quinta-feira, 31 de março de 2011

Painel de rua em São Paulo denuncia agressões do homem à natureza

O artista plástico Eduardo Kobra e dois outros muralistas pintaram um painel de 7 metros por 20 metros com a imagem de um navio japonês caçando uma baleia. O trabalho, entregue no último dia 17, está na rua Vergueiro, na altura da estação Vila Mariana do metrô – bem no ponto de união com a rua Domingos de Morais.

No painel está escrito: “Você tem fome de quê?”



“É uma obra crua e forte, base ada em uma cena da caça de uma baleia pelo navio Yushin Maru. Todas as tragédias naturais que têm acontecido em nosso planeta mostram que proteger os animais e a natureza como um todo é também uma forma de protegermos o ser humano”, afirma Kobra.

O trabalho faz parte do projeto do artista chamado Greenpincel. Kobra ficou conhecido por pintar grandes painéis com imagens da São Paulo antiga.

Conheça o trabalho de Eduardo Kobra
Saiba mais sobre o Greenpincel
Saiba mais sobre a caça às baleias (Greenpeace)
Saiba mais sobre a caça às baleias (Sea Sheperd)
Confira o site do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/Ministério do Meio Ambiente)
Conheça o Projeto Baleia Franca – Brasil
Conheça o Instituto Baleia Jubarte - Brasil

quarta-feira, 30 de março de 2011

Leões-mercadoria: uma nova apreensão

Deixei como reflexão para o fim de semana (25 de março), uma nota publicada pelo O Estado de S. Paulo em 25 de março sobre a apreensão de um filhote de leão no aeroporto da Cidade do México. O animal estava encaixotado dentro de um avião de carga. O caso, que ganhou algum destaque pelo tipo incomum de bicho envolvido, voltou a se repetir na Somália (África).

De acordo com matéria distribuída pela agência de notícias Associated Press em 27 de março, dois filhotes de uma espécie rara de leão (Berbera) foram apreendidos por autoridades locais dentro de um navio no porto de Mogadíscio, capital da Somália. Os animais, um macho e uma fêmea de três meses, são irmãos e foram capturados após sua mãe ter sido morta a tiros pelos traficantes.



Filhotes de leão apreendidos na Somália
Foto: AP Photo / Parsons Edward
Acredita-se que o casal de leões seria levado para algum colecionador em Dubai (Emirados Árabes Unidos) ou no Extremo Oriente, onde deveriam ser criados como animais de estimação. Por causa da guerra civil que devasta a Somália há 20 anos, a repressão ao tráfico de fauna é limitada e a atividade criminosa é intensa.

Números do tráfico
O tráfico de animais silvestres é apontado como a 3ª atividade ilegal mais rentável do mundo. As cifras estimadas giram entre 10 bilhões e 20 bilhões de dólares por ano. A repressão deficiente e as fracas políticas públicas de combate (que devem incluir educação e ações assistênciais a comunidades carentes que acabam envolvidas na captura de espécimes) estimulam esse tipo de crime, que é o segundo responsável pela extinção de espécimes (atrás apenas da perda de hábitat).

No Brasil a situação também é crítica. Dependendo da fonte consultada, o número de animais silvestres retirados anualmente da natureza varia de 12 milhões a 38 milhões. E não são apenas ricos colecionadores que alimentam esse comércio – como é o caso dos leões da Somália. De acordo com pesquisadores, estima-se que entre dois e quatro milhões de animais selvagens vivam em cativeiros no Brasil. Mas o número pode ser ainda maior já que outros levantamentos indicam que cerca de 60 milhões de brasileiros possuem espécimes silvestres em suas residências.

Além da quantidade de animais que morrem durante as diversas etapas do tráfico e do sacrifício de viver em jaulas, gaiolas ou recintos inadequados impostos aos bichos, há de se considerar ainda os riscos á saúde humana (transmissão de doenças, conhecidas como zoonoses) e as conseqüências ao equilibro dos ecossistemas. Por isso tudo, pense bem antes de comprar pássaros, papagaios, pequenos primatas, cobras e tantos outros animais, pois você pode fazer parte desse problema e do sofrimento de inúmeras formas de vida.

