quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Parece que com peixe tudo pode

Estamos acostumados a ver, sem nenhuma emoção, peixes sendo mortos ou judiados. Programas de televisão que abordam a pesca esportiva, reportagens de turismo onde a atração é pescar ou o pescado (culinária) e matérias sobre a indústria da pesca estão recheados de imagens desses animais sendo retirados da água e agonizando. E isso não causa comoção. Um dos desdobramentos desse fenômeno está no achar que com os peixes se pode fazer qualquer coisa:

“Durante a fiscalização em bares e casas noturnas realizada nesta terça-feira (29), foi detectada prática de crime ambiental em um bar localizado no bairro Praça 14, Zona Sul de Manaus. A informação é da Prefeitura de Manaus. O estabelecimento possuía um aquário com pirarucus, tambaquis e quelônios sem as devidas licenças ambientais.

Peixes de 100 quilos em aquário pequeno: o problema 
só foi a falta de licença
Foto: Marinho Ramos/Semcom

Avaliação dos técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) apontam que os dois pirarucus pesavam, pelo menos, 100kg cada. O peixe é protegido pela legislação ambiental desde 1991.”
– texto da matéria “No AM, peixes de 100kg são achados em aquário de bar e dono é autuado”, publicada em 29 de janeiro de 2013 no portal G1

Independentemente de o estabelecimento estar todo irregular (não possuía licença ambiental, habite-se e alvará de funcionamento, estava com a vistoria do Corpo de Bombeiros vencida , não tinha responsável técnico pelos extintores e gerador e estava com seu controle de pragas vencido), o fato de o comerciante manter grandes peixes confinados em um pequeno aquário deveria também configurar maus-tratos.

Mas, parece que para peixe tudo pode.

- Leia a matéria completa do G1

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Fauna abundante: na verdade, um problema com pessoas

Silvio Marchini / Foto: Arquivo pessoal
Em 20 de março de 2012, o Fauna News publicou ‘“Manejo de fauna, manejo de gente”: um artigo que deve ser lido’, em que foi comentado o texto do doutor em Conservação da Vida Silvestre, fundador da Escola da Amazônia e membro do Instituto Pró-Carnívoros, Silvio Marchini, veiculado pelo site O Eco alguns dias antes.

“Os problemas que a conservação e manejo da fauna silvestre se propõem a resolver não são, em última análise, problemas com a fauna e sim, problemas com as pessoas.” – texto de Marchini

Esse era o espírito do texto. Afinal, a solução de muitos conflitos entre animais e seres humanos passa, necessariamente, por atuações com educação e conscientização das pessoas.

Marchini, em artigo de 28 de janeiro de 2013 publicado por O Eco, volta ao tema, mas com um enfoque um pouco diferente, voltado para o manejo lidar de populações grandes de demais de animais silvestres (principalmente em ambientes urbanos):

“Os desafios à frente dos gestores de fauna abundante incluem, portanto, a crescente necessidade de investigar, entender, envolver e influenciar pessoas também, além de animais silvestres e seus habitats. Se para a conservação de populações pequenas e ameaçadas as ciências biológicas nem sempre são suficientes, para o manejo de populações grandes demais a contribuição das ciências sociais – economia, psicologia, ciência política, direito, educação e comunicação – pode ser vital. Teorias e métodos das ciências sociais devem cumprir um papel cada vez mais central no diagnóstico do problema, na elaboração de soluções de manejo, e na avaliação e monitoramento dos resultados das intervenções.” – texto do artigo “Fauna abundante, conservação às avessas”

Quatis na Ilha do Campeche (SC): em abril de 2012, animais desapareceram. Havia suspeita de que foram eliminados por serem considerados incômodos pelos moradores
Foto: Flávio Neves/Agência RBS

O autor tem claro que não são apenas fatores técnicos que determinam quando uma população de animais silvestres é grande demais para ter de ser manejada e, assim, evitar problemas econômicos para a sociedade ou até ambientais para um determinado ecossistema pressionado em sua capacidade de suporte. A leitura que deve ser feita da situação é outra:

“(...) na prática é a subjetividade dos fatores socioculturais e psicológicos que, em última instância, determina o limite da nossa tolerância aos animais silvestres. Valores atribuídos à fauna, sejam eles financeiros, afetivos, estéticos, simbólicos ou intrínsecos, assim como a percepção dos riscos associados a ela e a disposição para assumir esses riscos, variam de pessoa para pessoa, entre grupos sociais e entre culturas; uma população de animal silvestre pode ser grande demais para você e não para mim, ou vice-versa, e o gestor de fauna deve levar isso em conta.” – texto de Marchini

Condomínio no interior de São Paulo: contemplar a natureza sem muito contato
Foto: Portal Japy

Com o processo de urbanização cada vez mais valorizando a convivência com o “verde” (é paradoxal mesmo, afinal, matas são derrubadas para a construção de eco condomínios, por exemplo), passaremos cada vez mais a ter contato com os animais silvestres (novamente um paradoxo, pois esse contato vai existir enquanto as espécies não forem extintas pelo mesmo processo que força o contato). Mas, no fundo, o que se percebe é que a necessidade de estar com a natureza é mais contemplativa do que interativa.

- Leia o artigo completo de Silvio Marchini
- Releia o post ‘“Manejo de fauna, manejo de gente”: um artigo que deve ser lido’, publicado pelo Fauna News em 20 de março de 2012

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Tráfico de animais em Duque de Caxias: fiscalização sempre reativa. Cadê a prevenção?

Como sempre acontece no Brasil, o poder público (seja de qual área for) atua motivado por denúncias ou após acidentes. Não há investimentos em ações preventivas com fiscalização constante para evitar os problemas. E assim acontece com o tráfico de animais silvestres.

Depois de a TV Globo exibir em 21 de janeiro de 2013 matéria expondo mais uma vez o vergonhoso comércio de fauna na feira de Duque de Caxias (RJ), equipes de fiscalização de vários setores entraram em ação em mais um jogo de cena para a população.

Há decadas esse comércio acontece em Duque de Caxias
Foto: Blogo do Alberto Marques

“Menos de uma semana depois de o RJTV fazer a denúncia, policiais voltaram a uma feira de animais silvestres em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e apreenderam diversos animais. A operação para acabar com a venda de animais silvestres aconteceu na manhã de domingo (27), conforme mostrou o Bom Dia Rio. Cinquenta homens da Polícia Civil e da Polícia Ambiental fizeram um pente fino no local.

(...) A operação terminou com mais de 20 animais apreendidos e 14 pessoas detidas. Todas foram trazidas para a delegacia, multadas e liberadas em seguida. Para a polícia, leis mais rígidas ajudaria a combater esse tipo de crime.”
– texto da matéria “Polícia faz operação para coibir venda de animais silvestres no RJ”, publicada em 28 de janeiro de 2013 pelo portal G1

Filhote de papagaio sendo vendido em Duque de Caxias
Imagem: Reprodução Jornal Hoje

Operações repressivas são necessárias e devem ser feitas constantemente para coibir esse tipo de prática. A afirmação da polícia sobre a necessidade de leis mais duras é perfeita. Mas, sobretudo, algum tipo de ação educativa, de longo prazo, para redução da demanda por animais pela própria população local é necessária.
Infelizmente, essa ação foi apenas mais uma resposta à pressão feita pela imprensa. Em janeiro, a prefeitura de Duque de Caxias (RJ) anunciou a intenção de instalar na feira um posto de fiscalização para ser utilizado pelo Ibama e pelo Batalhão Ambiental da PM do Rio de Janeiro. Ficou só na promessa.

