quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Belugas em aquário: diversão justifica cativeiro?

“O Georgia Aquarium, em Atlanta, nos EUA, está sob fogo cruzado devido ao plano de importar 18 baleias beluga, capturadas na Rússia, e submetê-las a uma vida em cativeiro e explorá-las como se fossem máquinas de reprodução para que tenham mais e mais filhotes, que serão depois aproveitados em parques marinhos de todo o país.

Dezessete belugas foram capturadas na Rússia
Foto: NOAA

Em um artigo da National Geographic, intitulado “Devemos importar belugas para exibição?”, Virginia Morell discorda da ideia de que os aquários precisem de mais baleias belugas em cativeiro. “As que estão em cativeiro agora vão envelhecer, talvez sozinhas, e vão morrer. Substituí-las causará dano e agonia a outras baleias, que serão arrancadas de suas famílias, que vivem muito bem no ambiente natural”, comentou Virginia.” – texto da matéria “Aquário de Atlanta quer importar novas baleias para confinamento”, publicada em 31 de outubro de 2012 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda)

Não são apenas as belugas vítimas desse tipo de cativeiro. Orcas, golfinhos, focas, leões-marinhos e tantas outras espécies de animais estão confinadas em aquários espalhados por todo o mundo para entreter seres humanos, adultos e crianças.

Retirados da natureza para entretenimento humano
Foto: Sara Pinheiro

E não basta apenas estar preso dentro de um tanque. Esses animais são, além de expostos, treinados e forçados a realizar acrobacias em espetáculos para um público que desconhece a verdade: aqueles belos bichos um dia viviam livres na natureza. Eles migravam, se reproduziam, caçavam, enfim, cumpriam seu papel ecológico e desfrutavam de sua liberdade.

Pense nisso antes de ir e levar seus filhos nesses espetáculos. Ali não é o local onde você vai encontrar informação sadia e a ética da educação ambiental.

Esse é o verdadeiro espetáculo: livres
Foto: fotos.fot.br

- Leia a matéria completa da Anda
- Leia, em inglês, “Devemos importar belugas para exibição?”, da National Geographic

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Tráfico de tigres: mais uma vez na Tailândia

“A polícia tailandesa prendeu um suposto traficante de animais que transportava 16 filhotes de tigre em seu veículo, informou neste sábado a imprensa local.

Um dos filhotes apreendidos na Tailândia
Foto: Daily News

O suspeito, de 52 anos, foi descoberto durante uma blitz policial na província de Khon Kaen, no noroeste da Tailândia, na fronteira com o Laos, segundo o jornal 'Bangcoc Post'.

Os felinos, com idade entre seis semanas e dois meses, estavam escondidos dentro do veículo presos em diferentes jaulas. A polícia disse que o prisioneiro, que responderá pelas acusações de posse ilegal e tráfico de espécies em perigo de extinção, declarou que uma pessoa tinha pagado 15.000 bat (US$ 500) para ele transportar os animais.”
– texto da matéria “Homem que escondia 16 filhotes de tigre é preso na Tailândia”, publicada em 27 de outubro de 2012 pelo site da revista Exame

Em 10 de janeiro de 2012, o Fauna News publicou “Mais uma apreensão de peles e ossos de tigres. O felino tende a desaparecer”. O post relatou outra apreensão na Tailândia, mas, na oportunidade, foram encontrados somente as peles e os ossos dos animais:

Atualmente, a demanda pelas partes de tigres é grande na China, onde os ossos do animal são usados em remédios. No restante da Ásia também há localidades onde populações consideram que bigodes, garras e dentes trazem proteção e sorte. No sudeste do continente, com destaque para o Vietnã e a Tailândia, estão os grandes centros desse tráfico.

No início de 1900, os tigres eram encontrados em toda a Ásia e sua população era de mais de 100 mil animais. As estimativas atuais indicam que menos de 3.200 permanecem em estado selvagem.  A caça ilegal, principalmente para obter sua pele e ossos para uso decorativo ou medicinal, é uma das principais causas do declínio do animal.

De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), a maioria das subespécies dos tigres tem sua população em declínio.

- Assista ao vídeo da BBC Brasil sobre a apreensão:


- Leia a matéria completa do site da revista Exame
- Releia " “Mais uma apreensão de peles e ossos de tigres. O felino tende a desaparecer”, publicado pelo Fauna News em 10 d ejaneiro de 2012

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Começar a semana pensando...

...na biopirataria: uma outra face do tráfico de animais.

“Uma correspondência do Sedex contendo 72 aranhas vivas de diversos tamanhos foi apreendida pela Polícia Militar Ambiental, em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá, neste sábado (27). Segundo informações do boletim de ocorrência, o carregamento saiu de Salvador, a capital da Bahia, e tinha como destino Cuiabá.

Aranhas apreendias nos Correios
Foto: Divulgação Polícia Ambiental MT

De acordo com a Polícia Ambiental, as aranhas foram encontradas após o pacote passar pelo aparelho de raio-x localizado em uma agência dos Correios da cidade de Várzea Grande. De acordo com a polícia, o destinatário da correspondência seria uma pessoa de Cuiabá.

Os animais foram encaminhados para a Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema). Um inquérito policial será instaurado para investigar o caso.”
– texto da matéria “Mais de 70 aranhas enviadas pelos Correios são apreendidas em MT”, publicada em 28 de outubro de 2012 pelo portal G1

Na matéria não consta uma linha sequer sobre qual seria o uso das aranhas. Dependendo da espécie, há gente que gosta de mantê-las em terrários, como animais de estimação. O que não parece o caso...
Existe a possibilidade de os animais, peçonhentos, serem vítimas de quadrilha especializadas, com gente que sabe qual espécie procura por causa da peçonha (veneno), usado por laboratórios para a fabricação de remédios ou outros produtos. A biopirataria, bastante incentivada por laboratórios e institutos de pesquisa estrangeiros, é bastante difícil de ser combatido, afinal os animais são normalmente pequenos, não fazem barulho  e ficam em poder de gente bem mais capacitada que os traficantes de animais para criação como pets.

Aranhas, várias espécies de cobras e sapos são os principais alvos desse comércio criminoso e bastante lucrativo. De acordo com o 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna da ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), de 2001, 1 grama do “veneno” de jararaca, por exemplo, chegava a custar US$ 433.

- Leia a matéria completa do G1
- Conheça a Renctas

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Reflexão para o fim de semana: a chance da liberdade. Boa sorte, gorilas!

“Pela primeira vez, uma família inteira de gorilas irá retornar ao seu habitat natural.

