sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Foi um 2011 pleno de lutas para um 2012 intenso pela vida

2011 chega ao fim. Foi o primeiro ano do Fauna News, que nasceu em 18 de janeiro a partir de um propósito: contribuir com a luta pelo fim do tráfico de animais silvestres e pela conservação da fauna. Pelo fato de ser jornalista, minhas ferramentas são as palavras, a leitura crítica dos veículos de comunicação e a pesquisa por informações. E com elas trabalhei...

Durante esse 2011, o Fauna News abordou de tudo um pouco: a caça de rinocerontes, tigres, elefantes e gorilas; a pesca de tubarões pelas suas barbatanas (finning), o turismo que incentiva o tráfico quando utiliza animais como atração para viajantes, o cativeiro de macacos e aves nas residências de milhões de brasileiros, a prisão de bandidos que transportam e vendem a fauna silvestre como bichos de estimação, o tráfico pelo correio e pela internet, a poluição dos plásticos e derramamentos de petróleo nos oceanos comprometendo a vida nesse rico hábitat, enfim, um tanto de assuntos... Todos relevantes!

O blog também veiculou fatos positivos como o retorno à natureza de animais vítimas do tráfico e dos atropelamentos nas assassinas estradas brasileiras que cortam áreas com forte presença da fauna silvestre. Entrevistamos e publicamos artigos de gente que pesquisa e trabalha pela conservação da vida.

O Fauna News tem muito a fazer ainda. Vai crescer e ganhar espaço. Atingir mais gente e levar sua mensagem mais longe.

Muito obrigado a você que já me acompanha, tanto diretamente no blog, quanto na fanpage do Facebook (www.facebook.com/faunanews) ou no perfil do Twitter (@FaunaNews).

Muito obrigado a você que me ajuda a divulgar os posts nas redes sociais, que comenta e critica esse trabalho. Saiba que, de alguma forma, você faz parte de tudo isso.

Tenha um bom final de ano! E tenha a certeza que 2012 está chegando para ser um ótimo ano.

Dimas Marques

Foto: flyephoto.blogspot.com

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Retrospectiva Fauna News: os posts mais lidos em 2011

Com a chegada do final do ano, que tal reler os cinco posts mais lidos em 2011? Vamos lá...

Com 1.017 visualizações, “Tigres: muito perto da extinção” é o post campeão. Texto publicado em 26 de janeiro de 2011.

Foto: www.imagensgratis.com.br

Em seguida está ‘“Rio”: desenho sobre a ararinha-azul Blu tem como pano de fundo o tráfico de animais silvestres’, que foi publicado em 8 de abril de 2011 e foi lido 440 vezes.

Imagem: Divulgação

Na terceira colocação, com 369 visualizações, está “Portugal: porta de entrada do tráfico de fauna brasileira na Europa”, de 8 de novembro de 2011.


Brasileiro foi preso entrando em Portrugal com ovos de papagaios
Foto: Divulgação Ibama

Hipopótamos sulamericanos? Herança do tráfico” aparece em quarto lugar, com 346 visualizações. O texto foi publicado em 12 de março de 2011.

Trinta hopopótamos que eram de Pablo Escobar vivem livres na Colômbia
Foto: Reprodução

Por último, na quanta colocação, está “O drama da pós-apreensão: o lado pouco divulgado do tráfico de animais”, lido 244 vezes desde 5 de outubro de 2011.

Voluntários alimentando os 517 papagaios apreendidos em PE
Foto: Arquivo pessoal de Kilma Manso

A entrevista mais lida foi a do biólogo Rodrigo Regueira, autor de "Caracterização Do Comércio Ilegal De Animais Silvestres Em Dez Feiras Livres Da Região Metropolitana Do Recife, Pernambuco, Brasil.", seu trabalho de conclusão de curso na Universidade Federal de Pernambuco. Publicada em 7 de setembro de 2011, “Fauna News entrevista: o biólogo-espião Rodrigo Regueira” foi visualizada 155 vezes.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

“Depois do cativeiro, o abandono”: uma correção

Recebi uma mensagem do analista ambiental do Ibama (RN), Airton De Grande, corrigindo uma informação do post “Depois do cativeiro, o abandono”, publicado em 27 de setembro de 2011 – em que tratei do abandono de animais comprados de traficantes que, quando passam a ter seu comportamento selvagem padrão, são largados. No último parágrafo do texto, escrevi:

“Por isso, não adquira ou capture animais silvestres. E se, por um acaso, você tem um e não o quer mais, não o abandone. O entregue ao Ibama, ao órgaõ de fiscalização ambiental de seu Estado ou à polícia ambiental - "segundo o § 3º do Decreto nº 3.179/99 quando a pessoa que "possui" o animal o entregar voluntariamente ao órgão ambiental competente, a autoridade não deverá aplicar as sanções previstas." - texto do site do Ibama”.

Airton, que sempre acompanha os posts do Fauna News, me alertou para o fato de que o Decreto nº 3.179, de 1999, deixou de valer após a publicação do Decreto nº 6.154, de 2008. Apesar da mudança, o novo Decreto manteve a determinação de não aplicar as sanções no caso da entrega voluntária do animal.

Está no parágrafo 5º do artigo 25:

“No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste Decreto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.”

Portanto, se você cria irregularmente algum animal silvestre, pode entregá-lo espontaneamente.

Correção feita: pena que o site do Ibama divulgue uma informação errada.

Obrigado Airton!

- Conheça o Decreto nº 6.154, de 2008
- Releia “Depois do cativeiro, o abandono”, publicado em 27 de setembro de 2011
- Leia a página do Ibama sobre tráfico de animais silvestres (com o erro)

Ação pela vida em Pernambuco: ECO salva centenas de aves resgatadas do tráfico

Em 25 de setembro de 2011, 517 filhotes de papagaios-verdadeiros, papagaios-galegos e maritacas-da-cabeça-azul foram apreendidos por policiais federais em Belém de São Francisco (PE). O Fauna News passou a acompanhar o caso e publicou dois posts sobre essas aves:

- “O drama da pós-apreensão: o lado pouco divulgado do tráfico de animais”, de 5 de outubro de 2011, e
- “517 de filhotes de aves escancaram o descaso do poder público com a fauna silvestre”, de 6 de outubro de 2011.

 Os papagaios foram encontrados amontoados em gaiolas metálicas
Foto: Divilgação Ibama

As aves foram levadas para a base do Ibama em Recife e, diante da falta de infraestrutura do órgão ambiental para administrar a situação, passaram a ser cuidadas pela ONG ECO - Organização para a Conservação do Meio Ambiente. A presidente da organização, Kilma Manso, coordenou os trabalhos e os voluntários que foram “convocados” para ajudar.

Kilma orientando os voluntários na sede do Ibama 
Foto: Paulo Barros

O início das atividades está registrado no vídeo abaixo:


Quer saber como os papagaios estão hoje? Assista ao último relato:


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Depois do cativeiro, o abandono

Muita gente que compra animais silvestres provenientes do tráfico não sabe com o que está lidando. Após algum tempo, aquele bicho, que quando foi adquirido era um pequeno filhote ou estava dopado, passa a ter seu comportamento normal. Por ser selvagem, não tem o mesmo comportamento de um animal doméstico, não obedece, pode ser agressivo e por aí vai...

E sabe o que acontece muitas vezes? Abandono. Veja o que está ocorrendo na Inglaterra com animais traficados da América do Sul:

“O dono de uma loja que vende animais domésticos na Grã-Bretanha conta que sempre toma muito cuidado quando encontra uma caixa deixada diante do seu estabelecimento comercial.

Não é para menos. Nesta semana, pela quarta vez em apenas um ano e meio, o proprietário da Wickid Pets encontrou um caixa contendo um jovem crocodilo.


Wicks com crocodilo abandonado diante de sua loja
Foto: newsteam.com.uk

O animal com um metro de comprimento é proveniente da América do Sul e teria entre quatro e cinco anos de idade. Ela pode alcançar até 2,5 metros de comprimento.

Segundo o proprietário da Wickid Pets, Jimmy Wicks, os crocodilos adquiridos legalmente costumam conter um microchip em seus corpos.

