segunda-feira, 30 de junho de 2014

No Amazonas, incentivando o turismo sem exploração da fauna na Copa

“O Ibama, em parceria com o Amazonas Tur, lança na região da Amazônia a campanha de combate ao uso ilegal de animais silvestres com o tema “Não incentive o turismo que maltrata os animais”, visando a prevenir crimes ambientais durante a Copa do Mundo de Futebol.

A campanha pretende, principalmente, alertar turistas e moradores locais sobre a ilegalidade e os prejuízos ambientais e sociais decorrentes do uso ilegal de animais silvestres em atividades turísticas, especialmente, na região metropolitana de Manaus/AM.


“A região amazônica tem grande vocação para o ecoturismo. Muitos turistas que chegam ao Amazonas vêm para conhecer nossa biodiversidade, nossas florestas, nossos rios e também nossa fauna. Por isso, é importante que participem de práticas sustentáveis de turismo, não o contrário. A exposição e o manuseio de animais sem critérios e sem autorização são exemplos de práticas de ecoturismo não responsável e ilegal. Portanto, devem ser evitadas e denunciadas”, diz o superintendente do Ibama do Amazonas, Mário Lúcio da Silva Reis.

 O Ibama divulga também algumas regras e orienta os turistas, moradores e prestadores de serviço para que não tenham problemas com os órgãos de fiscalização que atuarão com mais intensidade durante o período da Copa:

1 – Conforme Lei Federal nº. 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), é proibido vender, comprar, transportar ou utilizar animais da fauna silvestre brasileira ou seus subprodutos sem autorização e origem legal.

 2 – No Amazonas, atualmente, não existe estabelecimento autorizado a comercializar aves silvestres, como papagaios, araras e periquitos. Também, não existem estabelecimentos autorizados a vender macacos, iguanas, pássaros, serpentes, borboletas, aranhas, escorpiões etc. Assim, animais e também ovos vendidos em feiras, lojas, praças ou ruas são ilegais. Quem vende, compra ou utiliza animal silvestre ilegalmente está sujeito a multas de R$ 500,00 ou R$ 5.000,00 por animal.

 3 – Não compre artesanato, bijouterias ou adornos feitos com partes de animais silvestres, como penas, dentes, peles, couros, ossos e asas de borboleta.

 4 – Não tire fotos ao lado de pessoas que ofereçam animais silvestres, mesmo que pareçam mansos. Não dê dinheiro a essas pessoas. Essa atividade é ilegal e prejudicial os animais, o meio ambiente e muitas vezes as próprias pessoas envolvidas.

 5 – A caça é proibida no Brasil. Logo, quem come carne de caça (tatu, veado, paca, peixe-boi) estimula o comércio ilegal e também está sujeito a multas e outras penalidades.”
– texto de divulgação do Ibama “Maus-tratos a animais silvestres é tema de campanha do Ibama na Amazônia”, publicado em 27 de junho de 2014 pelo site do Ibama

O Ibama tem realizado várias ações para combater a crimes ambientais envolvendo a fauna durante a Copa do Mundo. O Fauna News publicou em 9 de junho de 2014 o post “Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada”, comentando a campanha com o tema “No Brasil não leve cartão vermelho, leve apenas boas lembranças” (contra o tráfico de animais silvestres) e a intensificação da fiscalização nos aeroportos das 12 cidades sede do campeonato.

No Rio Grande do Norte, o Ibama local também preparou uma série de regras para orientar os profissionais do setor de turismo e visitantes a não cometerem crimes contra a fauna. O trabalho foi comentado no post “Ação em defesa da fauna durante a Copa no Rio Grande do Norte”, de 30 de maio de 2014.

Essa nova campanha do Ibama é bastante importante. É muito comum encontrar animais silvestres sendo explorados como atrativos turísticos. Eles são retirados da natureza e levados para serem fotografados ou acariciados em troca de algum dinheiro. Muitas vezes, esses bichos são dopados ou machucados para parecerem mansos e não espantarem os visitantes.

Há casos em que os animais também são oferecidos para compra aos turistas. O tráfico de animais está muito próximo com esse tipo de exploração da fauna para o turismo.

Divulgação máxima, Ibama. E, por favor, não pare com o fim da Copa do Mundo.

Conscientização e educação ambiental têm resultados definitivos com trabalho constante e no longo prazo.

- Leia a matéria no site do Ibama
- Releia o post “Ação em defesa da fauna durante a Copa no Rio Grande do Norte”, publicado pelo Fauna News em 30 de maio de 2014.
- Releia o post “Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada”, publicado pelo Fauna News em 9 de junho de 2014

Começar a semana pensando...


...no tráfico de fauna, o terrorismo e a guerrilha. Dor e morte financiando dor e morte.

“Muitas redes de criminosos estão tendo lucros fenomenais com a exploração ilegal dos recursos naturais. É uma máquina de financiamento de atividades ilícitas".

Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), durante lançamento do relatório “A crise dos crimes ambientais" elaborado pela Interpol e pelo PNUMA, noticiado na matéria “Crimes ambientais financiam terrorismo e conflitos, afirmam PNUMA e Interpol”, publicada em 25 de junho de 2014 pelo Envolverde

Exemplos citados no relatório:

O tráfico de carvão gera entre US$ 38 milhões e US$ 56 milhões ao ano aos islamitas shebab somalis, ligados à Al-Qaeda, segundo o relatório.

Já o comércio de marfim é a principal fonte de renda do Exército de Resistência do Senhor (LRA), a rebelião de Uganda que se espalha o terror no Sudão, República Centro Africana e República Democrática do Congo (RDC). Também praticado por outros grupos armados e milícias que operam na República Centro Africana, RDC e Sudão.

- Leia a matéria completa do Envolverde
- Conheça o relatório do PNUMA/Interpol (em inglês)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Reflexão para o fim de semana: a órfã do tráfico e os búfalos

Foto: Caters

“A fêmea de elefante Nzhou foi adotada por uma família de búfalos depois que seus pais foram mortos por caçadores e marfim nos anos 70. Ela passou a seguir a manada de búfalos na área de conservação Imire Black Rhino and Wildlife, no Zimbábue, na África.

Judy Travers, que é o proprietário do parque, diz que "Nzhou é a matriarca de toda a área, mas ela prefere passar o tempo com os búfalos. Travers diz que os criadores tentam reintroduzi-la a uma manada de elefantes, mas Nzhou ”está muito feliz onde está”.

O parque de 10 mil hectares foi criado há oito anos para proteger os animais ameaçados pelos caçadores.”
– texto da matéria “Fêmea de elefante é adotada por família de  de junho de 2014 pelo portal G1

É a natureza dando seu jeitinho para compensar uma agressão humana.

- Leia a matéria no portal G1

Que comece o Festival de Parintins (AM), mas sem tráfico de animais e suas partes

A 49ª edição do Festival Folclórico de Parintins (AM) começa hoje (27 de junho de 2014). Na localidade situada a 369 quilômetros de Manaus, os bumbás Caprichoso e Garantido disputarão em apresentações até domingo. Uma das mais belas festas brasileiras.

Junto com todo o empenho dos organizadores com a infraestrutura da festa que deverá receber 90 mil visitantes – no município vivem pouco menos de 110 mil -, há a preocupação de órgãos de fiscalização do poder público com o tráfico de animais e suas partes (penas, plumas, peles, ossos, escamas, olhos, couros e dente). Em 18 de junho de 2014, o Fauna News publicou o post “Festival de Parintins está chegando: cuidado com o tráfico de partes de animais”, em que comentou a inciativa do Ibama ao lançar a campanha “Não tire as penas da vida” e a intensificação da fiscalização em restaurantes, mercados e feiras da cidade, além do aeroporto municipal Júlio Belém, galpões e ateliês de fantasias dos bumbás.

Agora é a vez do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e da Marinha se envolverem nas ações de fiscalização do festival.

“O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) irá integrar a Operação Parintins, realizada pela Marinha do Brasil, por meio do Comando do 9º Distrito Naval, para fiscalizar todas as embarcações com destino ao Festival Folclórico de Parintins (localizado a 368 quilômetros de Manaus). O objetivo da ação é garantir a segurança dos viajantes e o cumprimento das leis referentes ao meio ambiente, tráfico de drogas e de pessoas, sonegação de tributos, exploração sexual de menores e adolescentes e condições ilegais de trabalho.