Durante a operação de domingo, outra promessa:

“(...) O mais importante foi a integração entre os órgãos ambientais, secretaria do meio ambiente, delegacia de meio ambiente, Polícia Militar, que, a partir de agora, vão fazer uma ocupação permanente da feira de Caxias”, afirmou o coronel Eduardo Frederico Cabral de Oliveira.” – texto do G1

Essa ocupação será cumprida?

- Leia a matéria completa do portal G1 (com vídeo)
- Releia “Tráfico de animais na feira de Duque de Caxias: não é novidade, mas reportagem vale pelas imagens”, publicado pelo Fauna News em 23 de janeiro de 2013
- Releia “Feira de Duque da Caxias (RJ): cadê o posto do Ibama?”, publicado pelo Fauna News em  11 de junho de 2012

Muito obrigado! Fauna News foi o 2º colocado no prêmio Top Blog 2012

O Fauna News se classificou em segundo  lugar na categoria Júri Popular entre os blogs de que abordam animais do prêmio Top Blog 2012. A premiação foi anunciada em 26 de janeiro de 2013 durante cerimônia no Teatro da Unip (Universidade Paulista), na zona sul de São Paulo.

O editor responsável pelo Fauna News, Dimas Marques, compareceu para receber o prêmio. A conquista só foi possível porque você dedicou alguns minutos do seu dia para votar no Fauna News, um blog engajado na luta contra o tráfico de animais e na conservação da fauna silvestre. Não podemos esquecer do apoio do Pet Rede, do portal da rádio Jovem Pan, que nos apoiou e divulgou a votação.

O Fauna News acabou de completar dois anos (18 de janeiro de 2012). Nada melhor do que o reconhecimento de seus leitores para comemorar a data.

Novamente, muito obrigado!

- Resultado da premiação (site Top Blog)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Começar a semana pensando...

...no que faz um sujeito achar que consegue criar 236 aves. O resultado é cruel.

“A Polícia Ambiental (BPMA) apreendeu na manhã de sábado 236 pássaros, entre silvestres e exóticos, que estavam sendo mantidos em cativeiro. Na ação, que ocorreu no bairro Pilarzinho, em Curitiba, uma pessoa foi encaminhada.

Algumas das 236 aves apreendidas
Foto: Jornale

(...)“Localizamos 176 pássaros exóticos como calopsitas, tomba, periquitinho e aves argentinas, além de 60 pássaros silvestres como curió, sabiá preta, azulão, trinca ferro e papagaio”, conta o capitão Tavares.

Segundo ele, o local estava completamente abandonado, as aves sem comida, todas mantidas em balcões de madeiras sem janelas e um em cima do outro. “Os pássaros estavam sem comida e mal tratados. O mau cheiro era muito forte e a sujeira visível. Encontramos ratos mortos, dois coelhos e duas aves também em estado de decomposição”, relata.
” – texto da matéria “Polícia Ambiental apreende 236 pássaros em Curitiba”, publicada em 27 de janeiro de 2013 pelo site Jornale

O dono do imóvel onde estavam as aves afirmou que criava os animais, dando a entender que não os comercializava.

Alegar ser um criador não o exime de estar envolvido com o tráfico de animais. Afinal, com certeza, ele não capturou todas as aves silvestres. Ao comprar de alguém, esse homem sustentou o comércio ilegal e incentivou o traficante a buscar mais bichos nas matas.

Outro comentário que deve ser feito é sobre as condições insalubres e cruéis em que as aves eram criadas. É maus-tratos e é crime. Espera-se que, na delegacia, ele também tenha sido indiciado no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais:

“Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”


Mesmo que legalmente esse homem não seja punido pelo crime, a aplicação da lei deve ocorrer para evidenciar a necessidade de uma legislação mais adequada. Da forma como a Lei de Crimes Ambientais trata esse crime, ninguém vai para a cadeia por maltratar animais (o mesmo serve para quem captura, comercializa, compra ou mantém em cativeiro animais silvestres sem autorização – artigo 29). Pelo fato de as penas serem inferiores a dois anos (“menor potencial ofensivo”), os acusados são submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo. É o famoso pagamento de cestas básicas ou trabalho comunitário.

- Leia a matéria completa do Jornale

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Reflexão para o fim de semana: traficando aves em casa

O Fauna News mostra inúmeros casos de apreensões de animais silvestres sendo comercializados em feiras. Dificilmente, encontram-se outros pontos de venda. Mas a PM da Paraíba conseguiu localizar um ponto de tráfico de fauna em uma residência.

“Uma casa que funcionava como ponto irregular de comercialização de animais silvestres foi descoberta pela Polícia Militar no início da tarde desta quinta-feira (24). No local foram resgatadas 12 aves e o proprietário da residência terá que pagar multa. A Polícia Militar informou que recebeu informações do local através de moradores.

Um dos 12 pássaros apreendidos na Paraíba
Foto: Maurício Melo/G1

O sargento Moreira, da Polícia Militar, disse que entre as aves capturadas, uma delas, conhecida como Trinca-Ferro, está ameaçada de extinção. O sargento confirmou que o proprietário terá que pagar multa de R$ 5 mil para o caso do pássaro raro e R$ 500 para cada um dos outros animais.” – texto da matéria “Doze aves silvestres são resgatadas em casa de João Pessoa”, publicada em 24 de janeiro de 2013 pelo portal G1

Raramente uma residência é identificada como ponto de venda de animais. Além das feiras, o comércio ilegal de fauna ocorre também em pet shops – considerando apenas pontos físicos e fixos de tráfico. Um dos motivos é a possibilidade do morador alegar ser apenas um criador não autorizado – o que, legalmente, não muda muita coisa, pois tanto quem vende quanto quem compra é enquadrado da mesma forma: artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais.

Mas, tenha uma certeza: tem muita residência espalhada pelo país que funciona como ponto de tráfico de animais.

- Leia a matéria completa do G1

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Apreensões de animais em feiras de Pernambuco: sem educação ambiental, elas sempre ocorrerão

“Em uma ação conjunta entre equipes de fiscalizações da Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma) e da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) 111 aves silvestres, que estavam sendo comercializadas ilegalmente em feiras livres em Gravatá e Bezerros, ambos municípios do Agreste de Pernambuco, foram apreendidas no último fim de semana. 

