sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Reflexão para o fim de semana: o tráfico de papagaios-verdadeiros

Essa semana, o Fauna News dedicou-se a abordar o tráfico de papagaios-verdadeiros. Uma quantidade desconhecida, mas muito grande, de filhotes desses animais é coletada anualmente no Cerrado do Mato Grosso do Sul para satisfazer o desejo de paulistas em ter um bichinho de estimação que fale.

Filhotes de papagaios transportados em caixotes
Foto: Dilvugação SOS Fauna
Estamos em setembro, época de nascimento das aves e período crítico do tráfico. Releia os posts do Fauna News sobre o assunto. Aproveite, assista a uma matéria curtinha do MS Record sobre uma apreensão (o caso é antigo, exibido em 20 de setembro de 2008, mas a situação permanece a mesma) e reflita sobre a crueldade e os danos aos ecossistemas que a ausência desses bichos causa.


- Releia o post “Aberta a temporada de tráfico de papagaios-verdadeiros”, publicado pelo Fauna News em 19 de setembro de 2012
- Releia o post “Tráfico de papagaios – parte 2: agora na Caatinga”, publicado pelo Fauna news em 20 de setembro de 2012
- Releia o post  ’“De volta para casa”: seriedade de gente comprometida e 80 papagaios-verdadeiros novamente livres’, publicado em 18 de setembro de 2012 pelo Fauna News
- Leia a matéria “Aberta a temporada do tráfico”, da revista Terra da Gente

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Tráfico de papagaios – parte 2: agora na Caatinga

Ontem, 19 de setembro de 2012, o Fauna News publicou “Aberta a temporada de tráfico de papagaios-verdadeiros”. Mas a exploração da espécie Amazona aestiva não está restrita aos estados do Cerrado brasileiro. Ele também ocorre na Caatinga, mas com algumas diferenças. A começar pela época de apanha dos filhotes, que ocorre entre dezembro e março (período reprodutivo da espécie no bioma) – e não em setembro e outubro.

Apreensão de papagaios da Caatinga
Foto: Arquivo de Kima Manso

Outra característica é o tráfico de ovos da espécie. “Já abreviaram tanto a "época de coleta" que atualmente o forte já está sendo o tráfico de ovos”, afirma a presidente da ONG pernambucana ECO – Organização para a Conservação do Meio Ambiente, Kilma Manso.

Por causa da redução das populações da espécie, os papagaios-verdadeiros não são vistos mais com facilidade em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande Norte, Alagoas e Sergipe. As aves ainda são encontradas em regiões da Bahia, Piauí e Maranhão, que, por esse motivo, se tornaram os atuais alvos dos traficantes. O principal mercado consumidor dos papagaios da Caatinga é o eixo Rio-São Paulo, mas também há grande demanda dos grandes centros urbanos nordestinos.

Os papagaios são normalmente transportados em caminhões pelas BRs 101, 116 e 407, onde permanecem pelo menos dois ou três dias até chegarem ao Sudeste. Apesar de as rotas serem conhecidas, Kilma afirma que “a capacidade e a eficiência das ações repressivas é absurdamente insignificante face o montante de animais que deve ser capturado e transportado diariamente em todo o país.” E a ambientalista sabe do que fala: trabalhou por oito anos na Polícia Federal, incluindo a Divisão de Repressão aos Crimes Ambientais na sede em Brasília, e por dois anos na superintendência do Ibama da Bahia.

- Releia o post “Aberta a temporada de tráfico de papagaios-verdadeiros”, publicado pelo Fauna News em 19 de setembro de 2012
- Releia o post  ’“De volta para casa”: seriedade de gente comprometida e 80 papagaios-verdadeiros novamente livres’, publicado em 18 de setembro de 2012 pelo Fauna News
- Leia a matéria “Aberta a temporada do tráfico”, da revista Terra da Gente
- Conheça a ECO – Organização para a Conservação do Meio Ambiente

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Aberta a temporada de tráfico de papagaios-verdadeiros

“Todo mundo sabe, afinal o problema se repete há anos. Setembro chega e uma quantidade assustadora de papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) recém-nascidos é coletada por traficantes de animais no Cerrado do Mato Grosso do Sul. É questão de dias para as pequenas aves, muitas delas ainda sem penas e com os olhos fechados, chegarem amontoadas e encaixotadas em grandes centros urbanos do Sudeste, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo.

Apreensão de 306 filhotes no Mato Grosso do Sul em 2011
Foto: Divulgação Polícia Ambiental/MS

Dados das apreensões da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul indicam que o papagaio-verdadeiro é a espécie nativa do estado mais visada pelo mercado negro. Somente na temporada de apanha de 2011, 466 aves foram apreendidas com traficantes. O número não inclui apreensões feitas em cativeiro doméstico.” – texto da matéria “Aberta a temporada do tráfico”, publicada na edição 101, de setembro de 2012, da revista Terra da Gente

Por ser uma atividade ilegal, é impossível saber exatamente quantos papagaios-verdadeiros são coletados dos ninhos anualmente durante setembro e outubro. O que se sabe é que apenas uma pequena parte é apreendida nas operações de fiscalização.