O grupo de onze membros da espécie gorila ocidental das terras baixas, que está em um zoológico no condado de Kent, na Inglaterra, irão para uma reserva natural, no Gabão.

Jala, o macho que lidera a família a ser solta
Imagem: Reprodução BBC

Primatas já foram soltos na selva individualmente, depois de viver em cativeiro, mas nunca um grupo tão grande. A fundação Aspinal vai fornecer medicamentos e comida extra para ajudar na adaptação deles.

Na selva, este grupo será nômade e se movimentará pela floresta em busca de comida, provavelmente a cada dois dias. A família deve ser liberada em janeiro de 2013.” – texto da matéria “Família de gorilas se prepara para libertação inédita na selva”, publicada em 25 de outubro de 2012 pelo portal G1

A espécie gorila-ocidental-das-terras-baixas está ameaçado de extinção (“criticamente em perigo”, de acordo com a IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza). Entre as causas da redução populacional da espécie estão a caça e o vírus ébola.

- Assista ao vídeo da BBC sobre a soltura:


- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Tráfico de partes de animais: a cruel cobiça pela pele dos leopardos

“Um relatório do World Wide Fund for Nature (Fundo Mundial para a Natureza) publicado no mês passado revelou que pelo menos quatro leopardos são mortos a cada semana na Índia, para extração de suas peles ou ossos. As informações são da Global Animal.

Peles de leopardos apreendidas na Índia
Foto: Traffic India

(...) Autoridades informam que restaram aproximadamente 10 mil leopardos na Índia, embora este número seja apenas uma estimativa. Leopardos são procurados para comércio ilegal em países como a China, que utilizam seus ossos com propósitos supostamente medicinais. Outros países da Ásia geram demanda pelas peles dos leopardos.

Um artigo recente, chamado “Illuminating the Blind Spot: A Study on Illegal Trade in Leopard Parts in India” (Iluminando o ponto cego: Um estudo sobre o comércio ilegal de partes de leopardo na Índia”), calculou que cerca de 3 mil leopardos foram traficados na Índia durante a última década. Adicionalmente, nesses dez anos, o estudo revela que houve 420 apreensões de peles de leopardo, ossos e outras partes do animal em 209 localidades do país.”
– texto da matéria “Leopardos estão sendo mortos na Índia”, publicada em 24 de outubro de 2012 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda)

Quando se aborda o tráfico de animais o assunto não fica restrito ao comércio ilegal de bichos vivos. As partes deles também são alvo de cobiça e movimentam altas quantias. É assim com o marfim dos elefantes, os chifres dos rinocerontes, as peles e partes de tigres e com outras tantas espécies. A bola da vez que está recebendo atenção é os leopardos.

Esses felinos já sofriam com a perda de hábitat, causada pela ocupação humana do território. A situação está se agravando pela caça com objetivo de usar pelas para adornos em residências, tapetes e até vestuário.

- Leia a matéria completa da Anda
- Leia o relatório Illuminating the Blind Spot: A Study on Illegal Trade in Leopard Parts in India (em inglês)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Orangotangos: traficados da Indonésia para serem humilhados na Tailândia

“O Safari World, um parque de vida selvagem da Tailândia (Bangkok), claramente não tem nenhuma preocupação ou respeito para com os orangotangos. Enquanto a espécie luta contra a extinção, o parque força orangotangos contrabandeados  da Indonésia a lutarem entre si em um ringue de boxe, para entretenimento humano. As informações são da Global Animal.

Orangotangos lutando na Tailândia
Foto: Barcroft India

Após a descoberta de que esses animais silvestres foram adquiridos ilegalmente, o governo tailandês proibiu a prática em 2004 e 48 orangotangos foram resgatados das instalações do parque. Os macacos necessitaram de reabilitação, pois tinham o hábito de cobrir o rosto a todo momento com medo de serem nocauteados por outros macacos ou por pessoas, como acontecia no ringue.

Aqueles orangotangos encontram-se agora saudáveis mas, infelizmente, os shows degradantes tornaram-se novamente um passatempo no Safari World.”
– texto da matéria “Orangotangos são forçados a lutar boxe em Safari de Bangkok”, publicada em 23 de outubro de 2012 pela Agência de Notícias de Direitos Animais

A caça, o tráfico e, principalmente, a perda de hábitat motivada pelas plantações de palma para a extração do óleo de dendê têm dizimado populações de orangotangos. Esses animais estão divididos em duas espécies (as informações sobre as espécies são da IUCN):

- orangotando-de-Bornéu (Pongo pygmaeus, com três subespécies) – classificação IUCN: em perigo

Com uma população estimada entre 45 mil e 69 mil animais, essa espécie de orangotango vive na ilha de Bornéu (nos estados Sabah e Sarawak, da Malásia, e em três das quatro províncias indonésias de Kalimantan). O número desses primatas tem caído drasticamente pela substituição das florestas nativas por plantações de palmeiras para produção de óleo (usado para cozinhar, cosméticos, mecânica, e mais recentemente como fonte de biodiesel), por incêndios nas matas, extração de madeira, caça e captura para o tráfico de fauna.

- orangotango-de-Sumatra (Pongo abelii) – classificação IUCN: em perigo crítico

Sua população, geralmente restrita ao norte da ilha de Sumatra, teve uma queda estimada de mais de 80% nos últimos 75 anos, chegando aos atuais 7.300 animais. Este declínio continua, principalmente pelo fato de as florestas onde vivem estarem sob grande ameaça. A maioria dos orangotangos está fora de reservas protegidas, inclusive dentro de áreas potenciais de exploração madeireira e de conversão da cobertura vegetal nativa por plantações de palmeiras para extração de óleo.

Assista ao vídeo de uma luta de orangotangos:


- Leia a matéria completa da ANDA

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Números que impressionam dentro de uma unidade de conservação

“A Operação Azimbre lI, realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu pescado e madeira ilegais durante fiscalização no Parque Nacional Anavilhanas e município de Novo Airão (115 Km de Manaus). A ação ocorreu entre os dias 1º e 15 de outubro.

Seis mil ovos de quelônios apreendidos
Foto: Divulgação Ibama

Segundo o Ibama, a ação fiscalizou embarcações regionais e recreios. Foram apreendidos mais de 30 tracajás, 360 kg de Pirarucu, 540 kg de pescados diversos, seis mil ovos de quelônios e mais de seis mil metros cúbicos de madeira da espécie Seringa. (...)” – texto da matéria “Operação Azimbre ll apreende 900 kg de pescado e 6 mil quelônios, no AM”, publicada em 22 de outubro de 2012 pelo portal G1

A quantidade de peixes, de ovos e madeira apreendidos chama a atenção. Os números escancaram a necessidade de fiscalização mais efetiva, afinal, eles mostram que os infratores estavam agindo com certa liberdade e a certeza de que não seriam incomodados.

Esse tipo de operação passa a ter resultado ser for realizada com rotina. Pois é exatamente a falta de rotina que predomina nas ações de fiscalização de unidade de conservação.

É importante destacar que alguém iria comprar esses ovos, essa madeira, os peixes e os tracajás. E não é consumo para subsistência. Será que a fiscalização vai chegar até eles?

Enquanto isso, quem perde é a biodiversidade.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Conheça o Parque Nacional de Anavilhanas

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre o sujeito que mantinha 132 jabutis em Alagoas.

“A operação foi encabeçada pelo Batalhão da Polícia Ambiental (BPA) e contou com o apoio da Divisão de Proteção Ambiental (DIPRAM) do Ibama/AL.

Jabutis apreendidos
Foto: Divulgação PMA/AL

“A denúncia foi recebida através do 181 da Polícia. O BPA foi até o local averiguar o fato e ao chegar lar se deparou com uma grande quantidade de animais e por isso acionou o nosso apoio”, explicou o chefe do DIPRAM do Ibama/AL, Rivaldo Couto.

Macaco em cativeiro no sertão de Alagoas
Foto: Divulgação da PMA/AL

A apreensão aconteceu em uma chácara no Povoado Pedrão, em Delmiro Gouveia. Segundo Couto, foram encontrado 132 jabutis, uma jaguatirica, uma gralha-cancão, três macacos prego, um ciriema (uma siriema, correção Fauna News), uma jibóia e dois tatus-peba.”
– texto da matéria “Dono de chácara em Delmiro Gouveia é multado em R$ 682 mil por criação ilegal de animais silvestres”, publicado em 24 de setembro de 2012 pelo site alagoano Primeira Edição

Até uma jaguatirica foi encontrada no sítio
Foto: Thiago Cavalcante/Ibama-AL

A notícia é do mês passado, mas me chamou a atenção pela quantidade de animais, principalmente jabutis. Manter em cativeiro 132 jabutis... qual o motivo? Todas as matérias publicadas sobre o caso indicam que o dono da chácara apenas os criava como forma de prazer. Mas essa quantidade de répteis não é normal, tem cara de captura para venda.

Tem algo estranho nessa história.

- Leia a matéria completa do Primeira Edição

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Reflexão para o fim de semana: araras livres no Pantanal. E tem gente que prefere em gaiola

Durante toda a semana, o Fauna News publicou posts sobre apreensões de animais, centro de triagem lotado e sem estrutura, traficantes reincidentes sendo soltos, primatas em risco de extinção no mundo... Ufa! Muita notícia ruim.

Arara-vermelha-grande: bonito é na natureza
Foto: Tony Brierton

Para aliviar um pouco, ao menos no fim de semana, que tal um vídeo de um casal de araras-vermelhas-grande (Ara chloropterus) livre no Pantanal. Não tem musiquinha (afinal, o som da natureza é bem mais legal) ou qualquer edição.

Vale a pena, são só 2min47seg.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Tráfico de animais: o Sul marca presença e a impunidade continua Brasil afora

“Operação da Polícia Federal (PF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) prendeu, nesta terça-feira, oito pessoas suspeitas de tráfico internacional de animais silvestres. Ao menos duas quadrilhas, lideradas no Estado, teriam ramificações no Uruguai, na Argentina e em São Paulo.

Tigres d'água apreendidos pela PF
Foto: Divulgação Polícia Federal

O Ibama acredita que, ao longo dos seis meses de investigação, as duas células criminosas tenham contrabandeado cerca de 2 mil animais, entre exóticos e nativos. Nesta terça-feira, 10 mandados de busca e apreensão recuperaram aproximadamente 600 exemplares em poder de ambos os grupos durante a Operação Pampa Verde. Outras três ações prévias teriam apreendido mais 600 espécies, na maioria aves, somando um total de 1,2 mil animais recuperados.”
– texto da matéria “Quadrilha presa nesta terça-feira traficou 2 mil animais silvestres em seis meses”, publicada em 17 de outubro de 2012 pelo jornal gaúcho Zero Hora

Normalmente, a imprensa e os órgãos ambientais dão destaque para o tráfico de fauna no Nordeste, Norte, Centro-oeste e Sudeste do país. Pouco se divulga o que acontece nos estados do Sul, que possui quadrilhas extremamente bem organizadas e com atuação internacional (isso pela proximidade com as fronteiras).

“Régis Fontana Pinto, chefe de fiscalização do Ibama no RS, lamenta o fato de os suspeitos presos serem os mesmos que atuam no Estado há mais de 20 anos. Segundo ele, a legislação de crime ambiental mais branda e a falta de estrutura para monitorar os casos de tráfico de animais têm dificultado a repressão no Brasil.” – texto do Zero Hora

A legislação fraca, como o próprio agente do Ibama salientou, está entre as principais causas que motivam o tráfico. Em todo país é assim. Veja:

“Doze dias depois de ser detido com filhotes de papagaios, um traficante de aves voltou a ser flagrado ontem pela PMA (Polícia Militar Ambiental). No dia 3, ele estava com 38 aves. No último flagrante, foram apreendidos 46 filhotes.

Papagaios apreendidos com reincidente
Foto: Divulgação PMA/MS

As aves eram levadas em um Gol, fiscalizado em Novo Horizonte do Sul após a polícia receber denúncia. Foram detidos dois homens. Como a pena vai de seis meses a um ano de prisão, traficante de aves não fica preso. Ele assina um termo circunstanciado de ocorrência e responde em liberdade. Apesar de um novo flagrante, o traficante não foi considerado reincidente, pois ainda não teve condenação judicial.” – texto da matéria “Em 2º flagrante no mês, traficante é detido com 46 filhotes de papagaio”, publicada em 16 de outubro de 2012 pelo site Campo Grande News

O tráfico de animais silvestres está presente em todos os recantos do país. Seja com maior ou menor intensidade, a atividade criminosa existe, fazendo com que cerca de 38 milhões de bichos sejam retirados da natureza por ano no Brasil (estimativa da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres – Renctas).

Com a atual legislação impedindo que os traficantes de animais sejam presos e efetivamente condenados por seus crimes, resta ao poder público, além de alterar as leis, investir pesado em educação ambiental. A cadeia do tráfico de animais seria fortemente combatida se houvesse uma considerável redução da demanda, isto é, de compradores.

- Leia a matéria completa do Zero Hora
- Leia a matéria completa do Campo Grande News

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Problema sem solução: centros de triagem lotados e sem estrutura. Animais continuarão sofrendo

O que está acontecendo com o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) mantido pelo governo do Rio Grande do Sul no zoológico de Sapucaia do Sul não é novidade e, infelizmente, vai continuar a acontecer.

“O Centro de Triagens (Cetas) que funciona nas dependências do Parque Zoológico está superlotado. O espaço, que recebe animais silvestres encaminhados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Brigada Ambiental, por apreensão ou situação de risco, deveria abrigá-los, no período máximo de 15 dias após tratamento. Porém não é o que ocorre.” – texto da matéria “Centro de Triagem do zoo está superlotado de pássaros”, publicada em 16 de outubro de 2012 pelo jornal Diário de Canoas

Veterinária do Cetas com papagaios-verdadeiros
Foto: Tiago da Rosa/GES

A matéria mostra uma evidente falta de sintonia entre o Ibama e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema). O órgão federal alega ter oferecido receber animais para projetos de soltura, enquanto o órgão estadual afirma não ter aceitado porque os bichos estão incapacitados para voltar à natureza. Há uma clara divergência técnica (e não política), que é inadmissível. Afinal, há parâmetros científicos que podem balizar esse trabalho.

Para não afirmar que algum dos lados é incompetente em analisar a possibilidade de soltura, parece que alguém está com má vontade. Enquanto isso, quem sofre são os animais.

“Trinta papagaios da espécie verdadeiros, por exemplo, vão completar um ano em um viveiro de passagem impróprio para moradia. (...)

Também no Cetas Sapucaia se encontra um bugio fêmea. Conforme a veterinária Maria do Carmo Both, Nica, como é carinhosamente chamada, veio de Estância Velha com poucos dias de vida porque sua mãe havia sido atropelada e está há quatro meses em uma gaiola com menos de um metro quadrado de área.” – texto do jornal Diário de Canoas

Em 8 de dezembro de 2011, a presidente Dilma Rousseff assinou a Lei Complementar nº 140, que determinou exatamente quais são as funções da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal na gestão e fiscalização ambiental. Dentre as funções específicas dos Estados (artigo 8º) estão:

“XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção no respectivo território, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ;

XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7o;

XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre”.


Isso fez com que o Ibama deixasse de ser o órgão responsável por tais atividades, que devem ser exercidas pelos Estados. Mas isso não vai ser fácil, já que muitas unidades da federação não possuem infraestrutura para assumir a responsabilidade. E afirmo que não terão...

Afirmo isso porque não vejo os Estados anunciarem investimentos ou a formulação de políticas públicas competentes para assumirem a gestão da fauna silvestre.

Os bichos vão sair da ineficiência do Ibama para a falta de interesse dos Estados.

- Leia a matéria completa do Diário de Canoas

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Grande apreensão de pássaros na Bahia mereceu registro medíocre da mídia

A imprensa já conhece o problema do tráfico de animais silvestres, tanto que publica as apreensões feitas pela polícia e pelo Ibama. Mas o tratamento que dá ao problema ainda é medíocre...

“A Polícia Rodoviária Federal apreendeu ontem 730 pássaros silvestres que eram transportados dentro de um EcoSport, na rodovia BR-101. Essa é a maior apreensão desse tipo de animal realizada nas rodovias da Bahia desde o início do ano.

Alguns pássaros estavam mortos
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Segundo a polícia, os pássaros das espécies Canário da Terra e Papa-capim estavam em pequenas gaiolas quando o veículo foi abordado no km 720, no fim da tarde de ontem. Devido às condições precárias, algumas aves estavam mortas, de acordo com a polícia.” – texto da matéria “Polícia faz maior apreensão de pássaros silvestres do ano na BA”, publicada em 11 de outubro de 2012 pela Folha de S. Paulo

Apesar de o título chamar a atenção para a dimensão do fato, a matéria em nada contextualiza a apreensão e não apresenta nada além dos registros feitos no local. De onde vinham as aves? Para onde elas estavam sendo levadas? Essas espécies são bastante traficadas na região?

Essas e muitas outras perguntas ficam sem respostas. Assim como o destino dessas aves...

Trabalhando assim, caros colegas jornalistas, a população vai continuar achando que o problema dos animais está resolvido com a apreensão – quando, na verdade, a possibilidade de retorno à vida livre é bastante burocrática e complicada (se ocorrer).

Trabalhando assim, caros jornalistas, vocês continuarão reforçando a prática dos veículos de comunicação de publicarem apenas as "notícias-espetáculo".

E essa abordagem fraca não foi privilégio da Folha de S. Paulo. Nenhum jornal ou site informativo publicou algo melhor.

- Leia a matéria completa da Folha de S. Paulo

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Começar a semana pensando...

...no futuro dos primatas. E o tráfico de animais está envolvido!

“A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) divulgou nesta segunda-feira (15), durante evento da COP11 da Biodiversidade, o relatório Primatas em Perigo – Os 25 primatas mais ameaçados do mundo, referente ao período de 2012 a 2014.

Imagem: Composição com ilustrações do relatório (Planeta Sustentável)

A lista revela as espécies que, nos próximos dois anos, devem estar no topo da lista dos animais que precisam de esforços globais de conservação para que não deixem de existir. Entre os primatas estão dois brasileiros: o macaco-caiarara (Cebus kaapori), encontrado sobretudo na Amazônia, e o bugio-marrom (Alouatta guariba guariba), que vive na Mata Atlântica de Minas Gerais.

O continente africano é o que abriga o maior número de espécies de primatas que estão em grave risco de extinção: são 11, sendo que seis delas são endêmicas da Ilha de Madagascar. Em segundo lugar aparece o continente asiático, com nove espécies listadas no relatório da IUCN, seguido pela América do Sul, que tem cinco.

Ainda segundo o estudo, atualmente, mais da metade dos 633 tipos de primatas conhecidos em todo o mundo correm perigo de desaparecer para sempre por conta de ações humanas como queima e desmatamento de florestas tropicais, caça para alimentação e comércio ilegal de animais silvestres.”
– texto da matéria “IUCN divulga lista dos 25 primatas mais ameaçados de extinção”, publicada em 15 de outubro de 2012 pelo Planeta Sustentável

- Leia a matéria do Planeta Sustentável
- Conheça o relatório “Primatas em Perigo – Os 25 primatas mais ameaçados do mundo” (em inglês)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Reflexão para o fim de semana: reutilizando materiais do tráfico de animais

Conheça a história de Antônio Pestana, que hoje transforma gaiolas em brinquedos e objetos para educação. Ele é o vencedor do concurso cultural Aniversário SKY HDTV e teve sua história filmada. O vídeo, de 7 minutos, aborda com muita sensibilidade o tráfico de animais e a iniciativa de transformar um símbolo de sofrimento(que muitos fiscais e muita gente envolvida no combate ao tráfico de fauna destroem com extremo e justificado prazer) em ferramenta para a liberdade.

Foto: Renata Diem

Quem puder, siga o exemplo!


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quando traficantes de drogas e de animais se confundem

“Cinco pessoas suspeitas de tráfico de drogas foram presas na noite de quarta-feira (3) em Hidrolândia, Região Metropolitana de Goiânia. Com elas, a polícia apreendeu mais de oito quilos de pasta base de cocaína, carros, armas, R$ 6 mil em cédulas falsificadas e cigarro contrabandeado. Mas o que mais chamou a atenção foi um filhote de jaguatirica que estava sob o poder do grupo.

Filhote encontrado com acusados de tráfico de drogas
Foto: Divulgação Polícia Militar de Goiás

Segundo a Polícia Militar, o filhote tem aproximadamente três meses de vida e era tratado como animal de estimação. Ele foi levado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).” – texto da matéria “Polícia Civil encontra jaguatirica com suspeitos de tráfico de drogas, em GO”, publicada em 4 de outubro de 2012 pelo portal G1

A quadrilha, investigada há meses, produzia em três chácaras cocaína para distribuição em Goiânia e Aparecida de Goiânia.

Uma correção: o Fauna News recebeu e-mails, inclusive do biólogo Leonardo Sartorello, informando que o animal apreendido não é um filhote de jaguatirica, mas de onça-parda.

Em 2001, a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestre (Renctas) publicou o 1º Relatório Nacional de Tráfico sobre Tráfico de Fauna Silvestre. O trabalho já alertava para a existência de cerca de 350 a 400 quadrilhas de tráfico de animais, sendo que 40% delas estariam envolvidas com outras atividades ilegais – comércio ilegal de pedras preciosas, drogas e armas, por exemplo.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Conheça a Renctas
- Releia "Drogas e animais silvestres: pontos em comum para algumas quadrilhas", publicado pelo Fauna News em 23 de novembro de 2011

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Tráfico de animais no Brasil: primatas também são vítimas

Quando se fala em tráfico de fauna no Brasil, imediatamente se pensa em aves. Afinal, elas representam mais de 80% dos animais vítimas dessa atividade criminosa. Outro grupo bastante explorado é o dos pequenos primatas, que incluem macacos-prego, micos e saguis.

“Neste sábado, dia 06 de outubro de 2012, por volta das 14h, policiais militares ambientais localizaram um macaco-prego que estava em cativeiro na cidade de Sertanópolis, no norte do Paraná.

Macaco-prego apreendido no Paraná
Foto: Divulgação Polícia MilitarAmbiental

Uma denúncia anônima levou os policiais militares ambientais à casa localizada na rua Amazonas, área urbana da cidade, onde o animal silvestre estava sendo criado em um viveiro no quintal.

Viveiro onde estava o macaco
Foto: Divulgação Polícia Militar Ambiental

Foi localizada uma adolescente de 17 anos de idade que relatou que o animal era mantido por seu Amasio, de 22 anos de idade, que não estava na residência. A jovem desconhecia a origem do animal.” – texto da matéria “Polícia ambiental resgata macaco-prego que era mantido em cativeiro”, publicada em 8 de outubro de 2012 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda)

“Apesar da redução do comércio legal de primatas, o ilegal continua e estes ainda são retirados em número significativo em relação ao tamanho de suas populações naturais. Mesmo um pequeno comércio vai afetar populações raras, vulneráveis ou ameaçadas, que sofrem também com a perda e a alteração do habitat.” – texto do 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico da Vida Silvestre publicado pela ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas)

Esse tipo de cena ainda é bastante comum
Foto: Divulgação SOS Fauna

- Leia a matéria completa da Anda
- Conheça a Renctas

terça-feira, 9 de outubro de 2012

São Paulo e a fauna silvestre

“O comandante do Polícia Militar Ambiental, Milton Sussumo Nomura, destacou a importância da gestão da fauna. “Apreendemos mais de 30 mil animais silvestres por ano, mas não tínhamos um programa de destinação adequado. Começamos hoje a desatar um nó e a resolver um dos principais problemas ambientais de São Paulo”, disse. A expectativa do PAmb é que com o programa o número de animais apreendidos aumente para entre 40 mil e 50 mil anualmente.” – texto da matéria de divulgação “Encontro discute soluções para destinação da fauna silvestre”, publicada pelo site da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo em 5 de outubro de 2012 sobre o “I Encontro Estadual de Destinação de Fauna Silvestre”

A situação hoje e a seguinte: dos 30 mil animais apreendidos em São Paulo anualmente, a maior parte não retorna à vida livre. A matéria escrita pela Secretaria do Meio Ambiente paulista parece não levar em consideração que boa parte dos animais recolhidos não são dos biomas existentes em São Paulo (Mata Atlântica e Cerrado) ou não são nativos dos ecossistemas do território paulista.

Tucano na Divisão de Fauna da Prefeitura de São Paulo, no Ibirapurea
Foto: Clayton de Souza/AE

Assim, os animais que tiverem condições de voltar à vida livre teriam de ser levados para suas regiões de origem e, depois de readaptados, soltos.

“Frequentemente animais silvestres provenientes do tráfico ou vítimas de atropelamentos, queimadas e choques elétricos são apreendidos ou resgatados pela Polícia Militar Ambiental (PAmb). Após a recuperação e reabilitação, eles devem ser reintegrados a natureza, garantindo o equilíbrio do meio ambiente e uma vida digna aos animais.

No entanto, provenientes de cativeiro, a reintrodução desses animais em seu habitat natural sem readaptação é proibida e perigosa. Desacostumados a caçar e a se defender de predadores naturais, eles precisam de cuidados especiais e um bom trabalho de readaptação que os permita aflorar seus instintos. Sem esse tratamento, eles podem morrer de fome ou prejudicar a fauna silvestre já presente no local.

É a esses animais que os estabelecimentos de triagem, recepção e áreas de soltura e monitoramento se destinam. Nos CETAS e CRAS os animais recebem tratamento veterinário e biológico adequados até que estejam em condições de voltar à vida silvestre. Readaptados, os animais são soltos nas ASM, áreas próprias, onde são monitorados e a soltura é controlada.”
– texto da Secretaria do Meio Ambiente

Faço as seguintes perguntas: as áreas de soltura das espécies não nativas (exóticas) não vão estar no estado de São Paulo, certo? Então, como será acertado o fluxo de saída e soltura desses animais para que os Cetas e os Cras, bem como os criadouros credenciados, não virem depósitos de bichos? Sem essa resposta, não há política pública pós-apreensão com sucesso.

A recepção, os cuidados e os trabalhos de preparação para solturas são caros e demorados. É por isso que a União, os estados e os municípios não investem no retorno à natureza e o pouco que gastam nessa área é voltado para manter um sistema de criadouros (cativeiro).

Não vi na matéria da Secretaria do Meio Ambiente nenhuma solução para a devolução dos animais aos seus biomas de origem.

Agora, imagine o que irá acontecer se a expectativa da quantidade de apreensões do comandante do Polícia Militar Ambiental, Milton Sussumo Nomura, acontecer?

Ainda em tempo:

“Caso não haja viabilidade de recondução ao hábitat ou a cativeiros cadastrados, Bressan (diretor-presidente da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, Paulo Bressan) defende a eutanásia. "É uma questão polêmica. Como veterinário, não é uma decisão que gosto de tomar, mas não há motivo para prolongar a vida de animais estocados."” – texto da matéria “SP quer centro para readaptar silvestres”, publicada em 7 de outubro de 2012 pelo jornal O Estado de S. Paulo

Pelo que entendi, se o Estado não tiver condições de cuidar dos animais (seja ajudando no retorno à vida livre ou mantendo em cativeiros adequados) a solução será matar.

Já que não se pode curar, que se mate o paciente.

- Leia a matéria completa da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
- Leia a matéria completa de O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Começar a semana pensando...

...que não é só no Brasil que o chamado “progresso” desrespeita a vida não-humana.

“Ambientalistas contrários à construção de uma rodovia na Grã-Bretanha protestaram diante da Suprema Corte do país, em Londres, na Inglaterra, nesta sexta-feira (5), usando máscaras de lobos, pássaros e outros animais.

Manifestantes ingleses
Foto: Leon Neal/AFP

A manifestação ocorre após a Justiça do país ter rejeitado um pedido de revisão do plano do governo britânico para a construção da estrada, que vai ligar duas cidades na região sudeste da Inglaterra, noticiou a imprensa britânica nesta sexta (5). Segundo os ativistas, a rodovia vai atingir áreas onde vivem espécies protegidas de animais, além de trechos de floresta, em uma região conhecida como Combe Haven.” – texto da matéria “Ambientalistas com máscaras de animais protestam na Grã-Bretanha”, publicada dia 5 de outubro de 2012 pelo portal G1

O fenômeno do desrespeito à vida silvestre não é uma característica brasileira, com seus reservatórios gigantescos para hidrelétricas, rodovias e estradas fragmentando hábitats (e sem infraestrutura para evitar atropelamentos de animais e permitir a passagem segura dos bichos de um lado para outro da via), urbanização sem planejamento etc. Esse tipo de ação ocorre por todo o mundo; um mundo ainda regido por uma visão antropocêntrico que não sabe respeitar diferenças e outras formas de vida.

- Leia a matéria completa do portal G1

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Reflexão para o fim de semana: ecodutos para São Paulo. Exemplo para os demais estados

“Foi protocolado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo projeto de lei 556/2012, de autoria do deputado Pedro Bigardi, que torna obrigatório a implantação de passagem em estradas, rodovias e ferrovias para garantir a travessia segura de animais silvestres através de túneis ou passarelas.

Recentemente, o parlamentar denunciou na tribuna da Assembleia o perigo que os animais correm nas estradas do Estado. “É assustador o número de animais que são feridos nas rodovias do Estado”, alerta.”
– texto da matéria “Projeto garante ecodutos em rodovias e ferrovias estaduais de São Paulo”, publicada em 7 de setembro de 2012 pelo site da Anda (Agência de Notícias de Direitos Animais)

Exemplos de ecodutos
Fotos: ANDA

A proposta partiu dos deputados estaduais Pedro Bigardi e Leci Brandão, ambos do PC do B. A morte da onça-parda Anhanguera, em 18 de abril de 2012, na rodovia dos Bandeirantes, no interior paulista, motivou a confecção do projeto de lei. O felino já havia sido atropelado em outra oportunidade, sendo tratado e devolvido à vida livre (relembre o caso no post “A onça Anhanguera teve sua segunda chance. Mas não resistiu à pressão humana”, publicado em 15 de maio de 2012 pelo Fauna News).

Onça Anhanguera, em seu primeiro atropelamento
Foto: Valter Tozetto Jr./Jornal de Jundiaí

O projeto de lei determina:

“Artigo 1° – Fica estabelecida a obrigatoriedade da implantação de ecodutos que possibilitem a preservação e proteção da fauna, por meio da sua transposição segura sob ou sobre as estradas, rodovias e ferrovias, em todo o território do Estado de São Paulo.

Artigo 2° – Para os fins previstos nesta lei, entende-se por ecoduto a obra de arte construída por sob ou sobre as estradas, rodovias e ferrovias, destinada ao uso exclusivo, livre e seguro da fauna, quando de sua circulação em seu meio ambiente natural.

Artigo 3º - Os Estudos de Viabilidade Técnica e Ambiental e os Estudos de Impacto Ambiental, relativos às obras de novas construções ou de ampliação de estradas, rodovias e ferrovias deverão prever, sempre que as condições exigirem, a implantação de ecodutos. (...)

Artigo 5º - Para as estradas, rodovias e ferrovias já existentes, a implantação dos ecodutos se dará no prazo a ser definido mediante decreto governamental, que não poderá ser superior a 5 (cinco) anos.”


Quando uma rodovia corta uma área com vegetação e fauna nativas bem preservadas alguns problemas logo aparecem. A fragmentação do território, com a passagem de uma pista de asfalto, pode interromper fluxos migratórios e, consequentemente, a troca genética entre populações de mesma espécie. Também relacionado ao deslocamento da fauna, o tráfego de veículos em estradas é responsável pela morte por atropelamento de muitos animais.

A perda da vida por animais atingidos por carros e caminhões não é novidade e há décadas esse tipo de ocorrência é registrado pelos gerenciadores das rodovias e o poder público. Pesquisadores da área de fauna e ambientalistas também estão há tempos alertando sobre o problema.

Não é preciso pesquisar muito para ter certeza que as rodovias nacionais não têm sinalização suficiente para alertar motoristas sobre a presença de animais silvestres (basta dirigir pelas estradas brasileiras para constatar isso) e também não possuem estruturas para a travessia de animais, como os ecodutos propostos pelos deputados. São raras as vias com tal planejamento.

Apesar dos problemas com a sinalização e a infraestrutura para evitar os atropelamentos de animais selvagens, não se deve atenuar a responsabilidade dos motoristas. É fato que os brasileiros não respeitam os limites de velocidade e as leis de trânsito, tanto que o Brasil é um dos países com maior número de acidentes - seja nas vias urbanas ou nas estradas - do mundo.

Que o projeto de lei, datado de 30 de agosto de 2012 e que está sendo analisado por três comissões, seja votado com rapidez, aprovado e sancionado pelo governador.

Que os deputados de outros estados sigam o exemplo dos paulistas.

Por que não uma lei federal para todas as rodovias, estradas e ferrovias brasileiras?

- Leia a matéria completa da ANDA
- Leia o projeto de lei 556/2012 na íntegra
- Releia “A onça Anhanguera teve sua segunda chance. Mas não resistiu à pressão humana”, publicado em 15 de maio de 2012 pelo Fauna News

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Parece não ter fim: mais papagaios apreendidos. Agora foram 336

Em 2 de outubro de 2012, o Fauna News publicou “O que todo mundo já esperava está acontecendo: o tráfico de papagaios”, sobre duas apreensões de papagaios-verdadeiros no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Casos como esses já eram esperados, conforme publicamos no post “Aberta a temporada de tráfico de papagaios-verdadeiros”, de 19 de setembro de 2012. E muitos mais serão registrados, em grandes quantidades. Veja:

“Mais de 300 filhotes de papagaio, um deles de espécie em extinção, foram descobertos e apreendidos pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) durante fiscalização de rotina realizada no final da manhã de ontem (2) pela BR-153 (Rodovia Transbrasiliana), no trecho de Ourinhos (90 km de Marília). Dois homens foram presos em flagrante na ação.

Sem educação ambiental esse problema não será resolvido
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

(...)Questionados, os dois acusados informaram que seguiam de Ivenhema (MS) para a capital paulista. Afirmaram que revenderiam as aves por R$ 50 cada, mas o valor poderia chegar até R$ 300. Segundo a nota à imprensa enviada pela PRF, entre os meses de setembro e novembro, as apreensões dos filhotes de papagaios são mais comuns devido ao período de sua procriação.” – texto da matéria “Polícia Rodoviária Federal descobre 336 papagaios”, publicada em 3 de outubro de 2012 pelo jornal Diario de Marilia

Dentre as aves apreendidas (a maioria era de papagaios-verdadeiros), havia um papagaio-galego, espécie que se encontra na lista de animais em extinção desde 2010.

Por ser uma atividade ilegal, é impossível saber exatamente quantos papagaios-verdadeiros são coletados dos ninhos anualmente durante setembro e outubro. O que se sabe é que apenas uma pequena parte é apreendida nas operações de fiscalização.

‘“Esse número pode chegar facilmente aos milhares”, afirma o presidente da ONG paulista SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha, que combate o tráfico de fauna desde 1989. Ele relata que, durante uma conversa informal, homens da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul disseram acreditar que apenas cerca de 5% dos papagaios-verdadeiros retirados da natureza são apreendidos.’ – texto da matéria “Aberta a temporada do tráfico”, publicada na edição 101, de setembro de 2012, da revista Terra da Gente

Destaco e reforço: apenas uma minoria é apreendida! Dá para imaginar quantos papagaios são traficados anualmente?

Filhotes apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal
Foto: Divulgação Polícia Rodoviára Federal

Enquanto o poder público não investir com seriedade em campanhas e ações educativas, objetivando conscientizar a população dos problemas causados pelo tráfico de animais (tanto ambientais quanto para a saúde humana), haverá gente comprando e incentivando essa atividade criminosa. Somente fiscalização não resolverá!

- Leia a matéria completa do Diario de Marilia
- Leia a matéria “Aberta a temporada do tráfico”, publicada na edição 101, de setembro de 2012, da revista Terra da Gente
- Releia o post do Fauna News “Aberta a temporada de tráfico de papagaios-verdadeiros”, de 19 de setembro de 2012
- Releia o post do Fauna News publicou “O que todo mundo já esperava está acontecendo: o tráfico de papagaios”, de 2 e outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tráfico de ovos agora no Amazonas

“Pesquisadores brasileiros tentam descobrir o impacto que caçadores têm causado na reprodução de aves migratórias que utilizam a Amazônia para construir ninhos e gerar filhotes nas margens do Rio Solimões, nos arredores da Reserva Mamirauá – a 600 km de Manaus (AM).

Invasores têm roubado ovos de espécies aquáticas em praias formadas pelo rio para vendê-los em cidades vizinhas à reserva, como Uarini, por preços que variam de R$ 1 a R$ 2.

Colônia de aves migratórias em praia do rio Solimões
Foto: Divulgação Bianca Bernardon

Segundo os cientistas, a prática pode causar um desequilíbrio no processo de reprodução e nidificação -- construção de ninhos -- de espécies como a gaivota (Phaetusa simplex), o corta-água (Rynchops niger) e a gaivotinha (Sternula superciliaris).” – texto da matéria “Roubo de ovos pode afetar reprodução de aves no Rio Solimões”, publicada em 30 de setembro de 2012 pelo portal G1

A matéria tem um problema ao não informar para que os ovos são coletados. Se para alimentação ou para o tráfico de animais?

O número de ovos retirados é grande.

‘“Aves migratórias têm colônias reprodutivas protegidas por lei. Entretanto, apenas 33 praias do Solimões, próximas ao Instituto Mamirauá, são protegidas por agentes ambientais voluntários. Em média, cada colônia pode ter até 13 mil ovos apenas de gaivota e outros 4 mil de exemplares de corta-água. Sabemos de casos de pessoas roubaram ao menos mil ovos em um único dia”, explica.’
– texto do G1

O tráfico de ovos está se tornando cada vez mais comum. Na Caatinga, a coleta e venda de ovos de papagaios-verdadeiros é frequente. Esse tipo de crime é extremamente difícil de fiscalizar, tanto pelo fato das colônias de aves serem numerosas e muitas delas estarem fora de áreas protegidas, quanto pela facilidade de esconder e transportar os ovos.

- Leia a matéria completa do G1

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O que todo mundo já esperava está acontecendo: o tráfico de papagaios

“Todo mundo sabe, afinal o problema se repete há anos. Setembro chega e uma quantidade assustadora de papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) recém-nascidos é coletada por traficantes de animais no Cerrado do Mato Grosso do Sul. É questão de dias para as pequenas aves, muitas delas ainda sem penas e com os olhos fechados, chegarem amontoadas e encaixotadas em grandes centros urbanos do Sudeste, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo.” – texto da matéria “Aberta a temporada do tráfico”, publicada na edição 101, de setembro de 2012, da revista Terra da Gente

E, como foi anunciado... começou:

“A Polícia Ambiental do Paraná apreendeu 33 papagaios que estavam em um ônibus de turismo que transitava na PR-323, perto do Cianorte, no noroeste do estado, por volta da meia-noite de sexta-feira (21). As aves estavam dentro de duas malas no bagageiro ônibus que saiu de Alto Paraíso, também na região noroeste, com destino a Curitiba.

Filhotes, ainda sem penas, nas malas dos traficantes
Imagem: Reprodução RPCTV

(...)A dupla (dois homens foram detidos) disse à polícia que os papagaios foram capturados em ninhos no Parque Nacional de Ilha Grande, próximo a cidade de Guaíra, e seriam entregues para um comprador na Rodoferroviária de Curitiba.

As aves vão ser levadas para uma fazenda, autorizada pelo Instituto Brasileiro  do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Mato Grosso do Sul, para depois serem novamente introduzidas na natureza.”
– texto da matéria “Polícia apreende 33 papagaios que estavam em bagageiro de ônibus”, publicada em 21 de setembro de 2012 pelo portal G1

Alguns dias depois, ainda no Mato Grosso do Sul...

“Operação conjunta da Policia Militar Ambiental de Navirai e de Dourados apreendeu nesta quarta-feira (27) 19 filhotes de papagaio. Os animais estavam em um barraco, às margens da rodovia MS 141, próximo ao trevo das sete placas.

Recém-nascidos e vítimas do tráfico de animais
Foto: Divulgação PMA/MS

(...)Ainda de acordo com os policiais, a região principal do problema é a situada nos municípios de Batayporã, Bataguassu, Ivinhema, Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Três Lagoas, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina e Brasilândia, além de Naviraí e Mundo Novo.”
– texto da matéria “PMA apreende 19 filhotes de papagaios em barraco”, publicada em 27 de setembro de 2012 pelo site Capital News

“O resultado dessa pressão sobre a população de papagaios-verdadeiros ainda é desconhecido. De acordo com Glaucia, do Projeto Papagaio-verdadeiro, que foi escolhido como representante do bioma Pantanal no Programa E-CONS - Empreendedores da Conservação - pela ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental(SPVS), o fato dessas aves terem uma vida longa, possivelmente os declínios na quantidade delas podem ser demorados a detectar, mas o tráfico da espécie, aliado à destruição dos ninhos no momento da apanha e à perda por desmatamento de ambientes naturais utilizados para alimentação e reprodução, pode levar à extinção.” – texto da Terra da Gente

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria completa do Capital News
- Leia a matéria completa da Revista Terra da Gente

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Começar a semana pensando...

...em iniciativas que fazem a diferença e que deveriam acontecer por todo o país. Que tal um Brasil sem Gaiolas?

Fiquei sabendo do evento “Minas Livre de Gaiolas”, realizado em Belo Horizonte, há alguns dias. Como não pude comparecer, pedi que Alejandra Arnaiz, que já trabalhou no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) daquele municipio e acompanhou essa iniciativa, se arriscasse um pouco pela reportagem para relatar como foi o fim de semana. Nada de texto frio e imparcial. Aqui no Fauna News um lado está escolhido para ser defendido: o da liberdade dos animais silvestres.

Belo Horizonte dá o exemplo
Por Alejandra Arnaiz

Foi realizado nos dias 15 e 16 de setembro, no Parque das Mangabeiras, Belo Horizonte, o "Minas Livre de Gaiolas", uma iniciativa da Defensoria Pública da União (DPU) no Estado e seu idealizador, Celso Rezende, defensor público federal.

O ponto alto do evento foi a entrega voluntária de aves silvestres, que teve boa aceitação pela população. Na contagem dos dois dias, foram entregues cerca de 190 animais (dados da DPU). Destes 80% ou mais eram psitacídeos, com destaque para o Amazona aestiva, o famoso papagaio-verdadeiro, que por ser um falador é o mais procurado como animal de estimação. Outros papagaios também foram entregues, com grande destaque ao Chauá (Amazona rhodocorytha), animal ameaçado de extinção, seguido do papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), também ameaçado.

Outras instituições também participaram do evento. A Polícia Militar do Meio Ambiente, com amostras de peles apreendidas de animais silvestres, os bombeiros, mostrando seus equipamentos de salvamento e combate a incêndios florestais, o Projeto Psit, com o Circo Ambiental, esbanjando educação ambiental, e a ECOAVIS - Ecologia e Observação de Aves, que nos dois dias de evento promoveu saída para observar as aves do parque.

Ave entregue no evento: quem sabe a liberdade pode estar próxima
Foto: Alejandra Arnaiz

Todos os animais entregues voluntariamente foram recebidos pelos analistas ambientais do Ibama e encaminhados ao Cetas do órgão. Eles serão examinados, vermifugados, anilhados e, após quarentena, avaliados para participar dos projetos de soltura em que, depois da reabilitação, voltarão à vida livre em áreas cadastradas pelo Ibama. Vale lembrar que a entrega voluntária pode ser feita a qualquer momento, apenas leve seu animal até o Ibama e faça a entrega, sem nenhum problema legal. As multas para quem possui uma ave silvestre variam entre R$ 500 por cada animal não ameaçado de extinção a R$ 5 mil quando o bicho está ameaçado.

A entrega voluntária isenta a pessoa de punição
Foto: Alejandra Arnaiz

A campanha foi um sucesso e, mesmo com tristes despedidas, todos que lá foram deixaram o animal sabendo que era o melhor a ser feito. Um senhor que chegou com um casal de azulões, muito bem cuidados, disse que já lhe ofereceram R$ 5 mil pelo macho, mas ele não aceitou, preferindo entregar a ave para que ela tenha uma nova chance de liberdade. Alguns chegavam e aguardavam com seus psitacideos no ombro, dando o último chamego no amigo.

Uma despedida que pode acabar em liberdaede
Foto: Alejandra Arnaiz

Um evento como este é importantíssimo para que a população mude a maneira de pensar sobre ter um animal da fauna silvestre em casa. Educação ambiental é a melhor forma de combate ao tráfico. Quando não houver demanda, não haverá mais a captura comercial de filhotes e mudam-se conceitos.

Que venham as próximas edições.

- Leia mais sobre o Minas Livre de Gaiolas (site Ibama)