quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Peixes: se são mal tratados como recurso econômico, imagine como fauna a ser conservada

“O mar de São Paulo não está para peixe. Literalmente. E não é só em Camburi. Nem só para o Simão. Nem é só há dois meses que o problema começou. Segundo pescadores artesanais da região ouvidos pelo Estado, a quantidade de peixe no litoral paulista vem caindo há pelo menos uma década.” – trecho da matéria “Cadê o peixe que estava aqui?”, publicada em 26 de fevereiro de 2012 pelo jornal O Estado de S. Paulo

Caiçaras em Ubatuba: pesca industrial e poluição estãoa acabando com os peixes

A ausência de uma gestão competente da pesca e do manejo da fauna marinha é consequência da antiga, atrasada e ridícula visão que considera o mar uma fonte inesgotável de vida e que aceita toda e qualquer agressão. O resultado começa a ser sentido. Lógico que as comunidades tradicionais que vivem da pesca são as que primeiro sofrem.

“Estatísticas oficiais confirmam a história dos pescadores. Segundo o Instituto de Pesca de São Paulo, o volume de pescado desembarcado no Estado em 2011 foi o menor dos últimos 45 anos: cerca de 20,5 mil toneladas, 20% menos que há 10 anos e 60% menos que há 20 anos.

O cerco flutuante na praia de Camburi, de onde Conceição diz já ter tirado 8 toneladas de peixe, hoje não rende "nem uma caixa" de pescado por dia, segundo ele.”
– texto de O Estado de S. Paulo

Mas essas comunidades não sentirão o problema sozinhas. É questão de tempo até chegar no restante da sociedade.

“A culpa, segundo os caiçaras, é dos "barcos grandes" que pescam em mar aberto, longe da costa, onde os barcos menores da pesca artesanal não conseguem chegar. (...)

As estatísticas estaduais deixam claro que a queda de produção afeta tanto os barcos grandes quanto os pequenos. Cerca de 30% da produção de pesca marinha do Estado vêm da pesca artesanal e 70%, da industrial.

Estatísticas oficiais confirmam o que dizem os caiçaras: 2011 foi o pior ano da pesca no Estado de São Paulo”
– texto de O Estado de S.Paulo

E sabe de uma coisa: acho que vai piorar. Afinal, para piorar a situação, ainda poluímos o mar com petróleo, esgoto, plástico e um tanto mais de coisas.

“O naufrágio da produção pesqueira no Estado de São Paulo não tem causa única nem óbvia. Segundo os especialistas, pode ser atribuído a uma combinação de fatores ambientais e humanos, atuais e históricos, incluindo o excesso de pesca, a poluição e a degradação dos ecossistemas marinhos e costeiros, dos quais os peixes dependem para sobreviver e se reproduzir.” – texto da matéria “Estoques estão no limite”, publicada em 26 de fevereiro de 2012 pelo O Estado de S. Paulo

- Leia “Cadê o peixe que estava aqui?”, publicada em 26 de fevereiro de 2012 pelo jornal O Estado de S. Paulo
- Leia “Estoques estão no limite”, publicada em 26 de fevereiro de 2012 pelo jornal O Estado de S. Paulo

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Respeito pela fauna silvestre: a avançada Europa ainda carece

Em 8 de novembro de 2011, escrevi “Portugal: porta de entrada para o tráfico de fauna brasileira na Europa”. Esse post foi baseado em número parciais que indicavam o problema. Da apreensão de ovos de tucanos, papagaios e araras brasileiros naquele país.

Vejamos como o ano terminou:

“Portugal registrou em 2011 a sua maior apreensão anual de aves ilegais de sempre, com a descoberta de 150 ovos que cruzaram o Oceano Atlântico de avião, colados ao corpo de “correios” contratados por traficantes.

Foto de brasileiro preso em 2011 com 30 ovos
Foto: Divulgação Ibama

Segundo fonte do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), os ovos foram apreendidos em seis momentos diferentes e eram de espécies da América do Sul. Um terço dos animais não sobreviveu à viagem.”
– texto (em português de Portugal) da matéria  “Apreensão de aves ilegais bateu recorde em Portugal em 2011”, publicada em 26 de fevereiro de 2012 pelo site português Sol

E tal procura por animais está acontecendo pelo fato de que a quantidade de animais vendidos legalmente não estar suprindo a demanda europeia. Com o aumento da procura, os tucanos, papagaios e araras têm valor no mercado negro que variam de 500 euros a 70 mil euros - preço de animais de espécies em extinção.

A média, nos anos anteriores, é ocorrerem cerca de 50 apreensões de ovos. As autoridades portuguesas estimam que apenas 10% do número de animais e ovos traficados são apreendidos.

O aumento na procura e as dificuldades de fiscalização (ovos, por exemplo, não são detectados em aparelhos de raios-x e por isso são transportados dentro de meias femininas junto ao corpo dos traficantes) indicam que campanhas de conscientização e atividades educativas são necessárias com urgência para reduzir a demanda.

Enquanto isso não for feito, o combate ao tráfico de animais continuará “enxugando gelo”.

- Leia a matéria completa do site Sol
Releia:
- "Reflexão para o fim de semana: brasileiro é preso com 30 ovos de papagaios em Portugal. Vamos lembrar da ararinha-azul, publicado pelo Fauna News em 27 de maio de 2011
- “Portugal: porta de entrada para o tráfico de fauna brasileira na Europa”, publicado pelo Fauna News em 8 de novembro de 2011

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Começar a semana pensando...

Foto: Western Outdoor News
...em quem deveria proteger a natureza, mas opta por agredi-la.

“Dan Richards havia sido nomeado para a Comissão de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia pelo ex governador Arnold Schwarzenegger, em fevereiro de 2008. Há algumas semanas, devido a um processo de rotação de cargos exigido pela lei, Richard tornou-se presidente da Comissão. (...)

Mais grave ainda é o fato de Richard se mostrar contrário ao Ato de Proteção à Vida Marinha, que regulamenta a conservação de áreas de vida marinha e biodiversidade, alegando que o Ato representa um imenso fardo à economia e ao Estado. (...)

Mas Richard realmente ultrapassou os limites, como relata o jornal The California Majority Report, após ter atirado em um leão da montanha em Idaho. É ilegal fazer isso na California. Uma foto dele com o animal morto apareceu no jornal Western Outdoor News. Questionado sobre o caso do leão da montanha, Richard não hesitou e disse para o Jornal: ‘Estou contente que isso seja legal em Idaho’.”
– texto da matéria “Presidente de Comissão de Vida Selvagem da Califórnia contraria lei, caça e mata leão da montanha”, publicada em 23 de fevereiro de 2012 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA)

Preciso comentar?