Leia a matéria da Associated Press (em inglês)
Leia a matéria publicada no site do jornal Extra
Releia a reflexão para o fim de semana, publicada no FAUNA NEWS em 25 de março

sexta-feira, 25 de março de 2011

Derrame de petróleo no mar – parte 2

Repercuti ontem o derrame de petróleo causado por um navio cargueiro na costa do arquipélago britânico de Tristão da Cunha, no Atlântico Sul. A consequência mais evidente do acidente está na ameaça à maior colônia mundial de pinguins-de-penacho-amarelo, espécie ameaçada de extinção. Cerca de 20 mil animais podem ser afetados, tanto que vários já foram recolhidos por estarem cobertos de óleo.

Não pude deixar de lembrar do acidente ocorrido com o petroleiro Exxon Valdez, no Alaska, em 1989, que derramou aproximadamente 40 milhões de litros de óleo no mar. Em uma matéria da revista Veja, de 2 de junho do ano passado ("Vitória da natureza"), afirma-se que os ecossistemas da região já estão praticamente regenerados e equilibrados – depois de 20 anos do desastre.


Ave coberta por petróleo no Alaska
Foto: AP
A notícia é boa e mostra a enorme capacidade da natureza em regenerar seu equilíbrio, mesmo com tantas ações negativas praticadas pelo homem. Mas o preço do desastre não pode ser esquecido: 250 mil aves e mamíferos morreram. Essa estimativa não incluía peixes e os seres vivos das profundezas do oceano.

Em outra reportagem, também da revista Veja (“O lixão dos mares”, da edição 2.071 de 30 de junho de 2008) os números são piores: 400 mil aves mortas, 300 focas, 21 orcas e bilhões de ovos de arenque e salmão (está na matéria secundária “O desastre saiu barato”).

A natureza triunfou, como destacou a matéria da Veja, mas o homem insiste em destruí-la, como foi destacado no texto do FAUNA NEWS de ontem.

Leia a matéria "Vitória da natureza"
Leia a matéria "O lixão dos mares"
Releia o texto do FAUNA NEWS de ontem - "Vinte mil pinguins estão ameaçados por derrame de petróleo no arquipélago de Tristão da Cunha"

quinta-feira, 24 de março de 2011

Vinte mil pinguins estão ameaçados por derrame de petróleo no arquipélago de Tristão da Cunha

Não bastasse o perigo de extinção que correm os pinguins-de-penacho-amarelo (rockhopper), um acidente envolvendo um navio que transportava petróleo ameaça a maior colônia desses animais no mundo, no arquipélago de Tristão da Cunha. A notícia está em vários sites e no jornal O Estado de S. Paulo de hoje (página A24), todas reproduzindo material da agência France Presse.

Pinguins do arquipélago de Tristão da Cunha cobertos de petróleo
Fotos: Trevor Glass/ RSPB/ AP
Quem assistiu ao desenho “Tá Dando Onda”, de 2007, vai se lembrar do protagonista da animação, o pinguim surfista Cadu Maverick. Pois ele é um pinguim-de-penacho-amarelo.

Cadu (à esquerda) surfando em "Tá Dando Onda"
Fotos: Divulgação
Em 16 de março, o cargueiro MS Oliva encalhou na costa da ilha Nightingale, que faz parte do arquipélago britânico de Tristão da Cunha, no Atlântico Sul. A embarcação, que segui do Brasil para Cingapura, acabou se dividindo em duas partes e o petróleo que transportava vazou.

De acordo com o administrador da ilha, os pingüins cobertos de óleo estão sendo recolhidos e levados para um galpão, onde são limpos com um líquido apropriado. A situação está ficando mais crítica pelo fato do produto estar acabando, o que obrigará que um novo lote seja enviado por navio da Cidade do Cabo, na África do Sul. “Detalhe”: a viagem de 2.800 quilômetros pelo mar dura vários dias.

Não pense que os problemas acabaram:

"Infelizmente, as aves não podem ser alimentadas até que o navio da África do Sul chegue com o abastecimento de peixe congelado, junto com uma equipe de limpeza especializada e outros suprimentos", afirmou outro especialista citado na matéria da France Presse.