 Fiscalização de embarcações em Parintins (AM)
Foto: divulgação IPAAM

(...) As embarcações paradas pelo Distrito Naval são vistoriadas pelo IPAAM quanto à presença de animais silvestres adquiridos de forma ilegal, como quelônios e pescado, bem como animais vivos que possam servir ao tráfico de animais silvestres. Ainda, transporte e comercialização ilegal de penas, dentes e couro de animais.

(...) Segundo o órgão, as embarcações que infringirem as regras terão o responsável ou a empresa responsável autuados e os animais apreendidos. Os animais vivos, que estiverem em condições de soltura, serão devolvidos à natureza. Aqueles que estiverem com a saúde comprometida, serão levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama ou da Prefeitura de Manaus. Os animais mortos, como peixes e quelônios, que ainda possam ser consumidos, são doados a instituições filantrópicas.

O IPAAM aceita denúncias pelos fones (92) 2123-6774 (gerência de fauna) e 2123-6715 (gerência de fiscalização).”
– texto da matéria “IPAAM e Marinha fiscalizam embarcações durante o Festival Folclórico de Parintins”, publicada em 26 de junho de 2014 pelo site do jornal A Crítica (AM)

Vale destacar: a fiscalização é importante, mas não dará contar de acabar com o tráfico de fauna e suas partes em Parintins (e em qualquer outra localidade). O uso de partes de animais em fantasias e adornos, bem como a venda ilegal de animais, só reduzirá se uma ação de conscientização da população e dos organizadores da festa for realizada durante todo o ano e por vários anos. Mudar hábitos é difícil, mas possível. Basta o poder público ajudar, investindo também em educação ambiental.

Fiscais do Ibama fiscalização galpões de bumbás
Foto: divulgação Ibama

- Leia a matéria completa de A Crítica
- Releia o post ““Festival de Parintins está chegando: cuidado com o tráfico de partes de animais”, publicado pelo Fauna News em 18 de junho de 2014

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Mais peixes ornamentais apreendidos. Desta vez o trafico foi pego em Manaus (AM)

“A Polícia Federal (PF) apreendeu no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, situado na Zona Oeste de Manaus, 268 unidades de peixes da espécie Cascudo Zebra. A PF informou que uma mulher foi presa em flagrante.

Saco com peixes apreendidos
Foto: divulgação Polícia Federal

De acordo com a Polícia Federal, a ação foi realizada em parceria com fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A mulher presa transportando os peixes é natural de Altamira/PA, segundo a PF.

Os peixes foram capturados no município paraense e seriam transportados para Tabatinga/AM e, em seguida, seriam retirados do país para serem comercializados no exterior.”
– texto da matéria “Mulher é presa em Manaus com 268 peixes ornamentais em aeroporto”, publicada em 25 de junho de 2014 pelo portal G1

Em 2001, a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) estimou em 38 milhões a quantidade de animais silvestres retirada da natureza por ano no Brasil. Esse número não inclui invertebrados e peixes.

Apear dos peixes estarem fora da estimativa da Renctas, eles são tão vítimas do mercado negro quanto qualquer outro animal. No Brasil, o tráfico dos ornamentais acontece com intensidade na região Norte. Quadrilhas bem organizadas atuam na divisa do Brasil com a Colômbia, por exemplo, retirando ilegalmente esses animais do país.

Em 17 de junho de 2014, o Fauna News publicou o post “Peixes ornamentais apreendidos em São Paulo: pena que o esforço de fiscalização seja só para a Copa”, em que comentou a apreensão de mais de dois mil peixes ornamentais no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Bem que esse esforço de fiscalização contra o tráfico de fauna feito durante o período de Copa do Mundo poderia se transformar em rotina.

A biodiversidade brasileira agradeceria.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia o post “Peixes ornamentais apreendidos em São Paulo: pena que o esforço de fiscalização seja só para a Copa”, publicado pelo Fauna News em 17 de junho de 2014

Ares de tragédia em Bauru (SP): quatro onças-pardas atropeladas desde dezembro de 2013

O post “Reflexão para o fim de semana: onças-pardas em risco em Bauru (SP)”, publicado pelo Fauna News em 4 de abril e 2014, termina assim:

“(...) Os fatos estão aí. O poder público vai esperar até quando para se mexer e atuar na região para a conservação da espécie?”
A incitação ao poder público foi motivada pelo segundo atropelamento de onça-parda na região de Bauru em curto espaço de tempo: um em 3 de dezembro de 2013, quilômetro 336 da rodovia Marechal Rondon (SP-300), próximo ao chamado “trevo da Eny", em Bauru (veja em "Onça atropelada: deu sorte e não morreu", de 5 de dezembro de 2013), e outro em 3 de abril, no quilômetro 328 da mesma via, em Agudos (os dois animais sobreviveram).

A situação foi piorando, como o Fauna News comentou, após o terceiro atropelamento de onça-parda na região, no post “Começar a semana pensando...”, publicado em 16 de junho – mesmo dia do fato. O felino foi atingido por um veículo na SP-261, que liga Macatuba a Pederneiras (SP). O animal morreu.

Pois esse conjunto de atropelamentos está ganhando ares de tragédia, já que em 21 de junho outra onça-parda morreu atropelada.

“Em um período de 180 dias, a quarta onça parda morreu, vítima de atropelamento, na madrugada de sábado (21), próximo ao trevo que dá acesso à Duartina (35 quilômetros de Bauru). O animal não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local. O corpo da onça, um macho, em idade jovem pesava aproximadamente 45 quilos.

Animal é a quarta onça-parda atropelada desde dezembro de 2013
Foto: divulgação/Jornal da Cidade

A Polícia Rodoviária foi acionada para atender a ocorrência e encaminhou o corpo do animal para o Hospital Veterinário da Faculdade de Garça.”
– texto da matéria “Em 6 meses, quarta onça morre vítima de atropelamento na região de Bauru”, publicada em 24 de junho de 2014 pelo site do Jornal da Cidade (Bauru – SP)

Quantas onças-pardas ainda vão precisar morrer para que o governo do estado de São Paulo, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP), junto com as concessionárias Rodovias do Tietê e ViaRondon, as prefeituras dos municípios envolvidos, com apoio de pesquisadores de universidades e entidades interessadas, se mobilizem para entender o que está acontecendo e pensar em soluções?

O que não dá é ficar assistindo as onças-pardas sendo massacradas da forma como estão. A sociedade fragmentou todo o hábitat desses animais com estradas, rodovias, cidades, pastos e plantações. Há quem diga que a espécie se adapta bem às modificações de seu ambiente natural, afinal ela consegue viver em áreas de agricultura e pecuária. Mas se a afirmação fosse verdadeira, tantas não estariam morrendo no asfalto das estradas, tentando atravessar na busca de algo (comida, mata, água, etc.) ou fugindo de queimadas da palha da cana em época de colheita em algumas áreas do território paulista (como acredita a bióloga e pesquisadora especialista em onças-pardas, Renata Alonso Miotto).

Onça atropelada em dezembro de 2013
Foto: Douglas Reis

- Leia a matéria completa do Jornal da Cidade
- Releia o post “Reflexão para o fim de semana: onças-pardas em risco em Bauru (SP)”, publicado pelo Fauna News em 4 de abril e 2014
- Releia o post “Começar a semana pensando...”, publicado pelo Fauna News em 16 de junho de 2014
- Releia o post "Onça atropelada: deu sorte e não morreu", publicado pelo Fauna News em 5 de dezembro de 2013

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Tráfico de animais: um crime em cadeia

Traficante de animais silvestres não é somente o sujeito que vendo o bicho. O mercado negro de fauna é formado por uma série de pessoas, com as mais diversas funções: quem captura, coleta ou mata o animal, quem o armazena, quem o transporta, quem o anuncia para comercialização e quem, no final de todo o processo, quem o vende. E tudo isso para atender a demanda de quem compra – que não é traficante, mas é tão responsável quanto.

Com essa visão do processo, uma peça publicitária feita pela agência Leo Burnett (escritório de Sidney (Austrália) aborda o comércio de partes de tigres, tubarões e rinocerontes como parte de uma campanha para arrecadar doações para a ONG WWF Austrália. O trabalho ganhou o Leão de Prata Festival de Cannes deste ano na categoria Imprensa.

Boa sacada que leva à reflexão. “Stop one. Stop them all.”, que em português fica “Pare um. Pare todos eles.”