- Leia a matéria completa da ANDA

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Reflexão para o fim de semana: borboleta é surpresa na devastada Mata Atlântica

Prenda clarissa - Foto: André Freitas
O anúncio da identificação de uma nova espécie de borboleta na Mata Atlântica me fez refletir sobre o quanto não conhecemos da natureza. Afinal, o bioma Mata Atlântica, além de ocupado, explorado e destruído desde o início da colonização portuguesa, é também estudado há um bom tempo. Vou além: quanto já não perdemos sem sequer conhecer?

“Pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) descreveram uma nova espécie de borboleta, encontrada na região denominada Campos em Cima da Serra, na Mata Atlântica gaúcha.

Chamada de Prenda clarissa – o gênero é uma homenagem à mulher gaúcha (chamada de prenda) e o nome da espécie remete ao livro do escritor sulista Érico Veríssimo - o exemplar foi encontrado durante expedição feita à Floresta Nacional de São Francisco de Paula, em 2009.” – texto da matéria “Pesquisadores descobrem espécie de borboleta na Mata Atlântica do RS”, publicada em 14 de fevereiro de 2012 pelo portal G1

Em trechos de mata atlântica da Serra do Cipó (MG), esses mesmos pesquisadores descobriram recentemente a Yphthimoides cipoensis, que por critérios da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) já está ameaçada de extinção.

Yphthimoides cipoensis, espécie da Serra do Cipó
Foto: Lucas Kaminsky

Dá para imaginar o quanto nos reserva o Cerrado e a Amazônia, por exemplo?

Último comentário: Prenda clarissa. Adorei o nome...

- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Soltura: ótima oportunidade para educação ambiental

Respeitadas as exigências técnicas, a soltura de animais silvestres apreendidos é uma ótima oportunidade de sensibilização e conscientização de crianças e adultos para o problema do tráfico de animais. E no Rio Grande do Sul, o Ibama está desenvolvendo esse tipo de atividade com a prefeitura do município gaúcho de Araricá.

“Porto Alegre (15/02/2012) – A sombra de pés de araçás, carregados de frutos vermelhos, foi o local escolhido por jovens alunos de três escolas públicas de ensino fundamental do município Araricá (distante 65 quilômetros de Porto Alegre/RS) para soltura de 24 pássaros apreendidos em uma ação de fiscalização realizada no final do ano passado em um bairro da capital.
Soltura de aves em Araricá (RS)
Foto: Divulgação Ibama

O processo de reintrodução de passeriformes faz parte do plano de gestão do Centro de Triagem do Núcleo de Fauna da Superintendência do Ibama/RS. E, como destaca o superintendente João Pessoa Moreira Junior, o projeto-piloto foi feito em parceria com a prefeitura da cidade e com o acompanhamento da secretária de meio ambiente da Araricá, Karen Brenner, e do biólogo do município Gustavo Reich.”
– texto da matéria de divulgação do Ibama “Ibama e prefeitura de Araricá/RS reintroduzem passeriformes em área rural de Araricá/RS”, de 15 de fevereiro de 2012

Em Araricá, foram soltos 24 pássaros, todos portando anilhas do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama para monitoramento pós-soltura. Entre as aves havia canários-da-terra, pintassilgos, coleirinhos, azulão, tico-tico-rei, azulzinho e cardeais. O evento contou com a participação de 42 alunos de três escolas do município.

“Antes da soltura, eles sentaram em círculo em meio ao campo de futebol de grama da escola e escutaram por alguns minutos uma palestra sobre a importância do processo de reintrodução dos pássaros e da sua preservação na natureza, feita pelo chefe do Núcleo de Fauna do Ibama e pelo biólogo Gustavo Reich.” – texto do Ibama

As gaiolas foram abertas pelas próprias crianças com monitoramento e orientação dos analistas do Núcleo de Fauna do Ibama, Paulo Wagner e Cláudia Enk de Aguiar. De acordo com a superintendência do Ibama do RS, a intenção é ampliar esse tipo de atividade com outras prefeituras.

A abertura das gaiolas foi feita pelas crianças
Foto: Divulgação Ibama

Sucesso ao projeto, que deve servir de exemplo para todos os órgãos de gestão da fauna silvestre.

Com os futuros adultos conscientes, é grande a possibilidade de haver a redução da demanda por animais silvestres para serem criados como bichos de estimação e de haver um aumento da fiscalização por parte da própria população.

- Leia a matéria completa do Ibama

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Unidades de conservação: indispensáveis para a fauna silvestre

Em 21 de fevereiro de 2012, publiquei “Áreas marinhas protegidas: a evolução do que foi pouco implantado”, em que escrevi:

“...o Protocolo de Nagoya da 10ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, realizada em 2010 no Japão, apresenta como diretriz para os 190 países signatários o aumento das áreas terrestres protegidas (unidades de conservação) dos 12% atuais para 17%. O mesmo cuidado deve ser aplicado nos ecossistemas marinhos: as áreas protegidas deverão passar de 1% para 10%. Tudo no período de 2011 a 2020.”

Um bom exemplo da importância das unidades de conservação de proteção integral (sem o uso direto dos recursos naturais, como os parques nacionais, estações ecológicas e reservas biológicas no Brasil) está na ampliação do Parque Nacional Nouabalé-Ndoki, no Congo.

Chimpanzé do Triângulo Goualougo: sem medo do homem
Foto: Lationstock

“Um grupo especial de chimpanzés que não têm medo de humanos — e que por isso mesmo correm perigo — ganhou proteção oficial no Congo, Centro-Oeste da África, após mais de 20 anos de campanha de organizações internacionais de preservação. Eles vivem no Triângulo Goualougo, uma área de florestas tropicais e pântanos com 185 quilômetros quadrados que foi anexada ao Parque Nacional Nouabalé-Ndoki, que agora têm pouco mais de 3.000 quilômetros quadrados de área protegida.” – texto da matéria “Parque do Congo protegerá chimpanzés 'ingênuos'”, publicada na edição de 17 de fevereiro de 2012 da revista Veja

Segundo a Sociedade de Conservação da Vida Selvagem (WCS na sigla em inglês), a floresta de Goualougo por estar em área de difícil acesso e isolada foi pouco explorada, característica que passou a chamar a atenção pela escassez de madeira e recursos naturais das áreas do entorno.

“A população de chimpanzés de Goualougo tem uma característica única para primatas selvagens africanos. Ao invés de fugir dos pesquisadores que vão estudá-los, eles se aproximam, curiosos. Isso ocorre devido ao isolamento no qual sempre viveram. Por causa de seu comportamento, são chamados pelos cientistas de chimpanzés ingênuos.

