segunda-feira, 30 de abril de 2012

Começar a semana pensando...

...em moda. Já passou da hora de a indústria da moda agir e parar de usar peles de animais em suas criações. O sintético está aí faz tempo.

Mas já que muitos profissionais dessa moda cruel insistem no atraso, quem sabe uma nova lei começa a mudar isso:

‘A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio aprovou hoje o Projeto de Lei 684/11, do deputado Weliton Prado (PT-MG), que veda o uso de peles de animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos em eventos de moda no Brasil. A pena prevista é de reclusão de um a três anos e multa. O projeto acrescenta artigo à Lei de Crimes Ambientais (9.605/98).

Foto: Eco4planet.com

O relator da proposta, deputado Renato Molling (PP-RS), apresentou substitutivo para retirar da proposta o couro proveniente de animais reproduzidos em cativeiro e criados com autorização oficial. Segundo o parlamentar, “o Brasil não abate qualquer animal para atender a demanda por couro ou pele. Nesse sentido, a produção de couro é, na realidade, uma indústria de reciclagem, que transforma um subproduto que seria descartado em um bem econômico”.’ – texto da matéria “Comissão proíbe uso de pele de animal em eventos de moda”, publicada em 25 de abril de 2012 pela Agência Câmara de Notícias

A polêmica envolvendo o substitutivo do deputado Renato Molling está aberta, afinal o espírito da iniciativa do deputado Welinton Prado é exatamente outro e está claro na justificativa do projeto:

"Mesmo quando criados em cativeiro, os animais viveriam em condições degradantes e padeceriam horrores na hora de extrair a pele."

O projeto de Lei segue agora para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, para depois ser votada em plenário.

O próximo passo é acabar com o comércio desses produtos e não impedir apenas o uso em eventos de moda.

- Conheça o Projeto de Lei 684/11
- Leia a matéria completa da Agência Câmara de Notícias
Releia os posts do Fauna News sobre o assunto:
- “Na contramão da evolução, estilistas investem em peles”, publicado em 20 de abril de 2011
- “Começar a a semana pensando...”, publicado em 6 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Reflexão para o fim de semana: cavalos-marinhos para aquários, amuletos e "remédios"

Não é só a poluição dos oceanos que está ameaçando as espécies de cavalos-marinhos. A captura do animal para confinamento em aquários, uso em amuletos ou como remédios da medicina oriental está ganhando dimensão.

“São muitas as razões pelas quais os cavalos-marinhos são capturados: para serem colocados em aquários ou mesmo para, após um processo de secagem, se tornar pingentes ou amuletos. Os principais interessados nos cavalos-marinhos são os países asiáticos, que os exploram na medicina chinesa.

Cavalo-marinho confinado em aquário
Foto: La Stampa

Além disso, o mercado oriental não é novo neste tipo de negócio. “Os cavalos-marinhos são ralados, transformados em pó e usados em sopas. São utilizados na medicina popular exatamente da mesma forma como acontece com os tigres e tartarugas. O controle nessa região é uma utopia. Entre as intenções e a realidade existe um oceano e, infelizmente, o discurso vale também para espécies como os rinocerontes do Vietnã, os tigres da China, as tartarugas, mas também as algas. Resumindo, estamos assistindo a um enorme consumo da vida selvagem”, disse Rocco (Massimiliano Rocco, responsável pelo departamento de tráfico da WWF).” – texto da matéria “Cavalos-marinhos são explorados para o comércio”, publicado em 25 de abril de 2012 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA)

Para quem acha que esse problema está distante, basta lembrar o que é feito com as estrelas-do-mar, capturadas para aquários ou secas para uso em decoração de lojas e residências.

Estrelas-do-mar usadas em artesanato
Foto: Apoena Mederios

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Animais silvestres em ambiente urbano: vítimas do expansionismo humano

Em 24 horas, a Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal recebeu 10 solicitações de resgate de animais silvestres. E o número, não só no DF, mas também em todo o Brasil, vai aumentar como consequência da invasão humana nas áreas preservadas do entorno das cidades. Esse expansionismo, seja por empreendimentos imobiliários (como os pseudo eco condomínios vendidos para quem quer viver perto da natureza – leia “Pensando em se mudar da cidade grande? Pense bem sobre onde quer viver”) ou por meio de propriedades rurais, está acabando com o hábitat dos animais silvestres.

E a consequência, quando com um pouco de sorte, será essa demanda ainda maior por resgates de animais em ambiente urbano.   Quando a sorte não sorrir, a consequência poderá ser a morte desses animais por moradores que se sintam ameaçados pelos mesmos, por choques na rede elétrica ou vítimas de atropelamentos.

“A Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal recebeu até as 14h desta terça-feira (24) dez chamados para recolhimento de animais silvestres soltos em várias regiões do DF. Entre os registros há o caso de uma raposa atropelada no Lago Sul, um pica-pau machucado em Samambaia e até um camaleão em Arniqueiras.

Raposa atropelada no Distrito Federal
Foto: Káthia Mello

De acordo com a central de atendimento da Polícia Ambiental, o número de ocorrências é atípico. “Em média atendemos entre cinco e seis chamados por dia”, explicou o cabo Leonardo Cardoso.”
– texto da matéria “Polícia Ambiental recolhe 10 animais silvestres de ruas de Brasília”, publicada em 24 de abril de 2012 pelo portal G1

Além dos animais nativos passarem a frequentar o ambiente urbano, o resgate de animais silvestres vítimas do tráfico de fauna e que foram abandonados também ocorrerá com mais frequência caso esse crime não seja combatido com educação ambiental, repressão e legislação rigorosa.

“Em Arniqueiras, os policiais receberam chamados para apanhar uma tartaruga e um camaleão, animal que não faz parte da fauna nacional. O policial diz ser comum o abandono de tartarugas por pessoas que compram o animal, mas se arrependem depois.” – texto do portal G1

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia “Pensando em se mudar da cidade grande? Pense bem sobre onde quer viver”, publicado em 25 de abril de 2012 pelo Fauna News

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pensando em se mudar da cidade grande? Pense bem sobre onde quer viver

Viver nos grandes centros urbanos, rodeado de barulho, poluição, violência e pouco verde é realmente muito difícil. É um modo de vida que nossa civilização escolheu e mantém com todas as suas forças.