''Ela foi submetida a um escâner e não conta com um chip no corpo. Por isso, ela obviamente é proveniente do mercado negro'', afirmou.”
- texto da matéria “Abandono de crocodilos diante de loja de animais inglesa vira 'rotina'”, publicada em 17 de dezembro de 2011 pela BBC Brasil

E isso não acontece apenas na Inglaterra. Nos parques urbanos, esses que frequentamos nos finais de semana, e nas unidades de conservação (como estações ecológicas, parques nacionais e estaduais, etc) os animais são soltos, potencializando a ocorrência de diversos problemas.

Além da possibilidade de o bicho não sobrevier em um hábitat totalmente estranho ao seu natural, ele pode introduzir diversas doenças em um ambiente incapaz de combatê-las. No caso de ocorrer adaptação, é possível que ele comece a predar animais  e a competir por alimentos com outras espécies, causando um desequilíbrio que pode causar extinções e danos irreversíveis.

Por isso, não adquira ou capture animais silvestres. E se, por um acaso, você tem um e não o quer mais, não o abandone. Entregue ao Ibama, ao órgaõ de fiscalização ambiental de seu Estado ou à polícia ambiental - "segundo o § 3º do Decreto nº 3.179/99 quando a pessoa que "possui" o animal o entregar voluntariamente ao órgão ambiental competente, a autoridade não deverá aplicar as sanções previstas." - texto do site do Ibama

CORREÇÃO:

O Decreto nº 3.179, de 1999 deixou de valer após a publicação do Decreto nº 6.154, de 2008. Apesar da mudança, o novo Decreto manteve a determinação de não aplicar as sanções no caso da entrega voluntária do animal.

Está no parágrafo 5º do artigo 25:

“No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste Decreto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.”

Portanto, se você cria irregularmente algum animal silvestre, pode entregá-lo espontaneamente.

Correção feita: pena que o site do Ibama divulgue uma informação errada.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Começar a semana pensando...

...na "Década da Biodiversidade".

“As Nações Unidas lançaram no último sábado (17/12) na cidade de Kanazawa, Japão, a “Década da Biodiversidade”. Durante os anos de 2011 a 2020, a ONU quer implementar planos estratégicos de preservação da natureza e encorajar os governos a desenvolver e comunicar resultados nacionais na implementação do Plano Estratégico para Biodiversidade.” – texto do site da ONU


Para o Subsecretário-Geral para Comunicação e Informação Pública das Nações Unidas, Kiyo Akasaka, “não podemos reverter a extinção. Podemos, no entanto, prevenir a extinção futura de outras espécies. Para os próximos dez anos nosso comprometimento será de proteger mais de oito milhões de espécies e nossa sabedoria em contribuir com o equilíbrio da vida será posta à prova” (texto do site da ONU). Tanto ele, quanto o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, apresentaram discursos salientando que a vida humana depende da diversidade biológica, do desenvolvimento sustentável e dos serviços prestados por um meio ambiente equilibrado.

O Plano Estratégico para Biodiversidade, citado pela ONU, foi estipulado em outubro de 2010 durante a COP-10 (10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica), realizada no Japão. O documento fornece as diretrizes para parar e, eventualmente, reverter a perda de biodiversidade do planeta.

Que a “Década da Biodiversidade” não fique restrita aos ambientalistas e gestores públicos e que chegue até a população. Mídia e educadores: chegou a hora de contribuir mais um tanto...

- Leia o texto de divulgação do site da ONU Brasil
- Saiba mais sobre a Década da Biodiversidade" (site oficial em inglês, espanhol e francês)
- Conheça o Plano Estratégico para a Biodiversidade (em inglês)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Reflexão para o fim de semana: animal silvestre não é presente de Natal

Vamos começar refletindo: animais, sejam silvestres ou domésticos, não são coisas para serem presentes...

Mas se você quer presentear alguém de sua família com um bichinho de estimação, não o faça com animais silvestres. Vá até alguma entidade que cuida de cães e gatos abandonados e sem lar e adote um!

Mas tenha a certeza que a pessoa a ser presenteada irá cuidar do animalzinho e não o abandonará no futuro. Lembre-se também que posse responsável não é só dar comida e água.

O Fauna News deseja a você e sua família um ótimo Natal!!!

- Saiba mais sobre “posse responsável”

Foto: fotoseimagens.etc.br

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Foi atropelamento? Então as chances de voltar à natureza são mínimas

Em 27 de novembro de 2011, uma onça-parda foi resgatada por bombeiro após ser atropelada em uma rodovia próxima a Rondonópolis, cidade a 218 km de Cuiabá (MT). O animal não se recuperou e foi eutanasiado pelos profissionais do Ibama, de acordo com a matéria “Onça-parda é sacrificada após ser atropelada em rodovia de MT”, publicada em 19 de dezembro de 2011 pelo portal G1.


Onça-parda que foi sacrificada
Foto: Divulgação Vigilância Ambiental

Apesar de lamentar a morte do animal, o que me motivou a escrever foi a declaração do coordenador do Departamento de Fauna do Ibama do Mato Grosso, César Soares:

“Segundo o representante do Ibama, apenas 3% dos animais silvestres resgatados após atropelamentos possuem chance de voltar a seu habitat, outros 15% sobrevivem, mas ficam mutilados e dependentes de cuidados humanos. O restante não resiste aos ferimentos e acaba morrendo.”

Tamanduá atropelado na região de Campo Grande (MS)
Foto: Alessandra de Souza

Vou recordar alguns trechos que publiquei em outros posts sobre o assunto:

“Quando uma rodovia corta uma área com vegetação e fauna nativas bem preservadas alguns problemas logo aparecem. A fragmentação do território, com a passagem de uma pista de asfalto, pode interromper fluxos migratórios e, consequentemente, a troca genética entre populações de mesma espécie. Também relacionado ao deslocamento da fauna, o tráfego de veículos em estradas é responsável pela morte por atropelamento de muitos animais. (...)

“O Zoológico de Piracicaba atendeu 106 animais selvagens vítimas de atropelamento em rodovias da região durante os cinco primeiros meses do ano. Só entre os mamíferos, houve um aumento de 1.150% na incidência desse tipo de acidente de 2005 até 2010. Boa parte desses animais está em risco de extinção.”
– texto do post “Animais silvestres também são vítimas da barbárie das estradas”, de 21 de junho de 2011

“É fato que as rodovias brasileiras, nos trechos que cortam regiões com fauna silvestre, não possuem infraestrutura para evitar acidentes envolvendo os animais. Além do risco aos ocupantes dos veículos, esse descaso do poder público causa a morte de inúmeros bichos. Já escrevi bastante sobre isso aqui no Fauna News. Finalmente, algo começa a ser feito...  ao menos no Mato Grosso do Sul.

(...) “Pensando na redução dos atropelamentos na BR-262, que fica no trecho dentro do Pantanal, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) estabeleceu programas ambientais que devem ser executados durante todo o período de recuperação da estrada, na restauração de pavimento e implantação de acostamentos, previsto até maio de 2012. (...)

No monitoramento inicial feito desde junho pela Universidade (Universidade Federal do Paraná), foi relacionado o atropelamento de 1400 animais de 88 espécies no período de um ano entre Campo Grande e Corumbá, num trecho de 410 km (estudos de Fischer em 97, 2003) e constatado o atropelamento de 57 espécies no trecho de 284,2 km entre Anastácio e Corumbá, em dois meses de monitoramento.” – texto da matéria “Programas devem reduzir estatísticas de atropelamento de animais silvestres”, publicada em 19 de outubro de 2011 pelo site Midiamax News do Mato Grosso do Sul”
– trecho do post “Rodovias: começaram a pensar nos animais”, de 20 de outubro de 2011

Apesar do projeto no Mato Grosso do Sul, a iniciativa ainda é um fato isolado. Enquanto isso, mortes e cativeiro...

- Leia a matéria completa do portal G1
Releia os posts do Fauna News:
- “Animais silvestres também são vítimas da barbárie das estradas”, de 21 de junho de 2011
- "Rodovias: começaram a pensar nos animais”, de 20 de outubro de 2011


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tráfico de animais: enxugando gelo

A expressão “enxugar gelo” ilustra bem a realidade do tráfico de fauna. Quanto mais bichos são apreendidos pelos órgãos de fiscalização, mais são capturados na natureza para saciar a necessidade sem fim do ser humano de manter animais silvestres como pets. A rotina da Associação Mata Ciliar comprova isso:

“10 pássaros foram soltos na região da Serra do Japi pela Associação Mata Ciliar neste sábado, 03 de dezembro (2011). As aves chegaram à AMC após uma apreensão no bairro Rio Acima no dia 28 de novembro. Na Associação Mata Ciliar os pássaros receberam os cuidados médicos necessários podendo enfim voltar à vida livre.

