caminhão do Exército Brasileiro carregado com animais silvestres, e com sete militares, tombou na tarde desta terça-feira (17/12) na Rodovia Estadual AC-40, nas proximidades da cidade de Rio Branco, capital do Acre. As causas do acidente ainda são desconhecidas.

Caminhão do Exército estava transportando animais silvestres
Foto: Felipe Falcão

De acordo com as primeiras informações, divulgadas pela imprensa local, o caminhão estava sendo conduzido pelo soldado N. L., de 24 anos, e segundo testemunhas, estaria em alta velocidade.”
– texto da matéria “Caminhão do Exército carregado com animais silvestres tomba na AC-40, próximo a Rio Branco”, publicada em 17 de dezembro e 2013 pelo site Campo Grande Notícias

Dois militares ficaram feridos.

“Em meio aos destroços, dentro de caixas de madeiras quebradas, foram encontrados vários animais, entre eles 01 cobra da espécie Jibóia, 01 Tatu, 01 Jabuti e 01 filhote de Macaco Prego.

Não bastasse o acidente, o jabuti foi deixado dessa forma pelos militares até ser recolhido
Foto: Felipe Falcão

Jiboia que estava com os militares
Foto: Felipe Falcão

Procurado pela equipe de reportagem, o comando do Exército na cidade de Rio Branco (AC) preferiu não se manifestar sobre o acidente, e nem sobre os animais silvestres que os militares estavam transportando.” – texto do Campo Grande Notícias

A postura do Exército em não dar informações sobre os animais leva a dois raciocínios: ou eles estão apurando os fatos para depois divulgar ou os bichos estavam ilegais com os militares.

Se o Exército não tinha autorização para manter esses animais em seu poder (ou para transportá-los), o que os militares iriam fazer com eles? Era caça? Era tráfico? Era para mantê-los como bichos de estimação em algum quartel ou residência?

Exército, por favor, explicações.

- Leia a matéria completa do Campo Grande Notícias

Resolução 457: está chegando o dia e os debates esquentam

“Participantes de audiência pública na Câmara dos Deputados divergiram sobre a resolução (457/13) do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que permite que, em alguns casos, animais silvestres apreendidos durante fiscalização ambiental permaneçam com os infratores até que haja condições de serem removidos pelos órgãos do governo.

Dener Giovanini, da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), participou da audiência e condenou a Resolução 457
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

(...) A resolução, que entrará em vigor no próximo dia 26, foi debatida, nesta terça-feira (17), na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a pedido do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA). Ele é o relator de um projeto (PDC 991/13), do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), que anula a norma.”
– texto da matéria “Guarda temporária de animais silvestres por infratores gera polêmica em audiência”, publicada em 17 de dezembro de 2013 pelo site da Câmara dos Deputados (Agência Câmara de Notícias)

A Resolução 457 do Conama permite que, no caso de o agente de fiscalização do poder público não consiga  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), em zoológicos ou em entidades  credenciadas para receber os animais apreendidos, o infrator permaneça com o bicho que mantinha ilegalmente. Tal permissão se dará por meio da emissão do Termo de Depósito de Animal Silvestre e do Termo de Depósito Preliminar e só será possível para anfíbios, répteis, aves e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação (Lista Pet).

Foi aberto o precedente do "ilegal tornar-se legal".

A decisão do Conama, aprovada em votação de 22 de maio de 2013 e publicada no Diário Oficial da União em 26 de julho de 2013, atesta a incompetência do poder público em cuidar da fauna apreendida em cativeiros ilegais. Tal situação foi criada pela falta de investimentos do Ibama em Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), que devem receber os bichos para os primeiros cuidados e dar destinação adequada aos mesmos (reintrodução na natureza quando possível).

Atualmente, a maioria dos Cetas transformou-se em depósitos de animais, trabalhando em situação precária, com sem infraestrutura e com poucos recursos humanos. O resultado se reflete na falta de cuidados com os animais, que passam a ter a possibilidade do retorno à vida livre cada vez mais distante.

Essa falta de estrutura afeta diretamente o trabalho dos órgãos de fiscalização que, sem ter para onde levar os animais, ficam com um grande problema para gerenciar. Por isso, a entidade que encabeçou a aprovação da Resolução 457 foi o Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, que tem voto no Conama.

O Fauna News mantém-se contra a Resolução 457. As faltas de locais para destinar os animais mantidos ilegalmente em cativeiro doméstico e a de estrutura de trabalho dos órgãos de fiscalização na maioria dos municípios brasileiros transformará em regra a exceção prevista na Resolução (guarda provisória com o infrator).

- Leia a matéria completa da Câmara dos Deputados
- Conheça a Resolução 457

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A dedicação para salvar o lobo-guará atropelado

O texto abaixo foi publicado ontem, 16 de dezembro de 2013, na página do Facebook da Associação Protetora de Animais Silvestres (APASS), localizada em Assis (SP):

“Recebemos um Lobo Guará, veio de uma usina de cana de açúcar da cidade de Paraguaçu Paulista-SP, provavelmente deve ter sido atropelado. Foi encontrado dentro de uma tubulação de escoamento de chuva, por um operador de máquina. Estava com ferimentos graves, muito contaminado, havia passado ao menos uns 07 dias desde o acidente até ser encontrado. As infecções são gravíssimas, está se alimentando razoavelmente bem, sendo quatro pequenas refeições ao dia. O diagnóstico é incerto até o momento. Os veterinários estão atentos para qualquer anormalidade. Hoje pela manhã tentou levantar e caminhar. Estão sendo realizados exames sanguíneos na busca de doenças contagiosas. Está recebendo anti inflamatório e antibióticos duas vezes ao dia, além de 04 limpezas e curativos nos ferimentos também nas 24 horas. Está muito abaixo do peso e moderadamente desidratado. Fotos do momento da chegada na APASS. As manchas prateadas são do Bactrovet Prata (mata bicheira).”