Mas, apesar da escolha, é fato que muita gente tenta aliar as facilidades das cidades e a necessidade de trabalho com um estilo de vida um pouco mais bucólico. A opção, apesar de  não ser errada, tem um preço: os empreendimentos imobiliários estão cada vez mais ocupando os remanescentes de florestas e de matas que ainda restam. E não é só a vegetação que sofre com esse expansionismo...

Região da Serra do Japi, em Jundiaí: exemplo do novo expansionismo
Foto: Portaljapy.com.br

Os animais também são vítimas. O Jornal da Record, em sua edição de 21 de abril de 2012, fez uma pequena matéria sobre o assunto, abordando o trabalho da ONG Associação Mata Ciliar, de Jundiaí (SP). Apesar de a matéria ser curtinha, dá pra ter uma ideia do tipo de problemas que nossa busca por um estilo de vida mais próximo da natureza pode causar.

Assista e reflita - desconsidere a propaganda no começo do vídeo. Quer viver perto da natureza? Então pense bem antes de comprar sua nova casa em áreas onde antes existiam árvores e viviam animais silvestres.

- Conheça a Associação Mata Ciliar

terça-feira, 24 de abril de 2012

Bragança Paulista (SP): mais uma prefeitura assumindo sua responsabilidade com a fauna silvestre

Em 23 de janeiro de 2012, publiquei sobre a iniciativa do município de Barueri (SP) de construir e gerir um Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres). Na oportunidade, escrevi elogiando a iniciativa:

“Ás vezes, mas muito às vezes mesmo, aparece um gestor público que lembra da fauna silvestre. E quando isso acontece, o fato tem de ser salientado e muito bem acompanhado.”

Pois agora, vou destacar Bragança Paulista (SP):

“Nessa quinta-feira (19/4), um evento muito especial marcou mais uma conquista para todos nós: a assinatura do convênio para implantação do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres na cidade de Bragança Paulista. Estiveram presentes para a oficialização da parceria, o prefeito da cidade João Afonso Sólis juntamente com a primeira-dama Kátia Cristina Belisário Sólis, o secretário Joaquim Gilberto de Oliveira do Meio Ambiente, as secretarias de Serviços, Cultura, Planejamento e de Obras além dos bombeiros, polícia militar ambiental e a equipe da Mata Ciliar.

O projeto objetiva a construção de um Cras no município para receber, prestar atendimento e reabilitar animais silvestres provenientes da região. O Centro receberá animais resgatados de atropelamentos, queimadas, tráfico entre outros.” – texto da matéria “Cras da AMC em Bragança Paulista”, do site da Associação Mata Ciliar

“O intenso processo de urbanização que a região bragantina vem sofrendo nos últimos anos está provocando uma rápida transformação e redução dos habitats que fazem com que os animais silvestres migrem para a área urbana em busca de abrigo e alimento, deixando-os expostos à predação, atropelamentos, queimadas, choques elétricos, crueldades, entre outros riscos. (...)

A demanda apresentada à Secretaria Municipal do Meio Ambiente é em torno de 200 animais silvestres por ano e infelizmente, com a redução progressiva dos habitats naturais, ela tende a crescer. (...)

A Associação iniciará seus trabalhos em um espaço no Parque Dr. Luiz Gonzaga da Silva Leme, (Jardim Público), até que se inicie a construção de um espaço específico para a finalidade.”
– texto da matéria “Município concretiza ações de proteção à fauna”, publicado em 14 de fevereiro de 2012 pelo jornal Gazeta Bragantina

Assinatura da parceria entre a prefeitura e a Associação Mata Ciliar
Foto: Associação Mata Ciliar

A iniciativa de Bragança Paulista parece estar um passo à frente da de Barueri pelo fato de trabalhar em parceria com uma associação que já tem experiência e conhecimento nesse tipo de atividade, não precisando, portanto, treinar equipe própria. De qualquer forma, é ótimo que os municípios assumam sua responsabilidade  na gestão das questões relativas à fauna silvestre.

Esperar que esse trabalho seja feito somente pelo Ibama e pelas secretaria estaduais de meio ambiente é um erro, pois a demanda é muito grande para a atual estrutura desses órgãos.

- Leia o texto completo da Associação Mata Ciliar
- Leia a matéria completa da Gazeta Bagantina
- Releia o post do Fauna News “Começar a semana pensando...”, de 23 de janeiro de 2012 sobre o Cetas de Barueri

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Começar a semana pensando...

...com música novamente. E novamente com o Projeto Bioart – semana passada, no post de 16 de abril de 2012, o Fauna News publicou o vídeo da música “Dudu Arara Azul”. Hoje é dia da “Curta AnaTureza”.

Curtir a natureza é uma boa forma de aprender a respeitar a vida.

- Conheça o Projeto Bioart


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Reflexão para o fim de semana: traficante é traficante, não importa se de drogas ou de animais

“Quatro filhotes de jacaré-de-papo-amarelo foram localizados em uma operação contra o tráfico de drogas realizada na madrugada desta quarta-feira na vila da Paz, em Eldorado do Sul, região Metropolitana. Na ação, sete pessoas foram detidas suspeitas de envolvimento com narcotráfico e crime ambiental.

Jacarezinhos foram encontrados em um balde
Foto: Divulgação Brigada Militar RS

Os animais – que estavam dentro de um balde plástico – são protegidos pela legislação ambiental por serem da fauna silvestre e estarem ameaçados de extinção. Os filhotes seriam provenientes dos banhados que cercam o município de Eldorado do Sul, junto ao rio Jacuí. Os jacarezinhos, cada um com cerca de 20 centímetros, foram devolvidos ao habitat natural no Delta do Jacuí.” – texto da matéria “Quatro filhotes de jacaré são apreendidos em Eldorado do Sul”, publicada em 19 de abril de 2012 pelo Correio do Povo (Porto Alegre – RS)

Um dos jacarézinhos apreendido
Foto: Divulgação Brigada Militar RS

No universo dos crimes, as drogas e os animais silvestres são mercadorias que, muitas vezes, são traficadas por uma mesma quadrilha. A informação não é nova, pois há bastante tempo polícia e agentes de fiscalização sabem que para os traficantes não importa o produto: tanto faz ser  a fauna ou a droga, o negócio é não perder oportunidades de obter lucro no mercado negro.