‘“Esse número pode chegar facilmente aos milhares”, afirma o presidente da ONG paulista SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha, que combate o tráfico de fauna desde 1989. Ele relata que, durante uma conversa informal, homens da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul disseram acreditar que apenas cerca de 5% dos papagaios-verdadeiros retirados da natureza são apreendidos.’ – texto da Terra da Gente

 
Filhotes, ainda sem penas e sem enxergar, são coletados nos ninhos
Foto: Glaucia Seixas

Normalmente, a média por apreensão no Mato Grosso do Sul é de 100 papagaios. Em 2008, por exemplo, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) recebeu 788 animais, sendo que em um lote havia  quase 300 filhotes.

E não é apenas no Cerrado do Mato Grosso do Sul que a espécie sofre com o tráfico. A retirada de filhotes também acontece em Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e oeste da Bahia. A preferência pelas aves recém-nascidas tem vários motivos: elas são dóceis, mais fáceis de serem apanhadas, menores para o transporte e, sobretudo, porque são os preferidos dos compradores finais - que gostam de as ensinarem a falar.

Para os traficantes, o lucro é certo. Eles pagam cerca de R$ 30 por papagaio aos sitiantes, assentados e moradores da região  e comercializam cada um por valores que variam entre R$ 150 e R$ 250. Os animais legalizados custam entre R$ 1.800 e R$ 2.500.

“Apesar de a região de apanha das aves e as rotas do tráfico serem conhecidas há anos, a fiscalização é insuficiente. As áreas onde estão os papagaios são amplas, de baixa concentração populacional e, muitas vezes, de difícil acesso. “Dependendo das ordens do comando, priorizamos algumas ações de fiscalização. Tem época que damos ênfase à pesca, outra ao desmatamento e assim por diante”, afirma Queiroz sobre os trabalhos do 15º Batalhão, que possui 360 policiais.” – texto da Terra da Gente

Para tentar mudar esse quadro representantes dos Ministérios Públicos de São Paulo e Mato Grosso do Sul, do Ibama, da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul e do Imasul têm se reunido para montar estratégias de combate a esse crime na origem, isto é, nas áreas de coleta. Eles vão começar a se encontrar com entidades e ONGs que atuam na conservação da espécie para cruzarem informações e coordenarem os trabalhos de fiscalização de rotas e de áreas de apanha, além da identificação de traficantes já conhecidos e que estão soltos em virtude de a legislação considerar essa atividade como um crime de “menor potencial ofensivo”.

“O resultado dessa pressão sobre a população de papagaios-verdadeiros ainda é desconhecido. De acordo com Glaucia, do Projeto Papagaio-verdadeiro, que foi escolhido como representante do bioma Pantanal no Programa E-CONS - Empreendedores da Conservação - pela ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental(SPVS), o fato dessas aves terem uma vida longa, possivelmente os declínios na quantidade delas podem ser demorados a detectar, mas o tráfico da espécie, aliado à destruição dos ninhos no momento da apanha e à perda por desmatamento de ambientes naturais utilizados para alimentação e reprodução, pode levar à extinção.” – texto da Terra da Gente

É para isso que os papagaios são retirados da natureza
Foto: Gustavo Andrade

- Leia a matéria completa da revista Terra da Gente
- Releia o post  ’“De volta para casa”: seriedade de gente comprometida e 80 papagaios novamente livres’, publicado em 18 de setembro de 2012 pelo Fauna News

terça-feira, 18 de setembro de 2012

“De volta para casa”: seriedade de gente comprometida e 80 papagaios novamente livres

Para a maioria das pessoas, a apreensão de animais silvestres dos traficantes pelas autoridades significa o fim do problema para os bichos. Mas a realidade é outra e significa o começo de uma jornada em que somente uns poucos conseguirão voltar à vida livre. “A maioria não regressa à natureza e principalmente aos seus locais de origem. Muitos são encaminhados a criadores comerciais e conservacionistas, principalmente quando se trata de espécies do interesse deles, tanto para reprodução em cativeiro como para enriquecer plantéis”, afirma o presidente da SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha.

Filhote de papagaio-verdadeiro vítima de traficantes sendo alimentado na SOS Fauna
Foto: Divulgação SOS Fauna

Essa situação gera, segundo Rocha, acomodação no poder público. Afinal, por que se preocupar em devolver os animais para seus biomas e locais de origem se tem quem os receba?  “Ainda mais pelo motivo de que as solturas realizadas com embasamento científico têm custos bastante elevados”, salienta o ambientalista.