Lobo-guará atropelado em Paraguaçu Paulista (SP)
Foto: Divulgação APASS

O Fauna News decidiu publicar o post para divulgar a dimensão do trabalho e dedicação dos profissionais que recebem animais silvestres vítimas de atropelamentos, tráfico e acidentes em ambiente urbano (eletrocussões, cortes em fios de pipas, ataques de cães, etc). E tudo isso sem apoio do poder público.

- Leia o post no Facebook

Destruindo a casa dos animais silvestres para fazer casas para humanos. Morte na estrada é a consequência

“Macacos e outros animais que se abrigavam na mata devastada recentemente às margens do km 67 da Rod. Bunjiro Nakao estão totalmente desnorteados e, com isso, colocando em risco, inclusive, a vida de motoristas que trafegam pela via. Nesta semana, um motociclista que passava pelo local acabou atropelando um bugio, que morreu na hora. Já o rapaz ficou gravemente ferido e permanece internado em um hospital da região. Desde que o desmatamento ocorreu, dezenas de animais, entre eles, pássaros, esquilos, raposas, veados e outros estão morrendo devido à destruição de seu habitat natural. Isso sem contar as espécies que acabaram sendo atropeladas sem piedade pelos diversos tratores que desmataram mais de 140.000 m² de Mata Nativa existente no local.” – texto da matéria “Atrocidade: animais estão morrendo em função do desmatamento na Bunjiro”, publicado em 13 de dezembro de 2013 pelo site do Jornal do Povo (Ibiúna – SP)

Bugio morto por atropelamento ao lado de área desmatada
Foto: Jornal do Povo

Além de estarem desnorteados pela transformação do ambiente onde viviam, os animais podem estar querendo sair na busca, por exemplo, de novas áreas com alimento disponível. E esse deslocamento pode colocá-los em risco, principalmente quando há estradas ou rodovias no caminho.

De acordo como Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, 475 milhões de animais silvestres morrem, todos os anos, nas estradas e rodovias brasileiras.

Esse massacre torna-se mais perverso quando os desmatamentos, que podem expulsar os animais de seus hábitats os obrigando a se arriscarem em travessias de vias com tráfego de veículos, são realizados por causa de interesses nada claros e que merecem ser investigados. Veja:

“O atual secretário Municipal de Meio Ambiente, Fernando Sales, afirmou que o Processo Administrativo que tratava da autorização da prefeitura para corte de espécies exóticas (neste caso eucalipto) simplesmente sumiu. “Entretanto, entramos em contato com a Polícia Ambiental, que nos apresentou uma autorização emitida pela Secretaria Municipal da gestão anterior, com uma autorização assinada autorizando o corte de espécies exóticas. Porém, pelas imagens de satélite, podemos perceber que não existia no local nenhuma plantação de eucalipto, mas sim uma densa área de Mata Nativa. Além disso, em agosto, quando tivemos que deixar a prefeitura, não tinha nenhum pedido para realização de tal procedimento neste local, ou seja, é muito estranho eles terem conseguido esta autorização em menos de três meses. Isso sem contar que o processo simplesmente sumiu da prefeitura. Iremos abrir uma sindicância e pedirmos a abertura de uma Ação Civil Pública junto ao Ministério Público, que deverá providenciar uma perícia no local e tomar as demais providências civis e criminais sobre o caso. Enquanto isso, a área permanece embargada”, garantiu Fernando.” – texto do Jornal do Povo

Só para esclarecer: de acordo com a PM Ambiental, a área está no nome da Speedy Empreendimentos Imobiliários, com sede em São Paulo.

Será que destruíram a casa dos animais silvestres para fazer casas para humanos?

- Leia a matéria completa do Jornal do Povo

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

São Paulo: estado fornecendo animais para traficantes de Pernambuco

Quando se fala em tráfico de fauna, normalmente os estados do Norte, Nordeste e Centro-oeste são apontados como fornecedores de animais para um mercado consumidor concentrado, principalmente, nas regiões Sudeste e Sul. O caminho contrário dessas rotas mais comuns dificilmente são mostrados. Eis um exemplo:

“Dois homens, de 28 e 34 anos, foram presos com 20 pássaros silvestres na noite desta sexta-feira (13) na Rodovia Cândido Portinari (SP-334), em Batatais (SP). As aves estavam em uma caixa de transporte no porta-malas do carro ocupado pela dupla. Dentre as espécies apreendidas estavam canários da terra, coleirinhas e pássaros pretos.