Soltura de ave na Serra do Japi (SP)
Foto: Associação Mata Ciliar

Mas infelizmente no mesmo dia em que essas aves puderam retomar sua liberdade, outros 19 pássaros chegaram vindos de uma apreensão em Itatiba. O guarda municipal João Ferreira dos Santos, que atendeu a ocorrência, afirma que as denúncias nesses casos são muito importantes. (...)” – texto do site da Associação Mata Ciliar, entidade que mantém um Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Jundiaí, no interior de São Paulo

De acordo com dados de 2001 da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), cerca de 38 milhões de animais são retirados da natureza, por ano, somente no Brasil. Estima-se que 60% desse comércio criminoso é voltado para o mercado interno, sendo as aves as maiores vítimas (82%).

E a captura dos animais não afeta somente o ecossistema em que vivem. Eles representam grandes riscos à saúde humana. Para dimensionar um pouco o perigo das zoonoses (doenças) que podem atacar os homens, vale destacar que mais de 180 doenças já foram descritas, sendo as mais comuns (dados do livro União pela Fauna da Mata Atlântica, das ONGs Fundação SOS Mata Atlântica e Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres - Renctas):

- macacos e micos: raiva, febre amarela, hepatite, herpes simples e tuberculose;
- jabutis e lagartos: salmonelose, verminoses e micos;
- papagaios e passarinhos: ornitose (febre do papagaio) e toxicoplasmose.

- Leia o texto completo do site da Associação Mata Ciliar
- Conheça a Associação Mata Ciliar
- Releia “Não bastasse a crueldade do cativeiro, o tráfico de animais silvestres também promove a disseminação de doenças”, publicada pelo Fauna News em 7 de julho de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Código Florestal é fauna também

Na grande imprensa, muito tem se comentado sobre as alterações no Código Florestal - que foi votado no Senado em 6 de dezembro e agora retornou para a Câmara dos Deputados -, mas pouco se aborda sobre as consequências para a fauna silvestre se algumas das mudanças propostas forem aprovadas. Encontrei a matéria “Menor proteção dos rios pode extinguir 30% das aves”, publicada em 15 de dezembro de 2011 pelo site O Eco, que ajuda a dimensionar um pouco dos problemas que hão de acontecer no caso de a alterações propostas virarem Lei.

“Uma das alterações propostas na reforma do Código Florestal, a qual vem sendo discutida pelos legisladores em Brasília, é reduzir de 30 metros para 15 metros (em cada margem) a largura mínima das Áreas de Preservação Permanente (APP) que precisam ser recompostas ao longo dos cursos d’água. Se isso ocorrer, a consequência pode ser a perda de 30% das espécies de aves nessas áreas.” – texto de O Eco


A matéria foi feita com base na dissertação de mestrado “O valor de corredores florestais para a conservação de aves em paisagens fragmentadas”, apresentada por Carlos Ernesto Candia-Gallardo no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).

“Os resultados do trabalho mostram que corredores florestais no Planalto Paulista com mais de 100 m de largura abrigam um conjunto de aves semelhante ao de áreas de floresta. Já corredores com menos de 60 m de largura abrigam um reduzido número de espécies, em sua maioria espécies comuns, generalistas e de ampla distribuição no continente.

A relação não linear (Michaelis-Menten) entre largura de corredor e número de espécies sugere que uma redução pela metade na largura mínima das APP – de 60 m (30 para cada lado do rio) para 30 m - poderia acarretar em uma perda de cerca de 30% no número de espécies de aves. E essas aves “perdidas” seriam justamente aquelas mais exigentes, restritas às manchas de Mata Atlântica e incapazes de habitar faixas de vegetação estreitas. São espécies cujas populações já vêm declinando. Portanto, sob a perspectiva das aves dependentes da Mata Atlântica, a largura das APP ao longo dos rios deveria ser aumentada pelo menos até 100 m, e não diminuída pela metade.”
– texto de O Eco

Percebe-se claramente que, quando se fala em manutenção de Áreas de Preservação permanente (APPs) e de reservas legais, por exemplo, não se deve pensar apenas em vegetação, em manutenção de água e em micro-climas confortáveis para humanos e para a agricultura, inclusive. Há toda uma grande variedade de animais envolvidos. As aves são apenas um exemplo, parte de cadeias alimentares, de ecossistemas que têm de estar equilibrtados...

O perigo do retrocesso está batendo à porta.

“A Câmara dos Deputados manteve sua vocação ruralista e escolheu o deputado Paulo Piau (PMDB - MG) como novo relator do projeto de reforma do Código Florestal. A votação do relatório, marcada para acontecer os dias 6 e 7 de março de 2012, terá novas controvérsias, já que muitos deputados expressaram a vontade de retomar o texto original do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP), por considerá-lo mais adequado aos anseios do setor argropecuário.” – texto da matéria “Câmara escolhe novo relator do Código Florestal”, publicada em 19 de dezembro de 2011 pelo O Eco

Acompanhe e manifeste-se!

- Leia a matéria “Menor proteção dos rios pode extinguir 30% das aves”, publicada em 15 de dezembro de 2011 pelo site O Eco
- Leia a matéria “Câmara escolhe novo relator do Código Florestal”, publicada em 19 de dezembro de 2011 pelo O Eco
- Leia a dissertação “O valor de corredores florestais para a conservação de aves em paisagens fragmentadas”, de Carlos Ernesto Candia-Gallardo
- Acompanhe as mudanças no Código Florestal: #florestafazadiferenca

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Começar a semana pensando...

...no quanto vale investir na proteção da fauna silvestre: aumenta a população da arara-azul-de-lear!

“Brasília (05/12/2011) – O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acaba de concluir mais um censo da população de araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari). A espécie, criticamente ameaçada de extinção, é endêmica (exclusiva) da região do Raso da Catarina, no sertão baiano. Os primeiros dados mostram que a população vem crescendo em ritmo contínuo e sustentável ao longo dos anos.


Foto: Adrianao A. Paiva/ICMBio

No total, foram registrados 1.150 indivíduos. Há dois anos, esse número girava em torno de 900. O primeiro censo, realizado em 1987, registrara apenas 60 indivíduos, o que apontava para uma provável extinção da espécie. Pesquisadores são unânimes em afirmar que essa situação foi revertida, principalmente, pela criação da Estação Ecológica (Esec) do Raso da Catarina, que tem como principal objetivo proteger o habitat da arara-azul-de-lear.”
– parte do texto de divulgação da Assessoria de Comunicação do ICMBio

De acordo com a ICMBio, a arara-azul-de-lear é ameaçada pelo tráfico ilegal e pela destruição de seu habitat. “A situação é extremamente preocupante também devido ao crescimento desordenado que vêm ocorrendo nos arredores dos municípios localizadas na área de distribuição da espécie.  A ave é alvo de traficantes e colecionadores devido, principalmente, a sua beleza, adaptabilidade ao cativeiro e capacidade de interação.”

Foto: Adriano A. Paiva/ICMBio

O tráfico éconsiderado a principal causa da extinção na natureza da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii). De acordo com o 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestres, publicado pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) em 2001, “apenas cerca de 5% dos psitacídeos no comércio são provenientes de criação em cativeiro, o restante é retirado da natureza pois a reprodução desses animais é difícil e cara.”

- Leia a matéria de divulgação do ICMBio
- Conheça Cemave – Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres – do ICMBio- Conheça o Projeto Arara Azul
- Conheça a Renctas
- Saiba mais sobre a arara-azul-de-lear (Wikiaves)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Reflexão para o fim de semana: um mundo a ser descoberto chamado biodiversidade

“Levantamento divulgado nesta segunda-feira (12) pela organização ambiental WWF aponta que no ano passado cientistas descobriram 207 espécies de plantas e animais na região do Grande Mekong, rio que corta seis países do Sudeste Asiático como o Camboja, a China, Laos, Miannmar, Tailândia e Vietnã.