Ação de fiscalização em feiras de Pernambuco
Foto: Divulgação CPRH

Havia 19 espécies de aves distintas, sendo a Cravina o tipo mais encontrado, com 21 animais. Também foram encontrados 17 Galos de Campina, 14 Papa-Capins e 11 Patativas.”
– texto da matéria “CPRH apreende 111 aves silvestres comercializadas ilegalmente no Agreste”, publicada em 21 de janeiro de 2013 pelo site NE10

Ontem (23 de janeiro de 2013), no post “Tráfico de animais na feira de Duque de Caxias: não é novidade, mas reportagem vale pelas imagens”, o Fauna News comentou o comércio escancarado de animais silvestres na famosa feira de Duque de Caxias (RJ) – que foi alvo de uma matéria do Jornal Hoje (TV Globo). A feira da Baixada Fluminense, apontada como um dos maiores pontos de tráfico de fauna do país, é o ápice desse mercado negro varejista e popular.

Por todo o país, em especial nas regiões Norte e Nordeste, ocorre o comércio ilegal de animais silvestres em feiras. As apreensões em Gravatá e Bezerros são um pequeno exemplo do problema. E, é fato, se em alguns dias as equipes de fiscalização voltarem a essas feiras, novas apreensões serão feitas.

Enquanto não houver uma política pública séria, que invista em educação ambiental para orientar a população a não comprar animais, as apreensões continuarão a ocorrer.

- Leia a matéria completa do NE10
- Releia o post do Fauna News “Tráfico de animais na feira de Duque de Caxias: não é novidade, mas reportagem vale pelas imagens”, publciado em 23 de janeiro de 2013

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Tráfico de animais na feira de Duque de Caxias: não é novidade, mas reportagem vale pelas imagens

A vergonhosa venda de animais silvestres na feira de Duque de Caxias não surpreende mais ninguém. O tráfico de fauna está estabelecido no local há tanto tempo que até quem deveria fiscalizar o crime ambiental parece não se importar mais com as inúmeras denúncias feitas pela imprensa.

Em 21 de janeiro de 2013, o Jornal Hoje (TV Globo) veiculou mais uma matéria sobre o comércio ilegal de animais em Duque de Caxias. Não foi apresentada nenhuma novidade, mas o esforço jornalístico vale pelas imagens.

“Os traficantes de animais silvestres agem livremente no centro de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro, e ainda usam crianças como vendedores. A câmera do JH flagrou macacos dopados, passarinhos empilhados e bichos sufocados dentro de sacolas.

Filhote de papagaios sendo vendido na feira de Duque de Caxias
Imagem: Reprodução Jornal Hoje

Para a veterinária, Andrea Lambert, o comportamento dos animais não é natural. “A tendência deles é morder, fugir. Então, para que eles não fujam, para ser mais fácil manusear para venda, eles são dopados”.

Dezenas de pássaros, de diferentes espécies, são empilhados em pequenas gaiolas. Todos com a mesma triste história. A cada reportagem se sucedem operações policiais. Para alguns dias depois a feira continuar no mesmo dia, lugar e horário.”
– texto do resumo da matéria, publicado no site do Jornal Hoje

Deve-se destacar um trecho do texto acima: “A cada reportagem se sucedem operações policiais. Para alguns dias depois a feira continuar no mesmo dia, lugar e horário.”

E assim vai continuar graças a ineficiência do poder público.

- Assista à matéria do Jornal Hoje
- Releia o post do Fauna News “Na luta contra a cracolândia da fauna silvestre”, de 24 de janeiro de 2012, e “Feira de Duque da Caxias (RJ): cadê o posto do Ibama?”, de 11 de junho de 2012

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nossa fauna, via Portugal, para o resto da Europa

Portugal se consolidou como porta de entrada da fauna brasileira e de outros países para abastecer o desejo dos europeus de ter aves exóticas como bichos de estimação ou peças de coleções. E a criação em cativeiro (defendida por alguns segmentos e estudada pelo Ibama para ser ampliada no Brasil) não está resolvendo o problema do tráfico na Europa.

‘Mas, apesar da Europa ter legislação que obriga ao registo de todas as espécies, através do CITES, o fascínio por animais raros e selvagens ainda move colecionadores internacionais, que optam pelo mercado paralelo.

Em 2011, Portugal registrou a maior apreensão de aves ilegais, ao detetar mais de cem ovos de aves raras, transportados de avião e colados ao corpo de ‘correios’ contratados por traficantes, referem os dados do ICNF. Já em 2012, aumentaram os roubos de aves a particulares.

Arara-azul-de-lear: 90 mil euros (cerca de 244 mil reais) na Europa
Foto: Adriano A. Paiva

João Loureiro, biólogo e responsável do ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e Florestas – esclarecimento do Fauna News), nota que estas duas atividades são distintas. "O tráfico implica redes, com ligações ao Brasil, de que Portugal é uma porta de entrada para a Europa. No caso dos roubos, cujo número aumentou exponencialmente, serve essencialmente para a venda a particulares, pois o português sempre gostou de ter aves."’
– texto da matéria “O mundo das aves raras”, publicada em 20 de janeiro de 2013 pelo jornal português Correio da Manhã

O jornal esclarece que Esse tipo de tráfico de fauna funciona por meio de quadrilhas especializadas, com brasileiros envolvidos. A situação é bastante diferente do mercado negro brasileiro, onde o comércio ilegal é bastante pulverizado em quadrilhas pequenas e menos organizadas.

“São precisamente as espécies raras, e por isso mais valiosas, as preferidas no tráfico, diz João Loureiro. "Em Portugal não há colecionadores com o poder de compra de outros países", nota, frisando que se um papagaio pode atingir um valor de 15 mil euros, e por isso ser suscetível de cativar um colecionador local, a arara-azul-de-lear, que chega a valer 90 mil euros, é uma das espécies mais ‘exportáveis’. "Quanto mais rara é a espécie, mais cara se torna no comércio ilegal, pois no caso de ser uma espécie protegida nem sequer se pode comprar legalmente", explica o biólogo.

Em Portugal, já foram "intersetadas algumas das aves mais caras e desativadas quatro redes de tráfico, que incluíam portugueses, brasileiros e outros estrangeiros. Muitas destas redes funcionam para branqueamento de dinheiro e estão ligadas a outros negócios ilegais, como tráfico de droga e tráfico humano", explica o responsável do ICNF.

OVOS DE OURO
O tráfico faz-se essencialmente com ovos, transportados via aérea – que podem custar de dez a 50 mil euros, diz fonte do SEPNA, Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR – e que assim facilitam a ‘legalização’ das aves já nascidas em solo europeu. (...)”
– texto do Correio da Manhã

Brasileiro preso em Portugal com 30 ovos de papagaios em  2011
Foto: Divulgação Ibama

E todo esse tráfico acontece em uma Europa onde, em diversos países, é legal a criação de animais em cativeiro para fins comerciais. No Brasil, o Ibama realizou até 30 de dezembro uma consulta pública para elaboração de uma lista de animais silvestres que poderiam ser criados e comercializados como bichos de estimação – a chamada “lista pet”. Nessa consulta, entretanto, não exista a possibilidade de optar pela NÃO elaboração dessa lista em defesa da proibição total do comércio da fauna silvestre.