Além dos pingüins, a população de lagostas também está ameaçada. A pesca do crustáceo é a principal atividade econômica da ilha. Com certeza, todo ecossistema marinho da região será afetado.

Leia a matéria da France Presse
Saiba mais sobre os pinguins-de-penacho-amarelo

terça-feira, 22 de março de 2011

Dia Mundial da Água

Não poderia deixar passar em branco: hoje é o Dia Mundial da Água. Seja qual for a forma de vida, todas dependem da água para sua existência. Pode parecer repetitivo, mas o recado tem de ser dado: vamos economizar no consumo diário, usar racionalmente esse recurso no nosso cotidiano.

É sempre bom lembrar também que manter as florestas vivas é fundamental para garantir a produção de água em um bom volume e boa qualidade. Outra coisa: não esqueça que o lançamento de gases estufa na atmosfera (principalmente o gás carbônico e o metano) contribuem para o Aquecimento Global e o derretimento de geleiras, que são essenciais na formação de inúmeros rios e o abastecimento de água de várias populações.

Veja as dicas da Sabesp para você economizar água no seu cotidiano

Educação ambiental: a fauna do Cerrado para crianças


Qualquer ação que busque a conservação da natureza tem, obrigatoriamente, de considerar o fator Educação Ambiental para obter sucesso. E esse trabalho deve abranger tanto o público infantil e adolescente quanto os adultos. Apesar da pouca familiaridade que tenho com o tema, resolvi indicar um site que achei interessante: o Operação Cerrado.



O site faz parte de um programa voltado para crianças entre 9 e 14 anos, que, além das atividades na internet, leva alunos do Distrito Federal para atividades de campo e vai até as escolas com o Cinema Ambiental. No www.operacaocerrado.com.br os jovens encontram os vídeos “Qual é o bico mais adaptado para comer o coquinho do buriti?”, “Qual desses animais é venenoso?” e “Qual desses bichos fofinhos não é do Cerrado?”, além dos jogos “A Caverna Secreta” (o jogador explora uma caverna para conhecer as espécies de morcego que habitam no local), Fotógrafo Subaquático (o jogador explora um lago em busca dos peixes mais raros) e “Eco Energia” (com dicas para economizar energia elétrica).

Pelo destaque dado à fauna do Cerrado, o FAUNA NEWS indica a atividade. Pelo site é possível também obter informações sobre as atividades de campo e nas escolas.

Só um detalhe: a imagem utilizada no site para o jogo “Fotógrafo Subaquático” (em que um lago é explorado) é do mar – tanto que há até um tubarão...

Conheça o site Operação Cerrado
Saiba mais sobre o bioma Cerrado (informações do Ibama)
Saiba mais sobre o cerrado (site da ONG Consrvação Internacional)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Arquipélago de Alcatrazes: o que parecia uma boa notícia, não é tão boa assim. Os tiros devem continuar

Em 16 de março, publiquei no FAUNA NEWS o texto “Chega de tiros. A biodiversidade de Alcatrazes merece ser conservada em sua plenitude”, baseado na a matéria “Marinha dá sinal verde a parque em Alcatrazes”, de O Estado de S. Paulo do mesmo dia. A reportagem afirma que está sendo estudada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/Ministério do Meio Ambiente – órgão responsável pela criação e gestão de unidades de conservação do governo federal) e a Marinha de transformar o arquipélago de Alcatrazes em um Parque Nacional com, inclusive, a mudança do local destinado aos exercícios militares.

Mas parece que a coisa não é bem assim.

No dia 18, um comentário sobre o texto publicado no FAUNA NEWS foi enviado pela analista ambiental do ICMBio, Thayná J. Mello , esclarecendo exatamente os trabalhos que estão em desenvolvimento para Alcatrazes:

“Prezados,
A recategorização da ESEC Tupinambás para Parque Nacional Marinho tem o objetivo de permitir a visitação em um local de grande beleza cênica, sendo um dos melhores pontos de mergulho do país. Pretende ampliar a proteção do Arquipélago de Alcatrazes, visando englobar na UC parte da Ilha Principal, onde ocorrem diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.