De acordo com o documento, entre 1997 e 2009 cientistas encontraram 1.376 novas espécies na região. Apenas em 2010 foram 145 plantas, 28 répteis, 25 peixes, sete anfíbios, dois mamíferos e uma ave.”
– texto da matéria “Cientistas descobrem mais de 200 animais e plantas na Ásia em 2010” publicada pelo portal G1 em 12 de dezembro de 2011


Lagarto-gecko-psicodélico encontrado na região do Grande Mekong
Foto: L. Lee Grismer/WWF/Reuters

Por outro lado...

“Segundo o relatório, esta taxa de descoberta mostra que a região é uma das últimas fronteiras que abriga espécies desconhecidas no planeta. Entretanto, enquanto o encontro de novos exemplares de aves, mamíferos ou plantas destaca a biodiversidade da região, outras espécies estão fragilizadas devido à pressão do homem.

O WWF afirma que a população de animais como o tigre (Panthera tigris) caiu 70% em uma década e a extinção do rinoceronte-de-Java (Rhinoceros sondaicus) no Vietnã, em 2010, “são urgentes lembretes de que a biodiversidade está se perdendo em um ritmo alarmante.”
– texto do portal G1

E ainda saiba que, essa região, o Sudeste Asiático, é um dos maiores centros de tráfico de animais do planeta.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria de divulgação do WWF (em inglês)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Extração de bile de ursos X testes em macacos. Oriente X ocidente. Quem é pior?

Em 12 de dezembro de 2011, escrevi sobre a utilização, somente nos laboratórios dos Estados Unidos, de 124 mil macacos por ano em pesquisas. Nesse post, reproduzi a seguinte parte da matéria “Mais de 120 mil primatas são torturados e mortos anualmente nos laboratórios” publicado em 9 de dezembro de 2011 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA):

“Alguns primatas nascem em laboratórios e são forçados a viver da juventude à velhice sendo explorados por pesquisadores que realizam dolorosos e invasivos procedimentos. Depois, estes animais são descartados como lixo quando as pesquisas acabam.

Para milhares de outros primatas, a jornada começa a quilômetros de distância, na Ásia ou na África, onde – a mando de multinacionais que fazem testes em animais, como a Charles River Laboratories e a Covance – eles são capturados da natureza para serem criados confinados, em fazendas de reprodução miseráveis.”


Esse tipo de exploração animal chama menos atenção mas é tão cruel quanto a realizada nas fazendas de produção de bile de ursos na China e no Vietnã. Veja:

“Quatorze ursos-negros-asiáticos foram salvos do cruel mercado de bile no Vietnã e levados a um centro de recuperação da Associação Internacional de Proteção Animal da Ásia, localizado no Parque Nacional Tam Dao, perto de Hanoi.


Um dos ursos resgatados em 29 de novembro de 2011
Foto: Animals Asia

Eles tiveram a liberdade tolhida por anos, encarcerados em estreitas jaulas enferrujadas. Eram mantidos vivos apenas para que a bile fosse retirada e depois utilizada pela medicina tradicional chinesa. Uma vida de pesadelo.” – texto da matéria “Ursos são libertados depois de anos de exploração” publicada em 13 de dezembro de 2011 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA)

Estima-se que cerca de 10 mil ursos estão em fazendas na China (dados oficiais indicam 7.002 animais) e 3.600 no Vietnã.

Em entrevista ao jornal italiano La Stampa, a fundadora da associação (que também é conhecida como Animal Asia), Jill Robinson, declarou:

“A prisão percorre toda a existência destes animais. No Vietnã, os ursos são dopados, normalmente com quetamina, amarrados com cordas para que suas barrigas sejam repetidamente perfuradas com agulhas enferrujadas de 10 centímetros comprimento até que, depois de numerosas tentativas, seja encontrada a vesícula biliar. A bile é extraída duas vezes ao dia, com o auxílio de cateteres ou de uma bomba médica. Quando os ursos chegam aos nossos centros de recuperação, muitas vezes ainda carregam no corpo colete de ferro que contém e protege um saquinho de plástico que, de hora em hora, é abastecido com a bile do animal. Os ursos ficam nessa condição até que a morte os livre dela. As causas mais comuns são o câncer de fígado ou por infecções. Só animais muito resistentes sobrevivem 20, 30 anos, mas o estado de desespero a que chegam os leva ao suicídio. Por isso os homens limam dentes e unhas.”


Local onde os ursos ficavam confinados
Foto: Animals Asia

Diferentemente do que acontece na exploração de macacos por laboratórios milionários, as fazendas de ursos são mantidas por pequenos camponeses. “Na China, as fábricas de bile são ainda consideradas legais e regulamentadas por licenças estatais. Mas graças a contínuas negociações, conseguimos que muitas fossem fechadas. Em 2000 assinamos um acordo para que 500 ursos fossem libertados. Em 20 províncias chinesas, quase metade do país, onde fábricas foram fechadas, os camponeses receberam auxílio para iniciar outra atividade diferente da exploração de urso”, declarou Jill para o La Stampa.

Na entrevista ainda foi abordada a reabilitação dos ursos resgatados.

“O processo pode durar um ano ou mais. Depois de uma cirurgia para remover o cateter e solucionar outros problemas físicos, os ursos são colocados em tocas, para que comecem a se habituar a andar livremente. Ali eles podem observar e sentir cheiros diferentes. Como são animais solitários, o comportamento deles deve ser monitorado de perto. Apenas quando demonstram estar em condições de viver em grupo é que são liberados no jardim. Para muitos deles, é a primeira vez que caminham na grama.”

Não sei qual é a pior: a dita avançada medicina e farmácia ocidental ou esse tipo de atraso na medicina tradicional asiática que, além doa tortura dos ursos, ainda contribui para a extinção dos rinocerontes – seus chifres (feitos do mesmo material que nossas unhas e cabelos) são considerados remédios para inúmeros males, inclusive o câncer.

- Leia a matéria completa da ANDA
- Leia a matéria original de La Stampa (em italiano)
- Conheça a Animals Asia
- Releia o post do Fauna News sobre a exploração dos macacos

 
Urso momentos antes do resgate. A maioria nunca saiu das jaulas
Foto: Animals Asia

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Os desafios da democracia também para cuidar de animais

Ainda não tinha ouvido falar na existência de Conselhos Municipais de Proteção e Defesa dos Animais como o que começou a funcionar em Bauru, no interior do Estado de São Paulo. Talvez por desinformação minha... Não sei.

Mas o que importa é refletirmos sobre a iniciativa, publicada na matéria "Conselho de Animais fervilha em disputas a partir da posse", de 11 de dezembro de 2011 pelo site JCNET.

“O Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (Comupda) somente foi empossado, na manhã de anteontem, ficando definida uma nova reunião no começo de 2012 para as primeiras deliberações. A criação e funcionamento do Conselho são esperados pela amplitude de temas em que o órgão poderá intervir em Bauru. Mas, a julgar pela posse, a disputa e as visões antagônicas estarão presentes na vida da entidade.

(...)A cerimônia de posse, na última quarta-feira, foi coordenada pelo chefe de gabinete da Prefeitura de Bauru Giasone Albuquerque Candia. De prático, ficou esclarecido que o Conselho tem caráter deliberativo e não consultivo. Desatado o nó da atribuição de um Conselho, a briga vai ser para aparar todas as arestas existentes entre os vários setores que coabitam e efetivamente atuam no município na atuação em relação aos animais, sejam domésticos ou silvestres”
- texto do JCNET

É sempre bom quando processos mais democráticos de tomadas de decisão são implementados. Setores organizados da sociedade passam a ser representados e, ao contrário do que a matéria classificou como “briga”, as discussões para aparar arestas são naturais e saudáveis em qualquer processo participativo. Afinal,...

“O Comupda é integrado por 14 membros titulares, sendo sete representantes governamentais e sete da sociedade civil e 14 suplentes.” – texto do JCNET

Chamo a atenção ao fato de que o Comupda, criado pela Lei Municipal nº 5.951 de 2 de agosto de 2010 (há mais de um ano!!!), tem caráter “deliberativo” e não “consultivo”, isto é, suas decisões têm de ser respeitadas e cumpridas pelo gestor público. A proteção aos animais, domésticos ou silvestres, está agora nas mãos da comunidade...

