terça-feira, 31 de julho de 2012

8.700 animais apreendidos e 4 mil pessoas presas: Interpol em ação contra o tráfico de fauna

“LYON, França - Mais de 8.700 pássaros e animais, incluindo répteis, mamíferos e insetos foram apreendidos e cerca de 4.000 pessoas presas em uma operação em 32 países coordenados pela INTERPOL contra o comércio ilegal e da exploração das aves e seus produtos.” – texto traduzido da matéria “Thousands arrested in INTERPOL operation targeting illegal trade in birds”, publicada em 25 de julho de 2012 pela Interpol em seu site

Aves apreendidas na Colômbia durante Operação Cage
Foto: Divulgação Interpol

Essa operação, denominada Cage (gaiola), aconteceu entre abril e junho de 2012 e envolveu também o Brasil. Ela foi organizada para combater o crescente comércio internacional ilegal de aves criadas em cativeiro e silvestres e ovos, como envolvimento cada vez maior de redes de crime organizado traficando da América Latina para a Europa.

Os números são assustadores para quem não tem contato rotineiro com a realidade do tráfico de animais. Mas é isso mesmo. Foram necessários apenas três meses para a identificação de 4 mil pessoas envolvidas com esse crime, além da apreensão de mais de 8.700 animais.

Apreensão na Hungira
Foto: Divulgação Interpol

‘"A Operação Cage mais uma vez demonstra claramente a escala global do problema do comércio ilegal de aves e outros animais selvagens, que não é apenas uma questão do crime organizado, mas também representa um risco de biossegurança", disse David Higgins, gerente de Programa de Crime Ambiental da INTERPOL.’ - texto da Interpol

Infelizmente, no caso brasileiro, os que foram surpreendidos com animais silvestres responderão pelo crime em liberdade e dificilmente serão condenadas pela Justiça. Nossas leis são fracas e os traficantes de animais sabem disso.

Mas a repressão tem de existir, incomodar e mostrar que, de alguma forma, algum setor do poder público e da sociedade está incomodado com o tráfico de animais. O crescimento do problema, afirmado pelo gerente da Interpol, acontece também porque há demanda, isto é, há quem compra.

Enquanto não houver ações efetivas de conscientização das pessoas sobre os problemas envolvidos no tráfico de animais, é bobagem esperar que a repressão acabe com o tráfico de fauna – mesmo porque, essas operações são pontuais e, perante a dimensão desse crime, de pouca impacto.

- Leia o texto completo da Interpol (em inglês)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Começar a semana pensando....

...sobre o tráfico de papagaios-verdadeiros.

A temporada de coleta de papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) no Mato Grosso do Sul está para começar. Durante setembro e outubro, traficantes de animais recolhem milhares dessas aves no Cerrado. Já na Caatinga, esse período vai de dezembro e março. Recém-nascidas, sem penas e com olhos fechados, elas são levadas para as regiões metropolitanas do Sudeste e do Sul.

571 papagaios apreendidos com traficantes em PE em 2011
Foto: Divulgação Ibama

Além do pressão sobre a população da espécie, que está em decréscimo, os papagaios-verdadeiros podem se adaptar e se reproduzir em locais onde não são nativos quando soltos ou escapam das pessoas que os compraram dos traficantes.

É o que está acontecendo, provavelmente, em Porto Alegre (RS).

‘“Dez anos atrás, não existia esses bichos. Um ou outro tinha por aqui. Aumentou muito rapidamente. O que demonstra o quê? Tráfico maior. As pessoas abandonando mais. O que está acontecendo?”, acredita Paulo Wagner, do Ibama/RS.’ – texto da matéria “Veterinários e biólogos do Ibama estudam migração incomum de aves”, veiculada na edição de 25 de julho de 2012 do Jornal Hoje (Globo)

Papagaio-verdadeiro na rua João Telles, em Porto Alegre
Foto: Cesar Cardia

Agora, técnicos do Ibama e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente tentam encontrar alguma forma de retirar esses papagaios da cidade.

“Os técnicos já sabem que o grande número de árvores frutíferas de Porto Alegre facilitou a permanência dos papagaios na cidade. Agora é preciso descobrir quantos eles são. Depois vem a parte mais difícil, que é recapturar a maior quantidade possível de aves para devolvê-las ao local de origem.

Isso vai ser feito para manter o equilíbrio da fauna, já que os papagaios-verdadeiros podem se tornar uma ameaça para as espécies nativas.

“Esse animal se comporta como invasor aqui. Imagina 30, 40 papagaios chegando em uma árvore frutífera. Qual passarinho vai chegar ali e tentar se alimentar? Não vai conseguir”, diz. (Paulo Wagner)”
– texto do Jornal Hoje

Esse problema é resultado da falta de atenção do poder público com o tráfico de animais (tanto repressivo quanto educativo). Só espero que, em algum momento, ninguém tenha a ideia de matar os animais por considerá-los uma praga.

- Leia a matéria completa do Jornal Hoje (com o vídeo)

O papagaio-verdadeiro não é nativo do Rio Grande do Sul
Foto: SOS Fauna

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Reflexão para o fim de semana: sofrimento em nome da diversão

“Na natureza, elefantas são seres extremamente sociáveis que vivem em grupos só de fêmeas e filhotes, percorrendo dezenas de quilômetros juntas em busca de água nos períodos de estiagem. Mali é uma elefanta asiática que leva uma vida bem diferente da de seus parentes selvagens. Vivendo em uma jaula no zoológico de Manila, nas Filipinas, a elefanta atraiu a atenção de um grupo defensor dos direitos dos animais pela sua solidão. Mali não entra em contato com outros de sua espécie há 35 anos.

Mali: 35 anos de solidão em cativeiro
Foto: Facebook Free Mali

Quando tinha três anos, o animal foi separado do seu bando na Índia e enviado ao zoológico, onde é o único elefante a ser mantido em cativeiro em todo o país. Atualmente com 38 anos, Mali sofre com graves problemas nas patas, que podem provocar infecções e até a morte do animal. Esse tipo de problema é o maior responsável pela morte de elefantes de cativeiro no mundo.” – texto da matéria “Elefanta passa 35 anos em solitária”, publicada pelo blog Planeta Bicho do site da revista Globo Rural, em 23 de julho de 2012

Comentar o quê? Ainda vivemos em uma sociedade que considera normal manter animais em cativeiro para nossa diversão. É assim com inúmeras espécies em zoológicos (muitos dos quais não realizam nenhuma atividade conservacionista e, sob o pretexto da educação ambiental, confinam os animais em situações degradantes) e com golfinhos, orcas, focas e leões-marinhos, que realizam shows em espetáculos espalhados por todo o planeta.