A redução do tráfico de animais depende, essencialmente, de campanhas massivas de educação ambiental, aliadas a forte fiscalização e legislação adequada (o que não é o caso do Brasil).

- Leia a matéria completa do Correio da Manhã
- Releia os posts do Fauna News: “Reflexão para o fim de semana: começou a consulta pública sobre a “lista pet” e a divulgação medíocre”, de 7 de dezembro de 2012, e “Reflexão para o fim de semana: a farsa da consulta pública sobre a “lista pet” foi prorrogada”, de 21 de dezembro de 2012

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Começar a semana pensando...

... com música, com o reggae de Nário.

Em seu CD Resistência, Amor e Paz, lançado em dezembro de 2012, o músico da Baixada Santista canta “mensagens positivas, ambientais, sociais e de amor”, como ele mesmo afirma. Dentre as nove músicas do trabalho, uma aborda o tráfico de fauna e a necessidade de conscientização para acabar com esse crime: “Liberdade aos animais”.

Confira!

Clique e ouça “Liberdade aos animais”

- Visite a página de Nário no Facebook (www.facebook.com/NarioMusic)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Dois anos de Fauna News. Chegou o momento de crescer

Em 18 de janeiro de 2011, o Fauna News publicava “Nosso primeiro contato...”. Foi o início, ainda tímido, de uma caminhada que, aos poucos, ganha intensidade e força. Nossa principal bandeira – na a única - é o combate ao tráfico de fauna, crime esse que retira pelo menos 38 milhões de animais silvestres da natureza brasileira todos os anos.


Nesse curto período de vida, o Fauna News pesquisou diariamente na imprensa as principais notícias sobre tráfico de animais e conservação da fauna silvestre. A partir desse material, acrescentamos informações, contextualizamos os fatos e defendemos nossa causa. Não nascemos para sermos neutros.

Chegou o momento de crescer e expandir. Queremos chegar em 2014 com muito mais gente lendo nossos posts. Afinal, o tráfico de animais só vai diminuir quando as pessoas pararem de comprar os bichos. E para isso é preciso informação, uma informação militante para conscientizar.

Retomando a liberdade!
Foto: Polícia Militar de São Paulo

Agradecemos aos parceiros Pet Rede, Instituto Aprenda.bio e Freeland Brasil. Novos aliados estão chegando e, em breve, teremos novidades.

Agradecemos, sobretudo, a você, que diariamente visita nossa página em busca de informação. Pode ser via Facebook, Twitter, Google + ou diretamente para o blog. Não importa... O importante é que você está nos acompanhando.

Muito obrigado!

Dimas Marques – editor responsável

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ninguém fica preso e ninguém paga multa. Tráfico de fauna está liberado

“A cultura de impunidade no país em relação a esses crimes joga no mercado milhões de animais por ano, enquanto os criminosos lucram centenas de milhões de dólares, segundo os cálculos de funcionários de organizações governamentais e não-governamentais.

Arquivos do governo obtidos pela recém-aprovada Lei de Acesso à Informação mostram que entre 2005 e 2010 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA – emitiu cerca de R$ 630 milhões em multas para crimes contra a fauna.

Macaco-prego sendo vendido no Pará
Foto: SOS Fauna

O que significaria muito– se os infratores pagassem o que devem. Durante o mesmo período, o IBAMA recebeu o equivalente a menos de 2% do total em multas.

Essa realidade provoca comentários como o do promotor federal Renato de Freitas Souza Machado, alocado no Rio de Janeiro, um ponto forte do comércio ilegal de espécies raras e protegidas: “Os traficantes sabem que nada vai acontecer com eles”.

As multas não-pagas – que um porta-voz do Ibama diz que serão cobradas – não são o único problema. Uma combinação de sentenças leves e apelações que parecem não ter fim resultam em poucas prisões para traficantes, mesmo para os grandes. Poucas horas após serem presos, eles estão de volta às ruas e, em muitos casos, de volta aos negócios.”
– texto da matéria “Onde vivem as feras”, publicada pelo site Pública – Agência de Jornalismo Investigativo em 14 de janeiro de 2013

Não é novidade o fato de que traficante de animal, no Brasil, não vai preso. Atualmente, a peça legal aplicada contra o tráfico de fauna é a Lei de Crimes Ambientais (n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), que estipula no artigo 29:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

 Pena – detenção, de seis  meses a um ano, e multa.”

§1º - Incorre nas mesmas penas:

Inciso III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”


Também é aplicado o artigo 32 da mesma lei:

“Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”


Da forma como a Lei de Crimes Ambientais trata esse crime, ninguém vai para a cadeia por traficar animais. Pelo fato de as penas serem inferiores a dois anos (“menor potencial ofensivo”), os acusados são submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo. É o famoso pagamento de cestas básicas ou trabalho comunitário.

Agrava a situação a Lei 12.403/2011, que estabeleceu o fim da prisão preventiva para crimes com penas inferiores a quatro anos de prisão, como a formação de quadrilha (enquadramento que muitos delegados, por exemplo, utilizavam para segurar traficantes de animais na cadeia por algum tempo).

E mesmo que os acusados acabassem condenados e presos, as penas previstas na atual lei são brandas e não servem para inibir os criminosos.

Filhotes de papagaio-verdadeiro apreendidos com traficantes
Foto: SOS Fauna

Além desse absurdo jurídico contra a fauna brasileira, a questão das multas é uma “pá de cal” em qualquer tentativa de punir os infratores. E o Ibama e a grande imprensa ainda insistem e divulgar, nos títulos e primeiros parágrafos das matérias sobre apreensões de animais silvestres, os altos valores das multas aplicadas.

Não sei quem é pior: se o órgão ambiental que joga uma cortina de fumaça com essas multas na tentativa de apresentar alguma ação contra o tráfico de fauna ou se a imprensa que, desinformada e desinteressada, vai na onda do Ibama.

Lamentável.

- Leia a matéria completa do site Pública
- A mesma matéria foi publicada no site da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), do governo federal

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Sem educação ambiental contra tráfico de animais, polícia continuará enxugando gelo

“A Polícia Militar Ambiental de Umuarama, após o recebimento de várias denúncias, desencadeou uma operação que teve início na tarde de domingo e término no dia de ontem com o saldo de 159 aves silvestres apreendidas.

Se procurarem, policiais apreendem muito mais
Foto: Divulgação Polícia Militar Ambiental do Paraná

Os policiais deslocaram ao município de São Tomé e realizaram vistorias em três residências onde foram apreendidas 85 aves provenientes da fauna sem autorização do órgão ambiental competente.

Já em Cianorte e Japurá outras 74 aves foram apreendidas nas mesmas condições, ou seja, estavam sendo mantidas em cativeiro clandestinamente.”
– texto da matéria “Polícia Ambiental apreende 159 aves silvestres em Cianorte”, publicada em 15 de janeiro de 2013 pelo jornal paranaense Diário do Noroeste

Parabéns, Polícia Militar Ambiental do Paraná. Fez seu trabalho e, com certeza, encontraria mais animais em situação ilegal se procurasse mais. Mas, infelizmente, seu trabalho é um esforço com poucos resultados.