Aves seriam vendidas em Pernambuco
Foto: Márcio Meirelles/ EPTV

Segundo a Polícia Rodoviária, as aves foram compradas em Dois Córregos (SP), na região de Piracicaba (SP), e seriam revendidas em uma cidade de Pernambuco. O veículo com placas de Botucatu (SP) foi parado pela Polícia Rodoviária próximo ao quilômetro 47 da rodovia.”
  – texto da matéria “Dupla é presa com 20 pássaros silvestres em rodovia de Batatais”, publicada em 14 de dezembro de 2013 pelo portal G1

Deve-se lembrar que a maioria dos municípios nordestinos tem feiras onde silvestres são vendidos e, nas grande cidades da região, é possível encontrar animais de várias regiões brasileiras. Estima-se que entre 60% e 70% do comércio ilegal de animais no Brasil são para abastecer o mercado interno, isto é, são os próprios brasileiros que incentivam esse mercado criminoso.

É o papagaio no poleiro, o passarinho na gaiola e o macaquinho acorrentado.

- Leia a matéria completa do portal G1

Começar a semana pensando...

Foto: Expedição Citroen
...sobre fragmentação de florestas e atropelamentos de animais.

"É por este motivo (fragmentação das florestas) que animais acabam tendo contato com os seres humanos. Não temos um corredor ecológico e, portanto, eles atravessam a pista".


Biólogo Matheus Croco (foto) na matéria “35 animais já foram capturados em rodovias”, publicada em 15 de dezembro de 2013 pelo site do Jornal de Limeira (SP) sobre a morte de animais silvestres por atropelamentos em estradas no interior paulista

- Leia a matéria completa do Jornal de Limeira

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Reflexão para o fim de semana: onça-pintada poderia ser explorada até depois de morta

Onça atropelada no Amazonas
Foto: Divulgação PRF

“Policiais Rodoviários Federais encontraram, na tarde da última terça-feira (10), uma onça-pintada atropelada no quilômetro 62 da BR 174 (Manaus - Boa Vista-RR). O animal foi encaminhado para o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).

Segundo o policial rodoviário Eduardo Crivano, que atendeu a ocorrência, motoristas foram até o posto da PRF e falaram sobre a onça que estava morta no acostamento da pista.

“Nós fomos até o local e não conseguimos identificar o carro que atropelou o animal. Provavelmente, o veículo vinha no sentido Presidente Figueiredo - Manaus”, afirmou ele. “Era um animal muito grande e levamos para o Ibama, porque, se deixássemos na rodovia, poderia, por exemplo, ter a pele e dentes retirados e vendidos no mercado negro”.

A onça era macho em fase adulta e pesava aproximadamente 60 quilos.”
– texto da matéria “Onça-pintada é atropelada no km 62 da BR-174”, publicada em 11 de dezembro de 2013 pelo site D24am

Vale destacar: retiraram o cadáver do animal para seus dentes e sua pele não ser comercializada.

Triste.

- Leia a matéria no site D24am

Profissional do tráfico reincidente. E com apenas 22 anos

“Um jovem de 22 anos foi preso, por volta das 16h30 desta quarta-feira (11), no Centro de São Sebastião do Oeste, suspeito de tráfico de animais silvestres, que é o comércio ilegal de espécies protegidas. Segundo as primeiras informações ele preparou um carregamento com quase 100 pássaros da fauna silvestre brasileira que seria levado de van para Alagoas. Uma equipe de cinco policiais da Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA) participou da ação e faz a contagem e reconhecimento das espécies. Segundo os militares a maioria é canário chapinha.

Aves da Minas Gerais iriam até Alagoas
Foto: Douglas Santiago

Em alguns dos viveiros foram encontradas quase quarenta aves e segundo informações repassadas em denúncia para a polícia, esta não é a primeira vez que o jovem comete esse tipo de crime. (...)”
– texto da matéria “Jovem é preso em São Sebastião do Oeste suspeito de tráfico de animais”, publicada em 11 de dezembro de 2013 pelo portal G1

Com apenas 22 anos, o traficante já foi preso em outra ocasião por esse mesmo crime. Como a lei não permite que esse tipo de infrator permaneça preso até o julgamento, e como o comércio ilegal de fauna não acaba em cadeia no Brasil, o rapaz continua atuando no mercado negro.

E assim continuará.

O fato de a venda partir de Minas Gerais para Alagoas chama a atenção. O padrão é que animais saiam de estados do Nordeste, Norte e Centro-oeste para as regiões Sudeste e Sul. Deve-se lembrar que a maioria dos municípios nordestinos tem feiras onde silvestres são vendidos e, nas grande cidades da região, é possível encontrar animais de várias regiões brasileiras.

Estimativa de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais (Renctas) indica que cerca de 38 milhões de animais são retirados da natureza brasileira para abastecer esse mercado negro.

- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Traficantes dentro do Ibama: o vídeo

Em 12 de dezembro de 2013, o Fauna News publicou “Traficantes dentro do Ibama”, em que comentou a Operação Eleutheros da Polícia Federal. A ação foi realizada para desbaratar uma quadrilha que estaria desviando animais silvestres do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Maceió (AL), com a participação de prestadores de serviço (tratadores e vigilantes) e de um ex-estagiário. Os bichos estariam sendo comercializados no mercado negro.

“Segundo as investigações, os animais eram deixados durante o dia por outros funcionários e retirados pelo vigilante. O delegado Renato Madesen Arruda, da Divisão de Crimes Contra o Meio Ambiente da PF, a ação acontecia muitas vezes em feriados e durante à noite, quando o movimento no órgão é menor. Ele disse que, além de vídeos com flagrantes, a polícia possui documentos que apontam o crime.