Paraíba: a caça é motivada pelo tráfico de fauna e não pela busca de alimento

A notícia abaixo anuncia uma palestra, mas vale ser destacada pelo que anunciou o pesquisador da Universidade Federal da Paraíba.

“O programa Semiárido em Foco desta sexta-feira (13) terá como tema “Atividades de caça e usos da fauna por povos do Semiárido paraibano: implicações e desafios para a conservação”.  A palestra será feita pelo pesquisador Wedson de Medeiros Souto no Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI), em Campina Grande (PB). Interessados podem acompanhar a transmissão on-line, a partir das 14h, neste link. (não ativo pelo fato de o evento já ter ocorrido - comentário do Fauna News)

 Comércio ilegal de animais em Campina Grande (PB)
Foto: Anda

Os participantes conhecerão o resultado de um estudo realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que traz uma radiografia das atividades de caça no Semiárido paraibano. A pesquisa é parte de um doutoramento realizado na universidade que compreende informações abrangentes sobre a caça no bioma Caatinga, região com a maior biodiversidade existente entre as áreas semiáridas tropicais.

Embora seja muito comum associar que as atividades de caça no Semiárido são motivadas apenas por subsistência, a pesquisa demonstrou modificação no cenário da caça local, pautada atualmente por motivações comerciais e esportivas, com lucros pouco empregados para despesas básicas e essenciais.

Foram ouvidos cerca de 250 caçadores que forneceram informações sobre espécies exploradas para consumo da carne, utilizadas medicinalmente ou criadas como animais de estimação.

Segundo Wedson Souto, a maioria dos caçadores indicou envolvimento com comércio de animais silvestres e sub-produtos destes. “As estratégias de caça têm sido influenciadas pelo contexto comercial das práticas de cinegéticas, com incorporação e popularização de modernos recursos tecnológicos, especialmente motocicletas”, explicou o pesquisador.  

O estudo foi realizado nos municípios de Maturéia, Santa Luzia, São José do Sabugi, São Mamede, Várzea e na comunidade tradicional do Quilombo do Talhado, todos na Paraíba.”
– texto da matéria “Palestra irá abordar a conservação da fauna na Caatinga”, publicada em 12 de junho de 2014 pelo Portal Brasil

É fato que ainda ocorre caça para alimentação, principalmente em rincões do Brasil isolados de centros urbanos. Mas, na maioria das vezes, quem a pratica procura uma iguaria e não saciar a fome em situação de miséria e ausência total de recursos.

A conclusão serve para reforçar a necessidade do poder público investir em educação ambiental, visando mudança de hábito, em políticas de geração de renda para regiões carentes a e em repressão. Não dá para fazer “vista grossa” a uma atividade ilegal que, de acordo com a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, retira da natureza brasileira 38 milhões de animais silvestres para abastecer o mercado negro de fauna (dado de 2001).

- Leia a matéria completa do Portal Brasil

terça-feira, 24 de junho de 2014

Treze mil borboletas mortas em Parque Nacional. Crime recorrente em Santa Catarina

“Uma operação de combate a crimes ambientais no Parque Nacional (PARNA) da Serra do Itajaí, no Vale, encerrou neste domingo (22) com a apreensão de mais de 13 mil borboletas mortas e cerca de 50 quilos de carne de animais silvestres. Também foram recuperados 34 pássaros vivos de espécies ameaçadas de extinção, além de armas e munições usados para a caça de animais.

Animais mortos para "decoração"
Imagem: Rafael Junckes/RBSTV

A operação 'Caderno Vermelho' iniciou na última quinta-feira (19) e reuniu 27 agentes dos estados de Roraima, Distrito Federal, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ao todo, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão na região e cinco pessoas foram autuadas. Elas devem responder por crime ambiental, além de pagar multa de no mínimo R$ 500 reais por animal apreendido.”
– texto da matéria “Mais de 13 mil borboletas mortas são apreendidas em parque nacional”, publicada em 23 de junho de 2014 pelo portal G1

O Parque Nacional da Serra do Itajaí, em Santa Catarina, parece ser alvo constante de bandidos que o invadem para a captura de borboletas destinadas à confecção de quadros e outras peças “decorativas”. Em 6 de março de 2014, o Fauna News publicou o post “Borboletas para o tráfico”, em que comentou a prisão de um casal de aposentados dentro da unidade de conservação com 267 borboletas que haviam capturado. Vale lembrar que eles estavam acompanhados pelos netos de 6 e 13 anos.

Desta vez, foram milhares de borboletas. Tudo por causa de peças decorativas baseadas na crueldade e no mal gosto, sem contar que as borboletas têm funções ecológicas importantes, como polinizar e integrar a dieta de outros tantos animais.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia o post “Borboletas para o tráfico” publicado pelo Fauna News em 6 de março de 2014

Copa do Mundo é legal, mas a imprensa poderia noticiar o nascimento da Assembleia Ambiental das Nações Unidas

O jogo de ontem, segunda-feira (23 de junho de 2014), era decisivo para a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo. Afinal, o Brasil carimbaria sua passagem para as oitavas-de-final e definiria sua posição na tabela.

É lógico que, no país do futebol e sede da atual Copa do Mundo, a grande imprensa quase que só fala no campeonato. Nada contra. Ruim é deixar de noticiar acontecimentos muito relevantes. Para quem acompanha a área ambiental, em especial, as políticas públicas pela conservação da fauna silvestre, vale a pena ler sobre o nascimento da Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA, na sigla em inglês).

“A primeira reunião da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), o órgão convocado ao mais alto nível nesta matéria na história da ONU, foi inaugurada nesta segunda-feira em Nairóbi.

Achim Steiner, do PNUMA, discursa na abertura da UNEA
Foto: divulgação PNUMA

Cerca de 1,3 mil delegados -entre ministros, economistas e representantes da sociedade civil de 160 países- participarão do ato de fundação da UNEA durante toda a semana na capital do Quênia, para abordar, como principais assuntos, os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e o contrabando de animais.

(...) A nova Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente estará integrada pelos 193 Estados-membros da ONU e aspira se transformar na autoridade mundial em matéria meio ambiental.

Foi a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que aconteceu no Rio de Janeiro (Brasil) em 2012, quando foi acordada a transformação do PNUMA em um organismo com adesão universal, no qual tivessem representação todos os países-membros das Nações Unidas.

“Este corpo é uma plataforma inovadora para a liderança das políticas globais em matéria meio ambiental”, ressaltou hoje o dirigente sudanês.

A ministra do Meio Ambiente do Quênia, Judi Wakhungu, destacou hoje que um dos principais assuntos que serão abordados durante a assembleia será a adoção de medidas contra o contrabando ilegal de animais, uma praga neste e outros países africanos.

“Os desafios ambientais continuam crescendo em número e complexidade. A necessidade de encontrar soluções é cada vez mais evidente”, alertou a ministra queniana.”
– texto do site Amazônia Brasil Rádio Web, com informações da agência EFE, publicado em 23 de junho de 2014

O encontro no Quênia acontece até 27 de junho. Não adianta depositar grandes esperanças nesse tipo de ação, pois a política nem sempre vai na direção do que é melhor para o mundo e para a biodiversidade. Na verdade, quase nunca vai.

De qualquer forma, vale torcer para que algo interessante seja definido. É certo que as atenções, quando for abordado o tráfico de animais, estarão voltadas para a África e a Ásia, onde o mercado negro de marfim, de chifres de rinocerontes e partes de tigres estão dizimando esses animais. Para o Brasil, dificilmente algo será mudado, com nossas aves (principais vítimas do comércio ilegal) continuando sendo vítimas dos criminosos e da ausência de uma política pública séria para combater o tráfico de fauna.

- Leia a matéria completa do Amazônia Brasil Rádio Web
- Leia a matéria de divulgação do site do PNUMA (ONU)

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Cetas de Barueri (SP): solturas e pedido de parcerias

Em 23 de janeiro de 2012, o Fauna News publicou o post “Começar a semana pensando...”, em que foi comentada a iniciativa da prefeitura de Barueri em construir um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).

“Ás vezes, mas muito às vezes mesmo, aparece um gestor público que lembra da fauna silvestre. E quando isso acontece, o fato tem de ser salientado e muito bem acompanhado. É o caso de Barueri, cidade da Região Metropolitana de São Paulo.” – texto do Fauna News de 2012

O centro foi inaugurado em abril de 2013 e centenas de solturas já foram realizadas.