Há quase uma década, Rocha desenvolve o projeto DE VOLTA PARA CASA para realizar solturas cumprindo todas as exigências técnicas. Atualmente, ele trabalha na devolução e monitoramento de 80 papagaios-verdadeiros vítimas de traficantes, que, depois de anos sendo tratados na sede da ONG em Juqitiba (SP), foram enviados em 13 de julho para a recém-construída Unidade de Apoio à Recepção de Aves Silvestres do Cerrado Vitimas do Tráfico da SOS Fauna em Nova Andradina (MS), onde, em 28 de agosto de 2012, finalmente foram soltos.

Papagaios ainda em Juquitiba, quase prontos para a soltura
Foto: Divulgação SOS Fauna

Quase seis anos
O local de soltura foi escolhido por ser a região de onde os papagaios-verdadeiros foram coletados - informação essa conseguida após investigações com envolvimento direto de Rocha. Dessas aves, 62 foram apreendidas pela Polícia Militar Rodoviária em um lote de 192 animais da espécie com traficantes no dia 29 de setembro de 2006, no município de Quadra (SP). As outras 18, foram localizados pela Polícia Civil em 19 de setembro do ano seguinte na zona sul da capital paulista. “Eram todos filhotes e hoje estão aptos para a vida livre. Foram quase seis anos sem nenhum apoio do poder público”, afirma. Todo esse trabalho, até a fase de monitoramento pós-soltura, deverá ficar em cerca de R$ 300 mil – dinheiro de doações de empresas.

Os papagaios, ainda filhotes, já na SOS Fauna
Foto: Divulgação SOS Fauna

- Assista ao vídeo da soltura dos papagaios:

- Leia a matéria da revista Terra da Gente sobre o tráfico de papagaios-verdadeiros

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Começar a semana pensando...

...nos absurdos feitos para traficar animais.

“Dois homens foram presos tentando embarcar em Nova Déli, na Índia, com pequenos animais primatas escondidos em suas cuecas. A informação foi divulgada pelas autoridades indianas na segunda-feira (10).

Lóris encontrados nas cuecas de traficantes
Foto: People for Animals

Eles estavam em trânsito de Bangkok para Dubai, com escala em Nova Déli, quando foram abordados pelas autoridades do aeroporto internacional Indira Gandhi. Em suas cuecas, eles traziam escondidos dois lóris - primatas de cerca de 25 cm de comprimento e olhos grandes, típicos da Índia e do Sri Lanka.” – texto da matéria “Homens são presos tentando embarcar com animais na cueca”, publicada em 11 de setembro de 2012 pelo portal G1

Na Indonésia e Tailândia o comércio ilegal da espécie é intenso. Traficantes pagam o equivalente a menos de R$ 50 por filhote. No Japão, cada bicho chega a ser vendido por R$ 10 mil. A demanda por lóris tem crescido principalmente entre crianças no Reino Unido, nos Estados Unidos, na Rússia e na Polônia.

“Para que o animal seja domesticado, os caçadores tiram seus dentes, já que ele solta substâncias tóxicas em sua mordida. Isso faz com que o lóris não possa voltar ao seu ambiente natural.” – texto do G1

- Leia a matéria completa do G1
- Releia o post do Fauna News “Começar a semana pensando...”, publicado em 25 de julho de 2011 sobre vídeos que acabam incentivando a manutenção de lóris como pets

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Reflexão para o fim de semana: as cinco espécies do Brasil no ranking da vergonha

“Cinco espécies brasileiras de animais estão entre as cem mais ameaçadas de extinção no planeta, de acordo com uma lista publicada nesta terça-feira pela Sociedade Zoológica de Londres.

As espécies brasileiras citadas no livro "Valiosos ou Sem Valor" (numa tradução livre), lançado no Congresso Mundial da Natureza, na Coreia do Sul, incluem um macaco da Floresta Atlântica, um pássaro da Chapada do Araripe, no Ceará, um roedor e duas borboletas.”
– texto da matéria “Cinco espécies do país estão entre 100 mais ameaçadas do planeta, diz estudo”, publicada em 11 de setembro de 2012 pelo jornal o Estado de S. Paulo

As espécies citadas no livro Priceless or Worthless? (título orginal) são as seguintes:

- o muriqui-do-norte, maior macaco das Américas, só encontrado na Mata Atlântica, no Sudeste. A população é calculada em menos de mil macacos;

Muriqui-do-norte
Foto: Reprodução revista Veja

- o soldadinho-do-araripe, uma ave de cerca de 14 centímetros que vive apenas na Chapada do Araripe, no Ceará. A população é calculada em 779 indivíduos;

Soldadinho-do-araripe
Foto: Alberto Campos

- a Cavia intermedia, uma espécie de preá que existe apenas nas Ilhas Moleques do Sul, em Santa Catarina, com população de apenas 40 a 60 indivíduos;

Preá Cavia intermedia
Foto: Luciano Candisani

- a borboleta Actinote zikani, que vive na Serra do Mar, perto de São Paulo;

Borboleta Actinote zikani
Foto: Reprodução Butterflies of America

- e a borboleta Parides burchellanus, com uma população de menos de 100 indivíduos no Cerrado.