Vigilante flagrado retirando animais do Cetas de Maceió (AL)
Imagem: Reprodução de vídeo

O delegado disse que os animais desviados eram os que tinha um alto valor no mercado como os pássaros que cantam. “Os animais eram vendidos em feiras livres ou individualmente. Ainda estamos fazendo o levantamento da quantidade que foi desviada. As pessoas que estão sendo ouvidas na PF já passaram algumas informações que vão ajudar nas investigações”, disse.

(...) Cinco pessoas foram detidas, na manhã desta quarta-feira (11), em Maceió para serem ouvidas na sede da PF. Os policiais cumpriram mandados de condução coercitiva e seis de busca e apreensão. Segundo o delegado, em uma das casas foram apreendidos dois animais. Durante a operação, agentes da PF também apreenderam documentos no Ibama.”
– texto da matéria “PF divulga vídeo que mostra vigilante retirando gaiola do Ibama em Alagoas”, publicado em 11 de dezembro de 2013 pelo portal G1

Um vídeo, gravado durante as investigações, mostra um vigilante retirando alguns animais.  Clique aqui para assistir.

- Releia o post “Traficantes dentro do Ibama”, publicado em 11 de dezembro de 2013 pelo Fauna News
- Leia a matéria completa do portal G1

Tomara que as solturas sejam responsáveis e técnicas

“A Polícia Ambiental apreendeu nesta terça-feira (10) 25 aves silvestres em João Pessoa. Os pássaros estavam em duas residências no bairro da Torre e foram localizados após uma denúncia anônima. Segundo a polícia, os proprietários das casas foram multados em R$ 11,5 mil, R$ 7 mil para um e R$ 4,5 mil para o outro.

As aves apreendidas em João Pessoa foram soltas
Foto: Walter Paparazzo/G1

(...) As aves apreendidas durante a ação foram soltas em habitat natural ainda na manhã desta terça. De  acordo com a polícia, a soltura aconteceu em uma área de mata nas proximidades da cidade de Mamanguape, Litoral Norte da Paraíba.” – texto da matéria “Polícia apreende aves em João Pessoa e aplica R$ 11,5 mil em multas”, publicada em 10 de dezembro de 2013 pelo portal G1

As solturas, quando realizadas imediatamente após as apreensões, não podem ser realizadas apenas porque os animais estão sadios. Uma série de considerações tem de ser feita para essa decisão.

Os animais devem ser capazes de se defender de predadores e se alimentar, de apresentar todo seu comportamento natural. Eles também têm de ser soltos em seus hábitats de origem e, quando não for possível identificar exatamente a região de onde veio o bicho, a área deve ser similar e com capacidade de fornecer alimentos e tudo que ele precisa. Deve-se também tomar cuidado para não criar uma superpopulação da espécie para que outras não sejam prejudicadas.

Enfim, o assunto é complicado e muito negligenciado no Brasil.

Espera-se que solturas como a realizada pela Polícia Ambiental paraibana tenha levado em conta todos os aspectos necessários para que os animais sobrevivam em um ambiente saudável.

- Leia a matéria completa do portal G1

Traficantes dentro do Ibama

“A Polícia Federal deflagrou na manhã de hoje (11/12) a Operação Eleutheros, de combate ao tráfico de animais silvestres. Policiais federais cumprem cinco mandados de condução coercitiva e seis de busca e apreensão em Maceió.

Operação da PF investiga tráfico de fauna no Cetas de Alagoas
Foto: Divulgação PF

As investigações iniciaram a partir de informação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que deu apoio à operação.

A PF apurou que uma quadrilha estaria desviando animais silvestres do Centro de Triagem (CETAS), com a participação de prestadores de serviço (tratadores e vigilantes) e de um ex-estagiário, para serem comercializados no mercado irregular.

Informações indicaram que o grupo agia de duas maneiras: apropriando-se e retirando os animais do CETAS sem conhecimento e autorização do órgão e simulando solturas. A PF identificou uma situação em que foi lançada no sistema de controle do CETAS a liberação de 11 animais à natureza, entre jiboias, iguanas, graúnas e xexéus, mas somente dois foram de fato libertados. Os demais teriam sido desviados. As graúnas e xexéus são espécies com considerável interesse comercial pelo canto.”
– texto da matéria de divulgação “Operação Eleutheros combate desvio de animais silvestres em AL”, publicada pelo site da Polícia Federal em 11 de dezembro de 2013

Não surpreende o fato de o mercado negro de animais seduzir profissionais que deveriam trabalhar em prol da fauna silvestre. Infelizmente, a corrupção e a falta de ética acontecem em todas as instituições (públicas ou privadas).

Assim como as unidades de conservação, os Cetas são verdadeiros bancos de animais. Nos centros há uma infinidade de bichos que já foram apreendidas de traficantes ou de cativeiro doméstico ilegal, tendo, portanto, valor no mercado negro. E o melhor, essa “mercadoria” está toda concentrada no mesmo local e sendo cuidada com dinheiro da população.

No universo do tráfico, sabe-se que policiais são “comprados” para não realizar apreensões em blitze, que há desvios de anilhas e documentação para “esquentar” bichos vindos da natureza, e uma série de outros problemas.

Uma curiosidade: Eleutheros significa "liberdade" em grego.