E essa não é a única característica exclusiva dessa população. Chimpanzés em toda a África usam simples gravetos para caçar insetos em suas tocas. Em Goualougo, os chimpanzés deram um passo a frente no manejo de ferramentas. Eles usam um graveto menor para abrir buracos nos ninhos de insetos — como as estruturas de barro que protegem os cupins  —  e uma vareta maior para buscar o alimento no fundo das tocas.”
– texto da matéria da Veja

A criação e a implantação efetiva de unidades de conservação são essenciais para a conservação da fauna, da flora, de rios limpos, de ar puro, de equilíbrio térmico e tanto outros serviços que são fundamentais para a vida humana. Mais que isso, são eticamente necessárias para proteger o direito à vida das demais espécies que tem na Terra seu lar.

- Leia a matéria completa da revista Veja
- Releia “Áreas marinhas protegidas: a evolução do que foi pouco implantado”

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Áreas protegidas marinhas: a evolução do que foi pouco implantado

A importância da implantação de unidades de conservação para a proteção de espécies ameaçadas da fauna e da flora, além de paisagens, não se discute mais. É fato. Tanto que o Protocolo de Nagoya da 10ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, realizada em 2010 no Japão, apresenta como diretriz para os 190 países signatários o aumento das áreas terrestres protegidas (unidades de conservação) dos 12% atuais para 17%. O mesmo cuidado deve ser aplicado nos ecossistemas marinhos: as áreas protegidas deverão passar de 1% para 10%. Tudo no período de 2011 a 2020.

Vou destacar as áreas protegidas marinhas: a intenção é ampliar de 1% para 10%! E isso nos atuais parâmetros de implantação de unidades de conservação fixas, isto é, com perímetro sempre em um mesmo local.

Mas a evolução na proteção não está restrita ao aumento da quantidade de áreas protegidas marinhas, como o Parque Nacional (Parna) Marinho de Fernando de Noronha.

Praia do Atalaia, no Parna Marinho de Fernando de Noronha
Foto: Daniela Passos

“Cientistas americanos afirmam que as áreas de preservação dos oceanos, onde caça e pesca não são permitidas, precisam ser móveis para proteger as espécies marinhas.

A ideia de que apenas áreas fixas de preservação no oceano podem ser criadas está ultrapassada e não reflete o comportamento dinâmico de algumas criaturas marinhas, segundo os cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.”
– texto da matéria “Reservas naturais itinerantes podem salvar espécies marinhas de extinção, diz estudo”, publicada pelo portal G1 em 20 de fevereiro de 2012

A ousada ideia se baseia na lógica de que a fauna marinha segue caminhos e correntes que se movem com as estações, do verão ao inverno, de ano a ano, baseados em mudanças climáticas oceanográficas como o El Niño. Os pesquisadores acreditam que, como a tecnologia de monitoramento de espécies, dos pescadores e dos “movimentos” dos oceanos, já é possível pensar em unidades de conservação móveis, adequadas a essas variações e, portanto, mais eficientes.

A nova proposta foi apresentada pelos cientistas americanos na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Vancouver, Canadá.

A proposta é muito coerente e ousada. Mas se mal se conseguiu implantar as unidades de conservação fixas, que aparentemente têm processos de criação menos complexos e gestão mais simples (além de não contarem com a provável variável de poderem ser transfronteiriças), imagine a dificuldade de esse novo modelo sair do papel.

Bom, tudo tem um começo...

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Começar a semana pensando...

...no tráfico de animais silvestres em São Paulo.

Matéria da TV Cultura de 2009, com entrevista com o analista ambiental do Núcleo de Fauna e Recursos Pesqueiros da Superintendência do Ibama de São, Vincent Kurt Lo (foto ao lado), fornece uma visão geral do tráfico de animais no estado de São Paulo.

É um vídeo de pouco mais de 4 minutos. Vale a pena!

Uma observação: esse trabalho jornalístico, como a maioria, não se aprofundou no drama vivido pelos animais vítimas do tráfico após a apreensão. Os cuidados são mínimos e, muitas vezes, inadequados. Os sobreviventes, a partir daí, começam uma árdua jornada rumo à vida livre, em que poucos obtêm sucesso.

Ao restante, resta o cativeiro.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Reflexão para o fim de semana: transformar mangue em porto. Progresso?

O projeto da construção de um porto para embarque de minério de ferro em uma área de 1,9 km² de mangue chamada Largo Santa Rita, em Santos (SP), motivou o Ministério Público Federal a encaminhar à Justiça na última semana uma ação civil pública para tentar impedir a obra. Detalhe: em abril de 2011 o Ibama concedeu a licença prévia (a primeira de uma série de três até a operação).

Largo Santa Rita: hábitat de mais de 20 espécies de aves ameaçadas
Foto: Divulgação / Coletivo Ambientalista de São Paulo

‘“Naquele local existem remanescentes especiais de Mata Atlântica, que desempenham funções ambientais excepcionais. São áreas de proteção de espécies ameaçadas e que estão no entorno do Parque Estadual da Serra do Mar. É um corredor ecológico importante para preservação da fauna e flora da região”, disse o procurador (procurador da República Luís Eduardo Marrocos de Araújo) ao Globo Natureza.’ – texto da matéria “Justiça quer impedir construção de porto de R$ 1,5 bilhão em Santos, SP”, publicada em 15 de fevereiro de 2012 pelo portal G1

Para o doutor em zoologia pela Universidade Estadual de São Paulo, Fábio Olmos, o “Largo Santa Rita é um dos maiores complexos de mangue do Sudeste do Brasil. É uma áreas de águas rasas e bancos de sedimentos, com grandes bancos de mexilhões, algas e uma fauna rica de crustáceos e pequenos peixes que servem de alimento para aves”. Dentre as mais de 20 espécies de aves consideradas ameaçadas de extinção que utilizam o local como hábitat, dele destaca o guará-vermelho (Eudocimus ruber).

Orçado em R$ 1,5 bilhão, o porto privado será chamado “Terminal Brites” e será operado pela Vetria Mineração (consórcio formado pela América Latina Logística (ALL), a Triunfo Participações e Investimentos e a Vetorial Mineração).

Projeção de como a região ficará entre 2015 e 2016
Foto: Reprodução site Vetria Mineração

Além da importância ecológica da área de mangue, destaco um bom argumento de Olmos: o atual porto de Santos (ao lado do Largo Santa Rita) é ineficiente e tem potencial para ser mais bem utilizado.

Essa luta me lembra a usina nuclear Angra 3, que está em andamento. Há mobilizações para tentar parar as obras e a emissão das licenças, mas o projeto continua de pé. Enquanto isso, a estrutura não-nuclear de geração de eletricidade continua sem ter seu potencial totalmente utilizado, bastando para isso investimentos na modernização de equipamentos e processos.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Conheça a Vetria Mineração

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O homem e seu lixo: assassinos silenciosos da fauna marinha

Quando as matérias jornalísticas abordam o problema da poluição nos oceanos, na maioria das vezes enfocam as conseqüências para o homem. Às vezes são tratados assuntos relacionados à saúde humana, pelo contato com água poluída ou com a ingestão de pescado contaminado. Outras vezes é a falta do próprio pescado, consequência da ação humana que insiste em tratar os mares como lixeiras.