Já em relação à Marinha do Brasil, é importante esclarecer que ela continuará com a posse da raia de tiro para manobras militares, porém a área utilizada pela Marinha ficará fora dos limites do Parque Nacional.


A Marinha do Brasil e o ICMBio são parceiros na proteção do Arquipélago e na proposta de recategorização da ESEC para Parque Nacional.


No site do ICMBio, www.icmbio.gov.br aba "consultas públicas" podem ser encontradas maiores informações sobre a proposta.


Atenciosamente,


Thayná J. Mello

Analista Ambiental
ESEC Tupinambás – ICMBio”

Atualmente o arquipélago é parte da Estação Ecológica Tupinambás. Esse tipo de unidade de conservação (Estação Ecológica) é classificado – de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – na categoria de Proteção Integral com o objetivo de preservar a natureza e ser uma área para pesquisas científicas. A visitação pública, portanto, é uma atividade proibida (exceto para fins educacionais).

A matéria de O Estado de S. Paulo não esclareceu que o trabalho em desenvolvimento pelo ICMBio busca recategorizar a unidade de conservação, que deixaria de ser Estação Ecológica Tupinambás e passaria a ser Parque Nacional Marinho do Arquipélago dos Alcatrazes. Com a criação de um Parque Nacional, o turismo é permitido.


Foto: Celso Moraes/Prefeitura de São Sebastião
Outra mudança que está na proposta do ICMBio é a desafetação das áreas utilizadas para exercícios militares. Isso significa que o local não ficará mais em uma área especialmente protegida e continuará sendo utilizada como alvo de tiro pelas embarcações da Marinha.

Todas esses informações estão no site do ICMBio e serão discutida com a sociedade civil em uma audiência pública. Esse evento, a ser realizado às 18h de 30 de março de 2011, no Teatro Municipal de São Sebastião, situado na Rua Altino Arantes (Rua da Praia), 02 - Centro, São Sebastião (SP), seve para esclarecer e receber sugestões e críticas sobre a proposta do governo federal para Alcatrazes. E, portanto, muito importante que todos os interessados participem da audiência e nela se manifestem.

A proposta apresentada pelo ICMBio parece ser uma resposta para a demanda da sociedade em visitar Alcatrazes e, principalmente, “solucionar as questões legais envolvendo os atuais usos do Arquipélago” (trecho escrito da proposta do ICMBio) pela Marinha.

Apesar da ampliação da área protegia que deve ocorrer com a recategorização da Estação Ecológica em Parque Nacional Marinho, o Saco do Funil, a Laje do Pescador e a Laje da Gaivota permanecerão como raias de tiro da Marinha. O que parecia uma boa notícia, já não é tão boa assim.

Conheça na ítegra a Proposta do ICMBio
Releia o texto “Chega de tiros. A biodiversidade de Alcatrazes merece ser conservada em sua plenitude”
Leia a matéria de O Estado de S. Paulo “Marinha dá sinal verde a parque em Alcatrazes"
Conheça o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC

quinta-feira, 17 de março de 2011

O tsunami e a fauna marinha: no Havaí, uma pequena amostragem do que deve ter ocorrido

Apesar de acompanhar diariamente por jornais e emissoras de rádio e televisão as notícias sobre as consequências do terremoto e do tsunami que devastaram o Japão, ainda não havia encontrado nenhuma informação sobre o impacto que tais fenômenos naturais tiveram sobre a fauna. Confesso que não pesquisei muito, mas hoje encontrei algo no site da BBC: “Aves marinhas são mortas por tsunami perto do Havaí”.

A reportagem publicada ontem informa sobre a morte de milhares de peixes e aves marinhas, como albatrozes, com a passagem do tsunami pelo atol de Midway - um dos atóis mais remotos do planeta e que foi transformado em santuário ambiental após a desativação de uma base militar dos EUA em 1993.

De acordo com a matéria, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos informou que mil albatrozes-de-laysan adultos e adolescentes, além de milhares de filhotes morreram quando o tsunami atingiu Midway. As ondas chegaram a 1,5 metro de altura no local por volta da meia-noite (horário local) de 10 de março e continuaram durante algumas horas. O impacto na população de patos e focas ainda não foi verificado.