Já em 2001, a ONG Rede Nacional de Combate ao Trafico de Animais Silvestres (Renctas), publicou no 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico da Fauna Silvestre, em que há um capítulo específico para o tema – “Ligação com Outras Atividades Ilegais”.

“O comércio ilegal de animais silvestres está ligado a outros tipos de atividades ilegais, tais como drogas, armas, álcool e pedras precisas. Na América do Sul, os cartéis de drogas têm grande envolvimento com o comércio ilegal de fauna silvestre, muitas vezes se utilizam da fauna para transportarem seus produtos. Frequentemente são encontradas drogas dentro de animais vivos ou em suas peles.” - texto do relatório

Como os métodos para traficar drogas e animais são semelhantes e as rotas coincidem, há muitas quadrilhas que atuam nos dois ramos do crime. De acordo com a Renctas, em 2001 havia entre 350 e 400 quadrilhas organizadas no comércio ilegal de fauna silvestre, sendo que, desse total, cerca de 40% possuem ligação com outras atividades ilegais.

- Leia a matéria completa do Correio do Povo
- Conheça a Renctas

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Arara-maracanã-verdadeira: a próxima ararinha-azul?

“Um alerta que vem da Caatinga, bioma brasileiro que abrange todos os estados do Nordeste e parte de Minas Gerais: a arara-maracanã-verdadeira (Ara maracana) pode entrar em extinção na região devido ao desmatamento e ao comércio ilegal de animais.

Arara-maracanã-verdadeira
Foto: Divulgação

A espécie, que já é classificada como vulnerável na natureza pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), sofre com o avanço da devastação da vegetação e com a caça predatória, que foca principalmente nos filhotes de aves, vendidos em feiras clandestinamente.”
– texto da matéria “Espécie de arara pode entrar em extinção na Caatinga, diz estudo”, publicada em 16 de abril de 2012 pelo portal G1

A arara-maracanã-verdadeira já não é mais encontrada na região Sul, teve sua população bastante reduzida no Sudeste e os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estimam a população em 500 aves no Nordeste.

Os pesquisadores sugerem a criação de um plano de conservação que contaria com ações de fiscalização na região da Serra de Santana (onde vivem 50 araras) para combater o comércio ilegal e o desmate nas áreas consideradas importantes para a espécie. A intenção é, futuramente, expandir o trabalho de preservação para toda a Caatinga. A proposta já foi entregue ao Ibama.

Vou relembrar o que aconteceu com a ararinha-azul.

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii ) é uma espécie endêmica (que só existe em determinado local) da Caatinga e que está extinta na natureza (algumas dezenas vivem em cativeiro). O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (a caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais.

Última ararinha-azul fotografada na natureza em 1990
Foto: Luiz Claudio Marigo

A ararinha-azul foi considerada extinta na natureza pelo Ibama em 2000. Atualmente, existem cerca de 70 ararinhas-azuis em cativeiro. A maior parte delas vive fora do Brasil – com colecionadores particulares, na Loro Parque Fundación (Espanha) e na Al Wabra Wildlife Preservation (Catar). A ave foi representada no desenho Rio, idealizado e realizado pelo carioca Carlos Saldanha, pelo protagonista Blu.


- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Valente e ingênuo: manifestante fez foto e foi agredido

Se indignar e protestar contra a venda ilegal de animais são atos nobres, mas que não devem ser ingênuos. Quem se dispõe a lutar por essa causa deve saber que vai estar diante de atos criminosos e de gente disposta a reagir.

“Uma manifestação em defesa aos animais terminou em confusão e com um universitário agredido no Mercado Central, no centro de Belo Horizonte, neste domingo (15). De acordo com uma das organizadoras do evento, Stênia Couto, era para ser um protesto pacífico e sem transtornos, tanto é que os protestantes não são autorizados a entrar no Mercado Central.

Manifestanes em frente ao Mercado Central de Belo Horizonte (MG)
Foto: Flávio Tavares

A agressão, porém,  quando o estudante de direito, de 33 anos, entrou no Mercado Central e viu um faisão dourado e outros pássaros silvestres serem vendidos. O jovem fotografou os animais, mas foi surpreendido pelo dono da loja que jogou um caixote de madeira no estudante. Após a agressão, um dos seguranças do centro de compras retirou o jovem do local. Como é proibido fotografar as instalações internas do Mercado Central e, os seguranças  exigiram que o universitário apagasse as imagens da câmera. Só depois de deletar as fotos é que ele foi liberado pelos seguranças. A venda de animais silvestres é proibida por lei e fiscalizada pela Polícia Militar de Meio Ambiente e pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).” – texto da matéria “Universitário é agredido por comerciante por fotografar animais silvestres no Mercado Central”, publicada em 15 de abril de 2012 pelo site O Tempo online

- Leia a matéria de O Tempo online

terça-feira, 17 de abril de 2012

Rei da Espanha é alvo de críticas: mas o problema é o preço da viagem e não a caça de elefantes

Será que minha leitura dos fatos está errada ou a vida dos animais não tem valor nenhum? Veja:

“O rei da Espanha, Juan Carlos I, é alvo de fortes críticas neste domingo pela imprensa local por ter participado caça de elefantes em Botswana num momento de forte crise econômica em seu país.

Juan Carlos I: foto de 2006, em outra caçada
Foto: Rann Safaris

A imprensa divulgou os custos da viagem e criticou a falta de transparência da Casa Real, três meses após ter prometido apresentar suas receitas por um caso de corrupção envolvendo o enteado do rei.”
– texto da matéria “Rei da Espanha é alvo de críticas por caçar elefantes na África”, publicada em 15 de abril de 2012 pela agência Reuters Brasil

A matéria segue e, em nenhuma linha, é abordado o fato do nobre espanhol estar se divertindo matando elefantes. Não discuto a legalidade do fato, já que a atividade foi praticada em reservas de caça, mas é a questão ética. Sua Majestade é do tipo antigo, em que a vida dos animais ainda podem ser usados como forma de diversão.