“Além de elaborar políticas, os membros também trabalharão na defesa dos animais feridos e abandonados, no desenvolvimento de campanhas de adoção, de vacinação e de registro de cachorros e gatos, no incentivo à preservação das espécies de animais silvestres e no cuidado com ecossistemas. Mas também poderão propor leis e pressionar o poder público municipal.” – texto do JCNET


Vista aérea de Bauru
Foto: Marco Senche

O que não fica claro é como esse Conselho se relaciona (para não haver conflito de competências) com o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), que tem por finalidade:

“I - Estudar, definir e propor normas e procedimentos, através de resoluções administrativas, visando o desenvolvimento dos projetos sob sua responsabilidade;
II - Auxiliar e colaborar na implementação da Agenda 21 local;
III - Sugerir a elaboração de projetos de leis municipais relativas ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à qualidade de vida;
IV - Estudar, definir e propor metas visando a implementação de unidades de conservação e áreas de proteção ambiental;
V - Analisar e implementar as diretrizes da Prefeitura Municipal quando da elaboração prévia e final de plano de parcelamento de solo urbano e rural;
VI - Gerir o Fundo Municipal do Meio Ambiente.”
– texto do site da Prefeitura de Bauru

Uma pergunta final: será que a sociedade já está madura o suficiente para essa responsabilidade?

Afinal, ainda retiramos cerca de 38 milhões de animais silvestres de seus hábitats para satisfazer nossa necessidade de ter um bicho de estimação ou comercializar suas partes, não temos uma política de estado para gerir fauna silvestre, abandonamos animais domésticos e, em muitos municípios, simplesmente os executamos quando capturados...

De qualquer forma, sem ter essa responsabilidade nas mãos é que não vamos amadurecer.

Bom trabalho, conselheiros!

- Leia a matéria completa do JCNET
- Conheça a Lei Municipal nº 5.951
- Página do site da prefeitura de Bauru sobre o Condema

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Começar a semana pensando...

...se é ético e correto traficar, confinar e fazer testes com animais?

“Todos os anos, mais de 124 mil primatas são torturados e mortos nos laboratórios dos Estados Unidos. Você já se deu conta como estes inteligentes e sensíveis animais vão parar nestes lugares?

Macacos sendo transportados em aviões para testes
Foto: BUAV

Alguns primatas nascem em laboratórios e são forçados a viver da juventude à velhice sendo explorados por pesquisadores que realizam dolorosos e invasivos procedimentos. Depois, estes animais são descartados como lixo quando as pesquisas acabam.

Para milhares de outros primatas, a jornada começa a quilômetros de distância, na Ásia ou na África, onde – a mando de multinacionais que fazem testes em animais, como a Charles River Laboratories e a Covance – eles são capturados da natureza para serem criados confinados, em fazendas de reprodução miseráveis. Arrancados de suas famílias, os primatas traumatizados são colocados em caixas de madeira e despachados em assustadores e barulhentos aviões. Geralmente os passageiros não sabem o que há poucos centímetros abaixo deles.”
– texto da matéria “Mais de 120 mil primatas são torturados e mortos anualmente nos laboratórios” publicado em 9 de dezembro de 2011 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA)

- Leia a matéria completa da ANDA
- Conheça a BUAV (entidade que luta contra o uso de animais em experimentos) - em inglês
- Conheça a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) – em inglês

Assista ao vídeo da PETA (sobre macacos em cativeiro de laboratório):



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Reflexão para o fim de semana: demorou para se preocuparem com acidentes envolvendo animais na rede elétrica

“Foi aprovado nesta terça-feira, 29, na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo o Projeto de Lei 668/2011, que determina às concessionárias de energia a adoção de medidas que impeçam o acesso de mamíferos silvestres aos fios de alta tensão.

Saguis correndo risco de ser eletrocutados
Foto: Jorge Alexandre da Silva

A proposta do Deputado Estadual Feliciano Filho prevê medidas de proteção aos animais, tais como instalação de cones que impeçam o acesso dos animais à rede elétrica, a colocação de fios encapados ou o aumento da distância entre os fios para acabar com o risco de contato. O projeto prevê ainda criação de corredores ecológicos onde houver trânsito desses animais.”
– texto de divulgação do site do parlamentar publicado em 30 de novembro de 2011

O que o texto de divulgação não mostra é o prazo para as concessionárias se adequarem ao que determina o projeto (caso vire Lei): dois anos a partir da sua publicação em Diário Oficial. Fiquei tentando concluir se o prazo é justo, pequeno ou longo demais. Coloquei na balança a quantidade de postes e fios a serem equipados, mas também refleti sobre a demora surgir em uma iniciativa dessas e o provável descumprimento desse prazo...

Outra coisa: no projeto de Lei consta também a obrigação de as concessionárias criarem corredores ecológicos. Pela falta de detalhes que determinem as características mínimas da região e das circunstâncias para tal ação - o que deverá ser feito em uma futura regulamentação da Lei -, sinto ser pessimista: vejo imensas dificuldades para isso sair do papel.

Acidentes com animais silvestres na rede de distribuição de energia elétrica, quando não matam, são responsáveis por ferimentos graves que podem impossibilitar o bicho de retornar à natureza. Cativeiro.

Pena que a iniciativa legislativa ocorra apenas no Estado de São Paulo.

- Leia a matéria de divulgação (que contém o link para o texto completo do projeto de Lei)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O STJ já sabe o caminho, mas ainda não pode divulgar uma rotina que não existe

O programa STJ Cidadão, do Superior Tribunal de Justiça, abordou o tráfico de animais silvestres em sua edição de 5 de dezembro de 2011. No texto de divulgação publicado pelo site do órgão, consta:

“O tráfico de animais silvestres é um crime que, no Brasil, só perde, em número de ocorrências, para o tráfico de drogas e de armas. A pena prevista para esse tipo de comércio ilegal é de seis meses a um ano de prisão. No entanto, a punição real não passa de prestação de serviços e pagamento de cestas básicas.


Foto: Josemar Gonçalves / Jornal de Brasília

As consequências para a natureza podem ser irreversíveis, já que os bichos mais visados pelos comerciantes são exatamente aqueles que correm maior risco de extinção. E quando esses animais são retirados da natureza, todo um ecossistema pode entrar em desequilíbrio.

O programa semanal de TV do STJ mostra que a Justiça tem tratado com mais rigor quem ameaça o equilíbrio ambiental. Veja por que a Corte decidiu que um policial acusado de traficar aves silvestres deveria responder ao processo na cadeia.”

Assisti à matéria e vi um trabalho que aborda vários aspectos do tráfico de animais, mas que qnão apresenta uma ação frequente do STJ em manter presos os processados por essa prática ilícita para justificar o título da divulgação: “STJ Cidadão: Justiça entra em ação na luta contra o tráfico de animais e o desmatamento”.

O único exemplo citado, tanto no texto de divulgação acima quanto na matéria para televisão, é o do policial militar do Rio de Janeiro Marcelo Augusto Pinheiro, preso em 11 de março de 2009 durante a Operação Oxossi da Polícia Federal, e que teve seu pedido de habeas corpus negado pelo então o presidente do Tribunal, ministro Cesar Asfor Rocha (foto) no início de 2010.

O policial atuaria em feiras da Baixada Fluminense e de São Gonçalo (RJ). Antes de ser preso pela PF, ele foi flagrado em junho de 2008 pela Polícia Rodoviária Federal com 200 aves.  “A investigação o acusou de ser um dos maiores receptadores e comerciantes de aves da região e que teria a intenção de “pedir licença do cargo de policial militar” para dedicar-se exclusivamente à prática do crime.” – texto da matéria “Justiça nega HC e mantém preso policial acusado de traficar animais silvestres”, publicada pelo site Última Instância em 1º de fevereiro de 2010

Gostaria de ter mais informações que sustentassem a divulgada ação efetiva do STJ na luta contra o tráfico de animais. Seria muito bom...

Também quero alertar que na matéria para TV, a repórter apresenta uma falsa realidade dos centros de triagem do Ibama (CETAS), responsáveis por acolher, cuidar e, quando possível, reintroduzir na natureza os animais apreendidos com traficantes. É fato que os CETAS não têm os recursos humanos e a infraestrutura de materiais mínimos para cumprir seu papel.