O fim do tráfico de fauna não será uma realidade enquanto o poder público esquecer de investir em educação ambiental. A demanda por animais só será reduzida quando a população se conscientizar dos problemas ambientais, de saúde pública e da crueldade que os bichos sofrem. A repressão é necessária, mas acaba enfraquecida pela legislação fraca, que prevê pena de até um ano para esse crime (e que, por isso mesmo, acaba em transação penal com o acusado cumprindo algum trabalho comunitário ou pagando cestas básicas).

Pássaros apreendidos no Paraná
Foto: Divulgação Polícia Militar Ambiental do Paraná
É ruim constatar, mas a polícia vai continuar enxugando gelo enquanto não houver uma séria política de combate ao tráfico de animais.

- Leia a matéria completa do Diário do Noroeste

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Educação pelo fim da exploração animal para turismo no Rio Grande do Norte

Há anos, em Genipabu, no Rio Grande do Norte, turistas são levados pelos bugueiros  para conhecer as belas paisagens do local e se divertirem com o veloz sobe e desce dos veículos nas dunas. Dentre as atrações, sempre há uma paradinha para o encontro com garotos e rapazes que oferecem iguanas e micos para serem fotografados (ou até comprados) pelos entusiasmados visitantes.

O que os deslumbrados não sabem é que esses animais foram capturados ilegalmente na natureza. Em muitos casos, estão ali dopados e machucados para parecerem mansos e assim não atacarem enquanto ficam nos braços e até na cabeça dos turistas, que fazem poses para as fotos.

Prática pode parecer inofensiva, mas é criminosa
Foto: Betho Feliciano

“Quando o buggy para nas dunas, e os visitantes miram Genipabu, antes de atravessar de balsa o rio Potengi, garotos saem da mata e exibem iguanas. Eles colocam os répteis no capô e estimulam o turista a acariciá-los. Depois pedem um troco para "comprar a comida deles".

Em seu habitat natural, os iguanas não precisam de ração, mas é assim que esses garotos ganham a vida.

Rodolfo Araújo da Silva, 20, tira de R$ 10 a R$ 15 por dia. Em dias bons, chega a R$ 25. Numa conversa reservada, outro rapaz oferece o animal por R$ 50.

Segundo Jean dos Anjos, 42, chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama no Rio Grande do Norte, evitar a captura desses animais é uma luta inglória. Muitos iguanas, quando recuperados, estão feridos ou, quando a fiscalização chega, são largados no sol. O melhor é que o turista colabore não estimulando essa prática.”
– texto da matéria “Iguanas e piadas surgem em travessia”, publicada em 5 de maio de 2003 pela Folha de S. Paulo

Vale destacar que a publicação tem quase 10 anos. Também vale ressaltar que o Ibama sempre conheceu o problema. Agora, o órgão ambiental tenta, mais uma vez, atacar o problema:

“O Ibama realiza na quinta-feira (17) um treinamento voltado para trabalhadores do setor turístico, como bugueiros e guias de agências de turismo, de hotéis, restaurantes, bares e similares. O objetivo é capacitá-los para orientar corretamente os milhares de turistas que chegam ao estado nesta temporada e evitar que cometam infrações ambientais e acabem sendo punidos com multas e processos criminais. De acordo com nota emitida pelo Ibama, os erros mais comuns cometidos pelos turistas ainda são a compra de lagosta irregular e a colaboração com o tráfico de animais silvestres.

(...) O outro erro comum cometido pelos turistas é a compra de animais silvestres ou o pagamento para tirar fotografias junto de crianças ou adolescentes que portam esses animais. “Sabemos que os traficantes aliciam esses jovens e os instruem a capturar animais. Depois, lesionando a coluna ou dando álcool, fazem os bichos parecerem mansos e iludem os turistas”, diz o agente ambiental federal. A multa mínima para quem adquire esses animais é de R$ 500.

O treinamento é gratuito e dura cerca de duas horas. Para participar é preciso enviar um e-mail para ascom.rn@ibama.gov.br citando o nome completo, número de um documento do interessado (RG ou CPF), área de atuação e um telefone para contato. Como haverá duas sessões – de manhã, das 10h às 12h, e à tarde, das 15h às 17h - o interessado deve especificar em que horário prefere participar.”
– texto da matéria “Ibama vai capacitar guias para correta orientação de turistas em Natal”, publicada em 10 de janeiro de 2013 pelo portal G1

Muitas vezes os animais são machucados paa parecerem mansos
Foto: J. Cassiano

A ideia é boa. Afinal, o guia pode orientar o turista e, acima de tudo, eliminar de seu roteiro os locais com a exploração de animais silvestres. Mas, Ibama, por favor, não esqueça de fiscalizar...

- Leia a matéria completa do G1
- Leia o texto de divulgação do Ibama
- Leia a matéria completa da Folha de S. Paulo de 2003

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Começar a semana pensando...

... sobre solturas pós-apreensão. Às vezes, rápidas demais.

Policiais militares de Sergipe encontraram, em um sítio no Povoado Pau Ferro, localizado em Maruim, distante 30 Km  de Aracaju, seis lagartos teiús, duas aves da espécie saracuras-três-potes, dois patos silvestres e três sabiás.

“Após a verificação, o proprietário foi questionado pelos militares se ele possuía o documento fornecido pelo Ibama, que autoriza a criação dos animais em cativeiro, o suspeito disse que não tinha e relatou que criava os animais como prática de hobby. Diante da situação, a guarnição lavrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência, baseado na Lei de Crimes Ambientais, que será encaminhado ao Fórum da cidade de Maruim. Em sequência, os animais silvestres foram soltos em ambiente natural.” – texto da matéria “PM apreende animais silvestres em povoado de Maruim, em SE”, publicada em 9 de janeiro de 2013 pelo portal G1

Teiús apreendidos no sítio: o cativeiro era hobby
Foto: Divulgação PM/SE

Em 23 de agosto de 2012, o Fauna News publicou “Será que a soltura foi adequada?”. Parte do texto vale ser reproduzida para a situação ocorrida em Sergipe.

“Faço esse questionamento pelo fato de que as consequências de uma soltura sem critérios podem ser desastrosas, gerando desde a morte do animal até um desequilíbrio em algum ecossistema. Bicho apreendido tem de ser avaliado por especialistas (biólogos e veterinários). Esses profissionais podem identificar se o animal tem condição de voltar a se alimentar sozinho ou se ele está doente e corre o risco de levar agentes causadores de moléstias para um ambiente saudável.

A área de soltura também é avaliada, afinal o animal tem de viver em seu bioma de origem; em uma área com alimentação suficiente e uma população de sua espécie em um número que possa recebê-lo sem gerar uma superexploração de suas fontes de alimentos. Esses são apenas alguns pontos que são levados em consideração.