“Na última quarta-feira (18), o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Barueri realizou a soltura de 11 sabiás, das espécies sabiá-laranjeira e sabiá-barranco, que foram apreendidos pela Polícia Ambiental.

Soltura de sabiá pelo Cetas de Barueri
Foto: divulgação Cetas Barueri

Essas aves fazem parte dos mais de 980 animais silvestres, vítimas de maus tratos ou do tráfico, soltos pelo centro desde sua inauguração, em abril do ano passado. Nesses 14 meses, a instituição atendeu 2.621 animais.

Antes do Cetas, a maioria dos animais silvestres resgatados na cidade eram encaminhados para um centro semelhante, mantido pela prefeitura de São Paulo. “Investimos no atendimento aos animais silvestres porque fazendo isso estamos investindo na qualidade ambiental de Barueri e na qualidade de vida da nossa população”, pontua o secretário de Meio Ambiente de Barueri, Aparecido Pires de Castro.

O centro recebe animais de toda a região e realiza a soltura em diversas áreas do Estado, de acordo com a necessidade de cada animal, já que precisam retornar ao seu habitat natural. “Os animais silvestres devem ser soltos apenas em seu local de ocorrência, para que não haja desequilíbrio no ecossistema local”, explica Ivan Vanderley, biólogo responsável pelo local.”
– texto da matéria “Sabiás integram os mais de 980 animais silvestres reabilitados pelo Cetas”, publicada em 19 de junho de 2014 pelo sita do jornal Folha de Alphaville

Espera-se que a rotina do Cetas de Barueri esteja correndo tão bem quanto noticiado pelo jornal. A grande dificuldade nesse tipo de investimento não é inaugurá-lo, mas mantê-lo. É muito fácil para um centro tornar-se depósito de animais, já que na Região Metropolitana de São Paulo grande parte dos bichos apreendidos são de outras áreas – o que dificulta a soltura.

Manter um Cetas é caro e trabalhoso, com grande burocracia e pouca visibilidade para os governantes. Por isso, com o tempo e a mudança de gestores públicos, dependendo dos interesses de quem assume, a tendência é diminuir o fluxo de recursos e os centros acabarem sucateados – como muitos do Ibama.

A mesma matéria da Folha de Alphaville que salienta as solturas do Cetas de Barueri também destaca a necessidades de parcerias para o centro funcionar bem.

“Embora o centro atenda a região, seus recursos dependem de parcerias, não apenas pública, como também privada. “O Cetas tem uma rotina muito dinâmica, com entrada constante de animais de variadas espécies, com necessidades por vezes imprevisíveis. Por isso contamos com a ajuda de muitos parceiros”, explica o secretário.

As parcerias são importantes para que todo o trabalho de reabilitação seja possível. Alguns animais devem ser levados para fora do estado de São Paulo e precisam aguardar a possibilidade de transporte, que custa caro. “A proteção da fauna silvestre é uma responsabilidade da prefeitura e também de toda a comunidade local, mesmo porque todos influenciam no equilíbrio ambiental da nossa cidade”, afirma Aparecido Pires de Castro.

(...) As empresas que tiverem interesse em apoiar o centro, como patrocinar o transporte de animais para que sejam soltos em seu habitat, devem entrar em contato com a Secretaria de Meio Ambiente, pelo telefone 4199-1500.”
– texto da Folha de Alphaville

Será que as coisas vão bem mesmo?

- Leia a matéria completa da Folha de Alphaville
- Releia o post "Começar a semana pensando", publicado pelo Fauna News em 23 de janeiro de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre as condições que animais silvestres são armazenados por traficantes.

“As gaiolas estavam amontoadas em quartos úmidos, escuros e fechados, com comida já apodrecida e mofada. As vasilhas de água, totalmente imprópria para consumo, estavam com lodo e os fundos das gaiolas estavam repletos de fezes. Além de ser totalmente insalubre para os animais, o local era propício à multiplicação de agentes causadores de zoonoses, que são doenças transmissíveis dos animais para o homem e deste para os bichos”.

Veterinária Carla Sássi, coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses de Conselheiro Lafaiete (MG), sobre a apreensão de dezenas de aves silvestres na casa de um suspeito de tráfico de fauna na matéria “Mais de 60 animais silvestres são apreendidos em Gagé”, publicada em 17 de junho de 2014 pelo portal Fato Real (Conselheiro Lafaiete – MG)

Carla Sássi com equipe da apreensão
Foto: portal Fato Real

- Leia a matéria completa do Fato Real

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Reflexão para o fim de semana: quando não agrada mais, o bicho vira lixo

Vítima do tráfico e da irresponsabilidade
Foto: Alessandra Pinezi

“Um jabuti foi encontrado dentro de um saco de lixo durante a coleta domiciliar, na manhã de segunda-feira (16), no Jardim América, em Bauru (SP). A equipe percebeu que o animal estava no lixo antes de ser colocado no caminhão, onde poderia ter sido prensado.

O jabuti foi encontrado pelos funcionários que perceberam que tinha algo se mexendo dentro do saco. O animal foi levado até a Diretoria de Limpeza Pública e está recebendo cuidados na casa de um funcionário da Emdurb, que está sendo orientado por um veterinário especialista em animais silvestres, uma vez que o animal está debilitado e com diarreia.”
– texto da matéria “Jabuti é encontrado vivo dentro de saco de lixo em Bauru durante coleta”, publicada em 17 de junho de 2014 pelo portal G1

E não é o primeiro caso. Segundo a autora da foto, Alessandra Pinezi, em sua página no Facebook esse não foi o primeiro caso:

“Gostaria de registrar aqui minha indignação e repúdio referentes ao comportamento de alguns seres humanos, que "descartam" animais vivos dentro de sacos de lixo preto, como se fossem "lixo". Esse comportamento infelizmente já se repetiu inúmeras vezes. Coletores da EMDURB já encontraram vários animais, entre eles uma cobra Píton e jabutis, os quais são colocados vivos em saco de lixo com a boca amarrada. Imaginem o sofrimento destes animais: saco de lixo preto, com boca amarrada e dispostos na calçada em pleno sol, aguardando o caminhão compactador da coleta orgânica passar. Os animais, quando se mexem dentro dos sacos de lixo, conseguem ser identificados e resgatados pelos coletores e trazidos até a EMDURB onde contactamos a Polícia Ambiental para que recebam estes animais lá. E os animais que não resistem e morrem antes sufocados? Será que algum animal que não conseguiu se mexer para ser identificado morreu no momento que os sacos de lixo dispostos no caminhão foram compactados? De uma coisa eu tenho certeza, nós seres humanos que, comparados a outros animais, somos tão evoluídos, ainda sim retrocedemos em algumas questões, principalmente quando se trata de respeito e compaixão a outras espécies animais.
Essa foto foi tirada hoje por mim, no momento em que os funcionários da EMDURB resgataram esse jabuti.”


Não basta ser vítima do tráfico de fauna.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia o post de Alessandra Pinezi no Facebook

O tráfico de animais e a extinção de espécies. Foi assim em Belém (PA)

A extinção de espécies motivada pelo comércio ilegal de animais tem na ararinha-azul seu caso mais emblemático no Brasil. Pela perda de hábitat e ação do mercado negro, essas aves já não existem mas na natureza – o sertão baiano. Menos de 100 delas vivem em cativeiro.

Mas esse tipo de situação (que inclui o tráfico de fauna e o comércio de animais em época em que a atividade não era proibida) é bem mais comum do que se imagina. É o que se verificou na região de Belém (PA).

“Publicada recentemente na revista internacional Conservation Biology, pesquisa aponta que 47 espécies de aves podem ter desaparecido na região metropolitana de Belém nos últimos duzentos anos. Os últimos registros destes animais foram antes de 1980. Este é um dos grupos que sofreram perdas dentro da Área de Endemismo Belém, a mais ameaçada da Amazônia com apenas 28% de floresta original. A pesquisa foi realizada pelo INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia e a Rede Amazônia Sustentável (RAS). A pesquisa é liderada pelos ornitólogos Nárgila Moura, Alexander Lees e Alexandre Aleixo, todos vinculados ao Museu Emílio Goeldi (MPEG).