Sua Majestade é do tipo em que a dor e a morte lhe causam prazer.

Sua Majestade até tentou fazer essa viagem de morte sem ninguém perceber, mas deu azar:

“A viagem real da semana passada teria permanecido secreta se Juan Carlos não tivesse tropeçado em um degrau e fraturado uma costela. O rei acabou tendo de ser transferido de maneira emergencial para Madri para realizar uma cirurgia.

Na semana passada, Juan Carlos cancelou uma reunião com o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, porque ele já teria partido para Botswana, segundo jornais espanhóis.

"Foi uma viagem irresponsável, no pior momento possível", afirmou o jornal El Mundo em editorial. "A imagem de um monarca caçando elefantes na África num momento em que crise econômica cria tantos problemas para os espanhóis é um exemplo muito ruim", emendou.”
– texto da Reuters Brasil

O site Bulhufas informa que a lesão foi no quadril e que cada elefante caçado custa 20 mil euros. E sabe qual informação esse site destacou? Juan Carlos I é presidente de honra da ONG WWF na Espanha.

E não é apenas Sua Majestade que não se importa com a vida. A imprensa aparentemente não deu ênfase ao ato de caçar. O problema foi gastar dinheiro em um período de crise econômica...

"Segundo muitos espanhóis, o rei (caçador apaixonado e ao mesmo tempo presidente de honra da divisão espanhola da organização meio ambiental WWF) dá um mau exemplo com seu questionável hobby. Sobretudo nos tempos que correm.

O 96% de quem responderam à pesquisa online do diário “El Mundo” consideram impróprio que o chefe de Estado se vá caçar elefantes no meio da difícil situação econômica que atravessa o país."
- texto do site Bulhufas

Pobre rei. Pobre imprensa.

- Leia a matéria completa da Reuters Brasil
- Leia o texto do Bulhufas

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Começar a semana pensando...

...com música. “Dudu a Arara Azul” tem pouco mais que 4 min e irá ta passar um recado. Ouça e apresente para seus filhos, sobrinhos, netos... A criançada vai crescer e com ela a realidade do tráfico de animais pode ser mudada.

- Conheça o Projeto Bioart


Araras-azuis: lindas assim, livres
Foto: Projeto Arara Azul

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Reflexão para o fim de semana: o fim do cativeiro em Araçatuba (SP)

“Um aposentado que criava pássaros há mais de 50 anos em Araçatuba (SP) decidiu soltar todas as aves. Dentre as espécies estavam caboclinho, papa-capim além de diversos canários da terra. A criação do ex-policial Joaquim de Oliveira Neto sempre foi variada. O aposentado se diz apaixonado por pássaros desde menino, se dedicando às aves a criação em cativeiro.

Caboclinho do ex-policial ganhou liberdade
Imagem: Reprodução TV Globo

Mas nos últimos meses, Joaquim resolveu tomar uma séria decisão, soltar os pássaros. “Depois de tanto eu ouvir falar em preservação e respeito aos animais, eu percebi que manter os passarinhos presos não era a melhor forma de demonstrar amor por eles”, relatou.”
– texto da matéria “Criador de pássaros de Araçatuba, SP, solta mais de trinta espécies” publicada em 11 de abril de 2012 pelo portal G1 reproduzindo uma matéria feita pela retransmissora da TV Globo na região

 Para os que desejam fazer o mesmo, leiam o final da matéria:

“Antes de serem soltos, os pássaros também passaram pela avaliação de um veterinário, que comprovou que todos estavam em condições para serem devolvidos à natureza. A criação de Joaquim era legalizada e se alguém se inspirar na história e resolver soltar pássaros, é necessário consultar a Polícia Ambiental.”

Espero, realmente, que a soltura tenha sido criteriosa.

Soltura de aves criadas em cativeiro, sem respeitar critérios técnicos e uma avaliação de especialistas, pode resultar na morte dos animais que não saber procurar alimento ou se defender de predadores. Além disso, esses bichos podem levar doenças para o meio ambiente e causar problemas para os demais animais.

A intenção é boa, mas tome os cuidados necessários.

- Leia a matéria do portal G1 (tem vídeo)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Monitorando a “rainha dos ares” para evitar a morte

Pesagem do filhote/Foto: João Marcos Rosa
"Inconfundível pelo tamanho e em situação de ameaça, o gavião–real (Harpia harpya) é uma das espécies que são monitoradas nas unidades de conservação do Mosaico de Carajás. Desde dezembro do ano passado, um filhote de quatro meses vem sendo acompanhado pela equipe do Programa de Conservação do Gavião-real (PCGR) em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Nesta semana, o animal recebeu dispositivos de marcação e monitoramento. O ninho onde o filhote foi marcado está na área de entorno ao mosaico de Carajás e encontra-se em situação de vulnerabilidade.” – texto da matéria de divulgação “Filhotes de harpia são monitorados no Mosaico de Carajás”, publicada em 9 de abril de 2012 pelo site do ICMBio

O animal, que pesa 4,750 quilos, recebeu anel em alumínio e um microchip do Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestre (CEMAVE/ICMBio). O ninho será monitorado semanalmente para a “coleta de vestígios para identificação das espécies presas e consumidas pela harpia na região e registros do comportamento do filhote em desenvolvimento nas habilidades de voo e dos adultos no cuidado parental.”
O que surpreende é o fato da possibilidade de todo esse investimento em pesquisa não render frutos. O motivo?

“Em 2010, um filhote com cerca de um ano de idade foi alvejado e abatido neste mesmo ninho.” – texto do ICMBio

O que mais surpreende é o fato de haver pessoas que não respeitam a vida. O ninho está fora de áreas protegidas.