Além dos fatores técnicos, é preciso levar em conta a ação humana na região da soltura. O nível de devastação dos hábitats e o grau de proteção da região têm de ser avaliados. Afinal, não se deve soltar o bicho em uma área com a presença constante de caçadores ou traficantes de fauna.

Se isso é feito com competência? Muitas vezes não.

Será que tudo isso foi levado em conta? Com certeza não.

As intenções dos policiais militares são as melhores. Esses homens devem tomar tal decisão por duas razões: orientação ou falta de orientação de seus comandantes e, principalmente, por falta de infraestrutura do poder público em receber, avaliar e dar o destino adequado a esses animais – o que acaba deixando os policiais com um “problema” nas mãos após a apreensão.”

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia “Será que a soltura foi adequada?” publicado no Fauna News em 23 de agosto de 2012

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Reflexão para o fim de semana: rinocerontes órfãos são consequência da matança

“O ano que passou foi um ano terrível para a população de elefantes da África do Sul. Um total de 633 mortes dos animais foram registradas, um número recorde que deixou preservacionistas alarmados.

Rinoceronte sendo alimentado em orfanato
Foto: BBC

Caçadores ilegais têm rinocerontes como alvo os chifres dos animais, considerados afrodisíacos por religiões tradicionais.

Assim, vários filhotes dos animais acabam ficando órfãos.

Foi esse o motivo que levou a África do Sul a criar o primeiro orfanato mundial de rinocerontes.”
– texto explicativo de vídeo produzido pela BBC, publicado em 9 de janeiro de 2013 com o título “África do Sul cria orfanato de rinocerontes para salvar espécie”

Rinoceronte teve seu chifre arrancado pelos traficantes
Foto: AFP

Alguns comentários devem se feitos sobre a matéria. A existência de um orfanato para rinocerontes não vai ajudar a salvar esses animais. As cinco espécies de rinocerontes que existe (duas africanas e três asiáticas) precisam de proteção por meio de fiscalização de unidades de conservação e de uma forte ação de governos asiáticos (principalmente Vietnã e China) para acabar com a demanda pelos chifres através de campanhas de conscientização.

Nesses países, o chifre não é um simples afrodisíaco, como veiculado pela BBC. Principalmente no Vietnã, acredita-se que o pó do chifre cura várias doenças, inclusive câncer. O quilo do chifre vale mais que o quilo de ouro.

- Leia a matéria da BBC Brasil (com vídeo)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Elefantes: o massacre pelo marfim continua

“Um grupo de caçadores ilegais no Quênia é responsável pelo massacre de uma família de 11 elefantes no episódio que foi considerado a pior matança de animais no país das últimas três décadas.

Elefantes mortos no Quênia no último fim de semana
Foto: Reprodução/Voice of America/Serviço para a Vida Selvagem do Quênia

Os cadáveres dos animais mortos a tiros, decepados e sem suas presas, incluindo um filhote de apenas dois meses, foram encontrados no último sábado (5) no Parque Nacional Tsavo Leste.

(...) Um aumento na demanda por marfim na Ásia fez com que a matança de elefantes no continente africano aumentasse expressivamente. As presas de elefantes são utilizadas em medicamentos tradicionais e também como peças de decoração. "Um quilo de marfim pode chegar a custar US$ 2.500 no mercado negro, quantias que alimentam grupos de criminosos extremamente organizados e com armas sofisticadas', disse Omondi.”
(Patrick Omondi, chefe do programa de proteção aos elefantes do Serviço do Quênia para a Vida Selvagem  – texto da matéria “Caçadores ilegais matam família de elefantes em parque do Quênia”, publicada em 8 de janeiro de 2012 pelo portal G1

A caça de elefantes pelo marfim está dizimando populações de elefantes. O fenômeno é muito parecido com o que ocorre com os rinocerontes, que são mortos por causa do chifre. O valor do marfim é um atrativo para os criminosos: um quilo pode chegar a custar US$ 2.500 no mercado negro. Na última semana, mais de uma tonelada de marfim foi apreendida em Hong Kong de um navio proveniente do Quênia. A carga foi avaliada em US$ 1.4 milhão.

Marfim apreendido na China, onde a demanda é grande
Foto: AP Photo/Kin Cheung

Para ter uma ideia da dimensão da matança, cada elefante fornece, em média, 10 quilos de marfim. Logo, uma tonelada de marfim significa que, pelo menos, 100 animais foram mortos.

“Em janeiro deste ano, uma centena de cavaleiros irrompeu pela fronteira do Chade, invadiu o Parque Nacional Bouba Ndjidah, em Camarões, e massacrou centenas de elefantes, em uma das piores matanças isoladas desde que, em 1989, foi implementada a proibição mundial do comércio de marfim. Empunhando fuzis AK-47 e lançadores de granada, eles aniquilaram os elefantes com uma precisão militar que lembrou outra carnificina ocorrida em 2006 perto do Parque Nacional Zakouma, no Chade. Encerrado o ataque, alguns fizeram uma pausa a fim de orar a Alá. As carcaças dos animais são um monumento à cobiça humana; a caça de elefante alcançou os piores níveis em uma década, e as apreensões de marfim ilegal são as maiores nos últimos anos. Vistos do céu, os cadáveres formam um cenário medonho. É possível notar quais animais tentaram fugir e quais mães morreram ao proteger seus filhotes.” – texto da matéria “Culto ao marfim”, publicada na edição de outubro de 2012 da revista National Geographic Brasil

O comércio de marfim é proibido desde 1989. Na década de 80 verificou-se que a população de elefantes tinha sido drasticamente reduzida. De alguns milhões para 600 mil...

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria completa da National Geographic Brasil

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Tailândia: de rota do tráfico de animais para mercado consumidor

Matéria produzida pela agência de notícias EFE, veiculada por diversos veículos em imprensa, mostra uma mudança no perfil do tráfico de animais que ocorre na Tailândia.

“Os zoológicos particulares dos novos ricos do Sudeste Asiático, com suas mansões repletas de animais exóticos, são um capricho que dão glamour e estimulam o tráfico ilegal de espécies.

Um dos principais centros de comércio de bichos ameaçados de extinção do mundo fica no popular mercado de Chatuchak, em Bangcoc, na Tailândia, e é visitado durante os finais de semana por milhares de moradores e estrangeiros.

Mercado de Chatuchak: comércio intenso de animais silvestres
Foto: Wikipedia

"Há alguns anos, o contrabando de animais era dirigido a clientes da Europa e do Oriente Médio. No entanto, cada vez mais os tailandeses e outros asiáticos compram espécies protegidas", afirmou à agência Efe Jirayu Chardcharoen, agente do Departamento de Proteção de Parques Naturais, Vida Selvagem e Conservação.”
– texto da matéria “Novos ricos do Sudeste Asiático estimulam tráfico ilegal de animais”, publicada em 7 de janeiro de 2013 pelo portal G1

Tartarugas africanas no mercado tailandês
Foto: James Compton / TRAFFIC

A Tailândia sempre foi mundialmente conhecida por ser parte das rotas de tráfico de fauna. Animais capturados em seu território e em países próximos, passavam pelo país para chegar na Europa e restante da Ásia. O mesmo acontece com partes de animais, como marfim, chifres de rinocerontes e peles e garras de tigres. Mas esse perfil está mudando e ficando mais parecido com o que acontece no Brasil – onde entre 60% e 70% do comércio ilegal de animais é para abastecer o mercado interno.