A partir de uma extensa análise de coleções científicas e de documentos históricos, como os relatos de naturalistas do século XIX, os pesquisadores puderam identificar 329 espécies de aves de terra firme que ocorriam na região metropolitana. Destas, 14% não foram mais vistas, o que pode significar uma perda de 0.28 espécies por ano. Para se ter uma ideia, em um intervalo de 117 anos a perda anual na Mata Atlântica, na área de Lagoa Santa (MG), foi de 0.11. De acordo com o estudo, o período de perdas mais intensas foi no século XX, com 80% de registros entre 1900 e 1980.

Causas
Os dados históricos foram comparados aos inventários de biodiversidade de Paragominas (PA), um dos locais de estudo do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia e da Rede Amazônia Sustentável. O município é o que possui a maior extensão de florestas na área de endemismo Belém. Os pesquisadores identificaram que as espécies que desapareceram da região metropolitana têm ocorrência restrita às áreas de floresta intactas em Paragominas. A hipótese da extinção local está relacionada à suscetibilidade destas aves à perda de habitat e à caça.

Treze espécies registradas antes de 1900 possuem massa superior a 1 kg. São aves de caça, aves de rapina e psitacídeos de alto valor comercial, como o jacamim-de-costas-escuras (Psophia obscura), gavião-real (Harpia harpyja) e ararajuba (Guarouba guarouba), respectivamente. A explicação que os pesquisadores dão é a de que as extinções destes animais maiores ocorreram devido à caça para alimentação, além da perseguição de aves que atacavam criações de animais e do comércio ilegal.”
– texto da matéria “Em Belém, PA, 47 espécies de aves estão provavelmente extintas”, publicada em 12 de junho de 2014 pelo site Amazônia, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira

Ararajuba: desaparecida da região de Belém
Foto: João Carlos Medau

Extinções locais são mais comuns do que se pensa e pouco se divulga sobre o fenômeno. Muitas podem ser as causas e entre elas pode estar o tráfico de animais. O mercado negro de fauna é, sem dúvida nenhuma, um dos maiores ataques à biodiversidade promovidos pelo homem.

De acordo com a ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza brasileiras todos os anos pelo mercado negro de fauna (dado de 2001).

- Leia a matéria completa do site Amazônia

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sergipe e o tráfico profissional de animais em feiras

“A Polícia Militar, através do Pelotão de Polícia Ambiental (PPAmb), realizou a apreensão de 142 pássaros silvestres na manhã desta segunda-feira, 16, após denúncia da presença de pessoas de vários municípios, que sobrevivem da venda de animais silvestres, comercializando os animais na feira livre da cidade de Lagarto, na região Centro-Sul de Sergipe.

 Aves apreendidas em feira de Lagarto (SE)
Foto: divulgação Polícia Militar de SE

Diante das informações, a guarnição composta pelo cabo Servulo, soldados Galdencio e H Oliveira dirigiu-se ao município nas primeiras horas da manhã e apreendeu 142 pássaros. “No momento da abordagem, houve um corre-corre entre os feirantes, o que dificultou a identificação dos infratores. Geralmente os traficantes de animais misturaram-se aos outros vendedores e infiltram-se entre as barracas, a fim de ludibriar a fiscalização policial”, declarou o cabo Servulo.”
– texto da matéria de divulgação “PM apreende 142 pássaros silvestres na feira livre de Lagarto” publicada em 16 de junho de 2014 pelo site da Polícia Militar de Sergipe

O final do primeiro parágrafo merece comentário. É difícil encontrar textos mostrando a existência de traficantes de animais profissionais em feiras. Normalmente não é citada a origem e detalhes dos que são presos (quando o são) e quando algo é divulgado mostra-se o infrator eventual – isto é, aquele que vende animais apenas para complementar sua renda (uma espécie de bico).

Nas feiras, a maioria dos traficantes é formada de pessoas que possuem outras formas de trabalho. Mas há uma boa parcela dos que investem na atividade como seu principal ganha-pão.

A matéria mostrou que existe uma grande demanda por animais silvestres em Lagarto, fator que atrai traficantes de animais de outros municípios da região. Sabendo disso, a melhor forma de impactar essa atividade ilegal e combater o consumo com um forte trabalho de conscientização da população.
Mas quem vai fazer isso? Educação ambiental não é trabalho para a polícia (que embora muitas vezes o faça). O Ibama ou as secretarias de meio ambiente do estado e do município deveriam agir, mas não o farão porque o poder público brasileiro ainda entende o tráfico de fauna apenas como um problema a ser combatido com fiscalização e repressão.

Estão enganados e jogando o dinheiro do contribuinte fora. Já passou da hora de repensar o combate ao mercado negro de silvestres. A natureza e a saúde pública agradecem.
- Leia a matéria completa da PM de Sergipe

Festival de Parintins está chegando: cuidado com o tráfico de partes de animais

Está chegando o Festival de Parintins (AM), uma das mais belas festas folclóricas do país. Anualmente, no último fim de semana de junho, os aficionados pelos bois Caprichoso e Garantido se apresentam no Bumbódromo, mostrando lendas, costumes e diversos outros aspectos da cultura local.

A festa começou em 1965 e cresceu tanto que passou a ser uma das grandes atrações turística do Brasil. Suas alegorias e fantasias são extremamente bem feitas e luxuosas e consomem há anos partes de animais silvestres, como penas. Por esse motivo, o Ibama passou a fiscalizar os trabalhos dos bois concorrentes, bem como o comércio ilegal de animais silvestres e suas partes (penas, garras, dentes, couro, etc.), nas ruas e estabelecimentos de Parintins.

“Combater o uso de subprodutos da fauna silvestre amazônica na confecção de artesanatos como penas, plumas, peles, ossos, escamas, olhos, couros e dentes passou a ser a partir do dia 10, o foco da campanha “Não tire as penas da vida” desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A ação de conscientização, amparada na Lei de Crimes Ambientais 9605/1998, é feita em Parintins desde 2002 no período do festival folclórico.

Ibama intensifica fiscalização em Parintins
Foto: divulgação Ibama

Restaurantes, mercados e feiras da cidade serão alvo das fiscalizações dos agentes do Ibama, com apoio da Polícia Ambiental, por causa do comércio ilegal de animais silvestres ameaçados de extinção, como quelônios (tartaruga, tracajá), peixes protegidos por lei (pirarucu sem origem legal e tambaqui abaixo de 55 centímetros), carnes de caças (cotia, capivara, tatu, porco do mato). O Ibama vai monitorar embarcações no rio Amazonas e na chegada nos portos da cidade.

Outros pontos de fiscalização são o aeroporto Municipal Júlio Belém, galpões e ateliês de fantasias dos bumbás. Em maio deste ano, os bois Caprichoso e Garantido assinaram termo de compromisso perante o Ministério Público Estadual (MPE) e Ibama no qual se comprometem evitar uso de subprodutos da fauna. Os bumbás também receberam orientações do Ibama quanto a questão da destinação dos resíduos sólidos produzidos ao longo do processo de confecção dos projetos de arena.”
– texto da matéria “Ibama declara guerra contra produtos feitos com subprodutos de animais”, publicada em 15 de junho de 2014 pelo site Repórter Parintins

Material alternativo (que não é de origem animal) para a confecção de fantasias e alegorias já existem no mercado. Falta comprometimento dos integrantes do Caprichoso e do Garantido, afinal há 12 anos o Ibama fiscaliza o trabalho deles.

Para a população que comercializa e compra artesanato feito com partes de animais silvestres falta uma campanha permanente de conscientização.

- Leia a matéria completa do Repórter Parintins

terça-feira, 17 de junho de 2014

Peixes ornamentais apreendidos em São Paulo: pena que o esforço de fiscalização seja só para a Copa

“Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreenderam no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) duas cargas com mais de dois mil de peixes ornamentais e animais aquáticos da fauna silvestre brasileira sem comprovação de origem legal.

Entre as espécies apreendidas foram encontradas duas de peixe ameaçadas de extinção, de acordo com a Instrução Normativa MMA 05/2004, Neon-goby (Elacatinus figaro) e Gramma brasiliensis, sendo a maior apreensão destes dois tipos realizada pelo Ibama.

Gramma brasiliensis apreendido no aeroporto de Guarulhos
Foto: Divulgação Ibama


Também foi apreendida uma outra espécie incluída na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites), o Cavalo-marinho (Hippocampus erectus), além de outras espécies da fauna silvestre nativa, como estrelas do mar, ouriços e ofiúros. As cargas vieram do estado da Bahia.

