sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Reflexão para o fim de semana: raposa de sorte no para-choque

Foto: Divulgação/Litomerice City Police

“Em Litomerice, na República Tcheca, policiais encontraram uma raposa presa dentro do parachoque de um veículo.

O animal, localizado vivo, ficou preso após ser atropelado. Segundo o jornal local Idnes, o motorista, David Mikeska, confirmou que atingiu o animal, mas pensou que ele tinha fugido após a colisão.

O carro, com a raposa presa entre o pára-choque e a placa, seguiu viagem até ser parado pela polícia. Foi quanto um oficial viu a cauda do bicho.

Os bombeiros foram chamados e libertaram o animal, que não teve ferimentos gravas e correu para a floresta logo que foi colocado no chão.”
– texto da matéria “Raposa é atropelada e fica presa em parachoque”, publicada em 19 de fevereiro de 2014 pelo site Bem Paraná

Qual a sua definição para “sorte”?

- Leia a matéria no Bem Paraná

Sistema Urubu: celular vira ferramenta contra atropelamentos de animais

A matéria a seguir, “Aplicativo de celular pode reduzir atropelamento de animais”, foi publicada em 25 de fevereiro de 2014 pelo Blog do Planeta do site da revista Época. Hoje o Fauna News reproduz na íntegra o material jornalístico.

O Sistema Urubu é mais uma ferramenta para tentar reduzir o impressionante número de animais silvestres atropelados todos os anos nas estradas e rodovias do Brasil: 475 milhões, de acordo com o coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), Alex Bager. O banco de dados formado pelo seu uso pretende ajudar na elaboração de políticas públicas, gestão da malha rodoviária e em pesquisas científicas.

“Em breve, qualquer pessoa com um smartphone na mão poderá ajudar a monitorar os atropelamentos de espécies nativas no Brasil. O sistema batizado de Urubu Mobile, ou Sistema Urubu, foi idealizado pelo biólogo Alex Bager, da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais. Trata-se de um aplicativo para celulares e tablets com Android. O Urubu Mobile pode ajudar a registrar os casos de mortes de animais nas estradas. Além de marcar o evento triste, ele serve de referência quando for planejada a expansão ou construção de estradas. Com isso, é possível tomar cuidados para evitar que mais animais sejam vítimas dos carros e caminhões. O desenvolvimento do programa é financiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Bager explica os benefícios do aplicativo na entrevista a seguir.

ÉPOCA: Em que estágio está o Urubu Mobile? Já existe?
Bager: Faz uns 6 meses que prometo o lançamento do Urubu Mobile e sempre surge um problema técnico que me faz segurar. Entretanto hoje pela manhã (terça, dia 25 de fevereiro) fui informado que o sistema está pronto. Se realmente estiver tudo ok vamos lança após o carnaval.

ÉPOCA: Qualquer pessoa pode baixar no celular e usar?
Bager: Sim, qualquer pessoa que possua um smartphone ou tablet com Android poderá baixar o aplicativo. É preciso ter câmera e GPS no aparelho. Pretendemos no futuro lançar para iPhone mas ainda não tivemos recursos para isso. Outro ponto importante é entender que teremos duas versões. Essa que está pronta é a aberta. Além dela, planejamos outra versão para pesquisa, com um banco de dados interno maior e várias fotos.

ÉPOCA: Como o programa funciona?
Bager: A idéia é muito simples. A pessoa se cadastra no Urubu Web (sistema de gestão de dados) e baixa o aplicativo. Quando encontra um animal atropelado, registra a foto e automaticamente sabemos a data e a posição geográfica. A pessoa pode enviar no mesmo instante ou aguardar para enviar quando tiver wi-fi disponível. O que diferencia nosso sistema de todos os outros existentes no mundo é a validação dos dados. Nenhum dado será incluso no banco sem que seja validado por consultores ad hoc. Todas as fotos que chegarem serão pré-analisadas e submetidas para os validadores. Criamos que exigem o consenso de três validadores. Aí os dados voltam para os gestores que decidem pela liberação ou não.

Numa versão futura pretendemos que as pessoas acumulem pontos, parecido com o Waze (espécie de rede social onde as pessoas dão dicas de trânsito). Quanto mais fotos você mandar, mais pontos ganha e sobe de nível. Existem cinco urubus no Brasil, do urubu preto ao urubu rei.

Tamanduá-bandeira atropelado:  475 milhões de animais 
morrem nas estradas brasileiras
Foto: Jornal de Uberaba

ÉPOCA: O monitoramento só funciona em unidades de conservação ou em qualquer área natural?
Bager: O projeto piloto foi concebido para unidades de conservação porque assim temos pessoal em campo coletando dados sem custo. E ainda poderemos emitir um relatório final para os parceiros tomarem decisões informadas. Entretanto a proposta é totalmente aberta e na verdade pretendemos investir pesado em envolver outros segmentos, como empresas de logística ou concessionárias de rodovias.

ÉPOCA: Para que serve o banco de dados de atropelamento?
Bager: O objetivo principal é planejamento, gestão e desenvolvimento de políticas públicas. Também pode ser usado para pesquisa científica. Estamos propondo que o banco de dados seja adotado por diferentes segmentos da sociedade, como a transportadora Valec ou órgãos como o Ibama. Esses dados ajudariam no licenciamento ambiental de rodovias e ferrovias.

ÉPOCA: Como o registro de atropelamentos pode ajudar a reduzir as mortes de animais nas estradas?
Bager: Imagina o seguinte: existe uma rodovia de pista simples e o governo pretende duplicar. Hoje um analista pede estudos de todas as classes de vertebrados e em toda a extensão da rodovia. Mas esse dado não existe ou está perdido num relatório em alguma gaveta. Nós podemos fornecer um relatório detalhado de todas as espécies afetadas na região, áreas com maior intensidade de atropelamento, em alguns casos poderemos dispor de dados de sazonalidade. Também estamos ampliando os campos de coleta de informação no aplicativo para sabermos quando forem realizadas amostragens de material biológico, para análises genéticas e conteúdos estomacais. Pretendemos facilitar a troca de informações entre pesquisadores e assim permitir que estudos de genética, dietas ou, parasitas em todo o Brasil.

ÉPOCA: Quais são as estatísticas mais importantes do banco de dados? O que deu para descobrir com ele?
Bager: O banco ainda está em desenvolvimento e os dados lá disponíveis não foram trabalhados em sua totalidade. O que temos certeza é que nem a comunidade científica e muito menos o poder público tem noção da perda de biodiversidade que está ocorrendo diariamente nas rodovias e ferrovias brasileiras.

ÉPOCA: O que é possível fazer para reduzir a incidência de atropelamentos? Há técnicas para travessia dos animais? Há formas de cercar as estradas? Há formas de orientar os motoristas?
Bager: O atropelamento é apenas um dos problemas inerentes da presença de rodovias e ferrovias. Existem espécies que tem medo e se mantém afastadas da rodovia. Isso provoca uma redução do habitat potencial. Outras não conseguem atravessar e sofrem com a fragmentação. Sem falar em poluição química ou sonora. Há várias soluções locais para reduzir os atropelamentos. São redutores de velocidade, passagens de fauna sob a rodovia ou viadutos com vegetação.”


- Leia a matéria no Blog do Planeta do site da revista Época

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Por algumas moedas, são capturados, vendidos e escravizados para divertir humanos

Em muitas cidades, principalmente as que têm no turismo como grande fonte de renda, a exploração de animais como entretenimento é comum. Em 1º de novembro de 2013, o Fauna News publicou “Reflexão para o fim de semana: crueldade extrema alimentando o tráfico", sobre o chamado “topeng monyet”, prática em que macacos são forçados a usar máscaras ou realizar truques com suas mãos em Jacarta, Indonésia.

Topeng monyet na Indonésia
Foto: Ulet Ifansasti

“O trânsito caótico, a sujeira das ruas e a poluição são constantemente criticados por turistas que visitam Jacarta, na Indonésia, mas nenhum desses problemas choca mais os estrangeiros do que a prática do ‘topeng monyet’, o espetáculo dos macacos mascarados. Para alívio dos visitantes e de muitos indonésios, o governador de Jacarta, Joko Widodo, prometeu proibir a exploração dos animais até o fim do ano.