Recinto onde vive Mali
Foto: Facebook Free Mali

Vale lembrar que muitos desses animais são vítimas do tráfico, sendo retirados da natureza por comerciantes do mercado negro. Mali. Que possui uma página do Facebook (Free Mali)  foi separada de seu bando quando tinha três anos!

- Leia a matéria completa no Planeta Bicho
- Conheça a página do Facebook Free Mali (https://www.facebook.com/FreeMali)

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Cidadãos fazem o que o poder público não faz

Que a gestão da fauna silvestre brasileira é extremamente falha, isso ninguém precisa falar. Um dos aspectos sem atenção do Estado que envolve o tráfico de animais é o atendimento pós-apreensão, nas primeiras 24 horas, quando os animais ainda estão com os agentes de fiscalização e não foram encaminhados para centros de tratamento e reabilitação (outro abandono dos governantes).

Mas, se a sociedade for esperar que os gestores públicos se mexam, nada vai acontecer. A máquina da administração pública funciona por demandas e pressões sociais, vindas das comunidades e de seus representantes. Enquanto a pressão não é feita ou não causa efeitos, é necessário também que os cidadãos assumam seu papel de protagonistas e ajam.

É o que estão fazendo a bióloga e professora Daniela Lima e o médico veterinário pós-graduado em atendimento clínico de animais silvestres Igor Magno.

“Ela e o médico veterinário pós-graduado em atendimento clínico de animais silvestres Igor Magno, 30 anos, pretendem buscar formas de viabilizar um projeto independente para a criação de um grupo de resgate para prestar atendimento emergencial a essas espécies. “Hoje não tem quem faça isso em Joinville, o Zoobotânico está em reforma e não tem condições de receber os animais, tanto que a Polícia Ambiental leva eles para a clínica. Não é uma critica ao poder público. Só decidimos fazer algo”, explica Daniela.

Igor Magno: com a bióloga Daniela, ele quer criar grupo de resgate
Foto: ND Joinville

Enquanto a proposta de tratar todos os animais silvestres debilitados que aparecerem na região e depois reencaminhá-los para os Cras (Centros de Reabilitação de Animais Silvestres) não sai do papel, o hospital veterinário (Cia. Bichos Hospital Veterinário) atende e trata casos graves descobertos pela polícia e pela comunidade.”
– texto da matéria “Veterinário e bióloga se unem à comunidade para tratar animais silvestres, em Joinville”, publicada em 24 de julho de 2012 pelo site catarinense ND Joinville

Outra ONG faz esse trabalho de atendimento imediatamente após a apreensão. É a SOS Fauna, de Juquitiba (SP). Segundo seu presidente, Marcelo Pavlenco Rocha, o número de óbitos pode ser muito grande quando os animais não recebem a atenção necessária nesse momento.

Marcelo Pavlenco Rocha, presidente da SOS Fauna
Foto: Arquivo pessoal

“O transporte deve ser feito de maneira a diminuir ao máximo o nível de estresse dos animais, e os tratamentos e cuidados especiais, como alimentação, medicação e melhoria das condições de higiene devem ser adequadas para cada espécie e também a cada situação; (...)

O manejo sem preparo técnico, sem conhecimento e a falta de urgência no atendimento podem ocasionar óbitos em massa, motivo pelo qual muitas vezes a SOS FAUNA é chamada pelas autoridades policiais para prestar os primeiros socorros e providenciar o encaminhamento da fauna resgatada em apreensões nas quais não teve participação direta. Uma das principais causas de óbitos no pós-apreensão se deve ao fato da ausência de primeiros socorros nestas situações, face à falta de conhecimento em relação ao problema.”
– texto do site da SOS Fauna

Cidadania não é só exigir seus direitos e cumprir seus deveres, é também fazer para mudar. É atuar de forma positiva para a construção de uma sociedade realmente justa e sustentável.

- Leia a matéria completa do ND Joinville
- Conheça a SOS Fauna

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vietnã, Laos e Moçambique: vilões na defesa de elefantes, rinocerontes e tigres

Matéria do site Último Segundo, do portal IG, destaca com material da agência de notícias Reuters:

“Vietnã, Laos e Moçambique são os países que menos fazem para reprimir o comércio ilegal de partes de animais, que está ameaçando a sobrevivência dos elefantes, rinocerontes e tigres, alertou o grupo de defesa do meio ambiente WWF nesta segunda-feira.

Em seu relatório 'Wildlife Crime Scorecard', a entidade disse que 23 países pesquisados, a maioria na África e na Ásia - as principais fontes e destino de partes de animais - poderiam fazer mais para impor o cumprimento das leis que proíbem um comércio que, segundo a WWF, está cada vez nas mãos de organizações criminosas internacionais.”
– texto da matéria “WWF destaca três países no comércio ilegal de partes de animais”, publicada em 23 de julho de 2012 pelo site Último Segundo (IG)

O relatório é um bom resumo-indicativo da situação dos elefantes, tigres e rinocerontes na África e Ásia. Esses animais estão sob pressão pela perda de hábitat por desmatamento e pelo mercado negro de suas partes, usadas em ornamentos e como remédios e elixires - sem comprovação científica de eficácia - em países da Ásia (principalmente na China e no próprio Vietnã).

“A China, tradicionalmente um mercado importante para partes de animais, foi premiada com notas verdes por seus esforços para diminuir o comércio ilegal de rinocerontes e tigres, mas recebeu uma nota amarela para o seu trabalho no comércio de marfim de elefante.Índia e Nepal foram as únicas nações que obtiveram notas verdes para todos os três animais.” – texto do Último Segundo

Na Ásia, principalmente China e países do Sudeste Asiático, o comércio de partes de animais é feito por quadrilhas extremamente bem organizadas e que movimentam altas quantias. Estima-se que o comércio mundial de animais e suas partes movimente entre 10 bilhões e 20 bilhões de dólares por ano (o que seria a terceira maior atividade ilícita do mundo).