Albatroz Wisdom, que tem 60 anos e é considerado a ave mais velha dos EUA, sobreviveu ao tsunami

Se o impacto na fauna selvagem foi dessa dimensão no pequeno atol, é certo que um número de animais mortos seja imensamente maior. Também é certo que jamais será conhecido com exatidão a consequência do tsunami sobre a população animal.

E repare que não envolvi nesse comentário o problema com os reatores nucleares...
Leia a matéria "Aves marinhas são mortas por tsunami perto do Havaí”

quarta-feira, 16 de março de 2011

Chega de tiros. A biodiversidade de Alcatrazes merece ser conservada em sua plenitude

Após ler a matéria “Marinha dá sinal verde a parque em Alcatrazes”, publicada hoje em O Estado de S. Paulo (página A33), fiquei pensando como poderia abordar a boa notícia no FAUNA NEWS. Achei melhor simplesmente divulgar a novidade e apenas lamentar a demora na criação de unidade de conservação de proteção integral – no caso, um Parque Nacional - no arquipélago.

Na matéria, o repórter Reginaldo Pupo relata a possibilidade de a Marinha aceitar ceder a área – utilizada para exercícios de tiro – para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/Ministério do Meio Ambiente) criar o Parque. A proposta já é discutida há quase três décadas e o fim dos treinamentos militares é objeto de uma disputa judicial desde a década de 90. Atualmente, a Marinha admite a possibilidade de realizar suas atividades na Ponta do Farol, local distante do arquipélago.


Para ICMBio, biodiversidade marinha de Alcatrazes supera a de Fernando de Noronha
Foto: Celso Moraes/Prefeitura de São Sebastião
O acordo entre os ministérios do Meio Ambiente e da Defesa está sendo construído. Outro indicativo de que Alcatrazes deixará no passado sua função de alvo dos tiros das embarcações militares está no fato da apresentação do projeto de criação do Parque, realizada ontem, para a comunidade da região por técnicos do ICMBio.

Alcatrazes é apontado como um dos maiores centros de biodiversidade do Estado de São Paulo. São 12 mil hectares, localizados a 45 quilômetros do porto de São Sebastião, que abrigam mais de 10 mil colônias de, pelo menos, 18 espécies de aves marinhas. O local também abriga a maior concentração de baleias-de-bryde do país, além de inúmeras espécies de peixes, tartarugas.

Está na matéria: “Segundo o ICMBio, a variedade de espécies de peixes e golfinhos supera a vida marinha existente em Fernando de Noronha.”

É preciso mais alguma justificativa para a criação do Parque?

Leia a matéria “Marinha dá sinal verde a parque em Alcatrazes”
Saiba mais sobre a mobilização pela criação do Parque Nacional Marinho de Alcatrazes

terça-feira, 15 de março de 2011

Cadeia alimentar: ainda vamos comer plástico

Em minha leitura dominical de jornais, me deparei com a seguinte matéria em O Estado de S. Paulo: “Peixes do Pacífico estão comendo plástico” (página A21 da edição de 13 de agosto). A reportagem, escrita por Tony Barboza para o Los Angeles Times, apresenta o resultado de um trabalho de duas instituições de pesquisa da Califórnia (EUA) que constataram haver fragmentos de plástico em 35% das amostras de peixes coletadas na costa oeste dos Estados Unidos.

Na média, os pesquisadores encontraram dois pedaços de plástico no estômago de cada peixe. Mas houve registros de animais, como o peixe-lanterna, com 83 fragmentos.

Sacola plástica em recifes do Mar Vermelho
Foto: Jornal O Globo

“A vasta maioria dos peixes encontrada era de peixes-lanterna, que vivem nas profundezas do oceano e sobem à superfície quando escurece em busca do plâncton. Como são um dos peixes mais comuns no oceano e uma fonte de alimento para peixes populares na pesca, como o atum e o dourado, a descoberta dos fragmentos de plástico levanta questões quanto aos efeitos sobre a vida marinha e o consumo humano."