Vestidos como pessoas, com chapéus de caubói, roupas imundas e máscaras de bonecas, micos imitam os gestos dos humanos pelas ruas locais. A questão, porém, vai além do gosto duvidoso das apresentações; maltratados, os animais são obrigados a passar fome para que obedeçam às ordens dos donos nos shows e ‘trabalham’ por várias horas em meio aos carros e pessoas.
– texto publicado pelo Fauna News comentando a matéria “Espetáculo de macacos mascarados é proibido por governador de Jacarta”, publicada em 28 de outubro de 2013 baseada em matéria exibida pela Globo News
Na Indonesia, os macacos são capturados aos milhares na floresta da ilha de Sumatra e mandados para a capital, onde viram atração para turistas. Há vilarejos inteiros que vivem praticamente do tráfico desses animais.

Novamente a ANDA publica uma matéria sobre esse tipo de exploração animal. Desta vez o problema acontece no Paquistão.

“No Paquistão, os macacos são explorados e servem como fonte de renda para algumas pessoas que decidem capturá-los para a realização de performances em frente a multidões em locais públicos e privados do país. Os animais são normalmente roubados da natureza quando são filhotes e depois, treinados. Um macaco treinado pode ganhar para seu tutor de US$190 a US$ 285 mensais. As informações são do Washington Post.

No Paquistão, escravos da pobreza e da crueldade
Foto: AP/Muhammed Muheisen

Ativistas de direitos animais criticam a prática. “Esta é uma enorme violação das leis da vida selvagem”, disse Atif Yaqub, um funcionário da Fundação da Vida Selvagem do Paquistão. Ele afirma que os macacos são abusados pelos domadores que agridem o animal com um pau durante seu treinamento e colocam uma corda em volta de seu pescoço, para evitar fugas.

Os domadores vão para o Vale Swat, na cidade de Murree, fora de Islamabad, para encontrar os filhotes. Leva pelo menos três meses para ensinar um macaco a dançar, fazer saudações, apertar as mãos e realizar outras tarefas. Os animais são vestidos com roupas coloridas para chamar atenção do público que aplaude e ri, enquanto o primata é ridicularizado e esconde por trás dos truques uma vida de dor e sofrimento.”
– texto da matéria “Macacos são escravizados nas ruas do Paquistão”, publicado em 26 de fevereiro de 2014 pela ANDA

A pratica, além de cruel, fomenta o tráfico de animais. Afinal, os primatas são capturados na natureza e comercializados no Vale Swat para aqueles que vão explorá-los.

Dependendo da quantidade de primatas capturados e da população desses animais na natureza, essa captura pode impactar no equilíbrio ambiental e levar, em situação extrema, à extinção local da espécie.

 A simples proibição dessa atividade não vai resolver o problema – mesmo que com fiscalização intensa (o que não se espera do Paquistão). Percebe-se que as pessoas envolvidas nesse tipo de exploração o fazer como forma de fugir da pobreza e ganhar algum dinheiro. Sem uma política de geração de renda para essa população, os macacos vão continuar a sofrer. E se não forem eles, serão outros animais de alguma outra forma.

Assista ao vídeo de um macaco no Paquistão:



- Leia a matéria completa da ANDA
- Releia o post do Fauna News “Reflexão para o fim de semana: crueldade extrema alimentando o tráfico”, publicado em 1º de novembro de 2013

Apreendeu o animal. E agora, quem fica com ele?

A falta de estrutura do poder público para receber e dar um primeiro atendimento adequado aos animais apreendidos com traficantes ou em cativeiro doméstico irregular ocorre por todo o país. Esse descaso, aliado à falta de informação dos próprios agentes públicos, cria situações como a ocorrida em Caxias (MA):

“Uma equipe da Força Tática apreendeu neste sábado (22) 9 aves silvestres que estavam à venda na feira conhecida como "Troca-Trca", ao lado do Mercado Central em Caxias (MA). Esta foi a maior apreensão do tipo realizada nos últimos doze meses. Os proprietários dos animais fugiram no momento em que os policiais faziam a fiscalização de rotina no local, portanto ninguém foi preso.

(...) Após apreendidas as aves foram levadas para o Plantão Central de Policia Civil, onde os plantonistas se negaram a receber os animais, provavelmente por que não havia condições de mantê-los no local.

Após a apreensão, deixados em um corredor
Foto: Mano Santos

Diante da recusa, os homens da FT levaram as aves para o Quartel do 2 BPM. De acordo com o subtenente Hilton, que recebeu a ocorrência, ele informaria o fato para o Comandante Jurandy Braga e consequentemente para o secretário de Meio Ambiente do Município, para que providenciassem a soltura dos passarinhos.”
– texto da matéria “Polícia apreende aves silvestres”, publicado em 24 de fevereiro de 2014 site Portal o Dia

Grande parte das mortes de animais silvestres vítimas do tráfico se dá nas primeiras horas após a apreensão. Os bichos estão estressados, com sistema imunológico fraco, desidratados, mal alimentados e, muitas vezes, machucados. Por tudo isso, o poder público deveria ter estrutura para dar atendimento emergencial aos apreendidos – afinal, é comum ocorrer esse tipo de ocorrência nas feiras nordestinas.

Mas o que aconteceu? Os animais ficaram sendo levados de um lado para outro, provavelmente sem nenhuma assistência.

Outro absurdo, talvez o maior, é a falta de informação desses policiais. Primeiro porque eles deveriam acionar o órgão ambiental (Ibama ou Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que são responsáveis pela gestão de fauna) para receber esses animais. Depois, porque já afirma-se a realização da soltura.

Para que as aves sejam devolvidas à natureza, elas necessariamente têm de ser examinadas por um profissional capacitado, biólogo ou veterinário. Somente com o aval deles e identificada a área de origem (foram capturados) é possível devolvê-los à vida livre. Caso isso não seja feito, há riscos para os bichos soltos e para o ecossistema que os recebem.

Será que em Caxias havia algum profissional para tal atendimento? Melhor: será que na região há algum centro de tiragem de animais silvestres (Cetas)?

Complicado? Sim. Mas se ninguém exigir que o correto seja feito, o poder público nunca o fará. Afinal, fauna silvestre não é prioridade.

- Leia a matéria completa do Portal o Dia

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Massacre de animais nas estradas: em Minas Gerais não é diferente

“De acordo com um levantamento feito por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), quase dois animais silvestres morrem por dia em um trecho estudado pelo grupo. O primeiro trecho, de 100 km fica na BR-050 em direção a Uberaba. O segundo, de 50 km, fica na BR-455 em direção a Campo Florido. De abril de 2012 a março de 2013, 690 animais morreram em acidentes nesses trechos. Desde março do ano passado, já foram catalogadas 580 mortes.

Ana Elizabete Iannini Custódio com cobra morta na BR-050
Foto: Marcos Ribeiro

Segundo a coordenadora do projeto, Ana Elizabete Iannini Custódio, a intenção do estudo é buscar formas de diminuir as mortes de animais silvestres. Os dados são enviados para o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE). Para Ana Elizabete, seria necessário criar passagens para os animais nas rodovias, colocar mais placas informativas, redutores de velocidade e corredores por meio de cercas.

“Como a BR-050 será privatizada, uma forma de ajudar seria a concessionária trabalhar com os funcionários modos de proteger esses animais, e, isso, daria tempo para realizar o trabalho em outras rodovias”, disse a pesquisadora.
” – texto da matéria “Quase dois animais silvestres morrem por dia em trechos das BRs 050 e 455”, publicada em 20 de fevereiro de 2014 pelo site do jornal Correio de Uberlândia

O que ocorre nessas duas rodovias federais é parte de um complexo problema que, de acordo com pesquisa do coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, Alex Bager, mata 475 milhões de animais silvestres todos os anos nas estradas brasileiras.

A identificação das espécies mais impactadas e dos motivos que levam os animais até o asfalto é importante para a implantação de estruturas que diminuam os atropelamentos e de campanhas de conscientização para os motoristas.