Borboleta Parides burchellanus
Foto: Reprodução revista Veja

Em todos os casos, o desmatamento (perda de hábitat), seja pela expansão agrícola, exploração de madeira ou urbanização, está entre as causas da redução populacional que levou ao risco de extinção.

Dá para imaginar a quantidade de outras espécies que, mesmo sem conhecer ou sequer saber sua importância para os ecossistemas, já perdemos?

- Leia a matéria completa de O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Boa notícia: ararinhas-azuis dão mais um passo para voltar à natureza

Desde 2000, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é considerada extinta na natureza pelo Ibama. O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais. Ela era uma espécie endêmica brasileira, isto e, que só existia no Brasil.

Atualmente, apenas 75 ararinhas estão vivas – a maioria em instituições foram do Brasil, como a Loro Parque Fundación (Espanha) e na Al Wabra Wildlife Preservation (Catar). E um trabalho sério é feito para reverter toda essa situação.

Ararinhas-azuis: só em cativeiro
Foto: Fundação Lymington

“Há mais de uma década desaparecida da região da Caatinga brasileira, a ararinha-azul conta com um esforço coletivo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, SAVE Brasil, Funbio e Vale para colocar em prática as ações do “Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-azul”. O Plano, elaborado pelo ICMBio, tem o objetivo de restabelecer uma população selvagem da espécie e garantir a proteção de seu habitat.

O Projeto “Ararinha na Natureza” iniciou seus trabalhos em fevereiro de 2012, e desde então já possui uma sede que se encontra em reforma (...)”.
– texto da matéria de divulgação “Projeto Ararinha na Natureza inicia suas atividades”, publicada em 11 de setembro de 2012 pelo site do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio)

Última ararinha-azul fotografada na natureza em 1990
Foto: Luiz Claudio Marigo
O “Ararinha na Natureza”, que tem duração prevista até 2016, contribui para a conservação da ararinha-azul, além de criar condições de sobrevivência no habitat natural da espécie.  Uma das principais ações é a organização de atividades de conscientização com as comunidades. Afinal, a espécie sofreu muito com o tráfico.

A animação “Rio”, do brasileiro Carlos Saldanha, tem como protagonista a ararinha Blu, justamente uma Cyanopsitta spixii. O desenho, da Fox, aborda o tráfico de animais.


- Leia a matéria completa do Funbio
- Releia '“Rio”: desenho sobre a ararinha-azul Blu tem como pano de fundo o tráfico de animais silvestres", publicado pelo Fauna News em 8 de abril de 2011

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Tigres na sacada do apartamento: é o tráfico de animais na Tailândia

Estima-se que, no início do século 20, a população de tigres na Ásia era de 100 mil animais. Depois de anos de desmatamento e caça, estima-se que não mais que 3.200 vivam em estado selvagem. Hoje, o tráfico de fauna tem contribuído com o problema.

Partes dos tigres, como peles e garras, são bastante valiosas na China – de acordo com matérias veiculadas nos suplementos do The New York Times publicados em 22 de fevereiro e 22 de março de 2010 na Folha de S. Paulo. Cada pele chega a custar US$ 20 mil e uma pata US$ 1.000. Os ossos do animal são usados em remédios e há localidades na Ásia onde populações consideram que bigodes, garras e dentes trazem proteção e sorte.

E a Tailândia é hoje parte importante e representativa na engrenagem do comércio de tigres.

“Uma grande operação contra o tráfico de animais na Tailândia levou à prisão de um homem que criava ilegalmente seis tigres em seu apartamento, nos arredores da capital do país, Bangcoc. Os animais eram mantidos em uma espécie de jaula enferrujada no terraço do imóvel - quatro eram adultos e dois eram adolescentes, segundo informações da polícia tailandesa dadas ao jornal "Metro".

Dois dos seis tigres encontrados no apartamento
Foto: Tsafrir Abayov/AP

Os tigres eram mantidos acorrentados. Eles foram encontrados nesta segunda-feira (10) pela polícia ambiental da Tailândia.

O suspeito de criar os bichos, Surasak Bunthienthong, de 28 anos, disse aos policiais ter autorização para manter dois deles em seu terraço. O homem foi preso sob acusação de posse ilegal de animais selvagens.”
– texto da matéria “Operação policial na Tailândia acha tigres presos em apartamento”, publicada em 10 de setembro de 2012 pelo portal G1

"As autoridades tailandesas estão fazendo a coisa certa para verificar instalações de tigres em cativeiro, porque tigres cativos estão sendo encontrados no comércio ilegal, que passa por este país", disse a diretora sênior da ONG Freeland Foundation, Onkuri Majumdar. A organização tailandesa é especializada no combate ao tráfico de fauna. De acordo com a entidade, o atual sistema de licenciamento do governo local para manutenção de tigres em cativeiro fornece uma brecha para os traficantes usarem as licenças como meio para o comércio ilegal. Mais de 880 tigres em 21 zoológicos estão atualmente registrados, mas o número real de tigres com particulares é muito maior, segundo a Freeland Foundation.