Deve-se ressaltar que não basta haver estruturas repressivas contra o tráfico de animais pois, assim como no de drogas, enquanto houver gente que compra haverá quem vende. Educação ambiental!


- Leia a matéria completa do Último Segundo
- Saiba mais sobre o relatório (site em inglês com o relatório para download)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Atropelamentos de animais silvestres: agora uma vítima mineira

Ontem, 23 de julho de 2012, o Fauna News publicou a foto de uma passagem para animais silvestres sobre uma rodovia na Holanda. A iniciativa é um exemplo para os gestores públicos e concessionárias que administram as estradas brasileiras, afinal, o país tem uma das maiores biodiversidades do planeta e é comum que as rodovias cortem extensos trechos de matas preservadas.

Mas, infelizmente, a realidade brasileira é muito cruel. Um exemplo recente:

“Policiais do Meio Ambiente resgataram na BR-040, sábado (21), um veado camperio que foi atropelado por um veículo não identificado. O animal silvestre sofreu um ferimento na pata traseira direita e foi encaminhado a uma clínica veterinária onde permaneceu sob os cuidados.” – texto da matéria “Polícia resgata veado campeiro atropelado”, publicada em 23 de julho de 2012 pelo site mineiro Barbacena Online.

Veado-campeiro atropelado em MG
Foto: Divulgação PM/MG

Um bom exemplo do que está acontecendo nas estradas brasileiras é a história da onça-parda Anhanguera. O felino foi atropelado em 2009 na rodovia Anhanguera, no interior paulista e, após intenso trabalho de recuperação realizado pela ONG Associação Mata Ciliar, foi devolvido à natureza. Infelizmente, em 18 de abril de 2012, o animal acabou atropelado novamente. Mas dessa vez, o resultado foi a morte.

Resgate de Anhanguera em 2009

Rodovias sem infraestrutura e sem planejamento para reduzir impactos ao meio ambiente  e motoristas despreparados para dirigir em áreas com alta incidência de fauna silvestre resultam em um número imenso de mortes de animais e em alto risco para a vida humana com os acidentes.

Passagem de fauna ligando fragmentos de mata na Holanda

- Leia a matéria completa do Barbacena Online
Releia:
- “Começar a semana pensando...” (sobre a passagem de fauna da Holanda), publicada pelo Fauna News em 23 de julho de 2012
- “A onça Anhanguera teve sua segunda chance. Mas não resistiu à pressão humana”, publicado pelo Fauna News em 15 de maio de 2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Começar a semana pensando...

...no respeito aos animais silvestres quando o assunto é estradas.

Essa semana, a foto abaixo circulou pelo Facebook. Na legenda constava que a obra é uma passagem de fauna na Holanda chamada Ecoduto Borkeld, que liga dois trechos de mata que foram separados por uma rodovia. Isso em um país que não tem a biodiversidade e a quantidade de estradas cortando áreas preservadas como o Brasil.

Senhores gestores públicos, por que não temos algo parecido por aqui? A quantidade de atropelamentos de animais silvestres justifica o investimento.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Reflexão para o fim de semana: levamos o caos à natureza e os animais são as vítimas

“O número de animais silvestres desalojados de seu habitat natural e que consequentemente tem invadido casas, aparecendo nas cidades e rodovias próximas às cidades tem crescido constantemente, e Campinas vem engrossando as estatísticas. O problema, segundo os especialistas, é devido ao crescimento desordenado das cidades, às áreas de preservação ambiental insuficientes e à falta de corredores ecológicos, por onde os bichos possam se locomover.

Coruja-orelhuda sendo solta após resgate e tratamento
Foto: Divulgação PlanetVet

Comparando-se o primeiro semestre de 2011 com o mesmo período de 2012, a ONG Mata Ciliar, que atua recolhendo animais de Campinas e região, observou um aumento de 85% no resgate de tais animais. Em 2011, a ONG recebeu 1.793 animais silvestres, dos quais 763 puderam ser soltos após reabilitação. A porcentagem de soltura foi de 42%. Já nos sete meses de 2012, foram 772 animais recebidos e 288 soltos - uma porcentagem de soltura de 38%.”
– texto da matéria “Resgate de animais silvestres aumenta 85% no ano”, publicada em 16 de julho de 2012 pelo site rac.com.br (Rede Anhanguera de Comunicação, de Campinas e região)

Esse fenômeno do crescimento urbano desordenado, aliado à falta de planejamento na construção de rodovias e implantação de propriedades rurais, está acabando com as matas e fragmentando as poucas existentes. Dessa forma, os animais perdem sua área de alimentação e busca por parceiros para reprodução, obrigando-os a se arriscar em travessias de estradas, no contato com a rede elétrica e em vagar pelos trechos urbanos dos municípios.

O resultado está nos números divulgados pela Associação Mata Ciliar. E a situação vai piorar, já que providências efetivas pelo poder público, tanto na ação efetiva de soluções como na implantação de projetos de educação ambiental para a população.

“'Infelizmente, tem sido sempre uma crescente', diz o médico veterinário Diogo Ribeiro Siqueira, diretor do Planet Vet, entidade que recolhe cerca de 270 animais por mês na região. 'Como as cidades têm crescido de forma desordenada, incluindo-se aí a construção de condomínios e de chácaras em áreas inapropriadas, cada vez mais os animais vêm perdendo seu espaço e, por isso, são obrigados a migrar para tentar sobreviver', explica Siqueira.” – texto do rac.com.br

Gambá teve lingua perfurada com anzol durante tentativa de resgate feita por pessoas não treinadas
Foto: PlanetVet

E esse problema não afeta somente os animais. As pessoas  passam a ficar expostas ao contato direto com os bichos, sujeitas portanto a serem mordidas (principalmente em quem tentar realizar alguma captura e não tiver capacitação e equipamentos adequados para tal) e aos riscos de zoonoses.