Essas leituras representam um olhar antropocêntrico do problema da poluição nos oceanos. Já pensou em mudar um pouco esse olhar? Em tentar ler essa realidade pelo enfoque da fauna marinha?

Leão-marinho com lixo enroscado no pescoço
Foto: Hyper Science

“Um estudo sobre leões marinhos de Steller, que estão a ponto de serem extintos, descobriu que pedaços de plástico e borracha são os itens mais frequentemente amarrados nos pescoços dos animais, enquanto iscas de metal usadas na pesca de salmão são os itens mais frequentes ingeridos pelos animais.” – texto da matéria “Imagens chocantes mostram leão marinho sendo estrangulado por lixo”, publicada em 14 de fevereiro de 2012 pelo site Hype Science

Um vídeo, divulgado pelo Departamento de Pesca e Jogos do Alaska (EUA), relata os efeitos de laços, equipamentos de pesca e outros lixos nos leões-marinhos. Uma das hipóteses levantadas pelos pesquisadores é de que focas e leões-marinhos estão usando o mesmo caminho que o lixo.

Estranhando o fato de o lixo ter caminho? Pois ele tem:

““A probabilidade de isso acontecer parece muito remota, dado o tamanho do oceano, mas ainda acontece. Acho que isso tem a ver com as zonas de convergência”, afirma Williams (cientista Michael Williams). Restos oceânicos convergem formando ilhas, que atraem peixes que procuram abrigos e seus predadores, incluindo as focas.” – texto da Hyper Science

Mas não é só o lixo humano que tem matado animais marinhos. A pesca tem sua responsabilidade.

Educar a indústria da pesca é outra chave. Os leões marinhos frequentemente pegam iscas enquanto estão procurando comida fácil. De acordo com Jemison, ambos os pescadores comerciais e casuais perdem os salmões e suas iscas, linhas e ganchos para leões marinhos famintos.” – texto da Hyper Science

Lembre-se: pedaços de plástico e de borracha são os principais causadores desses problemas com leões-marinhos. E isso acontece com outros tantos animais, como as tartarugas-marinhas, que frequentemente engolem sacos plásticos imaginando tratar-se de águas-vivas. Essa responsabilidade é nossa, resultado do cuidado diário que temos com nossos detritos. Consumir menos, com consciência e reciclar mais ajudam.

Assista ao vídeo:



- Leia a matéria completa da Hyper Science

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cães no combate ao tráfico de animais

O uso de cães farejadores é uma alternativa que pode auxiliar bastante as equipes de fiscalização na localização de produtos ilegais de origem animal (como peles, garras, dentes e couro), além de animais silvestres vivos. Na índia, onde há animais treinados pela Traffic (entidade internacional que monitora o tráfico de animais silvestres), resultados estão aparecendo.

“Tracey, uma cadela pastor-alemão de dois anos treinada para farejar produtos de animais selvagens, ajudou a recuperar duas presas de elefante, pesando mais de 32 kg, nas florestas de Dalma Wildlife Sanctuary, em Jharkhand, Índia.

Cadela Tracey, que ajudou a localizar as presas
Foto: Traffic

As presas eram de um elefante asiático que tinha morrido dois dias antes, mas quando funcionários florestais inspecionaram a carcaça, perceberam que as presas tinham sido removidos. Tracey foi trazida de perto Betla Tiger Reserve para ajudar a localizá-las.

Ela vasculhou a área extensa e levou a equipe para o local onde as presas estavam escondidas.”
– texto traduzido da matéria “Sniffer dog Tracey helps recover 32 kg of ivory”, publicada em 9 de fevereiro de 2012 no site da Traffic

Presas (marfim) do elefante morto na Índia
Foto: Traffic

Há pouco tempo, informa a matéria, outro cão treinado pela Traffico ajudou na prisão de sete homens envolvidos na caça de um leopardo. O programa com cães na Índia começou em 2008 e, até o momento, já foram treinados 14 homens condutores dos animais e sete cachorros, todos dos órgãos do governo. Na região, os cães são preparados para detectar osso e pele de tigre, osso e pelo de leopardo e bílis de urso.

Essa alternativa pode ser implantada em qualquer parte do mundo sendo, com certeza, mais barata e eficiente que investimentos em aparelhagem de raios-x, por exemplo. Os cães podem ser usados em portos, aeroportos, correios e em ações de fiscalização em rodovias, rodoviárias e em regiões de comércio de animais silvestres. Ibama, policiais ambientais, Polícia Federal e demais órgãos de fiscalização: a ideia está lançada.

- Leia a matéria da Traffic (em inglês)
- Saiba mais sobre o tráfico de marfim: "Reflexão para o fim de semana: vaidade assassina com marfim", publicada pelo Fauna News em 6 de janeiro de 2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A caça e a venda de armas: o resultado

Quando publiquei em 2 de fevereiro de 2012, por sugestão, o post “A caça no Brasil e a venda de armas. Contradição?” abordei a confusão jurídica envolvendo a contradição entre a lei que incentiva a criação de clubes de caça e a proibição da prática pela Lei de Crimes Ambientais com a venda de armas. Um exemplo prático dessa falta de definição foi publicado em 11 de fevereiro de 2012 pelo site Juina News:

“A Agência Regional de Inteligência do Comando Regional VIII da Polícia Militar encontrou vários crânios de animais silvestres, entre os quais onça e jacaré, supostamente abatidos em caça, um  couro de rabo de onça e vários dentes de onça, no curral havia uma anta e dois porcos do mato, numa residência  de uma fazenda no município de Aripuanã, no extremo Noroeste de Mato Grosso.

Armas, crânios e couro apreendidos com fazendeiro no MT
Foto: Divulgação PM MT / soldado PM Ana Maria

Em um ato de desespero, o proprietário José Peixer, 59 anos, tentou subornar oferecendo para guarnição o valor de R$ 15 mil  para que não desse continuidade na ocorrência. José e encaminhado á Delegacia Judiciária Civil para providências cabíveis.

Na propriedade foi encontrado também um revólver calibre 38, três espingardas e duas  carabinas, algumas escondidas na casa, e outras escondidas dentro de um “toco oco” em seu quintal. Dentre as armas apreendidas, estava um Fuzil calibre .30, arma esta rara e de uso restrito.”
– texto da matéria “Agência de inteligência do CR VIII apreende armas e crânio de animais silvestres em Aripuanã”

Esse é o resultado da manutenção da venda de armas para caça no Brasil. A atividade (caça) pode estar proibida, mas o Estado quase incentiva a ilegalidade por permitir o acesso aos instrumentos da prática criminosa.