Com maior frequência, a mídia publica matérias sobre os problemas que os detritos jogados nos oceanos causam à vida marinha e às praias. Quem já não leu ou viu na televisão alguma reportagem relatando a morte de tartarugas-marinhas pela ingestão de sacos plásticos (que elas confundem com águas-vivas). Agora, finalmente, as conseqüências da falta de cuidado com os oceanos começam a ser constatadas também na alimentação humana.

Com certeza, esse problema apresentado na pesquisa não é um fenômeno novo. E também não deve ser restrito aos plásticos, pois os mares têm sido tratados como lixeira pelos homens há muito tempo. Você já refletiu o quanto de efluentes químicos industriais e esgoto doméstico é despejado nos oceanos e já está na cadeia alimentar a que pertence o homem?

Bom, quem sabe agora, com o perigo de estar se alimentando do próprio lixo que produz, a sociedade comece a cuidar melhor dos oceanos.

Leia a matéria "Peixes do Pacífico estão comendo plástico"
Saiba mais sobre o problema dos plásticos nos oceanos lendo a matéria "Plástico forma ilhas de poluição nos ocenaos", publicada em 24 de agosto de 2010 pelo jornal O Globo

sábado, 12 de março de 2011

Hipopótamos sulamericanos? Herança do tráfico

Saber que na América do Sul há hipopótamos vivendo livres na natureza foi uma novidade para mim. Afinal, esses animais são originários da África e por aqui somente são vistos em zoológicos. Mas, acredite ou não, 30 deles perambulam pela Colômbia graças à ostentação do traficante Pablo Escobar, morto em dezembro de 1992.

Fiquei sabendo da história desses hipopótamos ao ler a matéria “O terror das cercanias”, publicada dia 6 de março, na página J8 do caderno Aliás de O Estado de S. Paulo. O texto de Verónica Calderón (originalmente publicado no El País) é uma reportagem sobre o documentário Pablo’s Hippos (Os hipopótamos de Pablo), do diretor colombiano Antonoio von Hildebrand, que traça uma analogia entre a espécie e o traficante.

Espécie da África, esses hipopótamos vivem livres na Colômbia
Foto: Reprodução

A matéria não esclarece se os hipopótamos foram importados legalmente, junto com outros milhares de animais (o zoológico de Escobar, Hacienda Napoles, chegou a abrigar mais de 2.500 animais). Com a morte do traficante, a propriedade foi saqueada e bichos foram roubados. Alguns até acabaram sendo levados para outro zoológico colombiano.

Mas os hipopótamos tiveram um destino diferente: uma parte ficou vagando pelas imediações da Hacienda Napoles e um casal escapou e se reproduziu, formando um grupo que se instalou a 150 quilômetros ao norte da antiga propriedade de Pablo. Os animais se transformaram em um problema para o poder público colombiano por destruírem lavouras, derrubarem cercas e atacarem outros animais, camponeses e pescadores.

Além da história dos hipopótamos sulamericanos chamar a atenção por sua singularidade, a ostentação de Pablo Escobar é um símbolo de um dos principais elementos motivadores do comércio de animais silvestres no mundo. Esse hábito já estava presente na Idade Média como um indicativo de riqueza, poder e nobreza.

A outra face dos criadores de animais silvestres está ligada principalmente aos que mantêm pássaros. E esse costume, muito ligado às tradições indígenas, não está restrito ao universo dos endinheirados. Como o valor dos pássaros é menor, não há localidade no Brasil em que inexista o comércio de aves e que não se encontre gaiolas em residências.

Para dar uma dimensão sobre o problema:
- Dependendo da fonte consultada, o número de animais silvestres retirados da natureza no Brasil, por ano, é 12 milhões ou 38 milhões;
- Entre 60% e 70% do comércio ilegal de animais silvestres no Brasil é voltado para abastecer o mercado interno: estima-se que de dois a quatro milhões de animais silvestres vivam em cativeiros particulares;
- Estima-se que 95% do comércio de animais silvestres no Brasil seja ilegal;
- Há pesquisas que apontam haver 60 milhões de brasileiros criando espécimes da fauna nativa em suas residências.