Infográfico da situação dos tigres no mundo (em inglês)
Fonte: WWF

- Leia a matéria completa do portal G1
- Conheça a Freeland Foundation

terça-feira, 11 de setembro de 2012

E o massacre de tubarões continua

“O Ibama está auditando empresas especializadas no processamento, comércio e exportação de barbatanas de tubarão no Estado de São Paulo e vistoriou indústria da baixada santista pertencente a um dos principais grupos exportadores do Brasil. Após algumas apurações foram aplicadas duas multas que atingiram o valor de 140 mil. O grupo também é alvo de investigações do Departamento de Polícia Federal e poderá receber novas autuações.

Depois de cortadas as barbatanas (nadadeiras), o tubarão é jogado no mar ainda vivo
Segundo dados fornecidos por equipe especializada do Ibama, foram exportados cerca de 54 mil quilos de barbatanas de tubarão pelo Estado de São Paulo em 2011. A questão é extremamente preocupante em razão do declínio vertiginoso da população de algumas espécies, como a do Tubarão Azul, umas das preferidas pelo mercado chinês. Após a captura, muitas vezes as carcaças dos tubarões são descartadas no mar, visando o simples aproveitamento das barbatanas.” – texto da matéria “Ibama multa exportadores ilegais”, publicada em 5 de setembro de 2012 pelo jornal o Diário (de Mogi das Cruzes – SP)

Fiscalização do Ibama em ação
Foto: Divulgação Ibama

E tudo isso por causa de uma sopa, considerada uma iguaria na culinária de muitos países asiáticos.

Retaurante na Tailândia
Foto: Revista Isto É

A prática de cortar as barbatanas do tubarão e descartar o corpo de volta ao mar é conhecida como finning. A crueldade aumenta de proporção pelo fato de que o animal, muitas vezes, ainda está vivo, mas condenado a agonizar até a morte ou ser comido por outros peixes.

De acordo com o Instituto Ecológico Aqualung cerca de 70 milhões de tubarões são mortos todo ano para abastecer o lucrativo comércio mundial de nadadeiras de tubarão, do qual o Brasil e 120 outros países participam. Por aqui, 43% das espécies de tubarões estão ameaçadas de extinção. As populações de muitas espécies declinaram até 90% nos últimos 20 anos.

“(...) Segundo o Ibama, desde 2009 já foram apreendidas 15,7 toneladas do material somente no Estado do Pará. De acordo com as estimativas do órgão, cerca de sete mil tubarões foram mortos para que essa quantidade de barbatanas fosse alcançada.

A pesca do tubarão é permitida no Brasil, exceto para espécies em risco de extinção, como o cação-anjo ou o tubarão-baleia. Mas há uma portaria do Ibama que inibe o finning. O texto determina que o peso das barbatanas não ultrapasse 5% do total de um lote de carcaças. O problema é que é praticamente impossível fiscalizar todas as embarcações.”
– texto da matéria “O Brasil na rota do massacre de tubarões”, publicada em 11 de maio de 2012 pela revista Isto É

O quilo de barbatanas pode chegar a custar até US$ 700.

Imagem: Revista Isto É

- Leia a matéria completa de O Diário
- Leia a matéria completa da revista Isto É
- Releia “O massacre de tubarões para obtenção de barbatanas continua. Chineses são flagrados em Ubatuba (SP)”, publicado pelo Fauna News em 30 de maio de 2011

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Começar a semana pensando...

...no uso de animais em pesquisas. Veja como as coisas acontecem sem respeito ou ética.

Sem competência para realizar solturas tecnicamente adequadas de animais silvestres apreendidos de traficantes de fauna, acidentados ou resgatados em ambientes urbanos, o poder público há anos institucionalizou o envio para entidades como ONGs e criadouros conservacionistas.  Afinal, o gasto é menor já que não se repassa um centavo sequer para essas instituições – que vivem, rotineiramente, enfrentando imensas dificuldades financeiras.

 Gostaria que você acompanhasse uma suposição...

Suponha que você, amante da causa animal, consegue vencer todas as dificuldades e burocracia e consegue abrir uma instituição para receber bichos do tráfico e até aqueles machucados que estão impossibilitados de retornar para a natureza. Investe seu tempo e dinheiro para reabilitar os que podem voltar à vida livre e dar uma vida confortável e digna aos que terão de permanecer em cativeiro para sempre.

Sagui no Rancho dos Gnomos
Foto: Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos

Todo esse investimento está baseado em amor. Sim, amor. Afinal, ninguém vai ter lucro ou ganhar dinheiro sendo honesto nesse ramo.