No post escrevi:

“Tenho uma visão um tanto crítica aos parâmetros antropocêntricos que enxergam a natureza apenas como uma fonte de recursos para o ser humano, desprezando o direito – para mim intrínseco – de vida dos outros animais.”
- Leia a matéria do Juina News
- Releia o post do Fauna News “A caça no Brasil e a venda de armas. Contradição?”

Anta e porco-do-mato criados ilegalmente
Foto: Divulgação PM MT / soldado PM Ana Maria

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Começar a semana pensando...

...em usar produtos não testados em animais.

A realização de testes em animais, principalmente na indústria dos cosméticos, é uma prática cruel e uma das responsáveis pelo tráfico de animais, que são retirados da natureza para serem transformados em cobaias de laboratórios.

Em 12 de dezembro de 2011, publiquei um “Começar a semana pensando...”, que abordou se é ético e correto traficar, confinar e fazer testes com animais. Esse post foi feito a partir da informação da ANDA (Agência de Notícias de Direitos Animais) que informou serem usados, todos os anos, mais de 124 mil primatas como cobaias em laboratórios nos Estados Unidos.


No post "O tráfico de animais para abastecer a pesquisa científica", de 18 de julho de 2011, relatei que cerca de 2.500 macacos são usados em testes na Alemanha todos os anos.


E muitos dos testes feitos em animais são para a indústria da “beleza”. Uma beleza falsa, externa e que, em seu interior, mascara a dor e o sofrimento de muitos seres vivos, como ratos, coelhos, gatos, cachorros, cabras e macacos.

Por isso, informe-se e saiba o que você está comprando. Seja um consumidor consciente e informe-se sobre o produto que você está adquirindo. A informação sobre a realização ou não de testes com animais não está, na maioria das mercadorias, nos rótulos.

Teste em coelho
Foto: PEA

“A PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) organiza uma lista de empresas que alegam não fazer testes em animais. A metodologia utilizada para fazer é a visita nas fábricas, para conhecer os métodos utilizados. A lista conta com cerca de 1500 empresas.

No Brasil, um trabalho semelhante é realizada pela PEA (Projeto Esperança Animal), principalmente com as marcas nacionais, que não são avaliados pela PETA. O processo de avaliação é semelhante ao do PETA.”
– texto da matéria “Lista atualizada de marcas que não testam em animais”, publicada em 7 de fevereiro de 2012 pelo site Atitude Sustentável

Abaixo está uma lista de grandes empresas que NÃO realizam testes com animais:


- Conheça a lista completa da PETA
- Conheça a lista completa do PEA
- Leia a matéria completa do Atitude Sustentável
- Releia o post do Fauna News “Começar a semana pensando...” de 12 de dezembro de 2011
- Releia "O tráfico de animais para abastecer a pesquisa científica" publicada pelo Fauna News em 18 de julho de 2011

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Reflexão para o fim de semana: saindo do gabinete em Brasília para um choque de realidade no Piauí

“Quando assumi, não imaginava que o IBAMA estivesse em uma situação tão crítica, seria uma irresponsabilidade ver e não mostrar aos gestores, por isso trouxe imagens e documentos para mostrar ao Presidente e aos diretores”. Foi dessa forma que o superintendente do Ibama no Piauí, Carlos Máximo, desabafou após encontro, em 3 de fevereiro de 2012, com o presidente do órgão, Curt Trennepohl.

Entre os inúmeros problemas do IBAMA do Piauí, Máximo destacou o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).

‘“O Centro está em estado de calamidade pública”, lamentou.’ – texto da matéria “Presidente do IBAMA vem verificar situação da sede do órgão em Teresina”, publicada em 5 de fevereiro de 2012 pelo site 180 Graus, do Piauí.

Com apenas 70 funcionários para atuar no estado, o Ibama do Piauí, segundo seu superintendente, não consegue também fazer uma fiscalização competente. E lógico, que a repressão ao tráfico de animais está incluída nesse contexto.
Foto: petronoticias.com.br

“Curt Trennepohl (foto ao lado) se sensibilizou com as denúncias de Máximo e confirmou que virá ao Piauí ainda em fevereiro e já determinou que todos os diretores do IBAMA deverão vir à sede de Teresina ainda este mês para analisar a situação.” – texto do 180 Graus

Acho - somente acho - que Brasília não sabe o que está acontecendo nas sedes do Ibama pelo país. Será que essa falta de funcionários e o tal “estado de calamidade pública” do Cetas é exclusividade do Piauí?

Você sabe a resposta.

A fauna silvestre sabe a resposta.

Só para relembrar:

"“Com apenas três funcionários, o Cetas teve que pedir ajuda. Segundo Edson Lima, analista ambiental do Ibama, tudo começou com uma mensagem via e-mail para um grupo de cinco pessoas. “A mensagem foi colocada em sites de relacionamento e houve uma ‘explosão’ de voluntários nos procurando para alimentar esses animais”, disse Lima." - texto do post "517 de filhotes de aves escancaram o descaso do poder público com a fauna silvestre", sobre uma grande apreensão de animais com traficantes em Pernambuco, em 25 de setembro de 2011, em que o Ibama teve de recorrer a voluntários para suprir sua falta de estrutura no estado

Três funcionários!

- Leia a matéria do site 180 Graus
- Releia "517 de filhotes de aves escancaram o descaso do poder público com a fauna silvestre", publicado pelo Fauna News em 6 de outubro de 2011

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Na China, agora foi a vez dos ursos

Já é comum recebermos notícias sobre o desenfreado consumo de animais silvestres pela China e alguns outros países asiáticos. Tem vez que são chifres de rinocerontes, usados na medicina tradicional daquele país e do Vietnã. Tem vez que são peles de tigres. Também já ficamos sabendo de, pasmem, chaveiros com pequenas tartarugas e peixinhos vivos sendo vendidos nas ruas.

Chaveiro com tartaruga viva
Foto: Li Bo

Agora foi a vez dos ursos.

“Um carregamento ilegal de 10 patas de urso foi apreendido no aeroporto de Chongqing, na China, em 19 de janeiro, segundo o site chinês "News 163". Na extremidade dos membros, era possível ver articulações e músculos. A polícia chinesa estimou que os animais, provavelmente exemplares de urso-negro-asiático, foram mortos há pelo menos seis meses.

Imagem: reprodução site news163.com

Patas de urso são consideradas uma iguaria na gastronomia tradicional da China. Apesar do seu comércio ser proibido, elas ainda podem ser encontradas em mercados ilegais.”
– texto da matéria “Polícia chinesa apreende 10 patas de urso contrabandeadas”, publicada em 6 de fevereiro de 2012 pelo portal G1

Mas o interesse dos chineses por ursos não se restringe à culinária.

“Quatorze ursos-negros-asiáticos foram salvos do cruel mercado de bile no Vietnã e levados a um centro de recuperação da Associação Internacional de Proteção Animal da Ásia, localizado no Parque Nacional Tam Dao, perto de Hanoi.