Um exemplo ocorreu recentemente quando, em Pernambuco, 517 filhotes de papagaios foram apreendidos. Os funcionários do CETAS de Recife, desesperados, tiveram de pedir ajuda até pelas redes sociais para conseguir alimentos e voluntários para dar conta do trabalho. Escrevi sobre isso em “O drama da pós-apreensão: o lado pouco divulgado do tráfico de animais”, de 5 de outubro de 2011, e em “517 de filhotes de aves escancaram o descaso do poder público com a fauna silvestre”, de 6 de outubro de 2011.

- Assista à matéria do programa de TV STJ CIdadão e leia o texto de divulgação “STJ Cidadão: Justiça entra em ação na luta contra o tráfico de animais e o desmatamento” 
- Leia a matéria sobre a prisão do policial processado por tráfico de animais (Jornal O Estado de S. Paulo)
Releia os posts do Fauna News:

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Jacarta (Indonésia): novembro selvagem em apreensões de animais no aeroporto

Um boletim de 5de dezembro de 2011 da Traffic (entidade que monitora e combate o tráfico de animais silvestres no mundo) considerou novembro um mês “selvagem” no aeroporto de Jacarta, na Indonésia. O adjetivo foi motivado pela grande número de apreensões de animais vítimas do tráfico. Vejamos:

- 16 de novembro: um saudita foi detido tentando embarcar com três Lóris-lentos (Nycticebus coucang). Os pequenos primatas estavam dentro de meias e amarrados sob as roupas do traficante;

Lóris-lento
Foto: http://cienciaeideias.blogspot.com

- no mesmo dia, um russo foi surpreendido com 48 répteis em duas caixas. Os animais tinham sido enfiados em tubos de plástico ou cobertos de pano no interior das caixas. Foram encontrados 15 lagartos Salefin (Hydrosaurus webri), nove Green Tree Pythons (Morelia viridis)  e oito Timor Pythons (Python timorensis). Havia também sete Emerald Treemonitores (Varanus prasinus), três Peach Throat Monitores (Varanus jobiensis), dois New Guinea Monitor Lizards (Varanus salvadori), dois Black Tree Monitors (Varanus beccari) e dois Blue-spotted Tree Monitors (Varanus macraei). Doze animais já estavam mortos no momento em que foram encontrados;

- 7 de novembro: funcionários do aeroporto foram impediram de entrar na Indonésia um traficante e seu carregamento de 61 Indian Star Tortoises (Geochelone elegans) e African Spurred Tortoises (Geochelone sulcata), e duas cobras. Os animais estavam em malas;

- No início do mês, um homem foi preso por importação ilegal de 464 tartarugas, 10 crocodilos-do-Nilo, 78 cobras e 254 cobras lagartos.  Os animais estavam acondicionados em sacos e escondidos em malas que tinham chegado em um vôo do Egito de 05 de novembro de 2011. Do total, 30% já estavam mortos.

Lagartos nativos do Egito apreendidos
Foto: Soekarno-Hatta Agricultural Quarantine Office, Ministry of Agriculture, Indonesia

Vale destacar que os países do Sudeste Asiático estão entre as localidades com o tráfico internacional de animais mais intenso do mundo. As quadrilhas importam e exportam bichos de espécies de todos os lugares do mundo, além de marfim e chifres de rinocerontes.

- Leia o boletim original da Traffic (em inglês)
- Conheça a Traffic

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Animais empalhados: ainda tem gente que gosta (Itália)

Um caçador mantinha, em Palermo, na Sicilia, Itália, 200 animais empalhados. A maior parte da coleção era de aves, mas havia também mamíferos e, ainda vivos, 17 Testudo hermanni, uma espécie de tartaruga protegida pela Convenção de Washington (CITES), que trata do comércio internacional – cinco adultos e filhotes nascidos neste ano.


Foto: Italpress

“Devia ter sido um controle administrativo de rotina por parte da polícia sobre a posse de armas, mas, em vez disso, foi encontrado um laboratório de embalsamamento animal. Segundo informações do jornal italiano Corriere Del Mezzogiorno, o fato ocorreu em Palermo, na Sicilia, Itália.” – texto da matéria “Caçador mantinha 200 animais empalhados em laboratório clandestino”, publicada em 5 de dezembro de 2011 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA)

Infelizmente, a matéria não relatou qual o tipo de punição o acusado pode sofrer nesse caso.

- Leia a matéria completa da ANDA
- Leia a maéria do Corriere Del Mezzogiorno (em italiano)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Reflexão para o fim de semana: torcendo para não virar conhecimento de prateleira

Uma excelente pesquisa que determinou as diferenças genéticas entre três populações brasileiras de araras-azuis tem grande potencial de auxílio no mapeamento rotas do tráfico da espécie e, principalmente, na identificação da região de origem de algum animal apreendido para sua reintrodução na natureza.

“Uma pesquisa realizada no Instituto de Biociências (IB) da USP mostra que existem pelo menos três populações geneticamente distintas de araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) em território brasileiro. No Pantanal há dois grupos: norte e sul. O terceiro fica na região que compreende o norte do Brasil (sul do Pará) e o nordeste (região das Gerais: Piauí, Maranhão, Tocantins, Bahia). Os resultados do trabalho fornecem subsídios para o manejo adequado da espécie, além de dificultar a ação de traficantes de animais.


Foto: Projeto Arara Azul

“Se uma ave for apreendida nas mãos de traficantes, será possível, com base no estudo, determinar qual a probabilidade de a ave ter sido retirada de um desses locais e, com isso, fornecer elementos que ajudem a estabelecer a rota de tráfico”, aponta a bióloga Flávia Torres Presti, que realizou uma pesquisa de doutorado sobre o tema.” – texto da matéria “Arara-azul tem pelo menos três grupos distintos no Brasil”, publicada dia 4 de novembro de 2011 pela Agência USP de Notícias

Como muita pesquisa, no Brasil, não consegue ultrapassar os muros da universidades e chegar até o cotidiano, torço para que isso não acontece com o trabalho da bióloga Flávia Torres Presti.


Foto: Projeto Arara Azul

“A bióloga cita o exemplo de uma arara-azul apreendida com um traficante que relatou a polícia que trouxe a ave do Pantanal. “Pelas nossas análises verificamos que a probabilidade de arara-azul ter sido trazido do Pantanal era muito pequena. Os resultados da análise indicavam uma maior probabilidade de ela ter sido trazida de uma das duas outras áreas. Neste caso, a rota de tráfico utilizou os estados do norte e nordeste e depois se espalhou pelo Brasil”, conta Flávia. Segundo a bióloga, esse traficante já havia sido preso em várias regiões do país.” – texto da Agência USP de Notícias

- Leia a matéria completa da Agência USP de Notícias
- Conheça o Projeto Arara Azul
- Saiba mais sobre a arara-azul (com vídeo)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Fauna marinha: quando a pesca ajuda e quando a pesca atrapalha

Quando a pesca ajuda...

“O peixe-boi marinho, o mamífero aquático mais ameaçado de extinção do mundo, encontrou no litoral do Piauí, a 380 quilômetros de Teresina, um lugar de águas claras e tranquilas para procriar e fugir do risco de desaparecer. Sua população, que beirava aos 20 animais no início dos anos 1980, hoje já é estimada entre 35 e 40, aproximadamente o dobro em 30 anos.” – texto da matéria “População de peixe-boi marinho no litoral do Piauí dobra em 30 anos”, publicada em 29 de novembro de 2011 pelo site piauiense cidadeverde.com


Estima-se em 500 indivíduos a população do animal no Brasil
Foto: Divulgação Projeto Peixe-boi Marinho

E esse aumento da população de peixes-bois aconteceu a partir da parceria entre ambientalistas e pescadores. Veja:

“Trabalhando na região desde 1991, a paulistana Patrícia Claro, faz parte de uma equipe de dez pessoas que atua na defesa e preservação do peixe-boi no Piauí. São técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), funcionários da prefeitura e estagiários. Segundo ela, o peixe-boi chegou ao Piauí bem antes dos colonizadores europeus. “O Piauí tem uma área bem preservada e isso é fundamental para a preservação da espécie”.(...)

Patrícia Claro garante também que o sucesso do projeto de preservação se deve muito ao relacionamento tranquilo dos pescadores com o peixe-boi. “O peixe-boi respeita o pescador e o pescador respeita o peixe-boi. Aqui nunca foi local de caça”, concluiu.”
– texto do cidadeverde.com

Toda e qualquer ação de conservação ou preservação ambiental só tem sucesso quando as comunidades locais são envolvidas nos processos de decisão e participam ativamente. Caso contrário, será mais um exemplo de marginalização e de fracasso.