Sobre a harpia:

“A harpia vive na Amazônia, no Pantanal e na Mata Atlântica. Da ponta de uma asa a outra, chega a medir até 2,2 metros. O macho pode atingir seis quilos e a fêmea, a dez. Seu hálux, a garra maior, alcança sete centímetros, superando o do urso-marrom americano. Com toda essa força e tamanho, as suas presas são quase sempre macacos e preguiças, que podem ter o peso igual ao do predador. Ela é conhecida também como uiraçu, gavião-preguiça e gavião-neném. Mesmo com tamanha imponência, trata-se de um animal vulnerável. “Como a espécie está no topo da cadeia alimentar, qualquer alteração no ecossistema pode afetá-la”, diz Rosa (fotógrafo João Marcos Rosa). “Uma diminuição na população de macacos ou preguiças, por exemplo, pode fazer com que falte alimento.”

Foto: João Marcos Rosa

A degradação do hábitat é a maior ameaça ao gavião-real. A ave é considerada de “criticamente ameaçada” a “provavelmente extinta” nos Estados com Mata Atlântica. Na Amazônia, porém, parece estar resguardada, segundo a coordenadora do Programa de Conservação do Gavião- Real, Tânia Sanaiotti.” – texto da matéria “A rainha dos ares” da edição 2103, de 26 de fevereiro de 2010, da revista Isto É

- Leia o texto completo do ICMBio
- Leia a matéria completa da revista Isto É

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Piauí: 1 milhão de animais silvestres em cativeiro

“Existe hoje, no Piauí, mais de um milhão de animais silvestres em cativeiro sendo vítimas de maus-tratos e muitos até morrendo devido às péssimas condições em que estão sendo mantidos, em gaiolas minúsculas, amarrados em árvores ou até mesmo presos em buracos sem ver a luz do sol durante várias horas. O levantamento é do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Piauí com base na população do Estado e no número de animais apreendidos nos últimos tempos, onde a média por traficante é muito grande e nunca menos de um animal.” – texto da matéria “Levantamento da Polícia aponta PI com 1 milhão de animais presos”, publicada em 9 de abril de 2012 pelo site 180 Graus

Tamanduá-mirim apreendido no Piauí
Foto: Moisés Saba

“O tenente-coronel Renato Alves afirmou que os animais silvestres aprisionados equivalem a um terço da população do Piauí, que é de 3,119 milhões.” – texto da matéria “Polícia apreende 50 animais silvestres e existe 1 milhão de animais presos”, publicada em 2 de abril de 2012 na coluna de Efrém Ribeiro no site Meionorte.com

Você ficou assustado com o número?

Pois saiba que, de acordo com estimativa da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), 38 milhões de animais (excluindo-se peixes e invertebrados) são retirados da natureza por ano para abastecer o tráfico de fauna.

“Segundo informações do tenente-coronel Renato Alves, comandante do Batalhão, na última operação realizada em quatro municípios do Médio Parnaíba, dentre eles Agricolândia, foram apreendidos 132 animais, a maioria aves como marrecos, além de 15 cotias, um filhote de tamanduá e aves como bigodes, canários, papa-capins, dentre outros. "Eram tantas gaiolas que não deram para trazer todos e uma parte foi solta logo nas matas da região onde foram apreendidas", disse o militar.” – texto do site 180 Graus

Comandante Renato Alves: disposto a combater o tráfico de fauna
Foto: PM Piauí

Devo parabenizar a ação do Batalhão Ambiental, mas faço duas considerações.

Primeiramente, o tenente-coronel Renato Alves com certeza sabe que o combate ao tráfico de animais é um trabalho sem fim. Digo isso porque não há, em nenhum Estado brasileiro, um trabalho efetivo de educação e conscientização da população para o problema. Dessa forma, esse hábito cruel e perigoso (já que o risco das zoonoses é grande) tende a continuar existindo. Havendo demanda, haverá quem venda.

A outra consideração é a aparente falta de estrutura do Batalhão para combater esse crime. A quantidade de animais a serem apreendidos é enorme, portando necessitando de infraestrutura adequada para atendimento emergencial aos animais logo após a apreensão e para o transporte dos bichos para centros de recuperação e reintrodução de fauna (o que também não existe). Sem tais cuidados, o que acontece é a soltura sem critérios. Será que os animais soltos nas matas próximas estavam aptos a viver na natureza? Será que esses animais estavam com boa saúde para não levar doenças para outros bichos? Será que a região era a mais adequada para a soltura?

A constatação da quantidade de animais em cativeiro do comandante do Batalhão Ambiental do Piauí não reflete apenas a realidade daquele Estado nordestino. Esse quadro pode, com certeza, ser  considerado como existente em todas as unidades da federação.

- Leia a matéria completa do site 180 Graus
- Leia a matéria completa do site Meionorte.com

terça-feira, 10 de abril de 2012

Já que incomoda, então extermina parte 2: os quatis da Ilha do Campeche (SC)

Em 6 de abril de 2012, o Fauna News publicou “Reflexão para o fim de semana: já que incomoda, então extermina. Andorinhas são dizimadas na Bahia”, que repercutiu a morte por envenenamento de centenas de andorinhas que frequentavam a rodoviária de Ilhéus (BA). Uma empresa terceirizada contratada pela administração da rodoviária aplicou um produto para repelir morcegos e pombos, imaginando que funcionaria para qualquer ave. Mas a substância matou as andorinhas, que eram consideradas incômodas.

Algo similar parece ter ocorrido na Ilha do Campeche em Santa Catarina.

“O bichinho curioso que ganhou dos índios guarani o nome "nariz pontudo" desapareceu da Ilha do Campeche, ao Sul da Ilha de SC. Centenas de quatis que alegravam e também incomodavam turistas e nativos da região não foram mais vistos desde o começo do verão.

Os quatis desapareceram da Ilha do Campeche
Foto: Flávio Neves/Agência RBS

A Polícia Ambiental e a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) fizeram na terça-feira a primeira vistoria para apurar denúncia de suposto crime ambiental que pode resultar em prisão do responsável.