Eles tiveram a liberdade tolhida por anos, encarcerados em estreitas jaulas enferrujadas. Eram mantidos vivos apenas para que a bile fosse retirada e depois utilizada pela medicina tradicional chinesa. Uma vida de pesadelo.”
– texto que está no post “Extração de bile de ursos X testes em macacos. Oriente X ocidente. Quem é pior?”, publicado em 15 de dezembro de 2011 pelo Fauna News

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia “Extração de bile de ursos X testes em macacos. Oriente X ocidente. Quem é pior?”
- Releia o post do Fauna News sobre os chaveiros com tartarugas e peixes

Urso confinado para a dolorosa extração de bile
Foto: Animals Asia

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Tráfico de animais: muito lucro, pouca punição

Até há pouco tempo, órgãos de fiscalização e repressão ao tráfico de fauna silvestre e ONGs que atuam nessa área pediam para os jornalistas não divulgarem os preços dos animais no mercado negro. A intenção era não dar parâmetros para os comerciantes bandidos. O raciocínio, até certo ponto, tem coerência pelo fato de a informação poder ser um atrativo a novos traficantes (já que os lucros são grandes) e também ajudar quem não está habituado a atuar nesse comércio ilegal e quer saber o quanto cobrar.

Porém, para os traficantes profissionais isso não tem a menor importância. Com certeza, eles não fazem seus preços a partir de uma cotação veiculada pela imprensa.

Tráfico de animais: a vítima é quem fica na cadeia
Foto: Renata Diem
O próprio Ibama tem divulgado os valores:

“Por volta das 20h30, agentes da Polícia Rodoviária Federal, em operação de fiscalização de rotina na BR-135, abordaram dois indivíduos transportando 602 pássaros da fauna silvestre brasileira acondicionados em caixas e gaiolas no veículo Fiesta Sedan com placa de Carapicuíba/SP. Os infratores, residentes em Osasco/SP e Ortolândia/SP, declararam ter adquirido os animais em feiras clandestinas no interior da Bahia, nas cidades de Jequié e Poções. Segundo eles, os animais são comprados a preço médio de R$ 2,00 cada um para serem vendidos na Grande São Paulo por preços que variam entre R$ 30,00 e R$ 300,00, de acordo com a espécie comercializada.” – parte do texto “Ibama aplica multa de R$1 milhão por tráfico de aves em Montes Claros-MG”, publicado no site do Ibama em 2 de fevereiro de 2012 sobre apreensão ocorrida no dia anterior

Veja o lucro: cada ave é comprada perto das áreas de apanha, já com intermediários, por cerca de R$ 2,00 e vendida, para o consumidor final (na Região Metropolitana de São Paulo), por valores que variam entre R$ 30,00 e R$ 300,00.

Puro lucro e com um risco pequeno: afinal a fiscalização ainda é bastante deficiente.

Quer mais um incentivo ao tráfico?

Se o traficante de animais for preso, pelo fato de o crime ter pena prevista entre seis meses e um ano (pequeno potencial ofensivo), o Ministério Público oferece (obrigatoriamente) a possibilidade da transação penal. Se aceita, não há processo e o acusado recebe uma multa, ou uma pena de trabalhos comunitários ou ainda o pagamento das famigeradas cestas básicas.

Quer outro incentivo?

“Cerca de R$ 1 milhão. Este é o valor da multa que será aplicada a dois infratores pelo transporte ilegal e maus-tratos de 602 pássaros silvestres. O fato, a maior apreensão de animais silvestres já realizada em rodovias da região norte do estado, aconteceu ontem (01/02) no Posto da Polícia Rodoviária Federal em Montes Claros/MG.” – texto do Ibama

Você acha que os dois presos pagarão esse milhão? Ninguém paga as multas do Ibama.


“Menos de 1% do valor das multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por infrações ambientais chegam efetivamente aos cofres públicos, aponta relatório do próprio órgão obtido pelo Estado. O documento traz um panorama das autuações feitas entre 2005 e 2010. O porcentual médio de multas pagas no período foi de 0,75%. No ano passado, o índice foi ainda menor - apenas 0,2%.” – texto da matéria “Relatório mostra que menos de 1% das multas aplicadas pelo Ibama são pagas” publicada em 11 de abril de 2011 pelo jornal O Estado de S. Paulo

Então, fica o recado para a Assessoria de Comunicação do Ibama: não adianta dar destaque, logo na primeira linha do texto de divulgação, para o valor da multa. Bobagem...

Impunidade.

- Leia o texto de divulgação do Ibama
- Leia a matéria de O Estado de S. Paulo

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Quando um reality show pode conscientizar e ser educativo

Os exemplos de reality shows que temos na televisão brasileira atualmente não são dignos de crítica - o que por si só já é uma crítica. Dessa forma, não vou gastar o meu tempo, e o seu, em comentários que seriam repetitivos.

Apesar de os reality shows serem a piada que são, tenho esperanças que um fuja à regra: o Resgate Animal.

“É uma série para TV que conta as dramáticas histórias de animais silvestres ameaçados pelo avanço das cidades sobre as florestas, seus antigos habitats. Com a ajuda de profissionais especializados na captura, tratamento e re-introdução desses animais na natureza, eles ganham uma segunda chance para viver, mesmo que em um ambiente em constante transformação.

Equipe da Associação Mata Ciliar atendendo felino
Foto: Grifa Filmes

Nas últimas décadas, diversas regiões próximas de grandes centros urbanos, passaram por intenso processo de conurbação, tendo como resultado enormes áreas metropolitanas, ligadas por movimentadas rodovias, cercadas por áreas de plantio e aglomerados industriais, além de inúmeros novos bairros, com nítido crescimento dos condomínios fechados e seus muros altos.

É nesse contexto de expansão das zonas urbanas sobre as florestas - e no coração de uma das regiões mais densamente povoadas do planeta - que surgem as histórias narradas nos episódios da série Resgate Animal.”
- texto de divulgação da Grifa Filmes

A série é uma co-produção da Grifa Filmes e da Gullane, com direção de Eduardo Rajabally e roteiro de Danilo Gullane. O trabalho é uma ótima oportunidade para abordar as dificuldades de quem se dispõe a trabalhar com animais silvestres vítimas do tráfico, atropelados, queimados em canaviais, machucados pelo contato com a rede elétrica ou simplesmente apreendidos em áreas urbanas. Seja esse alguém de ONGs ou do setor público.

Entre as entidades que serão acompanhadas estão a Associação Mata Ciliar e o Projeto Mucky, ambas do interior do estado de São Paulo, além do Centro de Recepção de Animais Silvestres (Cras) do Parque Ecológico do Tieté (administrado pelo departamento de Águas e Energia Elétrica do estado de São Paulo) e a Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (DEPAVE 3) da prefeitura de São Paulo (nas suas bases do Parque Ibirapuera e do Parque Anhaguera).