É o caso das jiboias.

“De acordo com a coordenadora do projeto, Ana Elizabete Iannini Custódio, na semana passada, cinco jiboias foram encontradas mortas no mesmo dia. “Tivemos um período de estiagem grande e, com as chuvas que ocorreram esses dias, as serpentes saíram em busca de lugares mais úmidos”, disse a professora.” – texto do Correio de Uberlândia

Vale destacar que os pequenos vertebrados, como répteis, anfíbios e aves, são as vítimas mais frequentes dos atropelamentos, representando, segundo CBEE, 90% das mortes no Brasil.

- Leia a matéria completa do Correio de Uberlândia

Jackie Chan na luta contra a matança de rinocerontes pelo chifre

O ator chinês Jackie Chan, conhecido por seus filmes em que exibe habilidades como lutador de artes marciais, é extremamente carismático e tem alta popularidade – tanto no oriente quanto no ocidente.

E ele mostrou saber usar essa qualidade por uma boa causa: está participando de uma campanha pelo fim da caça de rinocerontes por traficantes de chifres. Esse comércio ilegal e cruel tem na China e no Vietnã seus principais mercados e está dizimando as cinco espécies do animal que habitam a Ásia (três espécies) e a África (duas espécies). O vídeo com a mensagem do ator acaba de ser lançado.

Jackie Chan gravou vídeo contra caça de rinocerontes
Foto: Vern Evans Photography/WildAid

Dependendo da espécie, os rinocerontes possuem um ou dois chifres que, no mercado negro, valem mais que ouro. Essa parte do animal está altamente valorizada pelas dificuldades impostas ao seu comércio, regulamentado desde 1975 (para as espécies asiáticas) e 1977 (para as africanas) com base na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens em Perigo de Extinção (CITES). A transação de rinocerontes e suas partes constam no Apêndice I da CITES, que proíbe tal atividade. A exceção é o rinoceronte-branco-do-sul (Ceratotherium simum simum) que habita a África do Sul e a Suazilândia e que, por estar no Apêndice II, pode ser comercializado vivo para instituições apropriadas ou como troféu de caça. Tudo mediante autorização.

De acordo com a Humane Society International, organização de proteção aos animais, o quilo do chifre custa cerca de 60 mil dólares para venda ao consumidor final. A cotação do chifre varia entre 50 mil e 100 mil dólares cada unidade.

Os chifres são arrancados e os animais agonizam até morrer
Foto: Troy Otto

Os chifres de rinocerontes são bastante utilizados na medicina tradicional asiática, principalmente na China e no Vietnã. Segundo a WWF e a International Rhino Foundation (IRF), organização com sede nos EUA, os chifres são comercializados em pó ou em tabletes para serem moídos como parte de fórmulas para o tratamento de sangramentos, convulsões, febres, AVC e dores em geral.

Os chifres de rinocerontes são formados de queratina, proteína fibrosa responsável pela formação de unhas e os cabelos. Não há qualquer referência em pesquisas científicas que justifique o uso do chifre como medicamento.

Que o exemplo de Jackie Chan seja seguido por outras personalidades, afinal elas são exemplo de comportamento para muita gente.

Assista ao vídeo de Jackie Chan:


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Leão no porta-malas: como encarar isso? (com vídeo)

"Um motorista foi flagrado transportando um leão na traseira de um carro, do tipo SUV, em Dubai (Emirados Árabes Unidos).

 
Imagem: Reprodução Anda

O flagra foi publicado no Twitter pela emissora al-Arabiya."
– texto da matéria “Motorista é flagrado transportando leão em carro em Dubai”, publicada em 24 de fevereiro de 2014 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda)

O vídeo tem apenas 10 segundos. Tempo suficiente para que qualquer pessoa sensata pergunte:

1) O que se passa na cabeça do sujeito que cria o animal? Ele cria um leão para ostentar seu nível social?
2) Independentemente de o sujeito ter ou não autorização legal para criar o animal, será que está fazendo com competência?
3) Será que a autoridade ambiental local tem conhecimento desse tipo de comportamento?
4) Quais as consequências para o leão por ser criado dessa forma?

Exemplos como esse estimulam a criação de animais silvestres como bichos de estimação, motor do tráfico de fauna em todo o mundo.

Lamentável.

Assista ao vídeo:


- Leia a matéria na Anda

Solturas nas áreas de origem dos animais: longe da realidade

“Há dois dias, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem realizado a soltura de 24 papagaios em uma fazenda, a 32 km de Poconé, distante 104 quilômetros de Cuiabá. Segundo a bióloga Ingrid Grahn, após a captura, as aves passaram por um período de readaptação no Centro de Triagens de Animais Silvestres (Cetas), em Fortaleza (CE), em seguida, foram trazidas de avião para Mato Grosso.

Recinto de soltura dos papagaios no Mato Grosso
Foto: Ingrid Grahn

Conforme informou a bióloga, a fazenda para qual as aves foram levadas tem uma parceria com o Ibama e, há cinco anos, é utilizada para a soltura de aves. “Já existem vários papagaios nesse local, por isso aqui é mais propício para elas se adaptarem. Além do que, aqui não tem a questão da caça tão forte quanto lá”, exemplificou Grahn.” – texto da matéria “Papagaios capturados no norte do país são soltos em Mato Grosso”, publicada em 22 de fevereiro de 2014 pelo portal G1

Os processos de readaptação de animais silvestres que viveram em cativeiro à vida livre funcionam bem com muitas espécies, entre elas as dos papagaios. Já há uma metodologia a ser seguida e utilizada por vários especialistas.

O que se sente falta é a realização das solturas nos locais onde ocorreram as capturas. Percebe-se que há a preocupação de realizar o revigoramento populacional (chamado por muitos de reintrodução) no bioma a que pertence o bicho, devolvendo o animal ao ecossistema mais próximo do seu de origem. Mas, pelas informações passadas à imprensa, não se vê dados indicando que as solturas são realizadas exatamente na área da captura.

Para que isso fosse feito, dever-se-ia organizar uma pesquisa que identifica marcadores genéticos dos animais. Assim, sabendo quais marcadores ocorrem em determinada região é possível devolver o bicho (que deve ter o mesmo marcador genético) na área onde foi capturado.

Pesquisas sobre isso existem. Saber como se faz já se sabe. Mas a aplicação disso requer dinheiro e gente preparada e o poder público já mostrou não estar disposto a investir seriamente em fauna silvestre.

- Leia a matéria completa do G1

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Quando animais silvestres são atacados por domésticos

Quando se retira um animal silvestre da natureza para trafica-lo como bicho de estimação, uma das consequências é a exposição do bicho a perigos que ele desconhece. Animais domésticos são um desses perigos.

É o caso de Cascão, um jabuti que foi atacado há 10 anos por um cão e acabou perdendo uma das patas.

“Um jabuti que foi mordido por um cachorro há 10 anos voltou a andar esta semana com a ajuda da roda de um caminhão de brinquedo. Ele foi tratado Hospital Veterinário de Uberaba, no Triângulo Mineiro, e já está se adaptando ao novo jeito de rastejar. Batizado carinhosamente pela equipe médica de Cascão, o bicho tem aproximadamente 20 anos e pesa três quilos. Quando foi atacado teve a pata dianteira quase arrancada e, durante anos, ficou com lesões na carapaça (casco) devido o constante atrito com o solo.

Cascão co sua rodinha
Foto: Divulgação Cláudio Yudi

De acordo com o veterinário Cláudio Yudi, foi colocada uma roda de plástico de um caminhão de brinquedo – de uma loja de R$ 1,99 – para que o animal conseguisse reequilibrar e não mais encostar a carapaça no chão. Após a inserção da roda imediatamente o animal começou a se movimentar em solo de terra e gramado. O jabuti foi doado ao Hospital Veterinário e ficará em observação no período de adaptação de dois a seis meses. Posteriormente, Cascão será mantido em recinto com outras tartarugas na Universidade de Uberaba.” – texto da matéria “Jabuti ferido por cachorro volta a andar com ajuda da roda de caminhão de brinquedo”, publicada em 19 de fevereiro de 2014 pelo site do jornal Estado de Minas

A família que criava Cascão acabou entregando o animal ao hospital veterinário. Será que essas pessoas tomaram tal atitudo por conseiderarem ser a melhor opção para o animal ou será que se livraram de um problema?