- Leia o texto completo da Polícia Federal

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Quando a fauna não é prioridade, animais não voltam à vida livre

“De acordo com Diogo Lagroteria, o Ibama recebeu em torno de 600 animais que foram resgatados, apreendidos ou entregues espontaneamente. Mas 30% acabam ficando em cativeiro, isto é, levados para locais aptos a recebê-los como zoológicos, mantenedores de fauna ou mesmo criadores científicos.

Um dos principais motivos para que esses animais não sejam soltos é a dificuldade de reabilitá-los e que está relacionada com o ambiente de onde o animal saiu e até mesmo com a falta de uma estrutura física ampliada para realizar esse trabalho. Além disso, a equipe de especialistas ainda é pequena.

Diogo é o único veterinário do Ibama no Amazonas. “A gente percebe que as prioridades no Amazonas são outras, que é a fiscalização e o desmatamento, por exemplo. Mas não podemos fechar os olhos para outros problemas”, disse. Na opinião do especialista é necessário mais investimentos. Os recursos, neste caso, dependem do Ministério do Meio Ambiente.”
– texto da matéria “Animais selvagens resgatados pelo Ibama sofrem para se readaptar”, publicada em 10 de dezembro de 2013 pelo site do jornal A Crítica

A informação de que parte dos animais não retorna à natureza por falta de infraestrutura do poder público indica o quanto a fauna silvestre não é importante na política ambiental brasileira. E isso não é uma característica exclusiva da União, por meio do Ibama. Estados e municípios raramente investem em centros (Cetas ou Cras) para receber, triar, recuperar e encaminhar para projetos de revigoramento populacional ou reintrodução em áreas de soltura (que também não são suficientes: os projetos e as áreas).

Desde o início da vigência da Lei Complementar 140, de 2011, a gestão da fauna silvestre foi passada para os Estados. E, aos poucos, o Ibama está transferindo essa responsabilidade para os governadores. Dessa forma, a emissão das autorizações para a criação e a fiscalização de centros de recebimento e cuidados de animais e áreas de soltura passam a ser responsabilidade dos Estados, que também deverão investir nessa infraestrutura.

Será que o farão?

A gestão da fauna silvestres brasileira está largada... O que funciona é consequência do esforço de funcionários.

- Leia a matéria completa de A Crítica

Os integrantes do tráfico de animais

“A Polícia Ambiental encontrou mais de 80 pássaros silvestres presos em cativeiro em uma residência no bairro Vila Margarida, em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná, nesta sexta-feira (6).

O mesmo sujeito que capturava vendia as aves
Foto: Reprodução RPC TV

De acordo com a polícia, o proprietário confessou que ele mesmo capturava as espécies na região e depois traficava os animais. Na residência foram encontrados canários e até papagaios. Os policiais chegaram até o local depois de receber uma denúncia anônima.”
– texto da matéria “Polícia Ambiental apreende mais de 80 aves silvestres no Paraná”, publicada em 6 de dezembro de 2013 pelo portal G1

Quem captura é quem vende. Bastante comum no tráfico de animais, principalmente nas comunidades do interior. Nas grandes cidades, o vendedor recebe os animais de intermediários, que os transportaram até o centro urbano após receberem os bichos de quem os capturou.

Não importa se o sujeito capturou, armazenou, transportou ou somente vendeu o animal. Ele é traficante.

E esses traficantes são sustentados por quem compra, por pessoas que gostam de criar animais silvestres como bichos de estimação. É o passarinho na gaiola, o papagaio no poleiro ou o macaco na corrente. Com o “consumidor” fecha-se a corrente do crime que retira, anualmente, 38 milhões de bichos da natureza brasileira (estimativa de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, Renctas).

- Leia a matéria completa do portal G1

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Unidade veterinária móvel atendendo também os silvestres

Uma das principais causas de mortalidade de animais silvestres vítimas do tráfico é a falta de assistência veterinária nos momentos imediatamente após às apreensões. Dependendo da espécie, a taxa de morte é extremamente alta. E tudo porque os animais não são hidratados, alimentados e tirados de situação de estresse (o que inclui veículos apropriados para o transporte) com a rapidez necessária.

 
Animais apreendidos em situações horríveis têm
de ser atendidos com rapidez
Foto: Divulgação Ibama PE

Em muitos casos, a preocupação dos órgãos a preocupação dos policiais, guardas ou agentes do Ibama se concentra na burocracia. Preencher papelada e encaminhar a “ocorrência” e os infratores tomam quase todo o tempo. Os animais apreendidos acabam amontoados em um canto qualquer para uma contagem e identificação de espécies. Lamentável.

Uma proposta do deputado estadual do Espírito Santo Hércules Silveira (foto abaixo) joga uma luz sobre essa situação.

“O deputado Hércules Silveira (PMDB) vem defendendo a criação de um Programa de Unidade Móvel Itinerante para atendimento veterinário a animais vítimas de maus tratos. O Projeto de Lei 399/2013, em tramitação na Assembleia Legislativa, quer diminuir os crimes contra animais.

“O desconhecimento e desprezo desses direitos têm levado o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza. Nossa intenção é acabar com esse cenário, no qual os animais são vistos como objetos, artigos de posse e usufruto humano e resgatar a dignidade desses seres vivos”, defende o peemedebista.