Mudando um pouco o raciocínio...
Peço licença para mudar um pouco o raciocínio, mas mantendo ainda como base a história de Pablo Escobar e os hipopótamos. Não pude deixar de lembrar o quanto que o tráfico de animais silvestres está ligado ao tráfico de drogas. No 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, publicado pela ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), a entidade destaca:

“Na América do Sul, os carteis de drogas têm grande envolvimento com o comércio ilegal de fauna silvestre, muitas vezes se utilizam da fauna para transportarem seus produtos. Frequentemente, são encontradas drogas dentro de animais vivos ou em suas partes.”

“Não é surpresa alguma essas atividades estarem ligadas, se considerarmos que ambas são atividades marginais, que os produtos envolvidos são enviados das mesmas regiões e que os métodos utilizados são similares: falsificação de documentos, suborno de autoridades, evasão de impostos, declarações alfandegárias fraudulentas, entre outras.”

De acordo com pesquisa da Renctas (divulgada em 2001), estima-se haver entre 350 e 400 quadrilhas de tráfico da fauna silvestre, sendo que cerca de 40% possuem ligações com outras atividades ilegais (drogas, armas e pedras precisas, por exemplo).

Leia a matéria completa: "O terror das cercanias"
Conheça a ONG Renctas
Saiba mais sobre os hipopótamos

sexta-feira, 4 de março de 2011

O bom senso e o respeito prevaleceram: Sambódromo não é lugar para animais

O presidente da escola de samba Tom Maior, Marko Antonio da Silva, desistiu de levar uma jaguatirica, uma suçuarana e um iguana para o desfile da agremiação, na noite de hoje, no Sambódromo paulistano. Ele compareceu ontem no Ministério Público Estadual e assinou um Termo de Ajustamento de Conduta se comprometendo a não utilizar os animais na apresentação.

De acordo com a matéria "Tom Maior desiste de levar bicho ao desfile", publicada hoje no Jornal da Tarde, a intenção de Silva era alertar os foliões sobre a importância de preservar o meio ambiente. Para o promotor José Eduardo Ismael Lutti, o presidente da escola teria afirmado que toda a polêmica não passou de uma jogada de marketing.

Dá para acretiar? Bom, essa conclusão é sua, caro leitor...

Leia a matéria do Jornal da Tarde.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Felinos: uma boa e uma péssima notícia

A boa notícia
Em 17 de fevereiro escrevi o texto “Jaguatirica no carnaval de São Paulo. Ibama e Ministério Público, que tal atravessar esse samba?”. E é o que está acontecendo, de acordo com matéria publicada hoje na página C11 do caderno Metrópole do jornal O Estado de S. Paulo – “Jaguatirica é vetada em desfile da Tom Maior”.

Segundo informações da repórter Marici Capitelli, o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual já se mobilizaram para esclarecer a intenção da escola de samba paulistana Tom Maior de levar ao Sambódromo, na madrugada de sexta-feira para sábado, além de uma jaguatirica, uma suçuarana e um iguana. Mas o presidente da agremiação, Marko Antonio da Silva, ainda parece resistir às ações dos MPs: não compareceu a uma audiência no Ministério Público Estadual e não teria respondido a um ofício enviado pelo Ministério Público Estadual.


Além de uma jaguatirica (foto), a Tom Maior quer apresentar uma suçuarana e uma iguana

O Ibama, órgão que teria de autorizar a participação dos animais no desfile, informou que não recebeu solicitação alguma da escola para permitir tal prática. De acordo com a matéria, o procurador da República, Adilson Paulo Prudente do Amaral Filho, afirmou que acionará o comando da Polícia Militar tomar providências caso os felinos e o réptil sejam levados para o Sambódromo, o que configuraria crime ambiental.

Na matéria de O Estado de S. Paulo, o secretário de Estado do Meio Ambiente, Bruno Covas, escreveu:

“O que leva uma pessoa a anunciar que cometerá um crime? Certeza de impunidade ou apenas chamar a atenção utilizando-se de marketing rasteiro?”

A declaração do secretário foi motivada pelo fato de Marko Antonio da Silva ter anunciado a intenção de levar os animais para o desfile e de não solicitar autorização ao Ibama por saber que não conseguiria obtê-la.

Vamos ver qual será o desfecho dessa folia nada saudável.