Os araçás espalhados na areia são um sinal de que não há mais quatis na Ilha do Campeche. Eram mais de 500, segundo as pessoas que trabalham ali. O silêncio predomina entre pescadores e comerciantes sobre o destino dos animais que habitavam a Mata Atlântica, a praia, roubavam sacolas dos turistas e pulavam nas mesas dos restaurantes para ganhar comida. (...)

Com garantia de anonimato, algumas pessoas contaram que os animais foram envenenados, além de degolados por armadilhas colocadas na mata, e parte foi transportada com vida até a praia da Lagoinha do Leste, perto dali. Os mortos teriam sido enterrados. Estas suposições foram relatadas às equipes da Fatma e da Polícia Ambiental que começaram a investigação na terça-feira, no local.”
– texto da matéria “Sumiço de centenas de quatis na Ilha do Campeche, em Florianópolis, está sendo apurado por Fatma e Polícia Ambiental”, publicada em 7 de março de 2012 pelo jornal Diário Catarinense

Os quatis não são nativos da ilha. Eles foram introduzidos no local há três décadas, onde se adaptaram bem, não possuem predadores e passaram a se alimentar também com ovos de pássaros como o tiê-sangue, que está ameaçado de extinção – o que passou a ser considerado um problema ambiental.

Chega um ponto em que não sei exatamente o que comentar. Infelizmente, mesmo que seja contatado o crime e seja identificado algum autor, a lei é fraca e a punição branda – que não passará de alguma transação penal com pagamento de cesta-básica ou serviço comunitário. Multas poderão ser aplicadas, mas que paga multa ambiental nesse país?

O crime ficará sem punição. Quer apostar?

- Leia a matéria completa do Diário Catarinense
- Releia “Reflexão para o fim de semana: já que incomoda, então extermina. Andorinhas são dizimadas na Bahia”, publicado em 6 de abril de 2012 pelo Fauna News

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre enfeites e decoração bizarra com partes de animais.

“Diversos itens feitos de madeira e animais ameaçados foram confiscados pela alfândega francesa, nas últimas semanas, no Aeroporto Internacional Charles-de-Gaulle, em Roissy, arredores de Paris.

Urso polar empalhado
Foto: Mehdi Fedouach/AFP

Estátuas feitas de madeiras classificadas ameaçadas na Convenção de Washington, tapetes feitos com pele de pumas e ursos polares além de alguns animais empalhados estão entre os itens encontrados.” – texto da matéria “Itens de espécies ameaçadas são confiscados”, publicada em 5 de abril de 2012 pelo site band.com.br (Grupo Bandeirantes)

Tapetes de urso polar e puma
Foto: Mehdi Fedouach/AFP

Esse tipo de mercado é muito comum. Talvez não com ursos polares e pumas, mas está presente no nosso cotidiano. Nas cidades litorâneas é muito comum encontrar pedaços de coral, conchas, estrelas-do-mar secas, piranhas secas e outras tantas peças de “decoração” nas lojinhas de artesanato.

Brasil: peles apreendidas em julho de 2010 pela Polícia Federal
Foto: Divulgação Polícia Federal

Para o interior do país, as peles de felinos como onças e jaguatiricas também tem valor comercial. Não olhemos a notícia da França com ar de estranhamento e distância. Olhemos também nossa realidade e, principalmente, não devemos comprar tais produtos.

Se não houver demanda, não há captura de animais.

- Leia a matéria do site band.com.br

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Reflexão para o fim de semana: já que incomoda, então extermina. Andorinhas são dizimadas na Bahia

O número ainda é incerto. Há quem veicule ser 500, mas há que divulgue ser 2 mil o número de andorinhas mortas em consequência da aplicação de um gel repelente nas estruturas e telhado da rodoviária de Ilhéus, na Bahia,em 2 de abril de 2012. O produto, específico para repelir pombos e morcegos, tem em seu rótulo a proibição do uso para espantar outras espécies de aves. O resultado foi desastroso.

Andorinhas mortas em Ilhúes (BA)
Foto: A Tarde

“Várias andorinhas morreram após uma empresa terceirizada aplicar um produto tóxico na rodoviária da cidade de Ilhéus, no sul da Bahia. De acordo com informações do chefe de investigação da Delegacia de Polícia Ambiental, Silvestre Ângelo, agentes foram deslocados para o local na noite de segunda-feira (2) após receber uma denúncia.

A quantidade de animais mortos ainda não pode ser definida, mas segundo a delegacia, estima-se que mais de 500 andorinhas morreram no local.”
– texto da matéria “Mais de 500 andorinhas morrem em rodoviária de Ilhéus, diz polícia”, publicada em 3 de abril de 2012 pelo portal G1

Para o site do grupo Bandeirantes (band.com.br), o número é maior:

“O Ibama e a Polícia Ambiental investigam a morte de cerca de duas mil andorinhas na rodoviária de Ilhéus, no sul da Bahia. Segundo a DPA (Delegacia de Proteção Ambiental), a empresa Só Limpo Dedetização, contratada pela administração da rodoviária, usou veneno à base de cola de forma irregular para matar os pássaros que tinham ninhos no teto da rodoviária.” – texto da matéria “Ibama investiga morte de 2 mil pássaros na BA”, publicada em 3 de abril de 2012

Segundo o site Imprensa Livre, da Bahia, a rodoviária é administrada pela empresa Pauma, de propriedade da família Carletto, cujo maior representante é o deputado estadual Ronaldo Carletto (PP), e que também é responsável pelo termina de Porto Seguro.

“A Pauma teria contratado a Só Limpo Comércio e Serviços de Dedetização Ltda para aplicar veneno mortal às aves, que estariam prejudicando o serviço de limpeza da rodoviária ilheense.” – texto da matéria “Ilheús: Pauma (do grupo Carletto) é acusada de promover matança de aves”, publicada em 4 de abril de 2012

Cerca de 100 andorinhas ainda vivas foram recolhidas pelo Ibama e encaminhadas para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Porto Seguro.  Representantes da Pauma afirmaram para os policiais civis que contrataram o serviço da empresa terceirizada para repelir a entrada dos animais no local, e que a intenção não era matar as aves, que passavam a noite no local. No inverno as andorinhas migram para outra região.