De repente, você, amante dos animais, recebe o seguinte e-mail:

"Recebemos do Ibama – Susep/SP, a seguinte informação, para ser repassado para conhecimento das instituições no estado de São Paulo:  caso alguém queira destinar saguis para pesquisa, o Criadouro Científico da Unifesp (registrado e em situação regular) está com disponibilidade e interesse em receber, tufo branco, preto ou híbrido. Em geral, eles buscam se for próximo, mas é questão de combinar.

Esclarecemos antecipadamente que trata-se de fins científicos, em universidade de  medicina reconhecida, com projeto de pesquisa aprovado e a devida anuência do Conselho de Ética da Universidade etc."
  – trecho do e-mail enviado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo para várias entidades que cuidam de saguis, publicado na matéria “Unifesp acusada de torturar e sacrificar saguis”, publicada em 7 de setembro pelo jornal Diário de S. Paulo

Uma das entidades que recebeu o e-mail em 31 de julho de 2012 foi o Santuário Rancho dos Gnomos, que solicitou mais informações. Eis a resposta de um representante da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp):

“Trabalhamos num laboratório de neurofisiologia com pesquisas voltadas a doenças neurológicas como epilepsia e Parkinson.  Todos nossos experimentos terminam no sacrifício do animal para análises histológicas. Sei que isso nem sempre é bem aceito pela sociedade, mas trabalhamos em conformidade com órgãos como Ibama, MMA e comitês de ética em pesquisa.” – e-mail publicado pelo Diário de S. Paulo

E agora? Como reagir a isso?

Não vou entrar na discussão sobre a legalidade do pedido e do uso dos animais. Fico, aqui, no campo ético.

O poder público, incompetente em devolver animais apreendidos para a natureza e em apoiar as entidades que cuidam dos chamados “inaptos” (que não têm condições de retornar à vida livre), ainda se presta a solicitar os bichos para pesquisas, para a morte. E o direito a vida desses seres? E todo o amor, trabalho e dinheiro que você, em nossa suposição, investiu no bem estar desses bichos?

É fácil não investir no pós-apreensão e deixar a responsabilidade com a iniciativa privada e com o terceiro setor. É fácil quando for preciso, enviar um e-mail toda a vez que cobaias forem solicitadas.

Difícil, Ibama e secretarias de Estado do meio ambiente que começam agora a fazer a gestão da fauna silvestre, é tratar com o devido respeito a quem deveriam proteger e o trabalho de quem trabalha por vocês.

‘Trecho de carta aberta revela indignação do Projeto Mucky

“Infelizmente a população não conhece os bastidores dos laboratórios de experimentação animal. Muitas vezes os animais são mantidos em condições precárias, submetidos a testes que causam sofrimento com choques, injeções de substâncias tóxicas, queimaduras, lesões na pele, amputações e implantes de objetos, fome, sede, privação de luz, ventilação e higiene, indução de doenças graves, de estresse, entre outros testes. Posteriormente eles são eutanasiados ou sacrificados. Pesquisas e experimentos científicos são fundamentais, mas não justificam a tortura, a crueldade e o sofrimento animal.  Lembramos o que está decretado na Constituição brasileira de 1988:  todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.  Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público  proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.”’
– publicada pelo Diário de S. Paulo (o Projeto Mucky, que cuida exclusivamente de pequenos primatas, também recebeu o e-mail)

- Leia a matéria completa do jornal o Diário de S. Paulo

- Conheça a Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos
- Conheça o Projeto Mucky

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Reflexão para o fim de semana: o tráfico de animais espalhado por todo o Brasil

Muito se fala e se divulga sobre o tráfico de animais silvestres nos estados das regiões Nordeste, Norte e Sudeste. É difícil encontrar notícias envolvendo a região Sul. Mas essa dificuldade não quer dizer que esse comércio criminoso não aconteça.

“A Brigada Militar apreendeu nesta terça-feira (4) 49 aves silvestres em um cativeiro no município de Carlos Barbosa, na Serra do Rio Grande do Sul. O dono do imóvel não tinha licença do Ibama. As aves estavam presas em gaiolas, na garagem da residência. Segundo a polícia, elas seriam vendidas ilegalmente, como mostra a reportagem da RBS TV (veja o vídeo).

Aves apreendidas em Carlos Barbosa (RS)
Foto: Divulgação Brigada Militar

Além dos animais, foram apreendidas 55 gaiolas e cinco armadilhas para capturar pássaros. O dono da residência chegou a ser preso, mas vai responder por crime ambiental em liberdade.” – texto da matéria “Quase 50 aves silvestres são apreendidas em Carlos Barbosa, RS”, publicada em 4 de setembro de 2012 pelo portal G1

O tráfico de animais silvestres está presente em todos os recantos do país. Seja com maior ou menor intensidade, a atividade criminosa existe, fazendo com que cerca de 38 milhões de bichos sejam retirados da natureza por ano no Brasil (estimativa da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres – Renctas).

Com a atual legislação impedindo que os traficantes de animais sejam presos e efetivamente condenados por seus crimes, resta ao poder público, além de alterar as leis, investir pesado em educação ambiental. A cadeia do tráfico de animais seria fortemente combatida se houvesse uma considerável redução da demanda, isto é, de compradores.