Bastante dedicação e criatividade do veterinário Cláudio Yudi melhoraram a qualidade de vida do jabuti. Infelizmente, ações como a desse profissional não são rotina.

- Leia a matéria completa do Estado de Minas

Começar a semana pensando...

...na velocidade dos motoristas: atropelamento de fauna.
Foto: Paulo Yuji Takarada
“Para se ter uma ideia, eu tirei foto até de um beija-flor atropelado. Imagine a velocidade do veículo para poder pegar o beija-flor?”

Repórter cinematográfico Valdeci Queiroz, na matéria “Atropelando a natureza”, publicada em 23 de fevereiro de 2014 pelo site do jornal Diário de Cuiabá

- Leia a matéria completa do Diário de Cuiabá

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Reflexão para o fim de semana: pelúcias para órfãos

Filhote de preguiça-real com seu bichinho de pelúcia
Foto: Girlene Medeiros/G1 AM

“Em Manaus, biólogos e veterinários utilizam bichos de pelúcia para cuidar de animais silvestres resgatados e entregues ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os brinquedos funcionam como "mães postiças" dos filhotes que chegam à unidade do órgão nos primeiros meses de vida. A estratégia ganhou repercussão com a divulgação da campanha "Doe um Bichinho de Pelúcia a um Bichinho de Verdade". Somente em 2013, 62 filhotes foram entregues ao órgão.

A ação é realizada pelo Centro de Triagem de Animais do Ibama em parceria com a Gerência de Fauna (GFAU) do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). Quando são filhotes os animais passam a maior parte do tempo agarrados e pendurados aos pais, por quem são carregados.”
– texto da matéria “No AM, centro que usa pelúcia como 'mães' recebeu 62 filhotes em 2013”, publicada em 15 de fevereiro de 2014 pelo portal G1

As pelúcias ajudam a dar uma certa “segurança sentimental” aos filhotes. Mas e o aprendizado para a vida livre? Esse dificilmente é substituído, o que aumenta as chances do cativeiro até o fim da vida.

- Leia a matéria completa do G1

Fugindo do óbvio contra atropelamentos de animais parte 2: renas que brilham

Ontem, 20 de fevereiro de 2014, o Fauna News publicou o post “Fugindo do óbvio contra atropelamentos de animais: renas que brilham no escuro” sobre a iniciativa de criadores de renas da Lapônia, na Finlândia, de borrifar tinta que reflete a luz nos chifres dos animais. A ideia é diminuir os atropelamentos, muito comuns no período noturno.

Chifres refletirão a luz para alertar motoristas
Foto: Anne Ollila/Finland Reindeer Herders' Asso/AFP

Essa publicação gerou dois comentários nas redes sociais que são importantes. O primeiro diz respeito à toxicidade das substâncias que são aplicadas nas renas. A matéria do portal G1 (“Substância vai fazer renas da Lapônia brilharem contra atropelamentos”, publicada em 19 de fevereiro de 2014) sobre essa iniciativa afirma apenas que duas substâncias estão sendo testadas, sem entrar em detalhes sobre algum risco aos bichos.

Toda e qualquer iniciativa para preservar os animais é válida, desde que não haja comprometimento da saúde deles.

O outro comentário, da bióloga Irene Demetrescu no grupo do Facebook que aborda Ecologia de Estradas, é sobre a possibilidade da luz refletida atrair predadores, o que deixaria as renas mais vulneráveis a ataques.

- Releia a o post do Fauna News “Fugindo do óbvio contra atropelamentos de animais: renas que brilham no escuro”, publicado em 20 de fevereiro de 2014
- Releia a matéria “Substância vai fazer renas da Lapônia brilharem contra atropelamentos”, publicada em 19 de fevereiro de 2014 pelo portal G1

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Fugindo do óbvio contra atropelamentos de animais: renas que brilham no escuro

Quando se pensa em medidas para evitar atropelamentos de animais silvestres em estradas e rodovias, normalmente se destacam as passagens de fauna, as cercas, os mata-burros, as campanhas de conscientização de motoristas, a sinalização, dentre tantas outras. Mas as soluções podem fugir do convencional.

“A associação de criadores de renas pulverizou em vinte animais uma substância reflexiva para que os motoristas possam vê-las durante a noite na estrada.


Chifres refletirão a luz para alertar motoristas
Foto: Anne Ollila/Finland Reindeer Herders' Asso/AFP

(...) As renas viajam longas distâncias durante a noite no inverno ártico para encontrar comida, sem necessariamente se preocupar com o tráfego, que aumentou com o turismo.

A Lapônia finlandesa atrai dezenas de milhares de visitantes estrangeiros no inverno, que vêm descobrir a cidade do Papai Noel em Rovaniemi, a maior da região.

Segundo Ollila, entre 3.000 e 5.000 acidentes ocorrem todos os anos, "muito mais mortais para as renas do que para os motoristas".

Dois líquidos de vaporização estão sendo testados, um para a madeira e outro para a pele. Se os testes forem positivos, os motoristas deverão ver muitas renas brilharem a partir do próximo outono.”
– texto da matéria “Substância vai fazer renas da Lapônia brilharem contra atropelamentos”, publicada em 19 de fevereiro de 2014 pelo portal G1

Criatividade é tudo!

- Leia a matéria completa do portal G1

Brasileira do Greenpeace nua pelo fim do tráfico de animais: “Eu fiquei presa e sei o quão ruim isso é”

“A edição de março da Playboy contará com fotos de biquíni da bióloga do Greenpeace Ana Paula Maciel, que ficou famosa no ano passado por ser presa com outros ativistas na Rússia. “Dependendo da repercussão, farei o ensaio completo”, declarou ela, contando que foi procurada por um fotógrafo da revista, para quem posou em Maringá, no Paraná. “O cenário é surpresa, mas é bem bonito. Vocês vão gostar”, adiantou.

Ana Paula na Rússia: presa como animal traficado
Foto: Divulgação Greenpeace

Caso os leitores gostem, Ana Paula deve negociar um cachê para sair nua. Parte do dinheiro será usada para projetos pessoais e o restante, revertido para a preservação de animais silvestres no Brasil. “Eu preciso encontrar o lugar onde será a reserva. O tráfico de animais é o terceiro crime que mais movimenta dinheiro no país”, afirmou. Ela espera também chamar a atenção para o problema e, dessa forma, conscientizar as pessoas para não comprar as espécies proibidas. “Eu fiquei presa e sei o quão ruim isso é”, comparou.” – texto da matéria “Ativista do Greenpeace sairá na Playboy de março”, publicada em 18 de fevereiro de 2014 pelo site do jornal gaúcho Correio do Povo

A intenção de Ana Paula é utilizar o dinheiro do cachê para um projeto que alie ecoturismo e educação ambiental, com estrutura para a recuperação e reintrodução de animais vítimas do tráfico. A iniciativa não tem relação como Greenpeace.

‘Em nota enviada ao G1 nesta quarta-feira, a ONG afirma que não participou das negociações com a revista masculina, mas afirma que a gaúcha é "livre para tomar suas próprias decisões".’ – texto da matéria “'Ana Paula é livre', diz Greenpeace sobre desejo de bióloga de posar nua”, publicada em 19 de fevereiro de 2014 pelo portal G1

Ana Paula foi presa por autoridades russas em 19 de setembro de 2013 com outros ativistas do Greenpeace durante protesto conta a exploração de petróleo no Ártico. Eles tentavam subir na plataforma Prirazlomnaya, da Gazprom.

Cada um luta com as armas que tem. O importante é que a construção de um mundo melhor, sustentável e livre do mercado negro de animais, seja, sobretudo, ético e respeitador das decisões uns dos outros.