Portanto, senhores do poder público, a vida dos animais e a saúde dos cidadãos dependem muito de ações responsáveis e, sobretudo, de planejamento. Corredores de fauna, planos diretores sustentáveis, educação ambiental, equipes de fiscalização ambiental treinadas, motivadas e equipadas, atenção para as rodovias, a rede elétrica e as lavouras (queimadas agrícolas) e a criação de mais unidades de conservação são apenas alguns pontos que devem ser trabalhados.

Mãos à obra!

Comentário final: no primeiro parágrafo, o jornalista da Rede Anhanguera de Comunicação escreveu que os animais silvestres estão invadindo casas. Quem está invadindo a casa de quem?

- Leia a matéria completa do rac.com.br

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Tráfico internacional de aves: acontece nas Ilhas Salomão e também no Brasil

“Centenas de papagaios, catatuas e outras aves exóticas foram exportadas sobre registos ilegais das ilhas Salomão nos últimos 10 anos, denuncia o último relatório da Traffic, entidade responsável pela supervisão mundial do comércio da vida selvagem.

Cardinal lories (Chalcopsitta cardinalis) também são traficados
Foto: Traffic

As Ilhas Salomão, que recentemente se juntaram à convenção do comércio mundial dos animais selvagens (CITES), foram usadas nos últimos anos, segundo a descrição da Traffic, para um esquema de “lavagem” de aves exóticas.”
– texto da matéria “Nos últimos 10 anos as ilhas Salomão tornaram-se um centro de tráfico de aves exóticas”, publicada em 17 de julho de 2012 pela página Ecosfera do site do jornal português Público

De acordo com o relatório, cerca de 54 mil aves foram exportadas das ilhas Salomão, no período 2000-2010. Mas nem todos animais foram capturados naquele país. Por meio de um esquema de tráfico de fauna mais sofisticado, 13 mil bichos eram originários de outros países, como a Indonésia e a Papua Nova-Guiné. Contudo, não foram encontrados registos das espécies importadas , o que indica que as aves foram trazidas ilegalmente para serem exportadas ou para que se iniciasse um programa de reprodução em cativeiro.

“Segundo o último relatório da Traffic, que avaliou o estado do comércio de aves exóticas nas Ilhas Salomão, foram encontradas 35 espécies de aves exóticas diferentes a ser a exportadas das Ilhas Salomão. Algumas destas aves pertencem à lista vermelha das espécies ameaçadas.

Por exemplo, a Catatua de Crista Amarela (Catatua sulphurea), classificada como criticamente em perigo, está presente. No entanto, de acordo com a regulamentação da CITES o comércio de Cacatuas de Crista Amarela é proibido.”
– texto do Público

Cacatua criticamente ameaçada de extinção
Foto: The Indonesia Parrot Protection for Life

O que acontece nas Ilhas Salomão também ocorre no Brasil com muitas aves, como papagaios e araras, sendo enviados ilicitamente para países vizinhos, onde ganham documentação e são exportados com aspecto legal.

E tudo isso para manter uma ave engaiolada...

- Leia a matéria completa do Público
- Leia o texto da Traffic sobre o relatório (contém o relatório) - em inglês

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Bugio na Bahia: vítima do tráfico, do cativeiro e do abandono

Em 16 de julho de 2012, uma denúncia anônima levou uma equipe da Polícia Rodoviária Federal  até o km 908 da BR-116, no município de Cândido Sales (BA). No local indicado, foi encontrada uma caixa e, dentro dela, um bugio. O animal foi levado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas/Ibama) de Vitória da Conquista.

Bugio encontrado em caixa na Bahia
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

“Pela dentição do macaco, que é macho, o Cetas identificou que se trata de um adulto jovem. "É uma espécie que ocorre aqui na região, mas não é muito comum. Ele aparenta ter sido criado em cativeiro, pois não demonstrou medo na presença das pessoas", completa a veterinária.” (veterinária Rosana Ladeia) – texto da matéria “Macaco encontrado pela PRF recebe tratamento e já se alimenta na Bahia”, publicada em 17 de julho de 2012 pelo portal G1

Como animais da espécie Alouatta guariba não são comercializados, é praticamente certo que o macaco foi capturado, ainda filhote, na natureza . É uma hipótese, mas com bastante fundamento.

Não bastasse a retirada da natureza, o cativeiro foi caracterizado por maus tratos.

‘"Ele chegou aqui muito debilitado, bastante magro. Aplicamos anti-parasitários e ele já está comendo. Toda a equipe trabalha para sua recuperação", diz Rosana Ladeia, veterinária. “O estado geral dele não é bom, ele está extremamente magro, com pelo sem brilho, pouca densidade de pelo, com várias escoriações pela perna e principalmente pelo rabo, além de escoriações já cicatrizadas e outra acima do nariz. O estado geral dele é de subnutrição”, explicou o coordenador do centro de triagem, Aderbal Azevedo.’ – texto do G1

Bugio se alimentando no Cetas de Vitória da Conquista (BA)
Imagem: Reprodução TV Sudoeste

Agora, o bugio foi vítima de abandono. O que teria acontecido para o animal se deixado no acostamento da rodovia?

Uma resposta possível: muita gente adquire animais (não só do tráfico) ainda filhotes. Afinal, são bonitinhos e cativantes. Mas, os silvestres, quando adultos, passam a ter comportamentos mais agressivos ou inadequados sob o ponto de vista de quem os comprou ou capturou. O resultado dessa incompatibilidade é, muitas vezes, o abandono.

Por isso, cães e gatos são ideias para a convivência com os humanos. Pense nisso.

- Leia a matéria completa do G1

terça-feira, 17 de julho de 2012

Campina Grande (PB): outra vergonhosa feira de animais silvestres

O Fauna News tem dado bastante destaque ao comércio criminoso de animais silvestres em feiras espalhadas por todo o Brasil. Recentemente, abordamos a vergonhosa feira de Duque de Caxias (RJ), apontada como um dos maiores pontos de tráfico de fauna do país. Outro local com grande concentração desse tipo de comércio é Campina Grande (PB).