Quando a pesca atrapalha...

“Biólogos e pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina, investigam juntamente com a Polícia Ambiental se pescadores utilizaram métodos ilegais para capturar pescados que podem ter causado a morte de 108 animais marinhos, registradas desde a segunda metade de outubro no litoral do estado.

Do dia 21 até 29 de novembro, a quantidade de tartarugas, golfinhos, botos e baleias mortas subiu de 31 para 108. Segundo informações do Museu Oceanográfico da Univali, a maioria das vítimas são tartarugas-verdes (Chelonia mydas). Até agora já foram encontrados 90 exemplares sem vida em praias catarinenses, principalmente as da região centro-norte do litoral.”
– texto da matéria “Sobe para 108 o número de animais encontrados mortos em praias de SC” publicada em 30 de novembro de 2011 pelo portal G1

Tartaruga-verde encontrada morta em Santa Catarina
Foto: Divulgação Univali

Essa mortandade pode ser resultada da falta de orientação dos pescadores.

“Segundo Rosa Soto (Jules Marcelo Rosa Soto, curador do Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí - Univali), é a primeira vez desde que o monitoramento de animais marinhos na região foi iniciado, há 18 anos, que ocorre essa alta densidade de mortes. “Temos a suspeita de que os pescadores estão utilizando redes de malhas finas próximo à costa. Isso pode fazer com que os animais fiquem presos”, disse o pesquisador.

A pesca de malha fina é proibida no Brasil, segundo a legislação ambiental. “Mas vamos aguardar o nosso relatório que vai averiguar de fato o que tem acontecido”
, afirma.” – texto da matéria do portal G1

Vale destacar que, no caso de Santa Catarina, a morte desses animais não é resultado apenas da falta de orientação, mas da ausência de fiscalização, já que essa modalidade de pesca é ilegal.

- Leia a matéria do site cidadeverde.com
- Leia a matéria do portal G1
- Conheça o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos do ICMBio, que desenvolve o Projeto Peixe-boi Marinho
- Saiba mais sobre o peixe-boi marinho

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

São Paulo: gestão de fauna ruim

Em 25 de novembro de 2011, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo divulgou o relatório Painel da Qualidade Ambiental 2011. Entre os 21 indicadores básicos que compõem o documento, dois foram classificados com ruins. Um deles é o de “fauna silvestre”.

“Em relação à fauna silvestre, o relatório aponta que em uma década, entre 2000 e 2010, houve um aumento de 64% no número de espécies animais ameaçadas de extinção no estado – passou de 267 para 438. No mesmo período, o número de espécies conhecidas aumentou 21,2% - de 2.071 para 2.510. O índice de espécies ameaçadas (que relaciona o total de espécies conhecidas com o número que corre risco) passou de 12,9% para 17,5%.

Segundo a bióloga Claudia Terdimann Schaalmann, diretora do Centro de Fauna Silvestre da secretaria, o grande crescimento no número de animais ameaçados se deve, além da evolução real do indicador, da mudança na metodologia utilizada para o levantamento. Entretanto, a ameaça é real. “A gente pode ter vários motivos para isso. Uma é o crescimento urbano, que a gente não pode segurar, e a secretaria na questão de licenciamentos sempre foi muito rigorosa”, afirmou.”
– texto da matéria “Saneamento ambiental em SP está abaixo do adequado, aponta relatório” publicada dia 25 de novembro de 2011 pelo portal G1

Bruno Covas / Foto: João França
Na mesma matéria, há as seguintes declarações do secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Bruno Covas:

“Nós tivemos inclusive uma estadualização este ano da gestão da fauna silvestre para que aquilo que era de responsabilidade do Ibama passe a ser da secretaria, porque a gente tem muito mais capacidade de ajudar nesse tema”, disse o secretário Covas. ”Estamos preocupados com os centros de triagem, os centros de soltura, e com a melhoria da fiscalização para que a gente possa diminuir a quantidade de animais que são vendidos e traficados no estado de São Paulo.”

Desde maio de 2011, o Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e o Ibama já possuem um cronograma definido para a transferência da gestão da fauna silvestre do órgão federal para o estadual. Veja o cronograma (material do site da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo):

“As atividades assumidas pela SMA estão previstas para os seguintes meses:

1) Zoológicos e Aquários – Julho de 2011
2) Autorizações para manejo de fauna em vida livre – Agosto de 2011
3) Criadouros Conservacionistas/Mantenedores – Fevereiro de 2012
4) CETAS/ CRAS e destinação de fauna silvestre – Março de 2012
5) Criadouros Científicos – Maio de 2012
6) Estabelecimentos comerciais, abatedouros, frigoríficos – Setembro de 2012
7) Criadouros Comerciais – Abril de 2013
8) Criadores Amadoristas de Passeriformes – Maio de 2013

Além destas atribuições previstas no Acordo de Cooperação Técnica Termo, em 12 de julho de 2010 o CFS (Centro de Fauna Silvestre) assumiu a análise e emissão de autorizações de manejo de fauna silvestre para processos de licenciamento ambiental estadual.”


Espera-se que, a partir de agora, o governo paulista faça um trabalho competente, pois o que foi visto até o momento, o Ibama mostrou-se incompetente pelo total desaparelhamento do órgão do Ministério do Meio Ambiente.

Outra coisa: para quem acompanha o drama vividos pelos animais e pelos órgãos de fiscalização (polícias, guardas municipais e o próprio Ibama) nos momentos pós-apreensão, torço para que a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo não repita o fiasco da implantação de centros de recebimento de animais silvestres (CETAS/CRAS) que protagonizou em 2000 – quando lançou um plano para a implantação de 18 centros de manejo de animais silvestres e que culminou na inauguração do já fechado CEMAS (Centro de Estudos e Manejo de Animais Silvestres) no Parque Estadual Alberto Löfgren, na zona note da cidade de São Paulo.
Algumas instalações do antigo CEMAS
Foto: José Jorge Neto/SMA (12.09.2002)

O tal CEMAS, hoje totalmente abandonado, foi inaugurado em 2002 e desativado em meio a um turbilhão de denúncias de envolvimento de funcionários e colaboradores com tráfico de fauna (o desaparecimento de 101 animais e a existência de 72 bichos sem registro).
“Dos 1.490,33 m² de área construída, 354 m² são de área hospitalar, 172 m² de quarentenário, 160 m² de internação médica e 206 m² do setor nutrição, havendo ainda um projeto que prevê, também, áreas de reabilitação e adaptação. A instalação tem capacidade para atender a cerca de 4.600 animais por ano. O centro de treinamento, com 257 m², tem condições de oferecer treinamento para 50 pessoas, por meio de cursos, eventos e palestras.

O custo das edificações que compõem o CEMAS foi de R$ 1.281.486,94. Esse recurso se originou de compensações ambientais de empreendimentos da Ecovias e da Companhioa Paulista de Força e Luz - CPFL, além de uma parceria com a Petrobras.”
- texto da matéria de divulgação da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo

Dinheiro jogado fora!

- Leia a matéria completa "Saneamentoambiental em SP está abaixo do adequado, aponta relatório” do portal G1
- Leia o texto de divulgação do Painel da Qualidade Ambiental de 2011 da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
- Conheça o plano de gestão de fauna silvestre da Secreatria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
- Leia a matéria da Folha de S. Paulo que relembra o caso de tráfico de animais no CEMAS
- Leia o texto de divulgação da Secreatria do Meio Ambiente da época da construção do CEMAS

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Inseminação artificial: ajuda a evitar a extinção, mas não substitui políticas públicas de conservação

“Pesquisadores brasileiros realizaram pela primeira vez no país um processo de inseminação artificial com sêmen congelado em seis fêmeas de jaguatirica (Leopardus pardalis), felino da Mata Atlântica que está na lista nacional dos animais ameaçados de extinção.

A experiência é parte de um estudo que tem o objetivo de melhorar o processo de reprodução de espécies em extinção em laboratório, o que aumentaria as chances de evitar o desaparecimento de exemplares.”
– texto da matéria “Equipe faz inseminação artificial inédita em jaguatiricas no Brasil”, publicada em 24 de novembro de 2011 pelo portal G1


Foto: Caio Coronel/Itaipu Binacional/Divulgação
O desenvolvimento de pesquisas nessa área é fundamental, mas não deve contaminar a população e os gestores públicos com a ideia de que a ciência pode resolver qualquer problema – principalmente na área ambiental. O excesso de cientificismo ilude e faz com que preservação e conservação sejam deixadas em segundo plano sob o pretexto de que os danos podem ser revertidos pela técnica.