Arara-canindé traficada: presa como Ana Paula na Rússia
Foto: Felipe Nyland

- Leia a matéria completa do Correio do Povo
- Leia a matéria completa do G1

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

WildLeaks: o site para denunciar traficantes de fauna

Mais uma iniciativa da sociedade para tentar combater o mercado negro de animais silvestres, o WilsLeaks garante o anonimato e o encaminhamento das denúncias que receber. Os responsáveis, chefiados pela  Elephant Action League, garantem o direcionamento correto das informações para cada tipo de caso (autoridades, mídia, ONGs, etc).


“O tráfico e caça ilegal de animais selvagens é extremamente difícil de se combater. Esses crimes muitas vezes passam despercebidos, mesmo que ameacem muitas espécies.

O lançamento da primeira plataforma segura para denunciar crimes contra a vida selvagem, WildLeaks, pretende mudar essa figura.

O WildLeaks é um espaço para pessoas com informação pertinente sobre tais crimes que podem manter-se anônimas e compartilhar o que sabem sem precisar ir diretamente a agências governamentais.

(...) Segundo o líder do projeto, Andrea Crosta, apesar da semelhança no nome, o programa é diferente do famoso site WikiLeaks, primeiro porque não está atrás de segredos de Estado ou militares, e depois porque não irá automaticamente vazar informação para a mídia.

“As mensagens que recebermos serão avaliadas e verificadas e, então, decidiremos o que fazer com elas. Talvez iniciar uma investigação, talvez compartilhá-la com nossos contatos de confiança dentro da lei, ou talvez vazar para a mídia”, explica.

O sistema é capaz de receber informações de duas maneiras diferentes: confidenciais ou anônimas. Em ambos os casos, a informação é totalmente criptografada. A diferença entre os dois tipos é que a confidencial irá percorrer os https regulares, enquanto a submissão anônima irá percorrer a rede Tor, também chamada de darknet (porque às vezes é usada por bandidos).

Quadrilhas ricas e organizadas atuam em todo o mundo
Foto: Conservation Justice

Tor é um software composto de uma cadeia de proxies que trabalha para esconder o endereço IP original do usuário (sua identidade na internet), de modo que nenhuma outra terceira entidade possa ver o que você está fazendo. É um sistema muito seguro.

Em ambos os casos, a organização não saberá quem é o remetente ou onde ele está. A informação enviada é a mesma, só muda a partir do ponto de vista do remetente. Se, por exemplo, o remetente vive em um país com um regime repressivo, como a China, e está relatando um oficial corrupto, pode ser melhor baixar o navegador Tor.”
– texto da matéria “Ajude o planeta: novo site permite denúncia anônima de crimes contra animais selvagens”, publicada em 12 de fevereiro de 2014 pelo site HypeScience

O WildLeaks tem uma versão em português (tradução instantânea, com defeitos). A iniciativa será válida se for popularizada e resultados aparecerem para que ganhe credibilidade. Para o Brasil provavelmente não será amplamente utilizada.

Pelas organizações envolvidas, percebe-se que a intenção é atacar grandes quadrilhas envolvidas no tráfico de marfim, chifres de rinocerontes e pares de tigres, por exemplo.

O WildLeaks é uma mostra de que parte da sociedade está realmente preocupada em combater o mercado negro de fauna, tanto que não está mais esperando por ações do poder público – que até agora foi ineficaz nessa guerra.

- Leia a matéria completa do HypeScience
- Conheça o WildLeaks (em português)

Pernambuco: feiras do tráfico a todo vapor

A matéria vale ser reproduzida na íntegra:

“Cerca de 400 aves silvestres foram apreendidas na madrugada desta terça-feira no município de Moreno, Região Metropolitana do Recife (RMR). Os pássaros estavam em pequenas gaiolas e caixas, dentro do porta-malas de um carro, interceptado durante uma fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-232.
 
Caixas com parte das aves apreendidas
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

O motorista do veículo, um GM Classic, informou que transportava os animais do Agreste de Pernambuco para o Recife, onde as aves deveriam ser comercializadas em feiras livres da cidade. O homem foi preso e encaminhado para a Delegacia de Jaboatão dos Guararapes, onde deve ser indiciado por crime ambiental.

Os pássaros eram levados em um ambiente apertado, sem ventilação, sem água e sem alimento. Alguns já estavam mortos. Na carteira do motorista foram encontrados cerca de R$ 1.300 reais e um papel indicando a venda de 10 mil aves, configurando o crime de tráfico de animais silvestres.”
– texto da matéria “PRF apreende 400 aves silvestres em Moreno”, publicada em 18 de fevereiro de 2014 pelo site do jornal Diário de Pernambuco

Para variar, as feiras continuam sendo uma território praticamente livre para o mercado negro de silvestres atuar. A fiscalização, apesar de existir, ainda não é suficiente. O jogo tem de ser de “gato e rato” mesmo, para desestimular a ação dos traficantes. Mesmo que que a legislação seja fraca, não punindo ninguém, a polícia tem de cumprir seu papel.

As feiras da Região Metropolitana de Recife
No Nordeste, muitas feiras ganharam fama exatamente por causa do comércio de animais silvestres. É o caso da feira de Cordeiro, em Recife. Entre agosto de 2010 e abril de 2011, o biólogo Rodrigo Regueira frequentou 10 feiras da Região Metropolitana da capital pernambucana conhecidas pelo tráfico de fauna. Com uma pequena caneta que escondia uma diminuta câmera de vídeo, ele fingiu ser comprador e realizou 28 visitas a esses centros de comércio popular fazendo registros para seu trabalho de conclusão do curso de Ciências Biológicas, da Universidade Federal de Pernambuco.

Dentre as 10 feiras visitadas (Peixinhos, em Olinda; Madalena, Cordeiro, Casa Amarela, e Linha do Tiro, no Recife; Cavaleiro e Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes; Paratibe, em Paulista; Abreu e Lima; e Cabo de Santo Agostinho), a do Cordeiro se destacou. Ela herdou boa parte dos traficantes da feira do Madalena, situada no bairro vizinho e que sofreu intensa ação de fiscalização, perdendo força. Situada ao lado do Mercado Público do Cordeiro, no bairro de mesmo nome, ela é uma feira voltada para o comércio de animais e de apetrechos para criação dos bichos (gaiolas, bebedouros, comedouros, rações, sementes), funcionando aos domingos a partir das 5h. “É a feira com maior número de vendedores de silvestres. Eram mais de 30 em cada visita que fiz. Também tem o maior número total de espécies à venda, 42, e de indivíduos comercializados”, afirma Regueira, que esteve no local três vezes e contabilizou 553 animais sendo traficados.

A feira da Linha do Tiro, na zona norte de Recife, tem suas peculiaridades. Típica feira do rolo, ela é a única que funciona duas vezes por semana e no período da tarde: quartas-feiras e sábados, sempre após as 12h30. O comércio de animais é um dos mais intensos dentre as feiras visitadas por Regueira, que nela registrou 322 animais de 26 espécies. O bairro é um dos mais pobres da capital pernambucana.

Feira da Linha do Tiro
Foto: Divulgação Cipoma/PMPE

Nas feiras da Região Metropolitana de Recife, Regueira encontrou 55 espécies de aves, sendo que duas encontram-se ameaçadas de extinção (Tangara fastuosa ou pintor-verdadeiro e Sporagra yarrellii ou pintassilgo), quatro tipos de aves híbridas e uma espécie de quelônio (Geochelone carbonária, o jabuti-piranga). No total, foram registrados 2.130 animais, sendo que 87% das espécies e 99% dos indivíduos eram da ordem passeriforme, os conhecidos passarinhos que atraem pelo canto e plumagem colorida. O biólogo também constatou que 82% dos bichos apresentavam sinais de estresse. Não foi registrado o comércio de fauna silvestre nas feiras da Casa Amarela e do Madalena, o que não quer dizer que não aconteça.

“Projeções baseadas no número observado de indivíduos à venda indicam que até 52 mil animais podem ser comercializados anualmente nas oito feiras. Considerando os valores mínimos, médios e máximos obtidos, projeta-se que o comércio ilegal de animais silvestres movimente, por ano nessas feiras, entre R$ 636.840 e R$ 1.071.638”, afirma o Regueira. E tudo isso apenas na Região Metropolitana de Recife.