Comércio ilícito de aves em Campina Grande (PB)
Foto: ANDA

“Em Campina Grande, segunda maior cidade da Paraíba, a feira de animais silvestres é uma vergonha. Llá os animais são comercializados livremente e há raras apreensões dos órgãos competentes. Vale salientar que feiras desta categoria existem por todo o país e se configuram como uma vergonha nacional. Em Campina grande, várias espécies de animais são negociadas, principalmente as aves, e, entre elas, a mais cobiçada no momento: o azulão-do-nordeste, ave endêmica de algumas partes do Nordeste, ameaçada de extinção e, segundo o ambientalista Aramy Fablício, “com um quadro irreversível, pois as políticas ambientais são ultrapassadas”. E mesmo que houvesse apreensões, na região quase não existem mais azulões soltos na natureza. Há relatos de que na região do Cariri ainda existam alguns, mas é apenas uma questão de tempo até o capturador apreendê-lo e levá-lo para o mercado negro. E devido a sua raridade, o valor aumenta.

Aves sendo vendidas em Campina Grande (PB)
Foto: ANDA

Além do azulão são negociadas outras espécies de aves endêmicas da região como a pinta-silva-do nordeste, o galo-de-campina, o goladinho, o vem-vem, a maria-fita e tantas outras nativas e também as migratórias como o bigodinho, o papa-capim, o caboclinho-lindo, a chorona. Também são negociados animais como saguis, guaxinins, tatus, cobras, camaleões e tantos outros. (...)”
– texto da matéria “Animais silvestres são comercializados livremente em feira de Campina Grande (PB)”, publicada em 13 de julho de 2012 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA)

Mais que nas regiões Sul e Sudeste, o tráfico de animais nas feiras de rolo acontece com muita força no Nordeste e Norte do país.  E esse gigantesco comércio varejista só existe porque tem gente que compra os bichos, principalmente as aves. A repressão se faz necessária e com apoio de uma legislação descente (diferente da atual, que não leva ninguém para a cadeia por traficar animais), mas não é suficiente. Só com um trabalho massivo de educação ambiental é que esse quadro começará a mudar.

Enquanto houver quem compra, haverá quem venda.

- Leia a matéria completa da ANDA
- Releia “Feira de Duque da Caxias (RJ): cadê o posto do Ibama?”, publicada pelo Fauna News em 11 de junho de 2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre a captura de pássaros. Manter aves em gaiolas é um hábito antigo, muito difundido no Brasil.

Foto: Renata Diem

Estima-se que cerca de 80% dos animais traficados no Brasil são aves. O vídeo abaixo tem a seguinte descrição no You Tube:

“Na manhã do dia 10 de março de 2010, durante uma ronda de rotina pela área do Parque das Dunas, nossos seguranças localizaram uma gaiola com um canário preso, tratava-se de uma armadilha caseira. Após achar a armadilha e fazer o registro fotográfico, o pássaro foi solto a alguns metros do local onde foi encontrado. Já a gaiola...”

O Parque das Dunas localiza-se em Salvador (BA).


- Saiba mais sobre o Parque das Dunas e as atividades da Unidunas

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Reflexão para o fim de semana: secretário do Meio Ambiente com carne de tartaruga?

Vamos ao absurdo...

“O Ibama apreendeu na noite desta segunda-feira (9/7) uma tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), já sem casco e esquartejada, no Aeroporto Internacional de Belém, no Pará.

Carne de tartaruga ameaçada de extinção apreendida
Foto: Divulgação Ibama

A carne do animal, que integra a lista das espécies brasileiras ameaçadas de extinção, estava em poder do secretário de Mineração, Meio Ambiente e Produção de Itaituba, Ivo Lubrina de Castro, que desembarcava na capital de um voo da Sete Linhas Aéreas vindo do oeste do estado.” – texto da matéria “Ibama flagra secretário de Meio Ambiente de Itaituba com carne de tartaruga”, publicada em 10 de julho de 2012 pelo site da revista Globo Rural

Foto: Blog Quarto Poder
O secretário (foto ao lado) alegou para os agentes do IBAMA que iria servir a tartaruga para o filho que estaria para chegar de Londres, onde estuda.

“Garimpeiro com larga experiência nacional e internacional no processo de lavra garimpeira; tem serviços prestados na comunidade garimpeira do Vale do Tapajós e foi um dos fundadores da AMOT – Associação de Mineradores do Vale do Tapajós, entidade da qual é presidente onde é um porta-voz da classe na luta e conquista de direitos, entre eles, o Estatuto do Garimpeiro, a liberação das PLGs – Permissão de Lavras Garimpeiras, entre outros.” – perfil do secretário no site da prefeitura de Itaituba

Ótimo exemplo! Muito educativo! Não só para o filho, como para o restante da população de Itaituba (PA).

Itaituba (PA)
Foto: site Prefeitura de Iatituba

- Leia a matéria completa da Globo Rural
- Entre em contato com o secretário Ivo Lubrina de Castro

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O rali e a onça-preta

“O Ibama resgatou nesta quinta-feira (05/07) um filhote de onça-preta abandonado no final da semana passada em Tucuruí, no sudeste do Pará. O animal é uma fêmea, com cerca de três meses de idade, e passa bem. Ela teria se perdido, ou foi deixada pela mãe, numa estrada de acesso ao município, após um incidente com praticantes de "rally off-road".

Separada da mãe e condenada ao cativeiro
Foto: Divulgação Ibama

A pequena onça-preta acabou sendo recolhida por um dos participantes do rally e levada para Cametá, no nordeste do estado, onde foi entregue aos Bombeiros cinco dias depois do acidente. Segundo a corporação, um dos quadriciclos da competição teria atropelado a onça adulta, quando o felino fazia a travessia para a floresta com dois filhotes. Acuada, a fêmea conseguiu fugir levando um deles, mas deixou o outro para trás.”
– texto de divulgação do Ibama, publicado no site do órgão em 6 de julho de 2012

O ocorrido com a onça e seus filhotes foi um acidente. Garanto que ninguém planejou tal fato. Mas o ocorrido merece uma reflexão.

Praticantes de trilhas com jipes ou motos e competições de rali utilizam áreas com natureza relativamente preservada, onde a presença de animais silvestres não pode ser considerada estranha. Pelo contrário.
Portanto, caros pilotos (profissionais ou de fim de semana) todo cuidado é pouco. O contato com a natureza, tão valorizada por vocês, deve ter o respeito à fauna e à flora como princípios. Não desmatem para abrir novos caminhos, organizem competições somente após um estudo completo  sobre a possibilidade de ocorrer contato com a fauna silvestres e sobre os impactos que toda a barulheira pode causar na vida dos bichos.