- Leia a matéria do G1 (com vídeo)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Filhotes de tigre iam virar remédio. Igual aos chifres de rinocerontes

“Polícia na província central do Vietnã de Ha Tinh encontrou quatro filhotes de tigre - todos vivos - pesando 22,15 quilos no total e 119 pangolins totalizando cerca de 424 quilos sem origem clara escondida em um carro no início da manhã de 04 de setembro.” – texto traduzido da matéria “4 tiger cubs, alive, caught hidden in car” (4 filhotes de tigre, vivos, pegos escondidos em carro), publicada em 4 de setembro de 2012 pelo site vietnamita Tuoitrenews.vt

Filhoes apreendidos no Vietnã
Foto: AFP

Atualmente, a demanda pelas partes de tigres é grande na China, onde os ossos do animal são usados em remédios. No restante da Ásia também há localidades onde populações consideram que bigodes, garras e dentes trazem proteção e sorte. No sudeste do continente, com destaque para o Vietnã e a Tailândia, estão os grandes centros desse tráfico.

“Ho Sy Hanh e Bui Van Manh, ambos residentes ser local, disseram à polícia que haviam sido contratado para transportar os animais, mas eles não revelaram as identidades dos verdadeiros proprietários.(...)

Gaiolas onde os tigres eramt ransportados
Foto: Tuoi Tre
Segundo as estatísticas, em 2011 divulgados pelo World Wildlife Fund (WWF), há uma pequena população de 30 tigres selvagens no Vietnam. Cerca de 100 tigres selvagens viviam no país há 10 anos.
A negociação de partes de tigre que são frequentemente utilizados em medicamentos tradicionais é acreditado para colocar pressão sobre o número de tigres em estado selvagem.” – texto do Tuoitrenews.vt

A semelhança com o que está acontecendo com os rinocerontes não é mera coincidência.

Rinoceronte morto na África do Sul por causa de seu chifre
Foto: Troy Otto

Somente na África do Sul, país que abriga 40% do total dos rinocerontes-negros e 93% dos brancos, em estado selvagem, o órgão estatal que gerencia os parques nacionais (South African National Parks) divulgou que 448 animais das duas espécies foram mortos apenas em 2011. Um aumento de 34,5% em relação ao ano anterior.

E toda essa matança é motivada pela crença que o pó do chifre dos rinocerontes pode curar até Câncer. Atualmente, o Vietnã é o principal importador do produto, que só existe no mercado negro com o grama valendo mais que o grama do ouro.

- Leia a matéria completa do Tuoitrenews.vt (em inglês)
- Leia a matéria do portal G1

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Tigres no Nepal: evitando os humanos

“Pesquisadores descobriram que os tigres de um parque do Nepal, na Ásia, estão adotando o "turno da noite" para coexistir pacificamente com seres humanos e evitar contatos agressivos.

Os animais, estimados em 121 espécimes no Parque Nacional de Chitwan, usam as mesmas rotas e trilhas das pessoas, segundo o cientista Jianguo Liu, um dos co-autores da pesquisa publicada no periódico "Proceedings of the National Academy of Sciences", nesta semana.

Tigre em parque do Nepal
Foto: Divulgação Universidade Estadual de Michigan

O grupo de pesquisadores espalhou câmeras de detecção de movimento pelo parque, para captar imagens dos tigres, de suas presas e das pessoas. Muitos habitantes dos arredores usam a floresta para conseguir lenha e alimentos, por exemplo. Os moradores circulam basicamente de dia, pelo registro das câmeras, assim como patrulhas militares em busca de caçadores ilegais de animais.” – texto da matéria “Tigres adotam 'turno da noite' para coexistir com humanos”, publicada em 4 de setembro de 2012 pelo portal G1

Os pesquisadores afirmam, por meio da matéria, que essa adaptação dos tigres é um indicativo interessante sobre a possibilidade de os seres humanos e a natureza se desenvolverem juntos. Acabei fazendo outra leitura, um tanto crítica, da interpretação do fenômeno.

A pesquisa tem como referência o ser humano, em uma abordagem antropocêntrica. Os animais fugiram da presença humana (não sei se por instinto ou por medo de que alguma agressão se repita) e não se sabe se a mudança de hábito poderá gerar algum impacto na alimentação ou reprodução da espécie, por exemplo.
Já o ser humano, centro das atenções, parece não ter sido obrigado a alterar sua rotina. Não tenho informações da forma como são geridos os parques no Nepal, mas a gestão do território (com áreas para populações tradicionais) parece não levar em conta a presença de animais silvestres.