 O programa também prevê o controle de zoonoses e a castração dos animais para controle de natalidade. Além de animais domésticos, o atendimento deve se estender para animais de tração, aves e até mesmo animais silvestres. Nesse último caso, a unidade móvel deverá prestar o atendimento emergencial, encaminhando os animais silvestres ao órgão responsável pelo acolhimento.”
– texto da matéria “Deputados querem criar unidade veterinária móvel do Estado”, publicada em 8 de dezembro de 2013 pelo site Século Diário

Tudo bem que o principal foco do parlamentar é atender animais domésticos. Mas os silvestres, ao menos, foram lembrados.

Alguém conhece algum serviço do poder público especializado em atendimento emergencial de animais silvestres vítimas do tráfico ou de cativeiro ilegal no local do encontro do bicho? Esse trabalho é feito, sempre, por ONGs, como SOS Fauna (SP), por exemplo.

Que a proposta seja aprovada e, se entrar em vigor, que o poder público apoie e fornece estrutura para funcionar bem.

- Leia a matéria completa do Século Diário

Viveiros da ilegalidade: cativeiro criminoso sofisticado

Tem gente que acredita dar boas condições no cativeiro para animais capturados na natureza. Mas será que, para os silvestres, há boas condições no cativeiro?

No caso dos animais que estão saudáveis e têm condições comportamentais de desfrutar da vida livre, o cativeiro jamais será um bom lugar. Animais como papagaios e primatas, que vivem em grupos e precisam de grandes áreas para se deslocar, viver em uma jaula, viveiro ou gaiola é uma violência.

E não há infraestrutura que resolva isso.

“A Polícia Ambiental apreendeu nesta sexta-feira (6) vários animais silvestres que estavam em cativeiro em duas casas nos municípios de Praia Grande e Bertioga, no litoral de São Paulo. Em ambos os casos, a fiscalização ocorreu após a corporação receber denúncias anônimas.

Papagaio-verdadeiro apreendido pela PM Ambiental paulista
Foto: Tenente Erich Hoffmann/Divulgação Polícia Militar Ambiental SP


Em Praia Grande, os animais foram localizados no bairro Boqueirão. Na residência, os policiais encontraram uma arara vermelha grande, duas araras canindé, três papagaios, dois pássaros pretos, dois sabiás laranjeiras e um trinca ferro.”
– texto da matéria “Polícia Ambiental apreende animais silvestres no litoral de SP”, publicada em 6 de dezembro de 2013 pelo portal G1

Essas aves estavam em viveiros, como revela a foto abaixo.

Viveiros que abrigavam as aves
Foto: Tenente Erich Hoffmann/Divulgação Polícia Militar Ambiental SP

A violência contra a liberdade desses seres e contra o equilíbrio ambiental tem várias faces. Algumas feias, com gaiolas imundas, fome e sede, mas outras com uma bela maquiagem.

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Começar a semana pensando...

...sobre a criação de grandes felinos como animais domésticos no Amazonas.

“Na maioria das vezes o morador já procura a Secretaria de Meio Ambiente para registrar o caso. Isso acontece porque a mãe foi abatida e o filhote começa a crescer e trazer problemas”.


Analista ambiental do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, Diogo Lagroteria (foto), na matéria “Em Manaus, avanço da urbanização ameaça felinos”, publicada em 8 de dezembro de 2013 pelo site do jornal A Crítica (AM)

Infelizmente a entrega do animal ocorre porque ele cresceu muito, não porque é o certo a ser feito.

- Leia a matéria completa de A Crítica

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Reflexão para o fim de semana: dedicação e conhecimento pela conservação da arara-azul

Filhotes de arara-azul: monitorados e protegidos
Foto: Carlos Ferreira/Terra

‘Ameaçada de extinção no final dos anos 1980, a arara azul virou símbolo do Pantanal depois que uma apaixonada por essas aves, a bióloga Neiva Guedes, resolveu dedicar-se à luta pela preservação da espécie ao criar o Projeto Arara Azul no Mato Grosso do Sul. De pouco mais de 1.500 exemplares naquela época, a população saltou para mais de 5.000, segundo estimativas atuais.

"Digo que foi paixão à primeira vista. Quando fiquei sabendo que ela estava ameaçada de extinção e que poderia desaparecer, eu disse que iria salvá-la", afirma Neiva. Segundo ela, essas aves quase desapareceram principalmente devido ao tráfico de animais, às queimadas e à caça, já que suas penas são muito usadas por indígenas na elaboração de cocares. Para mudar esse cenário, as dificuldades foram muitas. "Quando comecei esse trabalho não existiam técnicas para subir em árvores, para manusear as aves, eu não tinha uma equipe e também faltava dinheiro".’
– texto da matéria “Projeto de preservação tira a arara azul da lista de animais em extinção”, publicada em 1º de dezembro de 2013 pelo portal Terra

- Leia a matéria completa do portal Terra

Passarinho na gaiola é para os fracos. Ele quis uma onça de estimação

“Policiais Militares Ambientais de Três Lagoas (MS) realizaram fiscalização em Brasilândia e autuaram ontem (29) um operador de máquinas, de 62 anos, que criava um filhote de onça-parda e 14 aves silvestres ilegalmente.