Por isso o comércio no mercado de Chatuchak lembra muito o que acontece nas feiras brasileiras (com a diferença de que, no Brasil, são comercializadas espécies nativas e não trazidas de outros países).

“Durante um passeio pelo mercado, é possível encontrar, sem dificuldades, quase todos os tipos de aves e répteis, "os animais protegidos mais comercializados, por causa de sua facilidade no transporte", segundo comenta Chardcharoen.

Arara no mercado de Chatuchak
Foto: Christine Zenino

No entanto, também é possível ver mamíferos em pequenas jaulas, como o suricato – animal originário do sul da África que ficou famoso por ser um dos protagonistas do filme "O Rei Leão", no papel de Timão –, macacos das selvas asiáticas, ursos e pangolins.”
– texto do portal G1

A legislação branda é outro ponto em comum entre a Tailândia e o Brasil.

“Esse incessante comércio ilegal é, segundo as autoridades, muito difícil de frear por conta das leves penalidades que a lei tailandesa contempla para as pessoas que têm ou traficam animais exóticos ou em risco.” – texto do G1

Na Tailândia, a pena máxima é de quatro anos. Melhor que no Brasil, onde a pena máxima é de um ano.

Apesar da distância que separa os dois países, Brasil e Tailândia estão cada vez mais parecidos quando o assunto é tráfico de animais.

- Leia a matéria completa do portal G1

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Ignorância e crueldade: as consequências de criar animais silvestres como pets

Criar animais domésticos, como cães e gatos, já exige cuidados e uma boa dose de atenção para manter a saúde física e mental do bicho. Não é simplesmente dar comida e água. Envolve muito mais, como um ambiente limpo, atividades para o lazer e o desenvolvimento físico e, lógico, carinho. Agora, imagine um animal silvestre? Tudo isso ainda pode não ser suficiente para manter um como pet.

Primeiramente, porque lugar de animal silvestre é em seu hábitat. Ele tem funções ecológicas (como controlar a população de bichos que ele come, servir de comida para outras espécies, espalhar sementes de plantas etc.) a cumprir, pode transmitir mais de 180 doenças para as pessoas e tem o direito de desfrutar sua liberdade. Apesar de tudo isso, tem gente que ainda insiste em criar animais silvestres em casa.

Em nome de um dito “amor” pelos bichos, muita gente prejudica o meio ambiente ao fomentar o tráfico de fauna e, por ignorância, acaba judiando do animal. Veja um exemplo:

“Como acontece muito nos Estados Unidos e no Canadá, pequenas tartarugas são vendidas ilegalmente por vendedores de rua, que colocam os animais em baldes, sem se preocupar com sua saúde. As pessoas compram as tartarugas em um impulso, incapazes de resistir a seu charme, achando que elas vão ficar pequenas para sempre. Mas elas crescem rápido.

 Audrey: deformada após 20 anos em um balde
Foto: Facebook

A tartaruga da foto, Audrey, viveu durante 20 anos em um balde à base de ovos, sem receber os cuidados adequados. Sem espaço para se movimentar, ela cresceu e ficou com sua carapaça atrofiada, apertando seus órgãos internos. Ela precisava de ajuda, mas só foi levada para um veterinário após a morte de sua dona. Audrey seria sacrificada, mas o veterinário decidiu levá-la a um centro de resgate e reabilitação de tartarugas, o Little Res Q. Lá ela recebeu o tratamento apropriado e está se recuperando.”
– texto da matéria “Tartaruga passa 20 anos em balde e vira exemplo de superação no Facebook”, publicada no site da revista Época em 3 de janeiro de 2013

Tartaruga da mesma espécie com casco normal e Audrey
Foto: Facebook

Esse tipo de problema ocorre com inúmeras outras espécies. Animais  ficam com membros atrofiados por não se exercitarem por viverem em jaulas pequenas, gaiolas ou amarrados em coras ou correntes. Além dos danos físicos, os bichos sofrem com o estresse do cativeiro, levando, dependendo da espécie a automutilação.

Papagaio arrancou as próprias penas por causa do estresse do cativeiro
Foto: Polícia Militar Ambiental MS

Lugar de bicho é no seu hábitat!

Audrey hoje, vivendo em centro de recuperação
Foto: Facebook

- Leia a matéria completa da Época
- Endereço da página de Audrey no Facebook: https://www.facebook.com/audreyres
- Releia o post "O estresse do cativeiro", publicado pelo Fauna News em 9 de maio de 2012

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Começar a semana pensando...

Mais uma vez no Paraguai. E mais uma vez com papagaios.

“A polícia resgatou 211 papagaios retirados de florestas remotas do Paraguai e fezm quatro prisões.

Filhotes de papagaios apreendidos no Paraguai
Foto: City Parrots

O veterinário Carlos Britos, do Ministério do Meio Ambiente do Paraguaim identificou as aves resgatadas como papagaios-verdadeiros, cujo nome científico é Amazona aestiva. Ele disse que muitos ainda são jovens e foram retirados de seus ninhos. Quarta-feira, ele disse que eles estão sendo cuidados por biólogos do governo em um parque nacional e serão devolvidos à natureza assim que possam voar.”
– tradução do texto da matéria “Paraguay Police Rescue 211 Parrots”, publicada em 2 de janeiro de 2013 pelo site da City Parrots

Vale lembrar que em 4 de janeiro de 2013, o Fauna News publicou “Reflexão para o fim de semana: papagaios traficados do Paraguai”, em que repercutiu a apreensão de quatro filhotes de papagaios (um morreu) com um homem de 25 anos na rodoviária de Cascavel, no Paraná. As aves tinham sido compradas no Paraguai.

Ao que parece, os papagaios que vivem no Paraguai devem estar em pleno período de nascimentos. E, assim como acontece no Mato Grosso do Sul anualmente (setembro e outubro), ocorre a coleta dos filhotes nos ninhos para o comércio ilegal. Infelizmente, esse tipo de crime ainda não é combatido nas áreas de apanha das aves, onde são necessários um forte trabalho de educação ambiental, políticas sociais de geração de renda para as comunidades que vivem na região onde habitam os papagaios e, lógico, fiscalização.

Enquanto só se investir em repressão, que conta com a sorte e não com inteligência para coibir o tráfico de animais, esse crime continuará existindo com força.

- Leia a matéria da City Parrots (em inglês)
- Releia “Reflexão para o fim de semana: papagaios traficados do Paraguai”
- Leia a matéria “Aberta a temporada do tráfico”, publicada na edição 101, de setembro de 2012, da revista Terra da Gente, sobre o comércio ilegal de papagaios-verdadeiros

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Reflexão para o fim de semana: papagaios traficados do Paraguai

Em 28 de março de 2012, o Fauna News publicou “Na terra da muamba, até jaguatirica!”, sobre a apreensão de uma jaguatirica que estava sendo vendida na cabeceira da Ponte Internacional da Amizade, limite fronteiriço com o Paraguai. Pois agora, a muamba são papagaios.