Animais vivos, debilitados, recolhidos pelo Ibama
Foto: Joá Souza/Agência A Tarde

Não sei o que é pior: a contratação por parte da Pauma de uma empresa de dedetização sem, com certeza, ter cogitado a hipótese de consultar um biólogo ou especialista para pensar em formas adequadas de manejo ou ignorância de uma empresa dita especializada em usar um produto destinado para pombos e morcegos contra andorinhas.

Está na embalagem, entre as “precauções”:

“Não aplicar o produto em local onde existe a possibilidade de outras espécies de aves entrarem em contato com o produto.”

O Ibama e a Delegacia de Proteção Ambiental avaliam o impacto ambiental causado e abriram processos administrativo e criminal. A multa para os responsáveis pode chegar a R$ 500 por animal morto.

- Assista ao vídeo feito por um morador:


- Assista à matéria da TV Bahia
- Leia a matéria do portal G1
- Leia a matéria do site do grupo Bandeirantes
- Leia a matéria do Imprensa Livre

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Mais uma operação contra o tráfico de animais. Agora no Rio Grande do Sul

Depois da Operação Estalo, realizada pela Polícia Federal em 2 de abril de 2012 e que desarticulou partes de quadrilhas de tráfico de canários peruanos (“Finalmente uma paulada nas quadrilhas de tráfico internacional de canários”), foi a vez da Polícia Civil do Rio Grande do Sul entrar em ação.

“Na manhã desta terça-feira, a Polícia Civil cumpre 15 mandados de busca e apreensão em Taquari, no Vale do Taquari. Durante a operação Asas da Liberdade, que visa combater o tráfico de animais, cerca de 200 pássaros silvestres e 40 galos de rinha foram apreendidos em casas do centro da cidade.” – texto da matéria “Operação apreende cerca de 200 pássaros silvestres no Vale do Taquari”, publicada em 3 de abril de 2012 pelo site do jornal Zero Hora

278 aves foram apreendidas pela Polícia Civil
Foto: Renata Kerber/RBS TV

No total, segundo a Rádio Guaíba (RS), foram apreendidas 278 aves (galos, papagaios, canários, sabiás, trinca-ferros, azulões e curiós). Os policiais também encontraram diversos alçapões, 209 gaiolas, CDs com canto de pássaros para atrair as aves e duas armas - um revólver calibre 38 e uma espingarda calibre 20.

“A comercialização das aves era feita em uma casa onde os animais eram mantidos em cativeiro, no município de Taquari. Segundo a delegada Betina Caumo, a investigação apurou que os preços variavam entre R$ 200 e R$ 3 mil. "As aves eram usadas em rinhas em outras cidades. Não só os galos, os pássaros silvestres também", disse a policial ao G1.” – texto da matéria “Operação da Polícia Civil apreende mais de 200 aves silvestres no RS”, publicada em 3 de abril de 2012 pelo portal G1

Dois homens, apontados como donos das armas, responderão por posse ilegal de arma de fogo. Outras 15 pessoas, com idades entre 25 e 60 anos, que estavam nos locais das apreensões, serão enquadrados por crime ambiental.

“Como não cabe prisão para esse tipo de crime, todos foram liberados depois de assinarem Termo Circunstanciado, documento pelo qual se comprometem a comparecer à Justiça. A audiência já foi marcada, para 24 de abril.” – texto da Rádio Gauíba

Como sempre: lei fraca.

- Leia a matéria do Zero Hora
- Leia a matéria do portal G1
- Leia a matéria da Rádio Guaíba
- Releia o post do Fauna News, “Finalmente uma paulada nas quadrilhas de tráfico internacional de canários”, publicado em 4 de abril de 2012

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Finalmente uma paulada nas quadrilhas de tráfico internacional de canários

Já faz tempo que o Fauna News acompanha as apreensões dos chamados canários peruanos em território brasileiro. Os pássaros são trazidos do Peru, Venezuela e Equador para as rinhas do Brasil. Na segunda-feira (2 de abril de 2012), a Polícia Federal, depois de muita investigação, entrou em ação com a chamada Operação Estalo para o cumprimento de 62 mandados judiciais em nove estados: 33 de busca e apreensão, 20 de prisão preventiva, 2 de prisão temporária e 7 conduções coercitivas em Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará, Amazonas, Santa Catarina, Roraima e Distrito Federal.

Veja o resultado:

“A Operaçao Estalo, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (2), cumpriu 20 mandados de prisão preventiva, dois temporários, sete conduções coercitivas e 30 de busca e apreensão em oito estados da federação, além do Distrito Federal. Cinco mandados ainda estão em aberto. Duas pessoas foram presas em flagrante em Minas Gerais e Santa Catarina. As investigações, que começaram em Pernambuco em fevereiro de 2011, desarticularam parte de uma quadrilha que atuava traficando aves silvestres e exóticas.” – texto da matéria “Operação da PF desarticula quadrilha internacional de tráfico de aves”, publicada em 2 de abril de 2012 pelo portal G1

Foto: Divulgação Polícia Federal

Lendo algumas matérias publicadas sobre a operação da PF, dois números chamaram a atenção:

“No decorrer das investigações, mais de doze mil aves contrabandeadas pelas quadrilhas foram apreendidas em rodovias e aeroportos de diversos estados.” – texto de divulgação da própria Polícia Federal

‘"A operação visa reprimir o contrabando desses animais, mais precisamente canários, da Venezuela e Peru, que eram distribuídos no país para fomentar a prática de rinha. Conseguimos atuar para reprimir esse tipo de crime no país. A gente estima que, só no ano passado, a quadrilha poderia ter traficado até 60 mil animais por ano", falou Marlon Jefferson de Almeida, superintendente da PF em Pernambuco.’ – texto do portal G1

Resumindo: 12 mil canários apreendidos desde o final de 2010, quando começaram as investigações, e 60 mil canários podem ter sido traficados por ano. Quer saber se isso dá lucro?