Oncinha estava sendo criada como animal de estimação
Foto: Divulgação PMA/MS

A PMA apreendeu a animal, que está na lista de espécies em extinção, além de sete canários-da-terra, dois pássaros-preto, dois papas-capim, dois sabiás e um trinca-ferro. O homem alegou que criava o filhote de onça, por tê-lo encontrado às margens de uma estrada, perto da mãe, que teria sido atropelada.” – texto da matéria “Operário é multado em R$ 12 mil por criar onça”, publicada em 30 de novembro de 2013 pelo site do jornal Correio do Estado (MS)

A notícia conseguiu ficar repleta de desgraças. A começar pelo atropelamento e, provável morte, da onça-parda que deixou o filhote na estrada. Vale ressaltar que, de acordo com o Centro brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, estima-se que 475 milhões de animais silvestres morrem por atropelamento nas estradas e rodovias brasileiras todos os anos.

Para o filhote estava sendo escrita uma história de cativeiro sem as mínimas condições necessárias para o bom desenvolvimento do animal. Ou alguém acha que o operador de máquinas iria criar o animal com competência? Infelizmente, sem a presença da mãe, o pequeno felino permanecerá para sempre fora de seu ambiente natural. Ao menos espera-se que ele seja enviado para uma instituição competente e estruturada para criá-lo com dignidade.

Ainda há a situação dos pássaros, também encarcerados e que, em tese, deveriam receber uma boa avaliação para saber quais podem voltar à natureza.

Por fim, o infrator não terá a punição que deveria receber. Independentemente de o sujeito ter ou não conhecimento que manter animais silvestres em cativeiro doméstico sem autorização é crime, a lei deveria ter um caráter educativo, característica essa que não possui por ser branda demais.

Não será de estranhar se, daqui a algum tempo, os policiais voltarem à casa do operador de máquinas e encontrar novos animais em gaiolas.

- Leia a matéria completa do Correio do Estado

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Onça atropelada: deu sorte e não morreu

Por pouco uma onça parda não passou a ser parte de uma das mais tristes estatísticas que envolvem a fauna brasileira: 475 milhões de animais silvestres morrem por atropelamento todos os anos nas estradas e rodovias nacionais (estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas).

“Uma onça parda foi atropelada, nesta terça-feira (3), no quilômetro 336 da rodovia Marechal Rondon (SP-300), próximo ao chamado “trevo da Eny", em Bauru.

A onça sofreu ferimentos graves
Foto: Douglas Reis

Segundo o Policiamento Rodoviário, por volta das 7h, os militares foram informados de que o animal estava ferido no canteiro central da rodovia. Equipes do Zoológico Municipal de Bauru e do Corpo de Bombeiros foram acionadas para ajudar no resgate.\

(...) O animal foi conduzido para Botucatu com o auxilio da PM Rodoviária e encaminhado ao Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens (Cempas) da Unesp.

De acordo com o responsável pelo Cempas, professor Carlos Roberto Teixeira, a onça sofreu fratura no úmero da pata dianteira e apresentou um quadro de hemorragia devido ao impacto da colisão. "Nós estabilizamos a hemorragia e o quadro de saúde dela está estável. Nesta quarta-feira, às 14h, o animal passará por processo cirúrgico e o risco de morte é mínimo", afirmou.”
– texto da matéria “Bauru: onça parda é atropelada na Marechal Rondon”, publicada em 3 de dezembro de 2013 pelo site do Jornal da Cidade (Bauru – SP)

Ainda não há informações sobre sequelas. Se a sorte continuar do lado da onça, ele poderá voltar a desfrutar da vida livre. Mas existe a possibilidade de, se algum problema físico impedi-la de sobreviver na natureza, ela passar o resto da vida em cativeiro – o que para seu ecossistema é o mesmo que a morte.

O caso desse felino lembro o da onça-parda Anhanguera.

A história da onça-parda Anhanguera é uma das mais emblemáticas quando se aborda o conflito entre estradas e animais silvestres. Às 5h de 14 de setembro de 2009, o felino, um jovem macho com idade variando entre 10 meses e um ano, sai da mata e chega às margens da via Anhanguera, na altura do município paulista de Louveira. Decidido a chegar ao outro lado, ele arrisca, avança para o meio da pista e acaba atingido por um veículo.

A rodovia foi parcialmente fechada até a chegada de bombeiros e profissionais da Associação Mata Ciliar, ONG de Jundiaí (SP) que mantém uma parceria com a concessionária CCR AutoBan para atender animais resgatados na estrada e que possui o Centro Brasileiro para Conservação de Felinos Neotropicais. A onça foi então sedada, levada para a sede da ONG e ganhou o nome da rodovia.

Resgate de Anhanguera em 2009
Foto: Divulgação CCR AutoBan

Foram diagnosticadas fraturas em costelas e um dente canino quebrado. Apesar das lesões, foi constatado que Anhanguera tinha potencial para voltar à natureza. O processo de recuperação do felino durou um ano e seis meses, até sua soltura em 10 de março de 2011 em uma mata da Serra do Japi.

A história de Anhanguera foi tratada como um caso de sucesso.  O felino, com um rádio-colar, foi monitorado por meses, até a bateria do equipamento acabar. Por pouco mais de um ano, ele viveu novamente a plenitude de sua condição selvagem.

Repetindo o ocorrido em 2009, Anhanguera novamente voltou a estar na margem de uma estrada. Era 18 de abril de 2012. Dessa vez a faixa de asfalto tinha outro nome: rodovia dos Bandeirantes. Na altura do km 55, o felino aventurou-se para chegar à mata do outro lado e foi atropelado. A sorte não se repetiu: o impacto causou fraturas na coluna e nas costelas, além de ruptura do fígado e do diafragma. A morte foi instantânea.