Foram lavrados no momento da fiscalização, que ocorreu na última sexta-feira (13), Autos de Infração Ambientais contra duas empresas comerciantes de peixes ornamentais, totalizando R$ 189 mil reais. Os animais apreendidos foram encaminhados a empreendimento autorizado.”
– texto da matéria “Meio Ambiente: Ibama apreende mais de dois mil peixes ornamentais e animais aquáticos da fauna brasileira ameaçados de extinção no aeroporto de Guarulhos”, publicada em 16 de junho de 2014 pelo Portal Bragança (Bragança Paulista – SP)

A apreensão faz parte do esforço do Ibama, chamado Operação Copa, para coibir o tráfico de fauna. Além de intensificar a fiscalização nos aeroportos das 12 cidades sedes da Copa do Mundo, o órgão federal está realizando uma campanha junto aos turistas desestimulando a compra de animais silvestres.

Em 9 de junho de 2014, com o post “Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada”, e em 13 de junho de 2014, com “Ação contra o tráfico de animais para a Copa: o vídeo do Ibama”, o Fauna News comentou o trabalho do órgão federal.

Seria muito bom se o Ibama incorporasse à sua rotina o esforço e a campanha feitos durante a Copa. O tráfico de peixes ornamentais, por exemplo, é um problema pouco combatido, .principalmente na região amazônica (com destaque para a fronteira com a Colômbia.

- Leia a matéria no Portal Bragança
- Releia os posts do Fauna News “Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada”, de 9 de junho de 2014, e “Ação contra o tráfico de animais para a Copa: o vídeo do Ibama”, de 13 de junho de 2014

Mato Grosso: segunda onça-pintada morre atropelada em menos de um mês

Em 26 de maio de 2014, o Fauna News publicou o post “Onça-pintada atropelada no MT: felino também é vítima das estradas”, em que comentou o atropelamento e morte de uma onça-pintada rodovia MT-246. O caso aconteceu dia 24.

Novamente, as estradas do Mato Grosso são palco de parda de uma onça-pintada por atropelamento. Dessa vez, na MT-208, entre Alta Floresta e Monte Verde.

“Uma onça pintada morreu ao ser atropelada na rodovia  MT-208, entre Alta Floresta e Monte Verde, no Norte de Mato Grosso,  por uma camionete Hillux. O animal caiu no acostamento e não resistiu aos ferimentos. Muitas pessoas que passavam pelo local se disseram impressionados, já que não é comum os felinos arriscarem a passar dessa forma pela estrada.

Onça morta atraiu muitos curiosos
Foto: Nativa News

Em maio, uma onça pintada foi encontrada morta no sábado, 24, à beira da MT-246, a aproximadamente 30 quilômetros da cidade de Barra do Bugres, no médio Norte do Estado. Havia uma marca de pneus próxima ao lugar onde o animal foi localizado. Várias pessoas pararam para ver a onça e alguns até tiraram fotos e postaram em rede social.

Em 2012 um caso semelhante aconteceu na rodovia MT-242, próximo ao município de Sorriso, O acidente ocorreu nas proximidades de uma ponte sobre o Rio Teles Pires. Uma onça pintada morreu, depois de ser atropelada na BR-163, por um veículo não identificado. O animal caiu no acostamento e não resistiu aos ferimentos.”
– texto da matéria “Onça pintada morre na MT-208 depois de ser atropelada por camionete”, publicada em 16 de junho de 2014 pelo site 24 Horas News (Cuiabá – MT)

Apesar de o status de conservação da onça-pintada ser “vulnerável” na lista oficial do Ministério do Meio Ambiente, a situação da espécie é mais preocupante quando se analisa cada bioma brasileiro. De acordo com o Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-Pintada (PAN), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a situação é a seguinte:

-Caatinga e Mata Atlântica: Criticamente Ameaçada;
- Cerrado: Ameaçada; e
- Pantanal e Amazônia: Quase Ameaçada.

Aparentemente, um atropelamento aqui outro acolá podem não alarmar. Mas essa análise é um erro. Dependendo da região, as populações de onças-pintadas estão isoladas umas das outras, o que significa que a perda de qualquer animal ajuda, e muito, no aumento das chances de ocorrer extinções locais. Isto é, a espécie continua existindo, mas não em determinada região.

Quantas onças-pintadas vivem no Mato Grosso? Será que essas mortes por atropelamento, de forma constante, não estão impactando bastante a sobrevivência da espécie no estado?

Para se pensar a respeito.

- Leia a matéria completa do 24 Horas News
- Releia o post “Onça-pintada atropelada no MT: felino também é vítima das estradas”, publicado em 26 de maio de 2014 pelo Fauna News
- Conheça o PAN da Onça-pintada

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Começar a semana pensando...

...sobre o atropelamento de onças-pardas no interior paulista.

“É uma região onde há muitas áreas de cerrado e a onça tem quilômetros e mais quilômetros para caçar. Nisso acaba cruzando as rodovias e o risco de atropelamento é enorme”.


Capitão Nilson Cesar Pereira, da Polícia Militar Ambiental, em entrevista sobre a onça-parda atropelada na SP-261, que liga Macatuba a Pederneiras (SP), publicada na matéria “Onça parda é atropelada em rodovia do interior de SP”, em 16 de junho de 2013 pelo portal Terra

Onça-parda sendo resgatada
Foto: divulgação Zoológico Municipal de Bauru

Desde o início de 2013, o Fauna News já comentou outros 10 atropelamentos de onças-pardas nas rodovias brasileiras. Infelizmente, dá para afirmar que acontecerem muitos outros casos que não ficamos sabendo.

- Leia a matéria do portal Terra

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Reflexão para o fim de semana: órfãos do tráfico de chifres de rinocerontes (com vídeo)

Animal está traumatizado
Imagem: reprodução You Tube

“Um filhote de rinoceronte na África do Sul não dorme mais sozinho depois de presenciar a morte da mãe, assassinada por caçadores que retiraram seu chifre. A equipe de um centro de resgate de animais em risco tem se revezado para dormir perto do animal.

Batizado de Gertjie, o rinoceronte está desde o dia 7 de maio no abrigo Hoedspruit, para espécies em risco, localizado na reserva privada de Kapama.

Ele foi encontrado ao lado do corpo da mãe, chorando "inconsolavelmente" e não queria deixá-la, segundo membros da equipe de resgate.  Ele precisou ser sedado para transporte.

Na primeira noite no centro de resgate, ele dormiu com uma cuidadora humana e uma ovelha, chamada Skaap, que age como mãe adotiva dos animais resgatados.

Com cerca de quatro meses de idade, ele se recupera lentamente de suas noites de "insônia" e já consegue fazer caminhadas diárias. Gertjie precisa ser alimentado a cada três horas.”
– texto da matéria “Após mãe ser morta, filhote de rinoceronte só dorme acompanhado de cuidador”, publicada em 11 de junho de 2014 pelo portal UOL

O tráfico de chifres de rinocerontes não vitima apenas os animais que são mortos. Os filhotes também sofrem... e muito! Tudo pela crença em países da Ásia que o pó de chifre cura doenças e pose até ser afrodisíaco.

Assista ao vídeo:


- Leia a matéria completa do portal UOL

Ação contra o tráfico de animais para a Copa: o vídeo do Ibama

Em 9 de junho de 2014, o Fauna News publicou “Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada”, sobre a iniciativa do Ibama em intensificar a fiscalização contra o tráfico de animais silvestres nos aeroportos de cidades que recebem jogos da Copa do Mundo. O órgão federal também lançou uma campanha para alertar os turistas sobre esse crime ambiental.

“A iniciativa do Ibama é boa e necessária. Espera-se que, além do aumento da fiscalização, haja uma divulgação em massa do problema do tráfico de fauna para os turistas, principalmente na chegada deles. Afinal, depois que o bicho tiver nas mãos do visitante, se for apreendido, terá de passar por todo um trabalho de reabilitação para voltar à natureza (se voltar!).

E animal fora da mata, incluindo os apreendidos, é praticamente o mesmo que animal morto: não cumpre suas funções ecológicas, como predar, ser predado, espalhar sementes, etc.”
– texto do Fauna News

O Fauna News localizou o vídeo da campanha, que utilizou o tatu-bola como personagem vítima do tráfico. Vale ressaltar que esses animais não são grandes vítimas do tráfico. Turistas, sejam elas estrangeiros ou brasileiros, não procuram esse animal para comprá-los como bichos de estimação, por exemplo. O destino dos tatus capturados e vendidos é a panela.

