quinta-feira, 31 de maio de 2012

Aberta a temporada de caça aos caçadores na Índia

A medida é radical e polêmica.

“O Governo da Maharashtra, no oeste indiano, deixou de considerar crime a morte de caçadores furtivos de animais selvagens, na sequência de pelo menos oito mortes de tigres este ano – 14 em toda a Índia.

Tigre-de-Bengala: espécie que vive na Índia
Foto: WWF-Canon/Roger Hooper

O estado indiano declarou guerra à morte ilegal de animais e deu ordens para os guardas florestas, literalmente, caçarem os caçadores ilegais que sejam vistos, em flagrante, a matar tigres, elefantes e outros animais.”
– texto da matéria “Índia: matar caçadores furtivos de animais selvagens vai deixar de ser crime”, publicada em 28 de maio de 2012 pelo site português Green Savers

Não sei se entendi, mas parece que a intenção é chegar atirando nos caçadores sem que haja uma tentativa de prendê-los. Seria o mesmo que dar poderes para a polícia atirar em ladrões sem antes tentar colocá-los na cadeia. Será que a medida vai surtir o efeito necessário?

Essa medida deve ser muito bem controlada para não gerar um efeito colateral. Com tamanho poder nas mãos, agentes de fiscalização podem utilizá-lo de forma inadequada, gerando vítimas inocentes.

Motivar, equipar e trabalhar com setores de inteligência e investigação são ações válidas – lógico que amparadas por leis realmente eficientes e punitivas. Pelo menos, o governo indiano parece estar estruturando suas equipes de fiscalização.

“Para acabar com esta destruição da vida animal, o estado irá enviar mais rangers e jeeps para as florestas e pagará a informadores lhes dêem dicas sobre ladrões de animais e caçadores. O prémio pode ir até aos €71 mil (R$ 178 mil).” – texto do Green Savers

No início do século passado, a população de tigres no mundo era estimada em 100 mil animais. Hoje, vivem em estado selvagem cerca de 3.200 – a metade na Índia. De acordo com o Green Savers, os ti

“Para além dos tigres, também os elefantes e rinocerontes são muito apreciados pelos caçadores furtivos. Os leopardos, por outro lado, são envenenados pelos próprios locais, que têm medo que estes animais destruam as suas culturas e ataquem as casas.” – texto do Green Savres

Atualmente, a demanda pelas partes de trigres é grande na China, onde os ossos do animal são usados em remédios. Na Ásia também há localidades onde populações consideram que bigodes, garras e dentes trazem proteção e sorte.

 Remédios feitos com partes de tigres na China
Foto: Reuters

- Leia a matéria completa do Green Savres

terça-feira, 29 de maio de 2012

Mistério: como as três corujinhas foram parar na caixa de papelão?

Encontrei em dois sites a notícia sobre o encontro, por funcionários do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), de três filhotes de coruja em uma caixa de papelão às margens da Rodovia Mábio Gonçalves Palhano, em Londrina.

“Três filhotes de coruja foram encontrados por funcionários do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) de Londrina abandonados em uma caixa, na segunda-feira (22). Eles acionaram a 2ª Companhia da Polícia Ambiental que fez o resgate dos animais.

Como elas forma parar em uma caixa às margens de uma rodovia?
Foto: Polícia Ambiental do Paraná

Os funcionários do IAP acharam as corujas quando passavam próximo à Mata dos Godoy, às margens da Rodovia Mábio Gonçalves Palhano. Elas estavam em uma caixa de papelão, em boas condições de saúde e pertencem à espécie Suindara.”
– texto da matéria “Filhotes de coruja são encontrados abandonados em caixa em Londrina”, publicado em 24 de maio de 2012 pelo odiario.com

Tudo chama a atenção na notícia: o inusitado da espécie, a falta de informações sobre como elas foram parar ali e como os funcionários do IAP as encontraram. O fato não chamou tanto a intenção da imprensa, que se contentou em noticiar o caso com poucas informações.

Foto: Polícia Ambiental do Paraná

Será que as corujinhas seriam vítimas de traficantes de animais?

- Leia a matéria completa de odiario.com
- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Começar a semana pensando...

...que borboletas não são bolhas de sabão, pétalas de rosas ou arroz para embelezar festinha.