Respeitar o meio ambiente é muito mais do que estar em contato com a natureza. Afinal, as consequências podem ser desastrosas:

“Como não adquiriu experiência necessária para sobreviver, no pouco tempo em que ficou com a mãe, o filhote dificilmente poderá retornar à natureza.” – texto do Ibama

- Leia o texto completo do Ibama

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Feira de Duque da Caxias (RJ): cadê o posto do Ibama?

Em janeiro, a prefeitura de Duque de Caxias (RJ) anunciou que poderia instalar na feira de rolo da cidade um posto de fiscalização para ser utilizado pelo Ibama e pelo Batalhão Ambiental da PM do Rio de Janeiro. A intenção era coibir o tráfico de animais silvestres.

“A Feira Livre de Duque de Caxias, no bairro 25 de Agosto, pode ganhar um posto avançado de monitoramento do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em parceria com a Prefeitura. O posto também será utilizado pelo Batalhão Florestal. A iniciativa partiu da Secretaria de Transportes e Serviços Públicos, durante trabalho de rotina feito no domingo, 15 de janeiro, na feira.

Feira de Duque de Caxias: tráfico de animais todos os domingos
Foto: Blog do Alberto Marques

De acordo com o superintendente do IBAMA, Adilson Gil, os entendimentos continuarão para que o projeto seja colocado em prática, permitindo a permanência do órgão federal no local.” – texto de divulgação da prefeitura “Feira Livre de Duque de Caxias pode ter posto do IBAMA”, publicado em 16 de janeiro de 2012 no site da própria prefeitura

O anúncio foi repercutido pelo Fauna News, no “Na luta contra a cracolândia da fauna silvestre”, de 24 de janeiro de 2012.

“Guardadas as devidas proporções, o comércio escancarado de animais silvestres na feira livre de Duque de Caixas, no estado do Rio de Janeiro, é muito similar ao escandaloso comércio de drogas na região da Luz da cidade de São Paulo, a cracolândia. Em ambos os locais, o tráfico (de animais ou de entorpecente) escancara para a sociedade a incompetência do poder público em lidar com o problema.” – texto do Fauna News

A feira nasceu na priemira metade do século passado
Foto: Márcio Leandro

Apesar do anúncio da preitura, até o momento nada foi feito. Tanto que o Ministério Público entrou na história.

“Depois de anos de operações policiais escassas que não resultaram em grandes mudanças, o Ministério Público Federal quer dar um jeito de acabar com a Feira de Duque de Caxias: entrou com a ação na Justiça Federal em São João de Meriti para que o Ibama seja obrigado a instalar um posto permanente de fiscalização no local.

Funcionando há mais de meio século, a feira é um dos principais pontos de tráfico de animais do País — fato desconhecido apenas por algumas autoridades.


Extinção
Investigações feitas pelo MPF e também pela Polícia Federal mostram que parte dos animais comercializados na Feira de Caxias está entre as espécies ameaçadas de extinção. Estima-se que, em alguns fins de semana, pelo menos dois mil deles sejam vendidos.”
– texto da matéria “Informe do Dia: De olho na feira”, publicado pelo jornal O Dia, em 7 de julho de 2012

Será que dessa vez vai? Ou a vergonhosa feira de Duque de Caxias continuará sendo palco de tanta impunidade?

- Leia a matéria completa de O Dia
- Releia a matéria da prefeitura de Duque de Caxias
- Releia o post do Fauna News “Na luta contra a cracolândia da fauna silvestre”

terça-feira, 10 de julho de 2012

Um degradante retrato do tráfico de animais

A foto “fala” por si. Cena degradante, da mais pura humilhação e crueldade. Representa o egoísmo humano em não considerar que o bem-estar do animal está na vida livre, está na natureza. Representa a presunção do humano em achar que o bicho pode estar melhor no cativeiro ao seu lado do que entre os de sua espécie nas matas.

Na foto estão apenas duas vítimas de milhares que, fora de seus hábitats, representam passos na direção de um desequilíbrio ecológico impossível de ser mensurado, mas que trará consequências.

Degradante, humilhante e cruel
Foto: Sedi Sahputra/EFE

“Abatidos e presos em uma gaiola, dois animais do gênero de primatas Macaca fascicularis, foram vistos nesta sexta-feira (6/7) no mercado de animais selvagens de Medan, na Indonésia.

O lugar, segundo a organização ecologista Traffic, é um importante centro para o comércio nacional e internacional de mascotes. Por lá, dezenas de pássaros e mamíferos são vendidos todos os dias.

Os macacos aguardavam a chegada de um possível “dono”.

A comercialização dos animais selvagens no mercado indonésio, embora permitida, é duramente criticada por instituições internacionais.”
– texto da matéria “Macacos abatidos são exibidos em comércio de espécies selvagens na Indonésia”, publicada em 6 de julho de 2012 pelo blog Planeta Bicho di site da revista Globo Rural

E a foto, apesar de ter sido feita na Indonésia, pode ser tirada em qualquer lugar do mundo. Inclusive no Brasil.

- Leia a matéria “Macacos abatidos são exibidos em comércio de espécies selvagens na Indonésia”

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Começar a semana pensando...

...no assassinato de elefantes para fazer isso:

MAterail apreendido no Aeroporto de Los Angeles
Foto: Divulgação US CPB

“Agentes da alfândega americana flagraram uma mulher de 63 anos que tentava entrar nos EUA, pelo Aeroporto de Los Angeles, com oito presas de marfim e sete bolsas feitas de couro de diferentes tipos de animais, entre eles elefante, crocodilo e arraia.

A passageira, de cidadania americana, vinha da Grécia via Alemanha, e não tinha declarado nenhum desses objetos, todos proibidos pela lei que protege espécies ameaçadas nos Estados Unidos. A bagagem irregular foi identificada por meio de aparelhos de raios x. O flagrante aconteceu na última quarta-feira (27), mas foi divulgada pelas autoridades somente nesta semana.”
– texto da matéria “Mulher é flagrada com presas de marfim no aeroporto de Los Angeles”, publicada em 4 de julho de 2012 pelo portal G1

Foto: Martin Harvey/WWF-Canon

- Leia a matéria do G1

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Reflexão para o fim de semana: crocodilo de zoológico vivia no lixo?