É por essa situação que não surpreende o fato de o sujeito preso ter um papel indicando a venda de 10 mil aves. Isso mesmo, 10 mil aves!

O dano ambiental é imenso e o risco a saúde pública enorme. Sem contar com a crueldade contra os animais, relatada também na matéria.

- Leia a matéria no site do Diário de Pernambuco

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Ia vender ou tinha comprado?

“Dois pássaros silvestres da família Psittacidae foram apreendidos na quinta-feira (13) pela Fiscalização Ambiental de Barra Mansa, RJ. Agentes faziam ronda pela Estrada Cafarnaum, no bairro Santa Clara, quando o dono das aves se assustou e abandonou os animais. As informações foram divulgadas pela assessoria da prefeitura, que informou que "ainda não se sabe se os filhotes são de papagaio ou maritaca".

Abandonadas para evitar o flagrante
Foto: Gabriel Borges/Prefeitura Barra Mansa

De acordo com a nota divulgada, os pássaros foram levados para o Zoológico de Volta Redonda, RJ.”
– texto da matéria “Filhotes de pássaros silvestres são apreendidos em Barra Mansa, RJ”, publicada em 14 de fevereiro de 2014 pelo portal G1

Um coisa é certa: o sujeito que estava com as aves sabia que estava cometendo um crime. De acordo com a legislação, nesse caso, não importa se o infrator iria vender ou tinha acabado de comprar as aves. O artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais é claro:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

 Pena – detenção, de seis  meses a um ano, e multa.

§1º - Incorre nas mesmas penas:

Inciso III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”


O infrator fugiu e restou para esses filhotes o cativeiro. Por um bom tempo, se tiverem sorte de serem integrados em algum programa de revigoramento populacional (a soltura), vão permanecer em gaiolas ou viveiros.

Agora, se não tiverem sorte, o cativeiro será eterno.

- Leia a matéria completa do portal G1

Na estradas de noite: a luz que não permite a fuga

“Em 2013, o Bosque/Zoo Fábio Barreto atendeu 42 animais, vítimas de atropelamento em rodovias de Ribeirão e região. Deste número, 14 deles morreram por chegarem ao Bosque muitas horas após o acidente.

Mão-pelada atropelado de noite no Mato Grosso do Sul
Foto: Marcela Sobanski

De acordo com Gouvêa (Alexandre Gouvêa, zootecnista e chefe do zoológico), os animais silvestres vão para o meio das rodovias em busca de alimentos e são atropelados pelos veículos. “A maior ocorrência é durante o período noturno, pois os faróis dos carros fazem com que os animais fiquem parados ao invés vez de fugir”, explicou.” – texto da matéria “Bosque/Zoo Fábio Barreto atendeu 42 animais silvestres atropelados em 2013, em Ribeirão Preto” publicada em 17 de fevereiro de 2014 pelo site Ribeirão Preto Online

Animais silvestres nem sempre vão até as rodovias na busca por alimentos. As causas são várias, dentre elas a fuga de incêndios, a busca por parceiros para acasalamento, necessidade de água e, dependendo da espécie, atraídas pelo calor do asfalto. Chama a atenção o fato de o período noturno ser favorável aos atropelamentos aos bichos ativos durante a noite, pois muitos ficam estáticos quando ofuscados pela luz dos veículos.

Para esses casos, a melhor forma de evitar os atropelamentos é conscientizar os motoristas a transitarem em velocidade mais baixa nos trechos com grande probabilidade de animais se aventurarem no asfalto. Passagens de fauna, cercas, mata-burros e outras estruturas também ajudam, mas condutor com atenção redobrada e avisado da possibilidade de encontrar animais no caminho é, sem dúvida, uma forma eficiente de no curto prazo reduzir a quantidade de vítimas.

De acordo com estimativa do coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, Alex Bager, cerca de 475 milhões de animais silvestres morrem, todos os anos, atropelados em estradas e rodovias brasileiras.

- Leia a matéria completa do Ribeirão Preto Online

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Rebio Poço das Antas (RJ): "O dia seguinte e a contagem dos mortos"

O texto abaixo foi escrito pelo secretário executivo da Associação Mico Leão Dourado, Luis Paulo Ferraz, após o incêndio que consumiu em 7 e 8 de fevereiro de 2014 parte da Reserva Biológica Poço das Antas, no Rio de Janeiro. A infraestrutura (ou falta dela) dessa importante unidade de conservação escancara o quanto o poder público leva a sério a questão ambiental.

Para quem gosta de debater a política ambiental brasileira, se é que atualmente temos uma, o exposto por Ferraz tem de ser lido.

O Fauna News concorda com cada linha escrita.


O dia seguinte e a contagem dos mortos
por Luis Paulo Ferraz
O incêndio que queimou 1000 hectares da Reserva não pode ser apenas mais um na estatística. É um caso grave que expõe a enorme fragilidade de nossa ainda precária estrutura para a conservação da natureza no Brasil.

Hoje a equipe da Associação Mico-Leão-Dourado foi a campo documentar o “dia seguinte” do incêndio. E voltou arrasada com o que viu. Lamentamos ter que publicar estas fotos... Mas essas mortes precisam servir para algo.

Preguiça-de-coleira: espécie em extinção que deveria estar protegida na Reserva. Mas a "ausência" do poder público...
Foto: Divulgação AMLD

Poço das Antas é a primeira Reserva Biológica do Brasil. Habitat do Mico-Leão-Dourado, da preguiça de coleira e de outras espécies importantes da fauna e flora da Mata Atlântica. Tem valor histórico e simbólico na luta conservacionista. É sede de um dos mais importantes trabalhos integrados para salvar uma espécie da extinção, o Mico-Leão-Dourado, candidato a Mascote Olímpico.

O Brasil é uma potência mundial em biodiversidade. Um país atualmente com destacada visibilidade, seja pelos grandes eventos esportivos, seja pela vitalidade de sua economia e suas contradições sociais. O Rio de Janeiro é a grande vitrine do Brasil. Um incêndio na sua reserva mais simbólica não pode ser justificado pelos burocratas apenas como mais uma fatalidade causada pelo calor ou por um agricultor desavisado.

Sábado, 08 de fevereiro. No segundo e decisivo dia do incêndio, o chefe da Reserva mobilizou de forma competente para o combate um grupo de voluntários. Cerca de 25 homens, alguns funcionários de instituições parceiras, amigos, ex servidores... A Reserva Biológica de Poço das Antas não tem brigada de incêndio nesta época do ano por falta de recursos. É evidente que normalmente costuma chover mais no verão. Mas não é o primeiro verão que a reserva tem esse mesmo problema.

O Instituto Chico Mendes, ICMBio, que administra as unidades de conservação federais está com dificuldades orçamentárias profundas. Na hora “H” não havia brigada de incêndio nem esquema de emergência. O telefone da Rebio estava cortado há dois meses e foi usado o da AMLD. O órgão estadual alegou dificuldades em outros parques. O chefe da Reserva fez muito mais do que poderia, diante de tanta precariedade. Os bombeiros apareceram 48 horas depois. Não havia condições materiais nem treinamento para aqueles homens.

Fogo consumindo parte da Reserva Biológica
Foto: Divulgação AMLD

Alguns deles urinaram nos dormentes do trem para aproveitar a “água”. Isso não é piada. Vi gente usando o próprio cantil para apagar o fogo. A luta era enorme para proteger florestas e as áreas em processo de restauração florestal. 50 mil mudas foram plantadas ali no último ano.

Não é possível que as imagens de corpos de capivaras, preguiças, quatis e tantas árvores queimadas sejam rapidamente esquecidas por todos nós, na velocidade da internet. Não é possível ver tantas autoridades circulando em veículos oficiais, desfilando de helicóptero, nossos colegas técnicos realizando tantas reuniões importantíssimas mundo afora, mas que não sejamos capazes de apagar com o mínimo de profissionalismo um incêndio previsível.

Vimos outro dia o ex-Secretário de Meio Ambiente deixar seu cargo orgulhoso de um chamado desmatamento zero no Estado do Rio de Janeiro. Cansa escutar tantas frases espetaculares, números superdimensionados, diante da incapacidade de organização para o mínimo necessário.