O canal de exibição ainda não foi definido.

Espero que o trabalho seja o total oposto dos reality shows que são apresentados na televisão brasileira e não caia no mero sensacionalismo e na fórmula da “notícia-espetáculo”. Conteúdo, por favor!

- Leia o texto de divulgação do Resgate Animal
- Leia a matéria sobre o Resgate Animal no Projeto Mucky, publicada em 3 de janeiro de 2012 no site Itu.com.br
- Leia a nota de divulgação do site da Associação Mata Ciliar
- Conheça o Projeto Mucky
- Conheça a Associação Mata Ciliar

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre um péssimo gosto. Isso não é moda nem tendência.

“Foi uma denúncia anônima que levou a Polícia Militar Ambiental de Rio Preto à oficina clandestina em Nova Granada que confeccionava objetos com produtos da fauna silvestre, sem autorização do órgão ambiental. Peles e couros de jacaré, onça-pintada, sucuri, jiboia, jaguatirica e de outros bichos silvestres foram transformados em bolsas, cintos, botas, sandálias e chapéus femininos, e crânios de veado, serpente e de ave tornaram-se adornos. Dentre os produtos apreendidos, chamaram a atenção 30 couros, 3 crânios, 3 pares de sapato e 13 cartuchos intactos de vários calibres de espingardas de caça. O dono da oficina responderá pelo crime do artigo 29 da Lei 9.605/98, cuja pena é de detenção de seis meses a um ano e contra ele foi elaborado um Auto de Infração Ambiental com multa de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Todos os objetos e produtos da fauna silvestre que estavam em seu poder foram apreendidos. O proprietário do estabelecimento clandestino explicou que as peles e couros foram retirados de animais abatidos no pantanal matogrossense.” - texto da matéria “PM descobre oficina que utilizava produtos silvestres sem autorização”, publicada em 3 de fevereiro de 2012 pelo site do Jornal Cidade (de Rio Claro, interior de São Paulo)

Peles apreendidas em julho de 2010
Foto: Divulgação Polícia Federal

Assim como acontece com traficantes de animais vivos, o dono da oficina responderá pelo crime em liberdade que, beneficiado pela lei, deverá fazer um acordo para não ser processado criminalmente e pagará cestas básicas ou fará algum trabalho comunitário.

Lei fraca. Lamentável.

Oura coisa que me chama a atenção é o fato de os animais abatidos (incluindo a ameaçada onça-pintada), segundo o próprio acusado, são do Pantanal. O Pantanal está virando área de safári para caça? Afinal, é sabido que fazendeiros - como Beatriz Rondon, do Mato Grosso do Sul, que foi filmada durante caçadas a felinos - incentivam essa prática criminosa para turistas bandidos.

- Leia a matéria completa do Jornal Cidade
- Releia “Safari para caçar onças no Pantanal: um crime que poderá ter punição branda”, de 10 de maio de 2011 (sobre as caçadas no Pantanal) - com vídeo

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Reflexão para o fim de semana: incentivo financeiro à proteção animal

A Agência Câmara de Notícias, da Câmara dos Deputados, publicou uma matéria divulgando o Projeto de Lei que cria o Fundo Nacional de Defesa Animal:

“Em análise na Câmara, o Projeto de Lei 2883/11 cria o Fundo Nacional de Defesa Animal, para financiar programas de proteção de animais silvestres e domésticos. Pela proposta, do deputado Ricardo Izar (PSD-SP) - foto abaixo -, as pessoas jurídicas que doarem recursos ao fundo poderão descontar o valor do Imposto de Renda.

A legislação atual já permite a dedução de contribuições a dois tipos de fundos: os controlados por conselhos dos direitos da criança e do adolescente, e do idoso. A proposta inclui o fundo de defesa animal na lei, mas mantém o limite de desconto de 1% do Imposto de Renda devido.”
– texto da matéria “Projeto cria fundo para defesa de animais silvestres e domésticos”, publicada em 30 de janeiro de 2012
Foto: Saulo Cruz
Os recursos, administrado pelo Ministério da Saúde, serão aplicados por órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, e por entidades privadas sem fins lucrativos. O fundo, que tramitará por três comissões da Câmara dos Deputados, objetiva custear “a castração, preservação, proteção, identificação e conscientização da população, sempre em prol da posse e guarda responsável, alem de oferecer meios para o custeio e a infraestrutura das entidades que trabalham com animais silvestres ou exóticos” (texto do Projeto de Lei).

O fato de o fundo ser administrado pelo Ministério da Saúde destaca o fato de que, no universo do tráfico de animais, a população que compra ou captura os bichos da natureza fica exposta a cerca de 180 doenças (zoonoses). O risco é alto e pode causar mortes.

- Leia a matéria da Agência Câmara de Notícias
- Saiba mais sobre o Projeto de Lei 2883/11

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A caça no Brasil e a venda de armas. Contradição?

Outro dia, recebi um e-mail com a seguinte pergunta: “Se a caça é proibida no Brasil, por que lojas diversas vendem armas exclusivas para caça?”.

Achei o questionamento válido e resolvi refletir sobre o assunto.

Na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), está claro:

“Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

        Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.”


Foto: pampasargentinas.com
Reserva de caça argentina: lazer?
Por outro lado, a Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5197/67) ainda está vigente e contém o seguinte trecho:

“Art. 6º O Poder Público estimulará:

a) a formação e o funcionamento de clubes e sociedades amadoristas de caça e de tiro ao vôo objetivando alcançar o espírito associativista para a prática desse esporte.”


Não sou advogado, mas essa aparente contradição gera confusão. A prova está no Sul do país.

A lei dos anos 60 fez com que no Rio Grande do Sul fosse praticada, até a década passada, a caça amadorística. Em 2005, em decisão motivada por uma ação civil pública da ONG União pela Vida contra o Ibama, que tramitou na Vara Federal Ambiental e Agrária de Porto Alegre, a Justiça reconheceu que as caças amadorista, recreativa e esportiva não podiam ser liberadas nem licenciadas no Estado do Rio Grande do Sul pelo Ibama.

O órgão ambiental federal e a Federação Gaúcha de Tiro recorreram. Após alguma disputa no judiciário, em 2008, nova decisão manteve a proibição da caça no estado – o único que mantinha a prática.

“A 2ª Seção do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) determinou ontem (13/3) a proibição da caça amadora no Rio Grande do Sul. Ao julgar recurso interposto pela organização não-governamental União Pela Vida e pelo Ministério Público Federal (MPF), o colegiado considerou que não ficou comprovado o rigoroso controle da atividade por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). (...)

Thompson Flores (relator do processo na Seção, desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz) considerou irrefutáveis as alegações do MPF, segundo o qual a caça amadorista não tem finalidade social relevante que a legitime. Além disso, o parecer ministerial argumentou que há suspeita de poluição ambiental resultante da prática, pois haveria emissão irregular de chumbo na biosfera. O metal tóxico, afirma o MPF, é encontrado na munição de caça e tem potencial nocivo, motivo suficiente para que o licenciamento da atividade fosse submetido a um Estudo de Impacto Ambiental que aferisse esse risco e as formas de evitá-lo.