A intenção do Ibama é interessante e bem intencionada. Além de conscientizar os turistas, tentaram envolver o ameaçado tatu-bola símbolo da Copa. Mas será que a mensagem será eficiente?

No vídeo, o tatu está em sua posição de defesa, isto é, como uma bola. O que o deixou um tanto escondido. Será que não seria melhor fazer a campanha com alguma ave? Afinal, elas representam mais de 80% dos animais apreendidos com traficantes e em cativeiro doméstico ilegal no Brasil.

Assista ao vídeo:


- Releia o post "Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada”, publicado pelo Fauna News em 9 de junho de 2014

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Construção e duplicação de rodovias: impacto zero não existe, mas deve ser a meta

“Apesar de nem sempre serem vistos pelas pessoas, muitos animais silvestres vivem às margens das rodovias. Em iniciativa da Cart, empresa responsável pela administração de rodovias da região, é realizado o resgate e transferência para local seguro anfíbios, mamíferos, répteis, aves e insetos encontrados nas áreas das futuras obras de duplicação de vias e que não conseguiriam dispersar-se por meios próprios.

Felino sendo resgatado na área de duplicação da Raposo Tavares (SP)
Foto: divulgação Nature

De acordo com a empresa, eles são soltos em áreas próximas que não sofrerão interferência das obras. O Projeto de Remanejamento de Fauna foi aprovado pela Cetesb e pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, informa a Cart, que contratou uma empresa especializada em soluções ambientais, que utiliza métodos de captura e manejo da fauna.

Após a obtenção do licenciamento ambiental, mas antes que as máquinas comecem a trabalhar na supressão da vegetação, é feito um inventário da fauna existente no trecho onde serão realizadas obras. Os animais silvestres encontrados na área da futura obra, quando constatada a impossibilidade de se dispersarem por próprios meios, são removidos.

Números
Na duplicação da Rodovia Raposo Tavares, nos municípios de Rancharia e Martinópolis, em 2013, foram resgatados 241 animais, entre anfíbios, mamíferos, répteis, aves e insetos. Ninhos com ovos ou filhotes e até colmeias de abelhas nativas também são realocados.”
– texto da matéria “Animais são retirados de áreas próximas de rodovias”, publicada em 4 de junho de 2014 pelo Portal Prudentino (Presidente Prudente - SP)

Toda estrada e rodovia causa impacto na fauna. Sempre. O simples fato da construção da via já fragmente o hábitat de alguma espécie, tornando-se uma barreira – que pode ser intransponível para alguns animais ou um obstáculo perigoso a mais para outros. O som dos veículos em movimento, a emissão de poluentes no ar, os derramamentos e vazamentos de combustível e óleo, o lixo jogado pelos motoristas, os atropelamentos e a ocupação das margens por empreendimentos residenciais e comerciais, entre tantos outros, afetam a vida dos silvestres.

Antes da construção das estradas e rodovias, esses impactos têm de ser previstos, dimensionados e reduzidos o máximo possível – inclusive com a alteração do traçado da via. Nesses casos e nas duplicações (como da Raposo Tavares), os animais têm de ser retirados antes do início das obras e transferidos para áreas com as mesmas características do hábitat original de cada espécie.

Infelizmente, esse trabalho todo nem sempre é feito com o cuidado que merece – nenhuma referência ao serviço feito pela empresa contratada pela Cart. E mesmo quando o é, ainda haverá algum bicho que poderá sofrer danos durante as obras.

O monitoramento deve ser constante durante a construção ou duplicação, com operários trabalhando com cuidado e devidamente orientados a acionar profissionais capacitados para o resgate do bicho encontrado.

Impacto zero não existe, mas deve ser a meta.

- Leia a matéria completa do Portal Prudentino

Correios em Minas Gerais: encomenda de répteis é apreendida

“Em uma embalagem de presente, quatro filhotes de serpente e um jabuti foram enviados pelos Correios de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, à Belo Horizonte. A encomenda passou por Valadares mas foi interceptada na capital, após funcionários dos Correios detectarem os animais pelo raio-x, nesta terça-feira (10).

Répteis apreendidos em Minas Gerais
Foto: divulgação PM Ambiental MG

Segundo o sargento Helton Luís Pires, da Companhia de Polícia Militar de Meio Ambiente de Belo Horizonte, o remetente é um homem morador do bairro Esplanada, em Governador Valadares, e o destinatário seria um jovem morador do bairro Padre Eustáquio, região Noroeste da capital.

Nenhum dos dois foi encontrado pela polícia para prestar os esclarecimentos, mas na casa do destinatário, a mãe disse não saber sobre o envolvimento do filho com animais da fauna silvestre.”
– texto da matéria “Caixa com serpentes e jabutis é interceptada pelos Correios em BH”, publicada em 10 de junho de 2014 pelo site do jornal mineiro O Tempo

O tráfico de animais pelos correios é uma prática comum. As principais vítimas são os répteis, por serem silenciosos e resistentes a dias sem comida e água. Além de cobras e jabutis, iguanas também são bastante despachados.

O caso tem de ser bastante investigado pois existe grande possibilidade de se desbaratar uma quadrilha, que envolve que vende e despacha via correios até possíveis infratores responsáveis por capturar e coletar filhotes e ovos.

Essa forma de entregar o animal é bastante cruel. Os animais são embalados em caixas pequenas, sem alimentação e água, com ventilação precárias e que acabam sendo sacudidas o tempo todo.

Infelizmente, por causa da fraca legislação que trata do crime, os envolvidos ficarão impunes.

- Leia a matéria completa de O Tempo

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Aves retomando a liberdade em Goiás

“Servidores da Superintendência do Ibama em Goiás realizaram, na última terça-feira (03) a soltura de um periquito-rei (Aratinga aurea), oito periquitões-maracanã (Aratinga leucophtalma) e sete periquitos-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) no município de Jaraguá/GO, na Fazenda Eloy Camargo, cuja proprietária, Eloísa Camargo, é parceira cadastrada no projeto Asas de Soltura, do Ibama.” – texto da matéria de divulgação “Ibama devolve animais para ambiente natural em Goiás”, publicada em 6 de junho de 2014 pelo site do Ibama

Em Goiás, depois do cativeiro a liberdade
Foto: divulgação Ibama
Essas aves estão por concluir sua jornada de retomada da liberdade. Após serem apreendidas, provavelmente em cativeiro doméstico sendo criadas como bichos de estimação, esses animais devem ter sido examinados e readaptados à vida livre. A intenção é devolvê-las à natureza sem doenças que possam comprometer a saúde do ecossistema e suficientemente autônomas para buscar alimentos e viver em ambiente selvagem.

A existência de áreas de soltura cadastradas, como a fazenda, é muito importante, pois é uma garantia que os animais encontrarão um ambiente saudável e equilibrado, além de permitir que sejam monitorados. Acompanhas os bichos após a soltura é uma forma de avaliar se o trabalho feito até ali foi correto, o que permite correções e melhorias.

Infelizmente, nem sempre todas essas etapas (que aqui foram explicados de forma simples) são realizadas. O processo é caro, trabalhoso e exige a atenção de profissionais capacitados, condições que nem todos os órgãos ambientais públicos têm condições de atender.

- Leia a matéria completa do Ibama

Grande apreensão de aves em Minas Gerais e a investigação do tráfico de fauna

“Mais de 900 pássaros da fauna silvestres foram recuperados, durante esse fim de semana, na MGC-135, em Mirabela, no Norte de Minas. Os animais eram transportados sem autorização obrigatória expedida por órgão ambiental competente.

Todas as aves estavam nos caixotes 
de madeira colocados na frente das gaiolas
Foto: divulgação Polícia Militar MG

Policiais rodoviários e da 11ª Companhia de Polícia Militar Independente de Meio Ambiente e Trânsito em operação de fiscalização, tentaram abordar um Voyage, com placas de Contagem, na altura do KM 299, mas ele fugiu, em alta velocidade por uma estrada de terra, o que deu início a uma perseguição.

Em um dado momento, os ocupantes do carro abandonaram o veículo e fugiram a pé por um matagal. O motorista e uma passageira conseguiram fugir.