“Um rapaz de 25 anos foi detido em flagrante transportando dentro de um ônibus quatro filhotes de papagaios e uma espingarda de pressão, tudo comprado no Paraguai. O ônibus saiu de Foz do Iguaçu e iria para Florianópolis/SC. Segundo o suspeito ele adquiriu os animais silvestres por R$ 50 e a espingarda por R$ 200. Ele levaria as aves a um sítio localizado em Blumenau.” – texto da matéria “Rapaz é detido em Cascavel transportando filhotes de papagaios em ônibus”, publicada em 29 de dezembro de 2012 pelo site paranaense Radar BO

Papagaios traficados do Paraguai
Imagem: Catve Cascavel

O sujeito foi surpreendido na rodoviária de Cascavel (PR). Uma das aves morreu.

“A divisa do Brasil com o Paraguai, mais precisamente na região de Foz do Iguaçu, tem de tudo: perfumes e eletrônicos (falsificados e contrabandeados), carros roubados, drogas, armas e o que mais de ilegal você puder imaginar. Inclusive animais sendo traficados.” – texto do post “Na terra da muamba, até jaguatirica!”

Essa região do país chama a atenção pelo tráfico de drogas e pelo contrabando. Pouco se fala no comércio ilegal de animais. Mas ele está acontecendo com intensidade e o normal é ocorrer a saída de animais de espécies silvestres brasileiras para receberem documentação (ilegal) em outros países da América do Sul e depois serem exportados para Europa, por exemplo.

- Leia a matéria completa do Radar BO
- Releia o post do Fauna News “Na terra da muamba, até jaguatirica!”

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Para não perder o hábito: mais uma apreensão em feira

As feiras do rolo e algumas feiras livres são bastante conhecidas como polos de comércio ilegal de animais silvestres. E o problema está disseminado por todo o Brasil. Não há estado em que o tráfico de animais não ocorra nesse tipo de comércio. E o Fauna News não cansa de divulgar o problema.

Dessa vez foi em Arapiraca (AL):

“205 pássaros silvestres foram apreendidos na manhã de hoje (30), durante operação do Batalhão da Polícia Ambiental (BPA) na Feira da Fumageira, localizada no bairro Primavera, em Arapiraca. Os suspeitos de comercializarem as aves conseguiram fugir.

Aves apreendidas na feira da Fumageira
Foto: Divuglação Polícia Ambiental de Alagoas

Espécimes do tipo Cardeal, Sangue de Boi, Papa-capim, Jandaia, Xexéu, Azulão, Galo de Campina, Caboclinha, entre outras foram apreendidas em gaiolas, prestes a serem comercializadas. De acordo com a 1º tenente Djane Menezes, alguns pássaros apresentavam sinais de maus-tratos. “Os pássaros estavam amontoados em gaiolas do tipo 'viajante', que parecem pequenos apartamentos, e sem alimentação. Alguns deles acabam brigando e se machucando”, disse.”
– texto da matéria “Polícia apreende 205 pássaros silvestres em feira de Arapiraca”, publicada em 30 de dezembro de 2012 pelo portal G1

Para acabar com o tráfico de fauna nas feiras, duas ações são necessárias. A fiscalização tem de ser constante, não podendo faltar uma vez sequer. A presença ostensiva de fiscais que objetivem a repressão a esse tipo de crime é cansativa e longa, mas gera resultados.

A outra ação envolve os compradores desses animais. Educadores deveriam estar nessas feiras distribuindo panfletos com informações e orientando verbalmente a população. Sem ter para quem vender e pressionado pela fiscalização, os traficantes de fauna procuram outro local para seu comércio criminoso. Cabe à polícia ir atrás deles e continuar pressionando.

Esse “jogo” se ganha pelo cansaço, pois, infelizmente, a legislação é muito fraca e ninguém fica preso por manter em cativeiro sem autorização ou vender animais silvestres.

- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Começando bem 2013: novo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres da prefeitura de São Paulo em março

“São Paulo vai receber até março de 2013 um dos maiores Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) do país. O espaço está sendo construído dentro do Parque Anhanguera, na região de Perus, Zona Norte da capital. A unidade vai ter um Centro de Manejo de Animais com laboratórios de análises e de taxidermia (arte de empalhar animais), necrópsia (exame de cadáver), centro de triagem de alimentação dos animais, 15 conjuntos de recintos para abrigo de animais silvestres nativos como mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes, administração, diretoria e refeitório.

Vista aérea das obras do novo Cras da prefeitura de São Paulo
Foto: site prefeitura de São Paulo

Segundo informações da bióloga Silvana Schirmer, o local está sendo adaptado para receber cerca de sete mil animais, mas não será aberto ao público. “A função do Cras é receber essa fauna machucada  e reabilitá-la para voltar a viver na natureza”, diz, reforçando que o animal silvestre foi feito para viver solto  e manter um bicho dessa espécie em gaiola é crime ambiental.” – texto da matéria “Animais terão centro de reabilitação”, publicada em 30 de dezembro de 2012 pelo jornal Diário de S. Paulo

Em agosto de 2012, a prefeitura anunciou que a inauguração do centro aconteceria em novembro. O que não ocorreu. O Cras é fundamental para a cidade de São Paulo, já que a região metropolitana é um dos maiores centros ilegais de comércio de animais silvestres do Brasil. Atualmente, os bichos apreendidos com traficantes, criados sem autorização, resgatados em ambiente urbano ou machucados são encaminhados para o centro existente no Parque Ecológico do Tietê (do governo do Estado), para a Divisão de Fauna da Prefeitura no Parque do Ibirapuera ou para instituições particulares que possuem autorização do Ibama.

Recintos que receberão os animais no Cras
Foto: site prefeitura de São Paulo

O problema é que as estruturas públicas (do Parque Ecológico do Tietê e do Parque do Ibirapuera) vivem lotadas, trabalhando além do limite para que foram planejadas.  Já passou da hora da cidade ter uma infraestrutura melhor para atender esses animais.

O que não deve ser esquecido é o processo de soltura dos animais. Deve-se destacar que a maioria dos bichos apreendidos não são nativos de São Paulo, vindos do Nordeste, Norte e Centro-oeste, o que obriga que eles sejam levados de volta para seus ecossistemas de origem depois de reabilitados. Esse processo é burocrático e caro e vem acompanhado de monitoramento pós-soltura.

É por isso que os centros acabam, muitas vezes, se transformando em depósitos de animais. Espera-se que o poder público não ache que resolveu o problema fazendo apenas essa inauguração. Que o novo Cras seja mais um passo em uma caminhada.

- Leia a matéria completa do Diário de S. Paulo
- Leia a matéria do site da Prefeitura anunciando a inauguração para novembro (que não ocorreu)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013