Zoológicos devem ser locais para educação ambiental e, principalmente, para conservação de espécies em risco de extinção. Mas nem sempre é isso que acontece.

“O ambientalista francês Aurélien Brulé e seu filho inspecionam o crocodilo sem dentes batizado de Hollande, nome do presidente da França eleito recentemente, François Hollande. O réptil de 4,5 metros foi resgatado de um poço com lixo em um zoológico da ilha de Bornéu, na parte pertencente à Indonésia, e levado a um santuário de animais.” – texto-legenda entitulado “Crocodilo banguela é resgatado de poço com lixo em zoo indonésio”, publicado em 3 de julho de 2012 pelo portal G1

Resgate do crocodilo na Indonesia
Foto: Romeo Gacad/AFP

Imediatamente, fiz a pergunta: o animal vivia em um poço com lixo? Sim, isso mesmo. A instituição estatal estava abandonada.

E o caso não é tão incomum assim. Vale lembrar o caso do zoolócio do Cattoni-Tur Hotel, no centro de Salete (SC).

“O rugido insistente de um leão se tornou comum em meio à paisagem de araucárias do interior de Santa Catarina nas últimas semanas.

"É por causa da fome", diz a voluntária Sílvia Pompeu, enquanto joga um pedaço de carne para o animal de aparência esquelética, que devora o alimento em segundos. Macacos apáticos em jaulas imundas observam a cena.

Macacos estavam entre os animais abandonados em Salete
Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

Eles e outras dezenas de bichos são os sobreviventes do zoológico do Cattoni-Tur Hotel, no centro de Salete (a 260 km de Florianópolis).

Segundo o Ibama, o local foi praticamente abandonado pelo dono, Azodir Cattoni, após o órgão interditá-lo, em dezembro. Desde então, os bichos passaram a comer cada vez menos. Tigres que recebiam 14 kg de carne a cada dois dias passaram a ter dois frangos.

A eletricidade foi cortada. E sem as cercas elétricas, uma onça já pulou na jaula dos leões e foi morta. "Todo mundo corre risco de morte", disse a analista ambiental do Ibama Gabriela Breda, que circula armada pelo zoo.

Instalado num antigo seminário, o hotel-zoo foi aberto em 2007 e passou a acumular legalmente enorme quantidade de bichos. Havia mais exemplares de certas espécies do que no zoo paulistano.

"Vinham de apreensões ou foram abandonados por circos", disse Elenice Franco, do Ibama. Segundo o órgão, os recintos são inadequados, e o acúmulo se refletiu no índice de mortalidade, que alcançou 80%. O aceitável seria até 20%.

Dos 1.100 animais que entraram lá, só 214 estavam vivos na interdição, decidida após a fuga da elefante Carla, que saiu em disparada pelas ruas e só foi capturada horas depois - hoje ela vive no Rio.”
– texto da matéria “Famintos, animais definham em zoológico do interior de SC”, publicada em 10de abril de 2012 pela Folha de S. Paulo

De acordo com o presidente da Sociedade de Zoológicos do Brasil (SZB), Luiz Antonio da Silva Pires, existem no país cerca de 120 zoológicos, responsáveis por 40 mil animais. Será que todas as instituições trabalham com responsabilidade e garantem e bem-estar dos bichos?

Ainda em tempo: ninguém publicou nada sobre a falta de dentes do crocodilo. Qual será o motivo?

- Veja a publicação do G1
- Leia a matéria completa da Folha de S. Paulo
- Conheça a Sociedade de Zoológicos do Brasil (SZB)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Nos canaviais, quando não queimam, matam animais com máquinas

“Dois filhotes de onça-parda foram recolhidos na madrugada da segunda-feira (2), em um canavial de Naviraí a 359 km de Campo Grande. De acordo com a Polícia Militar Ambiental (PMA) que fez o resgate, um dos filhotes não resistiu aos ferimentos causados pelas máquinas de cortar cana e morreu.

Filhote de onça-parda morto por máquina
Foto: Divulgação PMA/MS

Ainda segundo a PMA, os militares foram acionados por funcionários de uma usina sucroalcooleira onde estava sendo realizada a colheita da cana com máquinas.” – texto da matéria “Polícia ambiental recolhe filhotes de onça-parda em canavial em MS”, publicada em 2 de julho de 2012 pelo portal G1

Filhote que sobreviveu
Foto: Divulgação PMS/MS

A notícia novamente chama a atenção para o problema dos danos causados à fauna silvestre durante a colheita da cana. Normalmente, em lavouras não mecanizadas, os animais são vítimas das queimadas realizadas para preparar a retirada da produção.

Em 22 de maio de 2012, o Fauna News publicou um caso no mesmo município, em que um gato-do-mato foi encontrado com vários ferimentos provocados por queimaduras nas orelhas e os olhos e, possivelmente, iria ficar cego.

Gato-do-mato queimado em maio de 2012
Foto: Divulgação PMA/MS

“A antiquada prática da queima da palha da cana-de-açúcar contrasta com a propaganda do etanol como combustível sustentável. Pode ser menos poluente para a atmosfera no momento de sua queima nos motores, mas seu processo de produção ainda deixa a desejar.

As lavouras não mecanizadas ou pouco mecanizadas ainda utilizam a queima da palha da cana como parte do processo de colheita. O processo é economicamente arcaico e de visão administrativa de curto prazo, afinal o solo empobrece com os incêndios agrícolas obrigando mais investimentos em insumos.

Ambientalmente, o processo é um desastre. Primeiramente por depor contra a intenção do uso do etanol como combustível menos poluente, afinal de contas as queimadas lançam gases e também prejudicam a saúde dos moradores de muitas cidades vizinhas das propriedades rurais.


Canavial em chamas: temperatura chega a 800°C

Outro motivo é o impacto que essas queimadas causam na fauna silvestres. Os animais acabam mortos e feridos pelos incêndios agrícolas que se alastram com extrema velocidades e atingem temperaturas de 800°C.”
– texto do post do Fauna News “Mais uma vítima da queima da palha da cana”

Mas o que aconteceu com as duas oncinhas alerta para a necessidade dos administradores dos canaviais fazerem buscas prévias bem detalhadas nas áreas de colheita (seja com o uso de fogo ou com maquinário) para evitar danos à fauna.