“A onça Anhanguera foi um marco da nossa luta pela conservação. Houve uma comoção muito grande quando soubemos da sua morte porque todos acompanhavam sua história e torciam por um final feliz. No entanto, ele mostrou que o fato de estar livre não garante a sobrevivência, isto é, o ambiente natural está sendo cada vez mais modificado e com tal rapidez que os animais não conseguem se adaptar”, salienta a veterinária e Coordenadora de Fauna da Associação Mata Ciliar, Cristina Harumi Adania.

A Associação Mata Ciliar atualmente conta com um centro cirúrgico especializado em atendimentos a animais silvestres, uma ambulância para resgates e mantém uma equipe com cinco veterinários que atende 24 horas. A ONG recebe, em média, 150 animais por mês (número que inclui os atropelados).

- Leia a matéria completa do Jornal da Cidade

Educação começa em casa. Inclusive a ambiental

“Dois irmãos menores de idade foram flagrados pela polícia caçando animais silvestres na Avenida Comendador José da Silva Marta, em Bauru (SP), nesta terça-feira (3).

De acordo com informações da Polícia Ambiental, os irmãos de 11 e 17 anos, moradores da Vila Serrão, foram encontrados com m pássaro apreendido dentro de um alçapão. A dupla tentou fugir, mas foi contida.

Aves apreendidas na casa dos adolescentes
Foto: Divulgação PM Ambiental SP

Na casa dos suspeitos, a polícia encontrou 12 aves silvestres em situação de maus-tratos e sem autorização para manutenção em cativeiro. A Polícia Ambiental aplicou ainda três autos de infração ambiental em nome da mãe dos irmãos que totalizaram R$ 13,5 mil em multas por caça e maus-tratos.”
– texto da matéria “Menores são flagrados com aves e mãe é multada em R$ 13 mil”, publicada em 4 de dezembro de 2013 pelo portal G1

Respeito pelo próximo, consciência de sua cidadania e apreço pela natureza. Tudo isso tem de partir da educação dada pela família. Esperar que a escola ou qualquer outra entidade o faça é um erro.

E quando isso não é realidade, fatos como o registrado em Bauru acontecem. Os dois jovens são vítimas do exemplo que têm em casa. Felizmente, nessa idade á mais fácil corrigir. Mas que o fará?

Será que a mãe ou outro responsável dessa família terá condição de deixar o hábito de manter animais silvestres em cativeiro ilegal e sem os cuidados necessários para que os dois adolescentes não perpetuem tal comportamento?

Em situações como essa, a pressão tem de ser externa. Aqui tem de haver uma inversão do “jogo”, com o ensinamento vindo de fora do lar. A escola ganha então papel fundamental. O poder público, com campanhas, também tem sua responsabilidade.

Mas será que isso vai acontecer?

- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Feira de Santana: central de tráfico na Bahia

“A Bahia é o estado brasileiro que mais abriga integrantes de quadrilhas especializadas no tráfico de animais silvestres, com algumas regiões e cidades tão bem articuladas com essa atividade criminosa que possuem locais com estrutura especialmente adaptada ao desenvolvimento da atividade”, relata a presidente da ONG ECO – Organização para Conservação do Meio Ambiente, Kilma Manso.

Ex-servidora do Ibama, em que trabalhou por dois anos no estado, e ex-policial federal com outros dois anos de atuação na Delegacia de Repressão aos Crimes Ambientais e contra o Patrimônio Histórico na Superintendência baiana da PF, Kilma afirma que essa forte presença do tráfico de fauna faz com que também existam todos os tipos de feiras de venda de animais, desde as mais recatadas até aquelas em que há centenas de animais silvestres expostos, bem como, seus produtos e subprodutos.

Feira de Santana (que ainda conta com a vantagem de ser cortada por duas grandes rodovias federais, a BR-101 e a BR-116) e Vitória da Conquista são grandes centros do tráfico de animais silvestres no Brasil. Pelas duas cidades, onde há depósitos que recebem animais de diversas regiões, passam rotas que abastecem a venda principalmente na região Sudeste. Ao mesmo tempo, nelas também há feiras para o comércio local.

“Mil pássaros da espécie canário da terra e 20 da espécie coleira foram apreendidos na BR-101, neste sábado (30), em uma fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na cidade de Itamaraju, no sul da Bahia. Os animais são da flora brasileira e têm a comercialização e criação proibidas.

Aves apreendidas iam para Feira de Santana (BA)
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Segundo informações da PRF, os animais estavam no porta-malas de um carro, em pequenos caixotes. Duas pessoas estão custodiadas na PRF e podem responder por crime ambiental e maus-tratos. Elas estão à disposição do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

Ainda de acordo com a PRF, o carro seguia do Espírito Santo para Feira de Santana, na Bahia. O Ibama foi acionado para recolher os animais.”
– texto da matéria “PRF apreende mil pássaros durante fiscalização na BR-101, na Bahia”, publicada em 30 de novembro de 2013 pelo portal G1

Já passou da hora de os órgãos de repressão e fiscalização se articularem para, de uma vez por todas, desarticular as quadrilhas e inibir a venda no varejo para as comunidades.

- Leia a matéria no portal G1