Veja:

“De acordo com a Polícia Federal, as aves são adquiridas por valores entre R$12 e R$ 15. No mercado clandestino dos atacadistas, os valores vão de R$130 a R$ 220. Por fim, alcançam o mercado interno, onde são negociados por revendedores locais a preços que de R$ 200 a R$ 300.” - texto da matéria “Operação da PF contra tráfico de aves prende policial aposentado em MS”, publicada em 2 de abril de 2012 pelo site Campo Grande News

Para os responsáveis por colocar os canários em rinhas, caso a ave se destacasse e fosse vitoriosa, o sujeito chegava a ganhar até R$ 50 mil de apostas. Um pássaro com esse potencial de lucro poderia ser negociado (vendido) por até R$ 100 mil.

“Segundo a PF, nas rinhas os canários são avaliados de acordo com a habilidade apresentada, podendo ser negociados a R$ 100 mil . As apostas também alcançavam vultosas quantias, com valores que chegavam a R$ 50 mil.” – texto da matéria “Polícia Federal prende suspeitos de tráfico de pássaros em Minas e outros nove estados”, publicada em 2 de abril de 2012 pelo site do jornal Estado de Minas

Canários peruanos
Foto: Simão Nogueira

Rotas
“Os canários vinham, principalmente do Peru e da Venezuela, por duas rotas internacionais distintas. Na primeira, os pássaros seguiam pela Bolívia e entravam no Brasil pela cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, onde um policial civil facilitava a entrada. De lá, eram transportadas até São Paulo, onde eram encaminhadas para os principais centro distribuidores, como Minas Gerais e Distrito Federal. Na segunda rota, as aves entravam pela fronteira do Amazonas e Roraima e seguiam até o Ceará, onde eram distribuídas.” – texto da matéria do portal G1

Na rota que passava por Corumbá, um policial civil aposentado foi preso acusado de estar envolvido no tráfico.

“A Operação Estalo, deflagrada hoje pela PF (Polícia Federal), prendeu um policial civil aposentado em Corumbá. Ele, que não teve o nome divulgado, usava a condição de policial para fazer a travessia das aves na fronteira com a Bolívia. O acusado chegava a receber R$ 3 mil por carregamento.

De acordo com o delegado da PF, Alexandre Nascimento, o preso prestou depoimento e foi transferido para Campo Grande. Ele negou as acusações. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão em sua casa, mas nada foi encontrado.”
– texto do site Campo Grande News

Esquema
“Para legalizar as aves que entram de forma ilegal no Brasil, os suspeitos fraudavam sistemas federais de controle, com falsificações e adulterações de marcações, conhecidas como anilhas.

Dentre os envolvidos, ao menos oito possuem cadastro como criadores amadoristas, alguns com licença cancelada pelo Ibama. Também foi identificada a utilização de documentos judiciais e administrativos, como autos de depósito e termos de nomeação de fiel depositário, para camuflar as aves mantidas nos planteis clandestinos.

Boletins de ocorrência policial também foram utilizados para justificar a comercialização irregular das aves pelos criadores amadoristas cadastrados.”
– texto do site Campo Grande News

A PF ainda informou que de cada 700 aves transportadas pela quadrilha, cerca de 150 morriam.

Polícia Federal, eu quero mais!

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria completa do Campo Grande News
- Leia a matéria completa do Estado de Minas
Releia, do Fauna News:
- “No tráfico de animais, o Brasil também atua como receptador”, de 5 de maio de 2011
- “Canários peruanos: o absurdo continua”, de 19 de maio de 2011
- “Depois dos 517 papagaios, agora é a vez dos 1.870 canários: descaso do poder público”, de 17 de janeiro de 2012

terça-feira, 3 de abril de 2012

Borboletas também precisam de proteção

Quando abordamos ações de conservação de animais, é comum para a maioria de nós - leigos – pensarmos em mamíferos, aves e outros grupos de vertebrados. Afinal, é isso que os meios de comunicação mais divulgam.

Mas a biodiversidade é mais ampla e os ecossistemas, com suas cadeias formando teias alimentares, são mais complexos. Você já pensou em extinção de insetos?

“Uma organização ambiental da Europa lançou um guia com orientações sobre como preservar espécies de borboletas que vivem no continente e são consideradas  ameaçadas de extinção.

Phengaris arion borboleta ameaçada de extinção
Foto: Chris van Swaay

O relatório, que teve destaque na edição desta semana da revista “Nature Conservation”, aponta 29 espécies listadas pela União Europeia.

(..)O documento detalha informações sobre cada inseto, as exigências para conservar seus habitats e plantas utilizadas pelas borboletas como local para desova e alimentação.”
– texto da matéria “União Europeia terá que proteger 29 espécies de borboletas ameaçadas”, publicada em 29 de março de 2012 pelo portal G1

Como qualquer animal, as borboletas têm funções muito importantes nos ecossistemas que integram. Sejam como fonte de alimento de outras espécies ou como polinizadores, esses insetos não podem desaparecer – fato que, no caso da polinização, prejudicaria inicialmente a flora e posteriormente a fauna que depende das plantas.

“De acordo com o relatório, as borboletas europeias estão sob ameaça constante. Cerca de 10% de todas as espécies correm risco de desaparecer. Indicadores mostram que houve queda de 70% na população de 17 diferentes espécies nos últimos 15 anos.

Entre as principais causas desta diminuição estão a destruição de áreas, transformadas pela agricultura -- algumas delas abandonadas posteriormente.”
– texto do G1

Além de tudo isso, o mundo ficaria muito mais feio sem esses belos seres.

- Leia a matéria completa do G1

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre a vida livre e o cativeiro.

Matéria exibida pelo Jornal da Band, da Rede Bandeirantes, em 8 de março de 2012, relata a rotina de uma arara-canindé que, diariamente, sai do Parque Nacional da Tijuca e voa quatro quilômetros até o recinto das araras no Zoológico do Rio de Janeiro, onde vive o (a) companheiro (a) da ave. A rotina, que já dura mais de 15 anos, nos faz refletir sobre liberdade e cativeiro.

Arara-canindé
Foto: Marcelo Scaranari

Não fique só achando o fato curioso ou pensando na “história de amor” entre a arara livre e seu (ou sua) provável companheiro (a) que está preso no zoológico. O caso permite ir um pouco mais além...