Ao vistoriar o veículo, foram localizadas 45 caixas de madeira, onde estavam 916 pássaros da fauna silvestre, sendo 446 da espécie preto, 366 sofres, 37 trincas ferro, 63 cardeais, três pêgas e um gurricho. O veículo foi apreendido e removido ao pátio credenciado em Mirabela e os pássaros foram apreendidos e entregues ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em Montes Claros.”
– texto da matéria “Mais de 900 pássaros da fauna silvestre são recuperados no Norte de MG”, publicada em 9 de junho de 2014 pelo site do jornal mineiro O Tempo

Apesar da fuga, os policiais encontraram um celular, uma carteira de identidade e o documento do veículo, o que pode ajudar na identificação do casal. Espera-se que a polícia chegue até a dupla, mesmo sabendo que a punição para o caso é quase nenhuma. O crime ambiental cometido prevê pena de seis meses a um ano de prisão (“menor potencial ofensivo”), o que obriga o Ministério Público a oferecer a oportunidade da transação penal – espécie de acordo, em que o infrator cumpre exigências (serviços comunitários ou pagamento de cestas básicas, por exemplo) em troca da não continuidade do processo.

A identificação do casal torna-se muito importante por permitir que se investigue a origem dos animais, possibilitando conhecer que os capturou, armazenou e que os receberia. Esse trabalho também ajuda a uma possível soltura das aves em suas regiões de origem.

A pergunta que fica é: será que essa investigação será realizada?

- Leia a matéria completa de O Tempo

terça-feira, 10 de junho de 2014

Mais canários estrangeiros apreendidos no Mato Grosso do Sul

“Um boliviano, que não teve a identidade divulgada, foi multado em R$ 72 mil ao ser flagrado com 350 canários na noite de ontem (4), na fronteira entre Brasil e Bolívia. O flagrante foi feito pelos fiscais da Receita Federal, que faziam bloqueio na região.

A PMA (Polícia Militar Ambiental) de Corumbá foi acionada e aplicou multa de R$ 72 mil. Além disso, o traficante vai responder por crime ambiental. Os animais serão encaminhados para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) e devem chegar por volta das 15h em Campo Grande.

No mês passado, a PMA de Costa Rica apreendeu 600 canários da mesma espécie. Dois traficantes de Brasília (DF) foram flagrados com as aves, que seriam levadas para Minas Gerais.”
– texto da matéria “Boliviano é multado em R$ 72 mil ao ser flagrado com 350 canários”, publicada em 5 de junho de 2014 pelo site Campo Grande News (MS)

Apreensão de canários peruanos feita pela Polícia Federal em 2013
Foto: divulgação Polícia Federal

Os canários vindos da Bolívia são maiores e mais fortes que os nativos do Brasil. Dessa forma, se escaparem, eles têm vantagem na competição por território e alimento contra a espécie brasileira – o que pode resultar em um grave desequilíbrio.

Esses canários são trazidos para o Brasil para participarem de rinhas, principalmente na região de Brasília e no Nordeste.

Os canários, originários principalmente do Peru e da Venezuela, entram no Brasil por duas rotas distintas. Na primeira, os pássaros seguiam pela Bolívia e entravam no Brasil pela cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, sendo levados para Minas Gerais e Brasília. Na segunda rota, as aves entram pela fronteira do Amazonas e Roraima e seguiam até o Nordeste.

Há anos o problema acontece e apreensões gigantescas são realizadas. O estado do Mato Grosso do Sul é o que mais sofre com o problema, pois seu Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), situado em Campo Grande, fica abarrotado de bichos. Pelo fato de ser uma espécie não existente no Brasil, não é possível providenciar a soltura deles em território nacional.

Já passou da hora de as autoridades brasileiras conversarem com autoridades dos países de origem desses animais para intensificar a repressão por lá e para conseguir facilidades para a repatriação dessas aves.

- Leia a matéria completa do Campo Grande News

Apreensões de animais aumentam se a fiscalização aumenta

“O número de apreensões de animais silvestres em Uberlândia é motivo de preocupação para a Polícia de Meio Ambiente. Está sendo feita uma fiscalização e, somente em abril, a polícia registrou a maior apreensão de pássaros do ano, sendo 167 aves. No mesmo mês em 2013 foram apreendidos 17 pássaros e em todo o ano passado foram 487 apreensões. Já neste ano, somando abril, maio e junho já foram 323.

Aves apreendidas no bairro Segismundo, em Uberlândia (MG)
Imagem: reprodução TV Intgração

A última apreensão em Uberlândia foi na tarde desta quinta-feira (5) no Bairro Segismundo Pereira, onde 156 pássaros foram apreendidos e um homem preso. Segundo o policial ambiental, tenente Carlos Augusto Faria, o crime foi descoberto após denúncia anônima. “Quando a equipe chegou, constatou criação de aves da fauna silvestre de forma ilegal”, disse.”
– texto da matéria “Cresce o número de apreensões de animais silvestres em Uberlândia”, publicada em 6 de junho de 2014 pelo portal G1

Quando os órgãos de repressão intensificam seu trabalho de fiscalização, o resultado é esse. Provavelmente não está havendo um grande crescimento no tráfico de fauna ou da criação doméstica ilegal de silvestres. Infelizmente, o que se constata é o poder público atuando quando o dano já está feito e os bichos estão fora de seu hábitat.

Para quem fiscaliza, o correto é identificar as áreas de captura e coleta dos animais e evitar a saída deles de seus ecossistemas de origem. Enquanto, na outra ponta da cadeia do mercado negro, é necessária uma grande ação de conscientização junto à população – afinal, só existe gente vendendo porque tem gente comprando.

Caso isso não seja feito, as apreensões só aumentarão.

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada

“O Ibama vai atuar nos 12 aeroportos da Copa do Mundo e para combater o tráfico de animais silvestres vai intensificar suas operações nos aeroportos de maior entrada e saída de estrangeiros durante os 45 dias dos jogos. Para coibir as ações do tráfico de animais, o Ibama ainda lança uma campanha nacional nesta quinta-feira (05), dia mundial do meio ambiente com o tema “No Brasil não leve cartão vermelho, leve apenas boas lembranças”.

Cartaz da campanha do Ibama

Em Guarulhos e Viracopos, os agentes ambientais foram escalados em esquema de plantão de 24 horas para cobrir as atividades de fiscalização. Durante reunião para tratar da operação no auditório da Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, o superintendente do Ibama em São Paulo, Murilo Rocha, falou sobre importância da presença do Ibama dentro do aeroporto atuando integrado com a Receita Federal, Anvisa e Vigiagro no controle do comércio exterior.  Esteve presente, ainda, Edison Takeshi, inspetor da Receita Federal responsável pela alfândega, que fez um breve relato de como será o trabalho da Receita Federal neste período da Copa do Mundo e na oportunidade elogiou a atuação do Ibama dizendo que apesar de ser um dos mais novos órgãos trabalhando dentro do aeroporto, é o mais atuante nas atividades de fiscalização em pista e que tem realizado ações efetivas juntamente com a Receita Federal.”
- texto da matéria de divulgação “Ibama lança campanha e faz operações em aeroportos durante a Copa do Mundo”, publicada em 5 de junho de 2014 pelo site do Ibama

Em 30 de maio de 2014, o Fauna News publicou o post “Ação em defesa da fauna durante a Copa no Rio Grande do Norte”, em que comentou a iniciativa do Ibama do Rio Grande do Norte em lançar e divulgar 10 regras para orientar os turistas que visitarão Natal para acompanhar os quatro jogos que a cidade receberá na primeira fase da Copa do Mundo. A medida serve também para orientar os profissionais do setor de turismo.

A iniciativa do Ibama é boa e necessária. Espera-se que, além do aumento da fiscalização, haja uma divulgação em massa do problema do tráfico de fauna para os turistas, principalmente na chegada deles. Afinal, depois que o bicho tiver nas mãos do visitante, se for apreendido, terá de passar por todo um trabalho de reabilitação para voltar à natureza (se voltar!).

E animal fora da mata, incluindo os apreendidos, é praticamente o mesmo que animal morto: não cumpre suas funções ecológicas, como predar, ser predado, espalhar sementes, etc.

- Leia a matéria completa do Ibama
- Releia o post “Ação em defesa da fauna durante a Copa no Rio Grande do Norte”, publicado em 30 de maio de 2014 pelo Fauna News