Nós, que gostamos ou atuamos com os temas ambientais, temos que ter a consciência de que estamos perdendo muitas batalhas e refletir seriamente sobre isso. A sociedade brasileira, que demonstra tanta sensibilidade ao ver um animal maltratado, precisa entender também que o nosso modelo desenvolvimento a qualquer custo está fora de moda. E que proteger o que resta da nossa biodiversidade não é problema de ambientalista.

Começar a semana pensando...

...sobre as declarações de autoridades durante encontro em Londres, dias 12 e 13 de fevereiro, para combater o tráfico de fauna.

“Crime contra a vida selvagem é um crime sério e tem que ser interrompido. Esse tráfico assola populações de espécies, mas também tira a vida de guardas-florestais, impede o desenvolvimento econômico dos países e desestabiliza a sociedade por meio da corrupção”.

Heather Sohl, conselheira-chefe para espécies do WWF do Reino Unido

Que as intenções se tornem ações...
- Leia matéria do site O Eco
- Releia o post do Fauna News "Em Londres, os caminhos para combater o tráfico de fauna estão postos", publicado em 14 de fevereiro de 2014

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Reflexão para o fim de semana: que esta seja a semente do futuro (vídeo)


Acho que não precisa de qualquer explicação. Se educarmos hoje, no futuro não precisaremos fazer tantas solturas. O vídeo foi publicado pelo capitão Roberto Martins, da Polícia Militar Ambiental do Espírito Santo.

Imagem do vídeo

Em Londres, os caminhos para combater o tráfico de fauna estão postos

O governo britânico realizou nos dias 12 e 13 de fevereiro, na Sociedade Zoológica de Londres, em um encontro com representantes de cerca de 40 países sobre como combater o comércio ilegal de animais selvagens. Autoridades ambientalistas, ONGs e especialistas dos Estados Unidos, China e de diversos países europeus e africanos estiveram presentes. A matança desenfreada de elefantes (pelo marfim), rinocerontes (pelo chifre) e tigres (pela pele e ossos) chamou a atenção dos governantes das nações mais desenvolvidas do mundo por dois motivos: a conservação da biodiversidade e, principalmente, o dinheiro envolvido no tráfico de fauna está financiando grupos terroristas que atacam essas nações ocidentais e guerras civis em nações africanas.

Elefante com a cabeça destroçada para a retirada do marfim
Foto: Martin Harvey/WWF

Outro aspecto que também chama a atenção no mercado negro de silvestres é o envolvimento de quadrilhas que antes atuavam no tráfico de drogas, armas e seres humanos.

“Segundo Stewart (Davyth Stewart, oficial da Interpol), muitos criminosos veem esse setor como sendo de poucos riscos e altos lucros.

"O risco de apreensão é baixo - é uma pena, mas as forças de segurança não investem em combate a crimes ambientais os mesmos recursos que investem (no combate a) outros crimes", afirmou.

"Mesmo na Justiça, as penas são muito menores. No ano passado, na Irlanda, vimos duas pessoas sendo presas por contrabandear chifres de rinocerontes que valiam meio milhão de euros. E elas foram multadas em apenas 500 euros."

Para John Cellar, ex-chefe de segurança da Convenção de Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites, em inglês), o esforço de ambientalistas deve mudar seu foco: do atual, mais voltado à conservação, para a questão da criminalidade.

Ele afirmou, também, que as mesmas táticas usadas para combater o tráfico de drogas e armas podem ser aplicadas no controle do tráfico de animais.

"Mas as pessoas (responsáveis por isso) não estão na sala (debatendo o tema) - os juízes, os agentes de alfândega, a polícia."
– texto da matéria “Vida selvagem é alvo crescente do crime organizado, alerta Interpol”, publicada em 12 de fevereiro de 2014 pelo site da BBC Brasil.

Rinoceronte morto por causa do chifre
Foto: Troy Otto

Será que o tráfico de fauna deve ser combatido como é feito com o tráfico de drogas? A resposta a essa pergunta você terá ao responder esta outra: qual o sucesso que os governos de todo o mundo tiveram ao investir em repressão em massa ao comércio de entorpecentes?

Já está mais do que comprovado o fracasso mundial de tentar acabar com o tráfico de drogas com políticas que priorizam repressão policial e militar. Esse tipo de fiscalização é necessária, mas não pode ser a linha condutora para resolver o problema dos entorpecentes.

O mesmo raciocínio deve ser aplicado no combate ao mercado negro de fauna.

Perceba que, enquanto no Vietnã ou na China, por exemplo, a população acreditar que pode curar câncer ou qualquer outra doença com pó de chifre de rinoceronte ou de ossos de tigres, sempre haverá gente vendendo. A ilegalidade é mantida pela demanda.

E quanto mais difícil de conseguir o produto, devido à repressão ter aumentado nas áreas de caça, mais caro ficará o “produto” com essa alta procura pela população ignorante e desinformada.

Para o marfim, a situação é um pouco diferente pois envolve status. Novos ricos, principalmente na Ásia, ostentam objetos de “arte” e de ornamento pessoal (pulseiras, por exemplo) como uma vitrine de sua riqueza.

Repressão pesada e armada é necessária, mas não pode ser o principal foco para uma política internacional de combate ao tráfico de fauna e seus produtos. Um processo educativo e amplo tem de começar imediatamente e sem prazo para acabar. A conscientização é lenta, mas, quando ocorre, efetiva.

E os especialistas que estão nesse encontro em Londres sabem disso. Veja:

‘No entanto, muitos conservacionistas dizem que o principal avanço teria que vir do lado da demanda - ou seja, as pessoas deixarem de comprar produtos da caça ilegal.

"O principal desafio atual é que disparou a demanda por produtos de vida selvagem", afirmou John Robinson, diretor da Wildlife Conservation Society. "(O crescimento) decorre da maior prosperidade no extremo leste (asiático), sobretudo na China."

Chifres de rinoceronte são vendidos como medicamento - anunciados como um remédio que cura qualquer coisa, apesar de serem feitos de queratina, a mesma substância que forma nossos cabelos e unhas.

Outras partes de animais, como couro de tigre ou presa de elefante, são compradas como símbolo de status.

"É preciso fazer com que as pessoas saibam que o marfim, por exemplo, vem de animais vivos que têm de morrer para que o material seja extraído. E isso não é plenamente entendido em partes do mundo", agregou Robinson. "Acredito que, se as pessoas entenderem as questões (envolvidas), haverá mudanças significativas."’
– texto da matéria da BBC Brasil

Remédios asiáticos feitos com partes de tigres
Foto: Reuters

Resta agora saber qual o caminho que será escolhido...

- Leia a matéria completa da BBC Brasil

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Boa notícia: voltando à vida livre no Mato Grosso do Sul

As críticas à falta de centros de triagem e reabilitação de animais silvestres no Brasil são justas. O Ibama montou um rede deficiente, que sofre com a falta de investimentos. Estados e municípios pouco trabalham nessa área. Muito do trabalho de recuperação de animais silvestres vítimas do tráfico, de atropelamentos, de contatos desastrosos com o mundo humano (eletrocussões na fiação de distribuição de energia, agressões, choques com fachadas envidraçadas e outros tantos problemas) está nas mãos de ONGs, que vivem “de pires na mão” pedindo ajuda para desenvolver um trabalho decente.

 Mas, em meio a tantas dificuldades, existem momentos em que o resultado compensa toda a dificuldade (principalmente para muitos dos profissionais envolvidos):

“Uma equipe do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) realizou no dia 31 de janeiro nova soltura de animais silvestres no Recanto Ecológico Rio da Prata (Jardim-MS).

Jabutis momentos antes da soltura
Foto: Bonito Notícias

 A Equipe do CRAS, composta pela Bióloga Maria Izabel Rossi, pelo tratador Genivaldo e também pelo motorista Amadeu foram acompanhados durante a soltura pelo Biólogo e colaborador do Grupo Rio da Prata Thyago Sabino.