A Procuradoria da República citou também um estudo realizado pelo departamento de zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) que concluiu pela nocividade da caça amadora ao meio ambiente. Além disso, a caça seria uma prática cruel expressamente proibida pela Constituição Federal e pela Declaração Universal dos Direitos dos Animais.”
– texto da matéria “TRF4 proíbe caça amadora no Rio Grande do Sul”, publicada em 14 de março de 2008 pelo Portal da Justiça Federal da 4ª Região

Vale ressaltar que a essa última decisão, vigente, ainda cabe recurso.

Apesar do atual estado de proibição da caça amadorística ou esportiva em todo o Brasil, há inúmeras lojas especializadas em artigos para caça, onde é possível encontrar armamentos para tal prática. Basta fazer uma rápida busca pela internet.

Em um anúncio de uma loja de Manaus (onde a caça nunca foi legalizada) encontrei o anúncio de uma espingarda com os seguintes dizeres:

“A CBC 199 tem um projeto arrojado que alia tecnologia, beleza e versatilidade. Seu preço acessível, juntamente com a facilidade de manejo e segurança, a torna uma arma ideal para os iniciantes na prática da caça. Ela também é indicada para defesa patrimonial, para o esporte de tiro aos pratos e para o lazer.”

Destaco aqui: “ideal para os iniciantes na prática da caça”.

Espingarda CBC 199: ideal para os iniciantes na prática da caça

No site da fabricante, a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), existe uma seção específica para caça esportiva. E nela encontram-se os seguintes textos sobre a caça amadorista:

•    A caça amadorista e a sua contribuição na conservação da natureza.
•    A fiscalização da caça no estado do Rio Grande do Sul.
•    Educação e consciência do caçador amadorista
•    Construindo um futuro para a fauna nacional
•    O caçador e a natureza: convivência e responsabilidade
•    A Caça no Mundo

Nos textos, desatualizados pelo fato de ainda considerar a legalidade da caça no Rio Grande do Sul, é construído o raciocino em que a existência da caça regulamentada gera recursos para a conservação e as unidades de conservação, além de aliviar uma demanda da atividade dos praticantes (que poderiam exercê-la na ilegalidade).

No texto “O caçador e a natureza: convivência e responsabilidade” está escrito:

“Numa sociedade que se urbaniza e se distancia da Natureza a passos largos, poucas pessoas seguem convivendo tão de perto com o inestimável patrimônio natural quanto o caçador amadorista. Essa convivência é base da consciência que faz dele o pior inimigo da caça clandestina, o primeiro a reivindicar mais e melhor fiscalização, e a denunciar os abusos contra esse patrimônio que faz parte das suas melhores experiências de vida.

O que move o caçador amadorista, mais do que o ato da apanha de um recurso natural renovável - e em grande parte de futuro assegurado graças a sua própria contribuição - é justamente esse contato com o mundo natural, que muitos idealizam mas apenas os privilegiados como ele podem conhecer. E, em conhecendo, adequadamente defender e conservar.”


Tenho uma visão um tanto crítica aos parâmetros antropocêntricos que enxergam a natureza apenas como uma fonte de recursos para o ser humano, desprezando o direito – para mim intrínseco – de vida dos outros animais.

Há países, como África do Sul, Argentina e Chile, onde existem reservas de caça e o dinheiro arrecadado com as licenças e as taxas é investido em conservação. Muitos ambientalistas e técnicos defendem esse recurso. Essa contradição, para mim, é muito forte: matar por lazer para conservar...


Na Argentina, há período para a caça do puma (onça-parda)
Foto: pampasargentinas.com

O debate está aberto, tanto que a decisão do Rio Grande do Sul pode ser revertida. Cabe à sociedade brasileira decidir o modelo que deseja seguir.

Mas, voltando à questão inicial, permitir a venda de armas para caça amadorísta em um país que praticamente acabou com a legalidade dessa atividade é não querer acompanhar as mudanças.

- Leia a matéria do Portal da Justiça Federal da 4ª Região
- Conheça a Lei de Crimes Ambientais
- Conheça a Lei de Proteção à Fauna
- Leia o site da CBC (Caça Esportiva)
- Leia o site da CBC (Caça Amadorística)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

EUA: consumo de animais silvestres sem controle

Os Estados Unidos são apontados como os maiores consumidores de animais silvestres do mundo. E, diferentemente do que ocorre aqui, lá a fauna comercializada é exótica – não nativa daquele país.

Veja a que ponto chega o desejo de manter animais silvestres como bichos de estimação:

“Há quatro meses, Jim e Donita Clark fugiram de sua casa no Estado americano da Louisiana e partiram para um local secreto no Texas por medo de que agentes ambientais apreendessem os quatro macacos capuchinhos que vivem com o casal há 10 anos, informa a agência AP. Os Clark estão entre as famílias que passaram a ser visadas recentemente por manter animais silvestres como bichos de estimação.” – texto da matéria “EUA: casal foge de casa para manter macacos de estimação”, publicada em 30 de janeiro de 2012 pelo portal Terra

Jim Clark com um de seus macacos
Foto: AP

Dentre os argumentos de Jim Clark para manter os macacos-capuchinhos (também conhecidos como macacos-prego), destaquei o seguinte:

“Não é justo que eles possam vir até a sua casa e fazer isso com você".

Agora pergunto: é correto capturar o macaco, que habita a América do Sul, para mantê-lo como bicho de estimação?  Tanto para o animail quanto para o ecossistema. Para Jim Clark, está tudo certo. Errado, para esse veterano de guerra dos anos 60, é o governo dos Estados Unidos começar (tardiamente, diga-se de passagem) a controlar essa farra com animais silvestres.

"Não é por isso que eu lutei... para ser tratado assim".

O absurdo da ausência de controle nos EUA fica escancarado com esse trecho da matéria:

“Pelo menos seis Estados banem a propriedade de animais silvestres desde 2005, e o Congresso americano estuda enrijecer as leis nacionais. Atualmente, 24 Estados também proíbem a propriedade de primatas de outros 11 requerem permissões especiais.”

Não se esqueça que os Estados Unidos são formados por 50 estados.

Das matas para uma pequena jaula
Foto: AP

Deve-se lembrar que no Brasil o apego por manter animais silvestres em cativeiro, principalmente as aves, é a mesma dos Clark. A diferença é que, em geral, nós aprisionamos bichos da nossa fauna nativa e não importamos (uma estimativa da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, a Rentcas, concluiu que o tráfico retira 38 milhões de bichos da natureza por ano no Brasil).

- Leia a matéria do portal Terra