Leia o texto “Jaguatirica no carnaval de São Paulo. Ibama e Ministério Público, que tal atravessar esse samba?”.
Confira a matéria completa de O Estado de S. Paulo: “Jaguatirica é vetada em desfile da Tom Maior”.
Saiba mais sobre:
- Jaguatirica;
- Suçuarana;

- Iguana.

A péssima notícia
Ainda na edição de hoje (3 de março) de O Estado de S. Paulo – página A22 – está a nota intitulada “Suçuarana é declarada extinta nos EUA”. A nota publicada hoje afirma que esse tipo de felino desapareceu de todo o território daquele país.

Mas, de acordo com informações divulgadas pela agência de notícias Associated Press – em que se baseou texto da Folha de S. Paulo de ontem (2 de março), o puma (como é mais conhecido pelos norte-americanos) extinto é uma subespécie específica do leste dos EUA, havendo ainda populações de suçuaranas em outras partes do país.


Nos EUA, a suçuarana é conhecida como "puma"

Os motivos da extinção, apontados pelos pesquisadores do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, são a caça indiscriminada promovida na primeira metade do século passado e a redução da população do veado-de-cauda-vermelha, base da alimentação desses felinos.

De qualquer forma, esteja o puma extinto de todo o território dos EUA (como afirmou O Estado de S. Paulo) ou da região leste do país (segundo a Associated Press e a Folha de S. Paulo), a constatação é terrível. E, mais uma vez, o desaparecimento de uma espécie ocorre pela ação humana.

Leia a nota de O Estado de S. Paulo.
Leia a matéria da Folha de S. Paulo.
Leia a matéria da Asociated Press (em inglês).
Saiba mais sobre a suçuarana (ou puma).

quarta-feira, 2 de março de 2011

O tempo e o custo para mapear as espécies de animais do planeta

É comum encontrar em artigos científicos, pesquisas e matérias jornalísticas a afirmação que a ação humana tem causado uma onda de extinção de espécies, tanto da fauna quanto da flora, que causa enormes prejuízos para o meio ambiente – como desequilíbrio de ecossistemas – e ao desenvolvimento de produtos e recursos que poderiam ser de suma importância para a sociedade – como remédios, por exemplo.

A falta de conhecimento sobre o potencial da biodiversidade mundial faz com que esse prejuízo seja dimensionado por estimativas; afinal ainda não temos uma noção real do número de espécies existentes no planeta. Pois o trabalho de uma dupla de biólogos brasileiros da Universidade de São Paulo (Antonio Carlos Marques e Fernando Carbayo), que calcularam o custo para mapear as espécies de animais ainda desconhecidas em todo o mundo, foi alvo de uma matéria publicada em 1º de março na página C13 da Folha de S. Paulo – “Dupla calcula custo de mapear espécies”.

Tapaculo-serrrano: espécie descrita recentemente em Minas Gerais
Imagem: David Alker/Divulgação
De acordo com a matéria do jornalista Reinaldo José Lopes, os pesquisadores partiram de estimativas que propõem haver dois milhões de espécies já descritas e cinco milhões ainda desconhecidas. Para os biólogos, seriam necessários R$ 430 bilhões.

Mas, segundo Marques, a questão do financiamento para a descoberta e a identificação de novos animais não é o principal problema. A falta de especialistas em descrição de espécies – taxonomistas – faria com que a tarefa de descrever todas as espécies animais do planeta se tornasse uma jornada épica a ser concluída em 360 anos!

Será que com o atual grau de destruição dos hábitats, a caça e pesca sem controle e o tráfico de animais, aliados à falta de taxonomistas e à ausência de políticas públicas realmente interessadas em investir nesse campo do conhecimento serão encontradas as cinco milhões de novas espécies daqui a 360 anos

CuriosidadeDados publicados pelo Ministério do Meio Ambiente (GEO Brasil 2002 – Perspectivas do meio ambiente no Brasil), o total projetado de espécies da biota mundial (não só animais) varia de 13 milhões a até 100 milhões – de acordo com a fonte consultada.

Agora sim dá para ter uma noção da ignorância humana perante a imensidão de conhecimento e riqueza que está disponível na natureza e é tão desprezada e descartada.

Leia a matéria da Folha de S. Paulo.