Foram soltos 26 Jabutis (Geochelone carbonaria), 02 Urubus (Coragyps atratus) e 01 Gralha do Campo (Cyanocorax caerulus).”
– texto da matéria “CRAS solta animais silvestres em atrativo de Jardim (MS)”, publicada em 5 de fevereiro de 2014 pelo site Bonito Notícias

Espera-se que o local seja fiscalizado, principalmente para o bem dos jabutis, eternas vítimas do tráfico e daqueles que os criam ilegalmente como bichos de estimação.

- Leia a matéria completa do Bonito Notícias

Repressão em feiras: jogo de gato e rato contra o tráfico de animais

“O Pelotão Ambiental da Polícia Militar apreendeu na segunda-feira (10) 165 aves silvestres que estavam à venda na feira do município de Lagarto, em Sergipe. Esta foi a maior apreensão do tipo realizada neste ano. Os proprietários dos animais fugiram no momento em que os policiais faziam a fiscalização de rotina no local, portanto ninguém foi preso.

Muitas das aves estavam debilitadas
Foto: Divulgação Polícia Militar SE

“Não era comum a venda de animais silvestres na feira de Lagarto, sendo as maiores incidências nos municípios de Itabaiana, Nossa Senhora das Dores e Estância. Com essa última apreensão, percebe-se uma espécie de migração deste tipo de crime, já que os infratores estão indo para outras cidades com o intuito de burlar a fiscalização da PM”, afirma o sargento Cristo.”
– texto da matéria “Polícia apreende 165 aves silvestres que estavam à venda em feira de SE”, publicada em 11 de fevereiro de 2014 pelo portal G1

A história é sempre a mesma, repetindo-se por todo o Brasil e com impressionante frequência no Nordeste. Há quem afirme que não há municípios da região sem a venda de silvestres em feiras.

Como sempre acontece, assim que os policiais chegam os traficantes abandonam os animais e fogem. A repressão ao comércio ilegal de fauna em feiras tem de ser feita constantemente e as autoridades não podem se acomodar quando, aparentemente, o número de infratores diminui em determinado local: com certeza, a venda está acontecendo em outro ponto. É um jogo de gato e rato...

Como sempre, vale ressaltar que o trabalho de repressão e fiscalização é fundamental, mas somente com campanhas constantes para conscientizar a população dos problemas de saúde pública (doenças transmitidas pelos animais a humanos) e das graves consequências ao meio ambiente é que o tráfico de fauna diminuirá.

Continua valendo a máxima: enquanto tiver gente que compra, haverá gente vendendo.

Estimativa de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) concluiu que cerca de 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza todos os anos no Brasil para abastecer o mercado negro de fauna (sem contar peixes e invertebrados).

- Leia a matéria completa do portal G1

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

No tráfico de animais, só a polícia chega aos excluídos

O poder público é praticamente omisso no combate ao tráfico de fauna no Brasil. Sua atuação se restringe às ações dos órgãos de fiscalização e repressão, normalmente mal aparelhados e desmoralizados por uma legislação ineficiente e ignóbil. Isso sem contar a completa falta de estrutura para o período pós-apreensão, que envolve Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), áreas de soltura, monitoramento, instituições responsáveis por acolher os bichos que não retornarão à vida livre e por aí vai.

A principal omissão do poder público está na ausência da educação ambiental visando a mudança do hábito de criar animais silvestres como bichos de estimação. Só com a redução da demanda é que o mercado negro de fauna sofrerá um impacto definitivo.

Enquanto isso não ocorre, o Brasil vive cenas como essa:

“Policiais da CIPPA / 2º Pelotão de Ilhéus, no comando do 1º Ten. Heloísio, juntamente com a guarnição em ronda Ambiental deslocaram até o aterro sanitário de Itarirí em Ilhéus, onde fizeram a apreensão de 16 pássaros nativos da fauna silvestre brasileira, sendo 12 papa capins, 01 canário da terra, 01 guri, 01 chorão e 1 bico de lápis. Em seguida os policiais acharam nos fundos de uma das residências, um catutú, que estava sendo mantido em cativeiro.” – texto da matéria “CIPPA realiza apreensão de vários animais silvestres que estavam sendo mantidos em cativeiro”, publicada em 10 de fevereiro de 2014 pelo site baiano Teixeira Agora

Alguém já pensou em educar os moradores do aterro?
Foto: Teixeira Agora

Em momento algum se deve condenar ou censurar a ação dos policiais. Eles estão corretos, cumprindo seu dever.

Mas não se deve achar, em momento algum, que a pressão da captura de silvestres para a criação como bichos de estimação e do tráfico de fauna diminuirão com mecanismos repressivos.

Infelizmente, em locais como esse aterro sanitário, só a polícia vai chegar. Se a informação (educação ambiental) em favor dos animais já é difícil de chegar bem trabalhada entre os não-excluídos da sociedade, imagine para quem vive junto do lixo.

- Leia a matéria completa do Teixeira Agora

Tiges-d’água: o tráfico para pets começa com os ovos

O tráfico de ovos normalmente está associado às aves, com destaque aos de papagaios e araras. Portugal há anos se transformou no ponto de entrada dessas “mercadorias” para distribuição na Europa. Há espécies em que, cada ovo chega a valer mil euros.

Independentemente do valor, a retirada constante de ovos de qualquer espécie vai gerar impactos à população dos animais envolvidos. Por exemplo, naquele ecossistema poderão ocorrer gerações com poucos indivíduos, que pouco predarão ou representarão a falta de alimento para outras espécies. Além disso, a taxa de reprodução em futuras gerações poderá cair, comprometendo a existência da espécie na região. Se o bicho for endêmico (que existe em uma só área), a situação pode ser ainda mais grave, pois o risco de extinção passa a ser real.

A tais riscos estão expostos os tigres-dágua no Rio Grande do Sul.

“Seis canteiros de ovos de tartaruga da espécie tigre-d'água foram descobertos pela Polícia Ambiental, na localidade de Capão Seco (Saída 52), em meio ao mato. Cada um dos canteiros tem aproximadamente 100 caixas com 50 ovos cada uma, uma média de cinco mil ovos em cada canteiro, o que dá 30 mil ovos, segundo informações do comandante da Polícia Ambiental, coronel Ângelo Silva. Alguns dos ovos já haviam eclodido e as pequenas tartarugas estavam nos canteiros, onde elas aguentariam até sete dias, sem comida e água. A polícia vai investigar de quem é a área onde estão os canteiros.

Trinta mil ovos foram coletados para o tráfico de fauna
Foto: Anete Poll

(...) A polícia chegou ao local através de denúncias, mas o lugar já é conhecido, pois em outra ocasião já foram encontrados canteiros de tartarugas. "Estamos sempre monitorando a área, porque este local é há mais de 100 anos usado para a criação de tartarugas em cativeiro", ressalta o comandante da Polícia Ambiental. As tartarugas saem do canal São Gonçalo para desovar próximo às margens. Os "criadores" identificam os ninhos, fazem a coleta e conduzem aos chamados canteiros.

O coronel enfatizou ainda que há informações de que algumas tartarugas já foram vendidas. "Aqui nesta região, cada uma destas tartaruga vale apenas R$ 5,00. Mas em outras partes do País, chegam a R$ 160,00". O coronel Ângelo solicita ainda que a comunidade denuncie quando souber de alguém que esteja comercializando tartarugas. "Não se deve incentivar esta prática, pois há um grande impacto ambiental. De 10 tartarugas, oito morrem durante o transporte", explica.”
– texto da matéria “Trinta mil ovos de tartarugas foram apreendidos no Capão Seco”, publicada em 10 de fevereiro de 2014 pelo site do jornal Agora (Rio Grande - RS)

O tigre-d’água brasileiro não corre risco de extinção atualmente. Mas o hábito por criar esses animais como bichos de estimação é uma pressão que há muitos anos incide sobre a espécie. Infelizmente, para os donos dos terrenos onde os ovos foram encontrados e os traficantes a legislação é branda, cabendo então à educação ambiental a maior responsabilidade para combater esse crime.

Apesar de a redução da demanda ser imprescindível, a fiscalização não pode parar. Afinal, qual o investimento é feito em educação ambiental para combater o tráfico de fauna no Brasil?

- Leia a matéria completa do jornal Agora