O etanol só será um combustível sustentável quando, em seu processo produtivo, esse tipo de problema acabar. Não é só a comparação com a gasolina e o diesel que o fará “verde”.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia o post do Fauna News “Mais uma vítima da queima da palha da cana”

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Vídeo sobre fotórgrafo que registra o tráfico de animais na Ásia. Imperdível!

O vídeo que está no link a seguir relata o trabalho do fotógrafo inglês Patrick Brown. Morando na Tailândia, durante 10 anos ele registrou o tráfico de animais silvestres na Ásia. Seu trabalho resultou no livro “Trading to Extinction”.

Foto: Patrick Brown

São 21 minutos que resumem o trabalho desse profissional e mostram um pouco do comércio criminoso de fauna silvestre. Na região, principalmente na China, encontram-se bichos de vários lugares do mundo. Impressionante!

Foto: Patrick Brown

Não deixe de assistir.

- VÍDEO - "Picture Perfect: Patrick Brown"

Foto: Patrick Brown

terça-feira, 3 de julho de 2012

Cercas na Dutra: proteção de animais precisa de mais ações

“Os técnicos da CCR NovaDutra comemoram uma grande conquista. A implantação de cercas às margens da Via Dutra para proteção de animais silvestres está dando resultados positivos. A ação, denominada Projeto Fauna, tem por objetivo impedir que esses animais entrem na pista, correndo o risco de serem atropeladas. As cercas foram implantadas entre julho de 2010 e abril de 2011. De janeiro a maio de 2010, período anterior à colocação das cercas, foram registradas 51 ocorrências de animais silvestres nas proximidades da rodovia, sendo que no mesmo período de 2012, foram contabilizadas 14 ocorrências deste tipo.” – texto de divulgação da concessionária CCR Nova Dutra de 29 de junho de 2012

A ação é válida e muito importante. Mas deve ser encarada apenas como o primeiro passo pela CCR NovaDutra e como um exemplo para os demais gestores de rodovias no Brasil.

A CCR NovaDutra priorizou áreas próximas de rios e represas em uma pequena extensão (15 quilômetros) da principal ligação entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro:

“As telas foram instaladas perto de rios e represas, em uma extensão de aproximadamente 15 quilômetros. A maior parte dessas cercas está localizada na região de Queluz (SP), onde o rio Paraíba margeia a rodovia, e na região de Piraí (RJ), onde existe a represa da Light na lateral da pista.

Placas divulgando as cercas: prefiro as que alertam os motoristas
Foto: Divulgação CCR NovaDutra

Segundo Sérgio Bologniesi, responsável pela área de Segurança, Qualidade e Meio Ambiente da CCR NovaDutra, perto de represas e rios, as chances de aparecerem animais silvestres são maiores. (...)”
– texto da CCR NovaDutra

A concessionária não pode esquecer dos lobos-guarás (Chrysocyon brachyurus), espécie ameaçada de extinção (classificação “vulnerável”) no estado de São Paulo e pelo Ibama e com tendência de declínio populacional. Não é incomum o atropelamento desses animais na Dutra, com registros em Guararema, São José dos Campos e Caçapava, onde ainda existem algumas manchas de Cerrado no Vale do Paraíba.

Lobo-guará: ameaçado de extinção
Foto: Luiz Cláudio Marigo

Se esse tipo de problema ainda ocorre em uma região tão urbanizada como o Vale do Paraíba, imagine a quantidade de atropelamentos nas rodovias que cortam áreas com vegetação ainda preservada no Brasil.

- Leia o texto completo da CCR NovaDutra

domingo, 1 de julho de 2012

Começar a semana pensando...

...na incrível redução do tráfico de animais em Rondônia. Ainda estou tentando acreditar.

Em 22 de julho, o Fauna News publicou “Reflexão para o fim de semana: tráfico de animais em Rondônia caiu 80%. Juro que queria acreditar” e repercutiu a seguinte afirmação do superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) em Rondônia, Alberto Chaves Paraguassu:

“Tivemos uma redução drástica no número de animais silvestres comercializados irregularmente, cerca de 80% nos últimos três anos. É muito mais frequente receber denúncias durante as fiscalizações de pessoas criando domesticamente esses animais. É mais uma questão cultural”. – texto da matéria “Tráfico de animais silvestres em RO caiu 80% em três anos, diz Ibama”, publicada em 21 de junho de 2012 pelo portal G1

Paraguassu, do Ibama: tráfico caiu 80% em Rondônia
Foto: Rondonotícias

O superintendente alega que o que caracteriza o crime de tráfico é a quantidade de animais em transporte para comercialização. Mas, se tem gente que compra e mantém em cativeiro, é porque tem gente que vende, certo?

E muitas apreensões estão acontecendo em Rondônia. Veja os dados do Centro de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS):

“Entre os anos de 2010 e 2011, o CRAS registrou a entrada de 536 animais de 92 espécies diferentes. Dos 536 animais, 286 foram reintroduzidos na natureza, 116 morreram por diversos motivos, como traumas, maus tratos e doenças, e 40 animais tiveram outros destinos, como zoológicos e parques de preservação ecológica.” - texto da matéria ” Animais resgatados são devolvidos à natureza pela Polícia Ambiental de RO”, publicado em 29 de junho de 2012 pelo portal G1

Papagaio no CRAS em Rondônia
Foto: Larissa Matarésio/G1

Tudo bem que o número engloba animais apreendidos com traficantes, em cativeiro doméstico e resgatados em situações de risco (como atropelados, em área urbana etc.).

“O principal animal recolhido pela Polícia Ambiental são os pássaros, como papagaios, araras, curiós.” – texto do G1

No Brasil, mais de 80% dos animais traficados são aves. Continua afirmando que as declarações do superintendente do Ibama em Rondônia não me convenceram.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia “Reflexão para o fim de semana: tráfico de animais em Rondônia caiu 80%. Juro que queria acreditar”, publicado pelo Fauna News em 22 de junho de 2012