A inseminação artificial por meio de sêmen congelado é denominada “criopreservação de gametas”. Os procedimentos realizados no Hospital Veterinário do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), fazem parte de uma pesquisa científica desenvolvida por meio de uma parceria entre a Itaipu, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Faculdade Assis Gurgacz.

“Na prática, a ação pode salvar animais da extinção e também possibilitar o intercâmbio genético de felídeos separados pelas barreiras geográficas.(...)

Os últimos filhotes de jaguatirica nascidos no RBV pelo método natural estão com dois anos de idade. Na natureza, as jaguatiricas podem ter até quatro filhotes. A partir deste tipo de inseminação, não há previsão da quantidade de animais que podem nascer.”
– texto da matéria “Jaguatiricas de Itaipu recebem inseminação artificial inédita", publicada em 23 de novembro de 2011 pelo portal Terra

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria completa do portal Terra
- Assista à matéria sobre as inseminações das jaguatiricas (Paraná TV – TV Globo):

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Começar a semana pensando...

...no quanto vale um tira-gosto.

“Operações desencadeadas pelo Ibama no Sertão da Paraíba flagraram, ao longo do ano, cenas de crueldade na caça a uma ave típica do Nordeste, a popular arribaçã (cujo nome científico é Zenaida auriculata noronha). Indefesas à noite nos ninhos, as aves são abatidas a pauladas e os ovos esmagados. Os ataques estão colocando a espécie em risco.

(...) A arribaçã é tradicionalmente consumida na região como “tira-gosto”, no entanto o abate ou captura de qualquer animal silvestre é crime.” – texto da matéria “Caça predatória ameaça sobrevivências das aribaçãs no sertão da Paraíba”
, publicada em 24 de novembro de 2011 pelo site Paraíba.com.br


Arribaçã é consumida como tira-gosto no sertão da Paraíba
Foto: site Paraíba.com.br

Segundo o Ibama da Paraíba, até novembro já foram apreendidas 114 aves vivas e 28 mortas com caçadores, além da aplicação de 33 autos de infrações e multas que somam R$ 126,4 mil. Mas, como todo crime dessa natureza, os acusados respondem em liberdade e, se condenados, jamais vão para a cadeia – a pena é transformada em pagamento de cestas-básicas ou algum trabalho comunitário.

“Em anos anteriores chegaram a serem apreendidas até 35.000 sangras (petrechos de caça) que foram devidamente incineradas nos locais de apreensão.

“Uma avaliação de custo e benefícios, revela que o prejuízo dos caçadores que utilizam esta modalidade de crime ambiental (captura das aves com armadilha) tem sido razoável, partindo do princípio de que a confecção cada armadilha custa R$ 2,00 (dois reais)”, finaliza Costa. (chefe da operação de fiscalização do Ibama, José Pereira da Costa)

Também tem sido feito um trabalho de sensibilização nas comunidades visitadas e com os produtores rurais.”
– texto do site


Filhote e ovo de arribaçã: indefesos no ninho
Foto: site Paraíba.com.br

Agora vamos pensar juntos: o custo de R$ 2 por armadilha é prejuízo para quem? Não conheço as condições econômicas e sociais da região, mas será que esse valor é representativo para quem mata as aves para consumi-las como tira-gosto?

Nesse caso, o Ibama parece ter acordado para o fato de que fiscalização apenas não resolve esse tipo de situação, já que estão sendo desenvolvidas atividades de educação ambiental – conforme divulgou o jornal. Gostaria de saber quais...

- Leia a matéria completa do site Paraíba.com.br
Releia as matérias do Fauna News que abordam a Paraíba:
- "Paraíba: exemplo da falta de controle do tráfico de animais silvestres", de 3 de maio de 2011
- "Papagaios na Paraíba: duas vezes vítimas do tráfico e ninguém noticiou", de 16 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Reflexão para o fim de semana: legal, as aves foram recuperadas. Mas cadê os bandidos?

Na madrugada de 28 de outubro de 2011, duas araras-canindé foram furtadas do Parque Ecológico de Mongaguá, no litoral de São Paulo. As aves, que há três anos foram apreendidas com traficantes de animais, voltaram a ser vítimas desse tipo de crime. A boa notícia está no fato de que elas foram recuperadas pela Polícia Militar Ambiental, que ainda apreendeu outra da mesma espécie com um morador do município.


Uma das araras recuperadas pela PM Ambiental
Imagem: Reprdoução TV Tribuna

Para variar, a imprensa - no caso a equipe de reportagem da TV Tribuna, retransmissora da TV Globo na Baixada Santista – fez aquele trabalhinho superficial, pautada por considerar o fato algo curioso e inusitado. Além de se preocupar em destacar o retorno das araras, a reportagem salientou a aflição da tratadora das aves, que até fez uma promessa para parar de fumar no caso do retorno dos animais. Até aí, tudo bem... Mas só isso, não.

As araras em geral são muito visadas por traficantes de animais, pois têm alto valor e fácil comercialização. De acordo com o Ibama de Pernambuco, 82% das apreensões de animais ilegais retirados da natureza são de aves e a maioria de passarinhos – mesmo índice de uma pesquisa realizada junto ao Ibama pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) com dados de todo o país.

Senti falta também de informações sobre as investigações desse crime. Há alguma pista dos bandidos? Há informações sobre os compradores/receptadores?

- Leia a matéria publicada pelo portal G1 sobre o caso (baseada na reportagem da TV Tribuna)
- Releia o texto do Fauna News sobre os papagaios que também foram duas vezes vítimas de traficantes de animais: “Papagaios na Paraíba: duas vezes vítimas do tráfico e ninguém noticiou”
- Assista ao vídeo de 28 de outubro de 2011 sobre o furto das araras (TV Tribuna)

- Assista ao vídeo sobre o encontro das araras (TV Tribuna):

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Matança de baleias justificada por uma tradição cultural

Para certas comunidades, a caça de animais silvestres é um meio de sobrevivência; um meio de conseguir alimento. É assim com indígenas, populações tradicionais brasileiras, tribos africanas e por aí vai...

Agora eu quero um argumento forte o suficiente para justificar a matança de baleias-piloto nas Ilhas Faroe, território autônomo associado à Dinamarca com quase 50 mil habitantes, renda per capta de pouco mais de 50 mil dólares americanos e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) classificado como “muito elevado”. A prática, conhecida como Grindadrap e permitida pelas autoridades locais, dizima cerca de mil desses animais anualmente.

Dia 22 de novembro de 2011, dezenas de baleias-piloto foram mortas. Saiba como:

“Quando um grupo grande de baleias é visto, alguns barcos de pesca cercam os animais e os encurralam perto da praia. Então, homens e meninos entram na água com ganchos e facas para matar as baleias.” – texto da matéria “Jovens encurralam e matam baleias durante ritual nas ilhas Faroë”, publicada em 23 de novembro de 2011 pelo portal R7


Matança de 22 de novembro de 2011
Fotos: Andrija Ilic/Reuters

E sabe qual a justificativa?

“O Grindadrap é permitido nas ilhas Faroë pois seus moradores, que são descendentes de vickings, se alimentam há mais de mil anos da carne dessa espécie de baleia.

Segundo os moradores locais, o Grindadrap não é feito para fins comerciais. Eles alegam que a carne das baleias é dividida igualmente entre os membros da comunidade.

A matança, no entanto, é duramente criticada por organizações estrangeiras. De acordo com a ONG The Ecologist, “em nome de um patrimônio cultural”, cerca de mil baleias são assassinadas anualmente na ilha.”
– texto do portal R7

Cultura, como valor humano, é mutável e muda com o passar do tempo, com novos conceitos morais e éticos. Justificar, hoje em dia, matança por “tradição” é inaceitável. Esse povo das Ilhas Faroe não precisa dessa proteína para viver...

- Leia a matéria completa do portal R7
- Conheça o site da campanha anti-Grindadrap de 2010

Assista ao vídeo da campanha anti-Grindadrap de 2010: