quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dia Nacional da Caatinga: o bioma da ararinha-azul do filme “Rio”

28 de abril – Dia Nacional da Caatinga. Bioma exclusivamente brasileiro que ocupa cerca de 850 mil Km² nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. De acordo com estudos da ONG Conservação Internacional (CI), foram registradas na região, até agora, 932 espécies de plantas, 187 de abelhas, 240 de peixes, 167 de répteis e anfíbios, 510 de aves e 148 de mamíferos.


Foto: Hugo Macedo
"Como 47% da área ainda não foram investigados e 80% permanecem ainda subamostrada, o número total da biodiversidade da região deve ser maior. Apesar de sua importância ambiental e social, o bioma tem sido relegado no que diz respeito a políticas públicas que garantam sua conservação e proteção.

As áreas originais remanescentes se encontram muito fragmentadas, o que dificulta a reconstituição natural do bioma. Do total de unidades de conservação (UCs) na Caatinga, apenas 1% é área de proteção integral (como parques, estações ecológicas e reservas biológicas, por exemplo). Dos 13 principais tipos de vegetação reconhecidos no bioma, quatro ainda não estão representados em nenhum tipo de UC.”
(texto do Ministério do Meio Ambiente - que admite não dar a atenção necessária ao bioma)

No Congresso Nacional tramita a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 115/95, que transforma tanto a Caatinga como o Cerrado em patrimônios nacionais, garantindo maior proteção aos dois biomas. Durante a audiência pública para lembrar a data, realizada ontem, 28 de abril, na Câmara dos Deputados, foram apresentados números que revelam que 2,8 mil Km² do bioma são transformados em lenha anualmente no segundo mais ameaçado do País. O total equivale a 40% da matriz energética da região, uma das mais sujas do Brasil.

O Dia Nacional da Caatinga foi instituído por decreto presidencial, assinado no ano de 2003, em homenagem ao ambientalista e pesquisador da Universidade Federal Rural de Pernambuco, João Vasconcelos Sobrinho, pioneiro na área dos estudos ambientais no Brasil e considerado uma das maiores autoridades em ecologia da América Latina. Ele nasceu em 28 de abril de 1908 e faleceu em 1989.

Ararinha-azul
Em 8 de abril, publiquei aqui no FAUNA NEWS “Rio”: desenho sobre a ararinha-azul Blu tem como pano de fundo o tráfico de animais silvestres”, em que destacava a animação “Rio”. O desenho conta a história de Blu, que foi vítima de traficantes de animais.


Imagem: Divulgação
Pois a ararinha-azul é uma espécie endêmica (que só existe em determinado local) da Caatinga e que está extinta na natureza (algumas dezenas vivem em cativeiro). O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (a caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais. Do texto que escrevi sobre o desenho “Rio”, destaco:

“Aqueles que não querem ser um mero espectador-ingênuo devem saber o seguinte: a espécie Cyanopsitta spixii foi considerada extinta na natureza pelo Ibama em 2000. O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais. A ararinha-azul era uma espécie endêmica brasileira, isto e, que só existia no Brasil.

“Trata-se de uma ave diferente das outras araras, apresentando tonalidades de azul acinzentado no corpo escurecendo em direção à cauda, cabeça acinzentada, bico menor e mais delicado. Possui ainda, uma faixa de pele nua de cor cinza, que vai da parte superior do bico até os olhos, como uma máscara. Estas características a tornam muito cobiçada como ave ornamental.” (texto do site da Fundação Parque Zoológico de São Paulo)”

- Releia o texto do FAUNA NEWS: “Rio”: desenho sobre a ararinha-azul Blu tem como pano de fundo o tráfico de animais silvestres.
- Saiba mais sobre a Caatinga (blog do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga PE).


- Assista ao relato do fotógrafo especializado em registrar a natureza, Luiz Claudio Marigo, sobre como fotografou, em 1990, a última ararinha-azul avistada no Brasil:






quarta-feira, 27 de abril de 2011

Para salvar a flora, a fauna corre riscos

Agrotóxico. Essa é uma daquelas palavras que, independentemente do contexto em que é usada, causa reações negativas. Afinal, os produtos que ela representa são responsáveis por danos ambientais e doenças em trabalhadores rurais e nos consumidores dos alimentos produzidos com seu auxílio. Para as indústrias que os produzem o termo foi substituído pela expressão “defensivos agrícolas”.

Pois a utilização de agrotóxicos, tão polêmica e considerada essencial para a produção de alimentos em larga escala, agora passa a ser considerada uma alternativa para o combate de espécies da flora invasoras em unidades de conservação (UCs) – áreas especialmente protegidas, como estações ecológicas, parques, reservas biológicas e tantas outras categorias. A notícia foi publicada em 25 de abril pela Folha de S. Paulo (“Em nome da flora nativa, reservas se rendem a agrotóxico”).

Na matéria, a repórter Natália Cancian afirma que uma portaria do Ibama de maio de 2010 libera a aplicação de Glifosato, Imazapir e Triclopir Éster Butoxi Etílico para a proteção emergencial de florestas nativas. Em caso de algum tipo de contaminação, a autorização dada pode ser cancelada. E três unidades de conservação federais já estão fazendo aplicações experimentais desses produtos: o Parque Nacional de Aparados da Serra (RS/SC), o Parque Nacional das Emas (GO) – que está utilizando em áreas do entorno da unidade - e a Floresta Nacional do Bom Futuro (RO). Além dessas, há unidades estaduais do Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo que também estariam estudando a utilização de agrotóxicos.



Ema, no Cerrado do Parque Nacional das Emas, onde também vivem cerca de 30 onças-pintadas
Foto: Luciano Candisani
As principais espécies invasoras que acabam “expulsando” as nativas e alterando o ecossistema local são a braquiária, o capim-gordura (ambos usados em pastagens), a castanheira e a ubá-do-japão. No total, existem 147 espécies exóticas (que não são originárias do Brasil) na flora brasileira. A engenheira florestal e diretora executiva do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental (que desenvolve vários projetos envolvendo espécies exóticas invasoras), Sílvia Ziller, afirma que o uso de agrotóxicos “são uma alternativa mais barata, eficiente e com menor impacto ambiental do que deixar espécies como a braquiárias se propagarem.” (texto da Folha de S. Paulo)

Mas qual a relação de tudo isso com a fauna para estar no FAUNA NEWS?

“Alguns dos diretores das reservas reconhecem que o produto pode afetar espécies nativas se a aplicação não for feita adequadamente.

Em 2007, uma pesquisa da USP mostrou que um agrotóxico aplicado nas cerca de 40 lavouras do entorno do Parque das Emas contaminava aves ameaçadas de extinção.”
(texto da Folha de S. Paulo)

Gostaria de saber como os animais serão impedidos de se alimentarem ou terem contato com os agrotóxicos, mesmo que esses produtos sejam aplicados em locais pontuais e com total controle dos gestores das unidades de conservação. Creio ser inevitável que tais “defensivos agrícolas” entrem na cadeia alimentar das espécies protegidas em UCs. Vale o risco?

- Leia a matéria da Folha de S. Paulo.
- Conheça o Instituto Hórus.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Chacina pascoalina: 23 mil coelhos são dizimadodos na Nova Zelândia

Recebi um e-mail de um amigo jornalista, Hélio Batista Barbosa, me informando sobre um evento chamado de “A Grande Caça ao Coelho da Páscoa” que todos os anos acontece na Nova Zelândia.

Foto: Getty Images
Veja a matéria que a Folha de S. Paulo publicou na edição de 25 de abril sobre o ocorrido:

Caçada neozelandesa abate 23 mil "coelhos da Páscoa"
Da EFE

Uma caçada anual em uma comunidade rural da Nova Zelândia abateu, em sua 20ª edição, 22.904 "coelhos da Páscoa" apesar das críticas dos defensores dos animais, informou nesta segunda-feira a imprensa local.


A "Grande Caçada do Coelho da Páscoa" é um evento organizado a cada ano para ajudar os granjeiros da região de Otago, sul da Nova Zelândia, a combater a praga de animais que arrasa com suas pastagens.


A denominada Brigada Beis Manada de Lobos, que matou 1.664 coelhos, venceu outras 46 equipes que participaram da disputa realizada entre sexta-feira e sábado, publicou o jornal "Otago Daily Times".


O capitão da Brigada, Jason Gerken, disse que os 12 membros de sua equipe trabalharam durante "24 horas seguidas" em uma espécie de operação militar para poder ganhar esta competição.
A caçada recebeu as críticas do porta-voz do grupo protecionista Safe, Hans Kriek, segundo o qual o evento incita a crueldade já que muitos dos caçadores não têm experiência e participam deste tipo de massacres em um "ambiente festivo".

Os coelhos foram introduzidos na Nova Zelândia a partir de 1830 como alimento e para fins esportivos, mas com o transcurso dos anos se transformaram em uma praga.


Os fazendeiros gastam cerca de US$ 50 mil anuais no controle de pragas, um investimento que inclui a compra de armas e munição, assim como veneno e armadilhas.

É fato que o problema de “espécies exóticas invasoras” (espécies da fauna e da flora não naturais de uma determinada região e que, por se adaptarem bem ao ecossistema local e muitas vezes não terem predadores, acabam criando desequilíbrio ao meio, causando prejuízos econômicos e riscos à saúde humana) está forçando pesquisadores e administradores públicos a procurar soluções.

Não sou especialista no tema, mas será que esse tipo de matança é a forma adequada para resolver o problema?

Lobo-cinzento: futuro puma americano?

Ao ler a matéria “Congresso dos EUA tira lobo-cinzento de risco de extinção”, publicada na edição de 19 de abril da Folha de S. Paulo, imediatamente lembrei-me do texto que escrevi em 3 de março sobre o desaparecimento definitivo do puma (onça-parda) naquele mesmo país (“Felinos: uma boa e uma péssima notícia”). Afinal, o assunto – extinção – remete a dois mamíferos topos de cadeia alimentar.

A reportagem da Folha sobre o lobo-cinzento (Canis lupus) informa que o senador Jon Tester (agricultor da região de Montana) apresentou um projeto no Congresso dos EUA propondo a retirada da espécie da lista de animais em extinção. A idéia, segundo o jornal, foi aprovada mesmo sem apoio dos cientistas.


Foto: France Presse/US Fish & Wildlife
Atualmente, estima-se que a população de lobos-cinzentos seja de 4.400 animais vivendo em estado selvagem. Detalhe: um terço desses animais está em Montana, terra do senador. A justificativa da proposta, que atendeu a uma reivindicação de fazendeiros, é que os lobos são perigosos e “matam por prazer”.

Nenhum ambientalista ou especialista em fauna foi ouvido na matéria. Também não foram apresentados argumentos científicos que justifiquem a decisão. Acredita-se que em 60 dias caçadores já estejam matando lobos.

Há bem pouco tempo, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos declarou a extinção de uma subespécie do puma no leste do país. A caça indiscriminada promovida na primeira metade do século passado e a redução da população do veado-de-cauda-vermelha, base da alimentação desses felinos, foram os causadores dessa perda.

Terá o lobo-cinzento o mesmo futuro, ou falta de futuro, do puma?

Extinção em massa
Na edição de 3 de março de 2001 da Folha de S. Paulo, a matéria “Estudo vê risco de nova extinção em massa” apresenta algumas informações importantes sobre o desaparecimento de espécies. Veja alguns dados, baseados em pesquisa da Universidade da Califórnia (publicada na revista “Nature”), e depois faça sua reflexão com as informações sobre os lobos-cinzentos e os pumas.

- a Terra já enfrentou cinco ciclos de extinção em massa;

- calcula-se que, nos últimos 500 anos, perderam-se entre 1% e 2% das espécies; pode parecer pouco, mas o número de espécies de mamíferos extintas antes da interferência humana era de duas a cada milhão de anos. Após 1550, esse número já é de 80;

- deve-se destacar que os dados da pesquisa são resultado de projeções estatísticas e que, para a Ciência, o período de 500 anos (em que foi apontado o aumento da velocidade das extinções) é bastante curto. Como as extinções acontecem de forma irregular, a projeção dos dados para longos períodos pode fornecer uma ideia errada;

- de qualquer modo, se as projeções estiverem corretas, em 300 anos estará concluído o sexto ciclo de extinção em massa, com pelo menos 75% das espécies desaparecendo.


- Leia a matéria “Congresso dos EUA tira lobo-cinzento de risco de extinção” (no site da Folha está com o título “EUA tiram lobo de risco de extinção e favorecem fazendeiros”).

- Releia o texto do FAUNA NEWS sobre a extinção do puma nos EUA.

- Leia a matéria “Estudo vê risco de nova extinção em massa” (no site da Folha está com o título “Terra caminha para nova extinção em massa”).

- Saiba mais sobre o lobo-cinzento (site do Zoológico de São Paulo).

- Saiba mais sobre o puma (site do Zoológico de São Paulo).

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Reflexão para o fim de semana: símbolo da Amazônia, o boto-cor-de-rosa está sendo dizimado no Pará

Pelo Facebbok o diretor de redação da Envolverde, Dal Marcondes, veiculou o vídeo “Boto-cor-de-rosa em Perigo”. A indicação vale ser assistida.

O vídeo produzido pelo The New York Times – equipe: Alexei Barrionuevo, Myrna Donut e Rob Harris – está sendo divulgado no portal MSN e denuncia a matança de botos-cor-de-rosa na comunidade de Igarapé do Costa, região de Santarém, no Pará. A população dos animais estaria sendo dizimada por pescadores que utilizam a carne e os ossos como isca para a captura do peixe piracatinga.

Alexei Barrionuevo é o correspondente do The New York Times no Brasil. No vídeo o jornalista entrevista o biólogo português Miguel Miguéis que trabalha na região e afirma não haver fiscalização. O pesquisador tenta convencer os pescadores a substituir a carne do boto pela de porco como isca, mas enfrenta resistência.

Novamente, a ausência de fiscalização e de uma política pública que atuem na educação e conscientização da população ribeirinha tem contribuído para a manutenção do problema. Segundo o biólogo, há dois anos foram registrados 250 botos-cor-de-rosa em uma reserva na região. Hoje esse número não passou de 50.

Assista ao vídeo:

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Na contramão da evolução, estilistas investem em peles

“Ele (Anderson Birman - presidente e fundador do grupo Arezzo) afirmou que a Pelemania não é uma moda lançada pela marca, mas sim uma tendência mundial para o inverno 2011. “Em todos os editoriais de moda de todas as revistas do mundo, inclusive nas brasileiras, esse fenômeno do uso de peles está sendo veiculado. Todas as marcas estão usando, é uma tendência forte”, afirmou.” 



Imagem do site da Arezzo
 
O parágrafo acima faz parte da matéria “pressão faz Arezzo barrar venda de pele”, escrita por Julianna Granjeia na página B4 da edição de 19 de abril do jornal Folha de S. Paulo. A reportagem relata a decisão da confecção Arezzo de retirar de suas lojas peças confeccionadas com pele de raposa. A atitude foi motivada pela mobilização e pelos protestos nas redes sociais (Twitter e Facebook) de pessoas contrárias à utilização de peles naturais pela grife.

Esse é um ótimo exemplo do poder que os consumidores têm e como tal fenômeno pode sim influenciar e motivar mudanças. O mesmo serve para a política: se os cidadãos cobrarem dos administradores públicos e parlamentares, políticas públicas, leis e gestão do Estado podem sim serem construídas e conduzidas de acordo com parâmetros éticos e morais.

Voltemos à questão das peles...

Na matéria “Após críticas, Arezzo retira peças com pele verdadeira das lojas”, das repórteres Afra Balazina e Andrea Vialli e que foi publicada 19 de abril na página A18 de O Estado de S. Paulo, há o segunite parágrafo:

“O uso de peles verdadeiras está em alta tanto no Brasil quanto no exterior. Neste ano, no Fashion Business – evento paralelo à Fashion Rio -, três estilistas levaram peles à passarela: Carlos Miele (raposa e coelho); Patrícia Vieira (pele de cabra e coelho) e Victor Dzenk (peles de chinchila tingidas de rosa, vermelho e azul).”

Questão para o momento: a indústria da moda já não possui peles sintéticas com qualidade para substituir às peles de animais? Sabemos que sim, mas para Briman a pele de raposa foi usada para “sofisticar” a coleção (declaração do empresário à Folha de S. Paulo). O material foi utilizado em um modelo de estola, de uma bolsa e de uma bijuteria. As peças feitas com peles de coelho – ponteiras de cadarços – continuarão nas lojas.

A polêmica entorno da Arezzo me remeteu ao artigo “Luxo abaixo de zero”, escrito por Christian Carvalho Cruz e publicado em O Estado de S. Paulo de 18 de janeiro de 2011. O texto, que repercute os desfiles com peles da Fashion Business (citado acima), traz a seguinte declaração do empresário Carlos Perez, que cria chinchilas em Itapecerica da Serra (SP):

“Os ativistas pelos direitos dos animais dizem que eu mato chinchila para madame se proteger do frio. E é isso mesmo que eu faço. Mas faço com todas as autorizações e licenças ambientais, e chinchila minha não sofre. Nem na vida nem na morte. Elas têm do bom e do melhor, isso eu posso lhe assegurar.”

Mais adiante, no artigo, Perez descreve como são mortas as chinchilas:

“Tem criador que primeiro a adormece com éter. Eu confesso que não tenho tempo, porque chego a abater 200 num único dia. Seguro a chinchila pelo rabo, deixando-a de cabeça para baixo. Então, pego o pescocinho dela e o viro para cima, num ângulo de 90 graus. Aí dou um tranco, uma esticadinha. Com isso secciono a medula de forma rápida e indolor, ela morre instantaneamente. O barulho é o de um palito de dente quebrando.”

Um casaco de chinchilas na altura dos joelhos consome 200 animais. A argentina e o Brasil são os maiores produtores mundiais de peles de chinchila, afirma Christian, e os chineses compram 95% da produção nacional. Segundo a International Anti-Fur Coalition (IAFC – Coalizão Antipele Internacional), os criadores chineses são os mais cruéis, esfolando os animais ainda vivos.

Para Fábio Paiva, da ONG Holocausto Animal (que representa a IAFC no Brasil), “matar bicho para preencher sei lá que tipo de vazio existencial de alguém não é coisa que se faça.”

- Texto copiado do site da Arezzo sobre a polêmica:

“Prezados consumidores,

A Arezzo entende e respeita as opiniões e manifestações contrárias ao uso de peles exóticas na confecção de produtos de vestuário e acessórios.

Por isso, viemos por meio deste nos posicionar sobre o episódio envolvendo nossas peças com peles exóticas - devidamente regulamentadas e certificadas, cumprindo todas as formalidades legais que envolvem a questão.Não entendemos como nossa responsabilidade o debate de uma causa tão ampla e controversa.

Um dos nossos principais compromissos é oferecer as tendências de moda de forma ágil e acessível aos nossos consumidores, amparados pelos preceitos de transparência e respeito aos nossos clientes e valores. E por respeito aos consumidores contrários ao uso desses materiais, estamos recolhendo em todas as nossas lojas do Brasil as peças com pele exótica em sua composição, mantendo somente as peças com peles sintéticas.

Reafirmamos nosso compromisso com a satisfação de nossos clientes e com a transparência das atitudes da Arezzo.

Atenciosamente,
Equipe Arezzo”

- Leia a matéria da Folha de S. Paulo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Iguanas via Sedex: tá virando mania

Sábado, 16 de abril de 2011, 13 horas. Durante a preparação para entrega de Sedex, funcionários dos Correios de São José do Rio Preto (SP) percebem algo estranho em uma pequena caixa. Ao verificarem por raios-X o conteúdo da encomenda que acabara de chegar de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, eles encontraram um filhote de iguana. Inusitado, mas não incomum.

Iguana viajou 2,7 mil quilômetros até o interior paulista
Imagem: Reprodução TV TEM

O fato foi noticiado em vários sites e jornais e inclusive foi alvo de pequenas matérias da edição de 18 de abril do Jornal Hoje, da Rede Globo, e do dia anterior no Jornal das 10, da Globo News (que começou a relatar o caso com a medíocre abertura “E agora uma história curiosa sobre a adaptação do animal em circunstâncias especiais.”). Para a Polícia Militar Ambiental , o destinatário da encomenda negou ter feito tal pedido, mas acabou multado em R$ 1,5 mil e responderá inquérito por crime ambiental.

O iguana, com cerca de 15 centímetros e que viajou 2,7 mil quilômetros na caixa de papelão, seria levado ao zoológico da cidade para futuramente, se estiver em condições e toda a burocracia permitir (já que o animal dever ser levado ao seu bioma de origem), ser devolvido à natureza.

Deve-se lembrar que esse tipo de apreensão pelos Correios tem ocorrido com certa freqüência. Só para reavivar a memória, em 27 de setembro de 2010, dois iguanas foram encontrados em uma caixa de Sedex na agência da Vila Maria (bairro paulistano) dos Correios, prontos para serem despachados para Belo Horizonte. Os répteis estavam enrolados em gaze e fita adesiva dos próprios Correios. Em texto publicado pelo caderno Aliás de O Estado de S. Paulo (“Liberte os iguana!”), edição de 3 de outubro, Christian Carvalho Cruz lembra que a fita adesiva só pode ser manuseada por funcionários da estatal de entrega de encomendas e cartas.

Os iguanas só fiacaram com as cabeças e as caudas expostas
Imagem: Reprodução TV Globo

Como pode um funcionário dos Correios despachar tal encomenda? Falta de informação ou má-fé mesmo?

Como sempre acontece, quando a Polícia chega no endereço onde a encomenda deveria ser entregue, ninguém assume ter feito tal pedido.

Em matéria publicada no jornal carioca Extra (“Tráfico de animais recorre com frequência ao Sedex e manda de tartaruga a cobra”), de 28 de setembro de 2010, que abordou o caso dos dois iguanas, há o seguinte destaque:

”Há quase um ano, em outubro de 2009, a Polícia Militar aprendeu oito iguanas e uma tartaruga igualmente em uma caixa de Sedex em São Paulo. Dos oito répteis, um já não tinha resistido às condições. Todos os animais sobreviventes, inclusive a tartaruga, foram para o Parque Ecológico do Tietê.”

No site do Zoológico de São Paulo, a bióloga Cybele Sabino Lisboa destaca um dos problemas relacionados à compra de iguanas:

“A popularidade do sinimbú fez com que ele fosse visto por muitos como um animal de estimação, sendo comum as pessoas o adquirirem. Infelizmente, muitos acabam sendo abandonados tanto em instituições como em um meio natural do qual não fazem parte. Isso acontece porque a maioria das pessoas não faz idéia de que o pequeno lagarto verde que comprou se tornará um grande lagarto, que pode alcançar cerca de 1,75m, sendo que dois terços correspondem a cauda, e peso entre 4,5 e 6,8Kg. “

As vítimas desse tipo de tráfico são pequenos répteis (iguanas, cobras e tartarugas, insetos e peixes. Muitos desses animais acabam criados como animais de estimação, mas há também a biopirataria, em que cobras, escorpiões, aranhas e tanto outros animais têm valor por causa das substâncias que produzem (o popular veneno), utilizadas como matéria-prima em laboratórios de medicamentos.


- Assista à reportagem da Globo News (You Tube).


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Reflexão para o fim de semana: vídeo para crianças sobre tráfico de animais

A repressão é necessária, mas não vai resolver o problema do tráfico de animais silvestres. Sem dúvida, educar e conscientizar crianças e jovens sobre o tema são as principais ferramentas para acabar com esse cruel e ilegal comércio.

Assista ao vídeo “Dá no pé, louro!” (logo abaixo) com seus filhos, sobrinhos, netos, alunos... enfim, espalhe essa mensagem. O texto a seguir está na apresentação do vídeo no site You Tube.

“Dá no pé, louro!” - CD “Cantando por Liberdade”: letra - Sandovaldo Moura, música - Messias Messina, intérprete - Aniely Rodrigues, vídeo - Sinvaldo Moura.

Esse vídeo integra o material do projeto Liberdade & Saúde - animais silvestres livres: pessoas saudáveis. O projeto é executado pelo IBAMA-PI, sendo coordenado pelos médicos veterinários Fabiano Pessoa e Sandovaldo Moura.

Esse projeto busca promover a utilização da educação ambiental como ferramenta de combate ao tráfico de animais silvestres e prevenção de suas zoonoses através da integração entre o IBAMA-PI e o sistema educacional público e privado de ensino. Os educadores, durante os cursos, recebem o material elaborado pela equipe do IBAMA-PI (gibi “Liberdade & Saúde”, CD “Cantando por Liberdade”, joguinhos, cartazes, vídeos e CD contendo as palestras e as musicas animadas em powerpoint).

Assim, o projeto parte do pressuposto que essa informação chegará aos alunos e, por meio desses, aos seus familiares e amigos, os quais, conscientes dos malefícios do tráfico, não comprarão animais silvestres ilegais. Consequentemente, não serão cúmplices nas crueldades praticadas durante a sua captura e transporte. Além disso, não se exporão às zoonoses silvestres, resultando em ganhos econômicos e ambientais.

Contatos: sandovaldo@yahoo.com.br; fabiano.pessoa@hotmail.com”



(http://www.youtube.com/watch?v=_CvNe4ie68Y)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Boa notícia: Anhanguera, a onça-parda atropelada em 2009, volta à natureza

Em 25 de fevereiro escrevi o texto “Força Anhanguera!”, em que abordava os esforços da Associação Mata Ciliar em recuperar e devolver às matas a onça-parda Anhanguera. O felino, resgatado após ter sido atropelado na via Anhanguera em setembro de 2009, chegou à instituição com escoriações, um dente fraturado e bastante magro. Naquele dia eu estava à procura de boas notícias e escolhi a história desse animal, que estava praticamente recuperado.



Anhanguera sendo resgatado em 2009

Não poderia deixar de acompanhar o desfecho da luta de Anhanguera e dos técnicos da Mata Ciliar, ONG que mantém o Centro Brasileiro para Conservação de Felinos Neotropicais e o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) em Jundiaí (SP). Finalmente, no final de março, a onça-parda macho foi solta na Serra do Japi.



Anhanguera recebendo os primeiros-socorros
Foto: Divulgação Associação Mata Ciliar

A equipe do Mata Ciliar irá monitorar o felino por meio do radiocolar que ele carrega. Dessa forma, os técnicos pretendem garantir a total reintegração do animal ao ambiente natural.


A onça-parda no recinto para se readaptar à vida livre
Foto: Divulgação Associaçâo Mata Ciliar

No texto “Força Anhanguera!” escrevi:
“Por falta de verba, o CRAS ficou fechado durante um ano e, em outubro do ano passado, retomou suas atividades após firmar um convênio com a prefeitura de Jundiaí.

Esse é o quadro do descaso do poder público em manter estruturas próprias para cuidar de animais silvestres vítimas do tráfico, de atropelamentos e de tantas outras situações irregulares e criminosas. Os Cetas (Centros de Triagem de Animais Silvestres) do Ibama ainda são depósitos de animais que, pela falta de infraestrutura, não conseguem cumprir sua missão em receber, tratar e devolver os espécimes apreendidos à natureza.

Cada vez mais, iniciativas da sociedade civil organizada estão tendo de suplantar a ausência do poder público no manejo da fauna brasileira.”
Opinião mantida.

- Leia o texto informativo da Associação Mata Ciliar sobre a soltura de Anhanguera.
- Releia o texto “Força Anhanguera!”, do FAUNA NEWS.
- Conheça a Associação Mata Ciliar.
- Saiba mais sobre as onças-pardas.

- Assista ao vídeo da soltura de Anhanguera.



terça-feira, 12 de abril de 2011

Unidades de Conservação são essênciais para proteção da fauna ameaçada de extinção

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente responsável pela gestão das Unidades de Conservação federais, lançou ontem, 11 de abril, o “Atlas da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção de Unidades de Conservação Federais”. A publicação destaca que metade das 627 espécies de animais ameaçados estão em áreas especialmente protegidas.


Capa do Atlas, lançado pelo ICMBio

Além da grande importância do levantamento, que permite saber exatamente onde estão esses animais e preparar trabalhos de proteção aos mesmos, deve-se salientar o quanto é essencial investir em unidades de conservação (UCs). Não restrinjo o termo “investir” em apenas “destinar verbas” para essas áreas, mas creio que a criação de mais UCs é necessária. Afinal, onde está a outra metade das espécies ameaçadas?

Para responde essa pergunta, deve ser levada em consideração que uma parte está em Unidades de Conservação e ainda não foi catalogada - o que remete a necessidade de mais pesquisas - e outro tanto vive fora das UCs – o que remete à necessidade da criação de mais unidades.

Atualmente, o Brasil possui 310 unidades federais e outras centenas estaduais e municipais.

E o ICMBio tem consciência desse contexto:

“Apesar da proteção de espécies emblemáticas, ainda não se sabe se a outra metade da lista de animais ameaçados este em territórios protegidos. A maioria dos animais com risco de extinção registrados nas UCs são aves e mamíferos, mais fáceis de identificar, segundo o coordenador geral de espécies ameaçadas do ICMBio, Ugo Vercillo. “Peixes e invertebrados são mais difíceis de serem encontrados e identificados.” (texto da matéria da Agência Brasil sobre o lançamento da publicação)

Sobre a gestão e criação de Unidades de Conservação, o presidente do ICMBio, Rômulo de Melo, afirma:

“O atlas fez o cruzamento para saber que unidades de conservação protegem que espécies ameaçadas. Vai ser um instrumento importante para orientar a definição de áreas prioritárias para ampliação e criação de novas unidades de conservação.” (declaração retirada da matéria da Agência Brasil)

Alguns números
Os dados do Atlas são formados por 43,9% de mamíferos, 34,9% de aves, 6% de peixes, 5,1% de répteis, 5% de invertebrados aquáticos, 4% de invertebrados terrestres e 1,1% de anfíbios.

A Mata Atlântica tem 168 das 380 espécies ameaçadas de extinção em UCs federais. Nas unidades da Amazônia estão 32 das 57 espécies . Já no bioma Pampas apenas 1 das 60 espécies ameaçadas está em UC federal. As UCs federais na Caatinga abrigam 41 das 43 espécies em perigo.

O Atlas pode ser baixado (download gratuito) pelo site do ICMBio.

- Leia a matéria da Agência Brasil.
- Leia a matéria de O Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Lixo e fauna: aves acabam mutiladas por causa de detritos usados para construir ninhos

O que o lixo que produzimos tem a ver com a vida de animais silvestres?

A resposta a essa pergunta só pode ser uma: os detritos produzidos pelos homens tem MUITO a ver com a sobrevivência da fauna. Dessa vez não vou me basear no conhecido exemplo das tartarugas marinhas que comem sacos plásticos imaginando se tratar de águas-vivas. Também não vou dar detalhes da invasão de ursos em cidades dos Estados Unidos e Canadá a procura de alimentos nas latas de lixo das residências. Esses casos são rotineiramente divulgados pela imprensa e em documentários, mas, para muitos brasileiros, essa realidade parece distante.

Para trazer o problema um pouco mais próximo do cotidiano dos que residem em cidades, e com isso tentar conscientizar um pouco sobre a necessidade de tratar com mais cuidado os detritos que produzimos diariamente, vou abordar uma informação divulgada pela Associação Mata Ciliar.


Maracanã com perna enfaixada no Cras

No mês de março, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) da associação, em Jundiaí (SP), recebeu 10 maritacas (Aratinga leucophthalmus) machucadas e debilitadas por causa do lixo - cinco morreram.

“Como a época de reprodução das maritacas ocorre principalmente no final do ano, agora é um período no qual os filhotes começam a sair do ninho.


O grande problema é que alguns não conseguem pois os ninhos são, geralmente, feitos de lixo, afirma a bióloga Marília Giorgete. Normalmente feitos com linhas, fitas adesivas, pedaços de plásticos e tudo mais o que encontram no meio urbano, as maritacas põem seus ovos nesses ninhos e, quando o filhote nasce, ficam com suas pernas presas e/ou grudadas.


Muitas vezes, segundo a bióloga, os pais acabam abandonando os filhotes que não saem do ninho, por isso muitos são encontrados em forros de casas, presos e sozinhos, o que traz sérias consequências. “Por estarem com os membros presos ao lixo, os filhotes não conseguem sair. Quando são trazidos à Mata, estão muito debilitados, até mesmo por falta de comida, e precisam passar por cirurgia para retirada do membro”, lamenta Marília.” (texto do site da Associação Mata Ciliar)

As maritacas, hoje muito comuns nas cidades, são encontradas praticamente em todo o Brasil – principalmente na região Sudeste. Dentre seus inúmeros nomes populares, ela também é conhecida como periquitão-maracanã.

Apesar de não estar classificada como ameaçada de extinção, as maritacas têm sido alvo dos traficantes de animais. Sua captura para o comércio ilegal e a perda de hábitat tem contribuído para a redução da população dessas aves. Mesmo com uma grande capacidade de adaptação ao ambiente urbano, elas agora também estão sendo vítimas do lixo.

Agora você já sabe como sua produção diária de detritos pode ocasionar também aos animais. Lembre-se: o problema do lixo não afeta apenas a sua vida (doenças, enchentes, contaminação do solo, poluição de rios e do mar, etc); mas também a vida animal. Reduza o consumo e a produção de detritos, reutilize o que for possível e contribua com a reciclagem.

- Saiba mais sobre a Associação Mata Ciliar.
- Leia o texto “Maritacas chegam ao Cras debilitadas pelo lixo”, da Associação Mata Ciliar.
- Conheça a maritaca (site Wikiaves).
- Informe-se sobre o problema do lixo (site do Cempre – Compromisso Empresarial com a Reciclagem).

sexta-feira, 8 de abril de 2011

“Rio”: desenho sobre a ararinha-azul Blu tem como pano de fundo o tráfico de animais silvestres

Estreia hoje nos cinemas a animação “Rio” da Fox. Idealizada e realizada pelo carioca Carlos Saldanha – que também dirigiu “A Era do Gelo” -, o desenho tem ganhado destaque pela grandiosidade da produção, pelas cifras milionárias, pela reprodução das belas paisagens da Cidade Maravilhosa, pela trilha-sonora do talentoso Sérgio Mendes e por diversos outros motivos destacados nas inúmeras matérias jornalísticas publicadas ultimamente.

Foto: Divulgação

Apesar de toda essa exposição, pouco tem se falado sobre o problema do tráfico de animais silvestres que permeia a animação. Para que todos possam entender do que se trata, o protagonista do desenho, Blu, é uma ararinha-azul (espécie Cyanopsitta spixii) que foi capturada ainda filhote por traficantes de animais e levada para os EUA. Nos Estados Unidos, a ave é criada por Linda, uma garota que trata Blu como um pet (animal de estimação), recebendo inclusive chocolate quente e marshmallow. Todo esse excesso de cuidados fez com que Blu nunca aprendesse a voar.

Linda resolve então levar Blu para o Brasil na tentativa de encontrar a última fêmea da espécie. A história segue e, lógico, não vou contar tudo.

Aqueles que não querem ser um mero espectador-ingênuo devem saber o seguinte: a espécie Cyanopsitta spixii foi considerada extinta na natureza pelo Ibama em 2000. O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais. A ararinha-azul era uma espécie endêmica brasileira, isto e, que só existia no Brasil.

“Trata-se de uma ave diferente das outras araras, apresentando tonalidades de azul acinzentado no corpo escurecendo em direção à cauda, cabeça acinzentada, bico menor e mais delicado. Possui ainda, uma faixa de pele nua de cor cinza, que vai da parte superior do bico até os olhos, como uma máscara. Estas características a tornam muito cobiçada como ave ornamental.” (texto do site da Fundação Parque Zoológico de São Paulo)


Atualmente, existem entre 60 e 70 ararinhas-azuis em cativeiro. A maior parte delas vive fora do Brasil – com colecionadores particulares, na Loro Parque Fundación (Espanha) e na Al Wabra Wildlife Preservation (Catar).

Aproveite a oportunidade, reflita sobre o caso e conscientize as crianças. Capturar, comercializar e manter aves silvestres em cativeiro é crime (exceto as criadas por criadores credenciados pelo Ibama). Mesmo assim, lugar de animal silvestre é a natureza, onde, livre, pode exercer suas funções ecológicas e manter ecossistemas equilibrados.

Comprar animais silvestres ilegais é participar da destruição da natureza, colocar em risco a sua saúde (bichos transmitem doenças, as zoonoses) e ser aliado das várias crueldades que são cometidas contra a fauna.

- Saiba mais sobre a ararinha-azul (fonte: Zoológico de São Paulo)
- Saiba mais sobre a ararinha-azul (fonte: site Wikiaves)

Reflexão para o fim de semana: animais vivos são vendidos como chaveiro na China

Será que dá para piorar?

"Animais vivos são vendidos como chaveiro na China" é o título da matéria publicada pelo site de O Estado de S. Paulo em 31 de março. No jornal saiu uma pequena nota  - na verdade só o título chamando para a reportagem do site -, na página A17 da edição de 4 de abril.


Foto: Li Bo

Li a matéria e não acreditei. Tartarugas, ditas brasileiras, e pequenos peixes são vendidos em uma embalagem com água colorida pendurados à chaveiros nas ruas e estações de metrô. Lógico que, após algum tempo, os bichos morrem. Mas mesmo sabendo disso, muita gente tem comprado o bizarro e cruel chaveiro.

Achou que o absurdo tinha acabado? Se achou, errou: além de popular, os chaveiros não são ilegais. Na China não há legislação proibindo a venda de animais como objetos de diversão.

Chega, né?

Leia a matéria completa do site de O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Campanha contra o massacre de tubarões para obtenção de barbatanas

O Instituto Ecológico Aqualung, do biólogo marinho Marcelo Szpilman, lançou um abaixo-assinado para apoiar a iniciativa do Deputado Federal Sávio Neves (PP-RJ) de dar entrada a um projeto de lei propondo o fim do finning (pesca ilegal para obtenção exclusiva das nadadeiras dos tubarões). De acordo com a entidade, "cerca de 70 milhões de tubarões são mortos todo ano para abastecer o lucrativo comércio mundial de nadadeiras de tubarão, do qual o Brasil e 120 outros países participam."

No Brasil, 43% das espécies de tubarões estão ameaçadas de extinção. As populações de muitas espécies declinaram até 90% nos últimos 20 anos.



As barbatanas são cortadas com os tubarões ainda vivos

Os pescadores capturam o tubarão, cortam fora suas nadadeiras e atiram o corpo de volta ao mar. A crueldade aumenta de proporção pelo fato de que o animal, muitas vezes, ainda está vivo, mas condenado a agonizar até morrer ou ser comido por outros peixes.


A sopa de barbatana é popular no Oriente, principalmente na China

Abaixo estão as justificativas para apoiar o projeto de lei, o texto com a proposta da lei e o link para assinar o abaixo-assinado:

"O Projeto Tubarões no Brasil - Instituto Ecológico Aqualung convoca a participação de todos no ABAIXO-ASSINADO a ser enviado ao Congresso Nacional apoiando a criação de uma nova legislação federal (Projeto de Lei) determinando que: TODOS OS TUBARÕES CAPTURADOS EM ÁGUAS BRASILEIRAS DEVERÃO SER DESEMBARCADOS COM SUAS NADADEIRAS ÍNTEGRAS E NO CORPO DO ANIMAL.

Além de coibir a prática do finning (pesca ilegal para obtenção exclusiva das nadadeiras dos tubarões) e facilitar a fiscalização dos órgãos competentes, essa nova legislação possibilitará o maior controle das espécies alvo da pesca.

O recém-eleito Deputado Federal Sávio Neves, parceiro dessa iniciativa do Instituto Aqualung, dará entrada no Projeto de Lei no novo Congresso Nacional em fevereiro de 2011. É importante que a sociedade civil dê seu apoio. Quanto mais assinaturas tivermos, mais força terá o Projeto de Lei para ser votado e aprovado.

MOTIVAÇÕES

Finning é a pesca ilegal para obtenção exclusiva das nadadeiras dos tubarões, uma das mais cruéis perseguições realizadas pelo ser humano. Em todos os oceanos, cerca de 70 milhões de tubarões são mortos todo ano para abastecer o lucrativo comércio mundial de nadadeiras de tubarão, do qual o Brasil e 120 outros países participam.

Capturam o tubarão, cortam fora suas nadadeiras e atiram o corpo de volta ao mar. Muitas vezes vivo, mas mortalmente aleijado, o animal afunda para morrer sangrando, comido por outros peixes ou para apodrecer no leito do mar.

As nadadeiras abastecem o mercado chinês para produção de sopa de barbatana de tubarão, tradicional prato da culinária chinesa considerado afrodisíaco e símbolo de status. Mais uma dentre as inúmeras aberrações predatórias e criminosas que vemos ao redor do mundo, especialmente no Oriente, como a "crença" de que partes de animais podem trazer benefícios à saúde do homem ou curar suas doenças.

O finning é uma ação predatória insustentável e está ameaçando seriamente a sobrevivência das populações de tubarões - 43% das espécies de tubarões em nosso litoral já estão ameaçadas de extinção. Se nada for feito, dezenas de espécies, cujas populações declinaram em até 90% nos últimos 20 anos, estarão extintas nas próximas décadas.

A sociedade e nossos governantes precisam entender que os tubarões exercem um papel crucial na manutenção da saúde e do equilíbrio da vida nos mares. Sem esses guardiões dos oceanos, teremos um ambiente doente e frágil e os decorrentes desequilíbrios nos ecossistemas marinhos serão imprevisíveis e catastróficos.

PROPOSTA DE NOVA LEGISLAÇÃO PARA COIBIR A PRÁTICA DO FINNING

Art. 1º Todos os tubarões (ou cações) capturados, em águas sob jurisdição nacional, deverão ser desembarcados com suas nadadeiras íntegras e no corpo do animal.

Parágrafo 1º A título de entendimento, as nadadeiras dos tubarões ou cações (duas denominações vulgares para o mesmo animal) são popularmente chamadas de barbatanas.

Parágrafo 2º Somente será permitido o transporte a bordo das embarcações de pesca, em águas sob jurisdição nacional, das carcaças de tubarões das quais não tenham sido removidas as nadadeiras (ou barbatanas).

Art. 2º Ficam proibidos o transporte a bordo, o desembarque, a comercialização, a conservação, o beneficiamento e a distribuição de barbatanas de tubarão avulsas que tenham sido removidas do corpo dos tubarões antes do desembarque e fiscalização, em atendimento aos artigos 1º e 3º.

Art. 3º Ao final de cada viagem de pesca, no desembarque, todas as carcaças de tubarões deverão estar identificadas e os correspondentes nomes vulgares e científicos e quantidades informados em formulários próprios fornecidos pelo IBAMA.

Art. 4º Aos infratores da presente LEI serão aplicadas as penalidades previstas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e demais legislações pertinentes.

Os signatários "


- Link para o abaixo-assinado
- Conheça o Instituto Ecológico Aqualung
- Assista a um vídeo sobre a prática do finning:

 

 

terça-feira, 5 de abril de 2011

Lembre-se: atrás das peças de marfim havia animais

Uma amiga jornalista, Carol Monteiro, me enviou um e-mail com uma sugestão a ser abordada no FAUNA NEWS. Ela encontrou no noticiário uma reportagem sobre a apreensão de um carregamento de 247 presas de elefantes africanos (marfim), ocorrida em 30 de março no porto de Bangcoc, na Tailândia.

"Pelo comprimento e aparência das presas, não podem ter simplesmente cortado o marfim, tiveram de matar os animais", disse à agência de notícias Associated Press o diretor geral da Alfândega no porto em que o material foi apreendido, Prasong Poontaneat.” (texto retirado da matéria do portal G1, publicada em 1º de abril)


Foto: Sakchai Lalit/ AP
A carga de marfim, de aproximadamente duas toneladas, foi avaliada em US$ 3,3 milhões (cerca de R$ 5,3 milhões). Algumas presas tinham dois metros de comprimento. Foi a maior apreensão feita no país.

As presas foram localizadas durante a checagem de um contâiner por meio de um equipamento de raio-X. O marfim vinha do Quênia (África) e iria para o subúrbio de Bangcoc.

Na matéria publicada no site do programa de televisão Caminhos da Roça, da EPTV (retransmissora da TV Glogo no interior de São Paulo), a primeira frase trasnmite a idéia que deve permanecer durante a leitura de todo o texto:

“Atrás das 247 presas de elefante africanos – equivalentes a 2 toneladas de marfim e apreendidas na Tailândia –, há que se lembrar: havia animais.”

Em fevereiro deste ano já havia ocorrido uma apreensão de 239 presas de elefantes africanos no aeroporto de Bangcoc. Na Tailândia, o marfim é utilizado por escultores que o usam em estátuas budistas, braceletes e jóias vendidas a turistas. A caça desses animais tem crescido nas regiões Central e Leste da África nos últimos anos. A maior parte do marfim é exportada para a Ásia, com destaque para a China.

Vale lebrar que na África e na Ásia, o comércio de partes de animais não está restrito ao marfim dos elefantes. Gorilas, leões e tigres têm sido alvo frequente das ações de traficantes, como já foi abrodado no FAUNA NEWS.

- Veja a matéria do portal G1 sobre o caso.
- Leia a matéria do Caminhos da Roça.
- Saiba mais sobre a apreensão de marfim ocorrida em fevereiro, no aeroporto de Bangcoc.
Releia os mais recentes textos do FAUNA NEWS envolvendo gorilas leões e tigres:
- "Leões-mercadoria: uma nova apreensão"
- "Tigres: muito perto da extinção"
- "Para não dizer que acontece somente longe de casa..."

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Reflexão para o fim de semana: quando o turista incentiva o abuso

Na Folha de S. Paulo de 30 de março (página C12) está publicada a foto de um pequeno macaco segurando um violão. Abaixo está o pequeno texto:

“QUASE UM MÚSICO

Kai Lek vira atração ao tocar uma viola de brinquedo no Teatro de Macacos, na Tailândia”


Espero estar enganado, mas o título da nota da Folha parece fugir do contexto informativo e apelar para o exótico , o curioso e o engraçado.

Encontrei o mesmo fato no portal Terra, que no dia 28 de março publicou as fotos de Kai Lek com o seguinte título: “Teatro de Macacos é atração na Tailândia; veja fotos”.



Ao ver as imagens – duas delas mostram turistas se divertindo com o animal acorrentado -, forcei uma conclusão: os editores da Folha e do Terra publicaram esse material imaginando que cabe ao leitor criticar tal abuso. Mas, mudei de idéia por considerar que estava sendo ingênuo demais.

Afinal as expressões “Quase um músico” e “atração” nos títulos, na minha leitura, fazem com que achemos normal e engraçado esse tipo de uso dos animais

Veja as imagens e reflita se Kai Lek nasceu para tocar violão acorrentado para turistas. Pense bem pois você também faz turismo e pode incentivar tal atividade ao se deparar com esse tipo de atrativo em suas viagens.



Todas as imagens são do fotógrafo Rungro Yongrit, da agência Efe.

Veja a nota da Folha de S. Paulo
Veja as fotos do portal Terra