“Para Carter (Neil Carter, ambos ligados à Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos), as condições no parque são boas e a quantidade de caçadores é relativamente pequena para ameaçar os animais. "Pessoas de diferentes grupos, incluindo turistas, andam pela floresta de Chitwan. Os tigres precisam usar o mesmo espaço das pessoas, e parecem ter achado uma solução a longo prazo. Aprendemos que os tigres estão se adaptando", disse ele.” – texto do G1

Espero que a constatação não incentive o poder público e a sociedade acharem que os animais sempre se adaptam. Comodismo criminoso.

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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Matou a onça e alegou não saber que era crime. Pode?

A caça de animais silvestres sem autorização dos órgãos ambientais é crime desde 1967, quando entrou em vigor a Lei Federal nº 5.197 (Lei de Proteção à Fauna). Posteriormente, com a Lei de Crimes Ambientais, de 1998, essa determinação foi mantida.

Apesar do tempo e da divulgação pela imprensa das ações de fiscalização (que mesmo pontuais, existem), ainda tem gente que alega desconhecer a ilegalidade da prática. E não estou falando da população mais carente...

“Foi preso da tarde desta sexta-feira (31), acusado de crime ambiental e porte ilegal de arma de fogo, o fazendeiro Antônio Calisto. Ele é suspeito de matar uma onça parda, que está na lista de animais em extinção.

Peles de onça e de veado apreendidas
Foto: JF Agora

A denúncia surgiu de moradores da localidade Morada Nova, no município de Jose de Freitas, distante 48 quilômetros de Teresina. A acusação era de que Antônio Calisto havia matado uma onça recentemente e que já havia o costume de matar animais silvestres que passavam pela sua fazenda. (...)

Segundo o tenente José Haroldo Viana Filho, do Batalhão Ambiental da Policia Militar, o crime ambiental já foi comprovado. “No local nós achamos a pele da onça. Ao ser interrogado sobre o destino do animal, Antônio afirma que cortou o felino em pedaços e distribui-o a comunidade”, explica. (...)

Em seu depoimento, o fazendeiro afirma não sabia que matar animais silvestres é crime e que caçou a onça para se defender, pois ele estava matando os animais que cria na fazenda.”
– texto da matéria “Fazendeiro é preso acusado de matar onça parda no interior do Piauí”, publicada em 31 de agosto de 2012 pelo Portal AZ

Dá para acreditar? Sinceridade ou cara de pau?

Mas o fazendeiro não caça apenas para evitar a morte de seus animais.

“Além da pele da onça, também foi apreendido na fazenda no acusado pele de veado e armas de fogo: duas espingardas artesanais e uma CBC calibre 28.” – texto do Portal AZ

Será que ele matou o veado porque o herbívoro atacava sua criação?

Uma pena que a legislação estipule que, em caso de condenação (muito remoto, por sinal), o acusado tenha de cumprir uma pena que varia entre seis meses e um ano de prisão. Isso serve para corrigir comportamento e dar exemplo para o restante da sociedade?

Lei ineficiente.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Começar a semana pensando...

...na falta de consciência e crueldade de alguns: harpia é baleada em região onde a espécie não era vista há 40 anos.

“Quase um metro de altura e dois de envergadura de asas. Essas são as medidas do gavião real fêmea, adulto, de 7,5 kg encontrado no último fim de semana em uma fazenda do município de Cocalzinho, a 129 km de Goiânia. O último registro visual confirmado do animal da espécie Harpia harpyja em Goiás foi há 40 anos, segundo o coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), Luís Alfredo Lopes Baptista.

Havia 40 anos que harpias não eram vistas em Goiás
Foto: Humberta Carvalho/G1


A ave, segundo relatório veterinário, foi baleada com chumbinho na asa esquerda e na pata. “Ela chegou aparentemente bem, embora a asa esquerda estivesse caída. É um animal belíssimo. É uma tristeza ele ter sido baleado. Quarenta anos sem ver um exemplar desse e a primeira vez que é visto depois de todo esse tempo é nessa situação”, lamenta Luís Alfredo.” – texto da matéria  “Gavião raro é encontrado em Goiás após ser baleado na asa e na pata”, publicada pelo portal G1 em 28 de agosto de 2012

Avistar a espécie em Goiás deveria ser motivo de alegria, motivando os pesquisadores a trabalharem para identificar como a ave está novamente chegando no estado e formas de protegê-la.

'“Para a gente, também é uma dúvida como esse animal veio parar em Cocalzinho. Levantamos algumas hipóteses de que ela estava tentando se estabelecer e veio descendo pelo corredor do Rio Araguaia, pelas matas do Tocantins até aqui ou, por muita sorte, pode ter se estabelecido já há algum tempo, provavelmente próximo à Serra dos Pirineus. Esse vai ser agora um dos focos da nossa investigação”, declara o coordenador Luís. O objetivo agora é saber se existem mais aves da espécie no estado.' – texto do G1

Mas o fato não pode ser totalmente comemorado por causa das condições do animal. Comentar o quê perante tanta crueldade? Será que campanhas de conscientização e educação ambiental funcionam com gente capaz de atirar na ave por prazer?

Fica a pergunta.

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