Realmente, o comércio não tem limites:

“Você já ouviu falar da revoada de borboletas vivas em casamentos? Esta moda que chegou do exterior está conquistando cada vez mais os pombinhos brasileiros.

Borboletas para casamentos: e com autorização do Ibama
Foto: Reprodução R7

Ainda são poucos os estabelecimentos no País que atendem à demanda de casais que querem este espetáculo em seu evento. Localizado na Bahia, o Borboletário Encanto é um dos criadouros que distribuem borboletinhas para todo o Brasil.”
– texto da matéria “Nova moda em casamentos, revoada de borboletas desequilibra a natureza”, publicada pelo portal R7 em 23 de maio de 2012

A dona do borboletário teve um raciocínio manco para solucionar possíveis problemas com suas “mercadorias”. Ela adotou uma técnica para reduzir o estresse dos insetos:

“Para enviar os animais para todo o Brasil, a equipe de Sara utiliza-se do método da diapausa, uma espécie de hibernação dos insetos.

(...) — A diapausa é um processo natural que diminui o metabolismo dos animais. Ele também ocorre na natureza quando há quedas bruscas na temperatura. O problema da diapausa induzida é se o choque térmico for muito forte, aí sim pode acarretar danos maiores nos animais, já que o metabolismo pode demorar muito para voltar ao normal. Caso contrário, não gera traumas nas borboletas. (fala do biólogo e especialista em borboletas Marcelo Duarte da Silva, do Museu de Zoologia da USP)”
– texto do portal R7

Mas a comerciante não pensou no impacto que a soltura de animais de uma espécie estranha a um ecossistema pode causar:

“— A preocupação de soltar uma população estranha dentro de outro ecossistema é a troca entre as populações. Aqui no Brasil não existem muitos estudos sobre este assunto, mas uma série de processos graves podem ser desencadeados por causa desse desequilíbrio ambiental.

Além dos danos ao meio ambiente, Marcelo da Silva diz não concordar com a criação de animais silvestres para fins comerciais.

— Não soa biologicamente correto. Para mim, criar borboletas para soltar em casamentos é a mesma coisa que pegar um monte de macacos e soltar em eventos. Eu sou contra a prática. (declarações do biólogo)”
– texto do portal R7

E sabe o que é pior: o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) deu licença para o funcionamento do borboletário. O órgão não deveria lutar pela defesa dos animais?

- Leia a matéria completa do portal R7

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Reflexão para o fim de semana: ambição e crueldade contra sucuri de 5 metros

Toda amarrada, com a cabeça para o alto, sem água ou alimentação. Dessa forma um pescador do município de Rosana, no oeste paulista, manteve presa em um barco, por sete dias, uma sucuri de 5 metros. O sujeito usava a cobra para atrair turistas, que a fotografavam.

Dessa forma a sucuri era mantida presa pelo pescador
Foto: Divulgação PMA

“Uma equipe da Base Operacional da Polícia Militar Ambiental de Rosana, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste paulista, recebeu na última terça-fera a denúncia de que alguns pescadores haviam capturado uma serpente Eunectes Murinus, popularmente conhecida por sucuri.

A pessoa que denunciou o caso afirmou que os autores mantinham o animal preso por cordas dentro de uma embarcação, e que utilizavam a cobra com mais de 5 m de comprimento para atrair a atenção de turistas. Várias pessoas teriam fotografado o animal e postado fotos em sites de relacionamento provocando repercussão.”
– texto da matéria “SP: polícia autua homem por manter sucuri de 5 m em cativeiro”, publicada pelo portal Terra em 23 de maio de 2012

Foto feita por turistas com a sucuri
Foto: Divulgação PMA

Ao saber que policiais o procuravam, o pescador devolveu a sucuri para as águas do rio Paraná.

O caso é pitoresco, mas não incomum. Chama a atenção por ser uma sucuri, mas ocorre em todo o mundo.

Na Tailândia e Indonesia, macacos são capturados e colocados para fingir que tocam instrumentos musicais ou a fazer pequenos truques. Na Índia, elefantes vivem transportando turistas. No Brasil, em Genipabu (Natal, Rio Grande do Norte), iguanas são capturados por jovens para serem oferecidas para turistas as fotografares... ou as comprarem.

Na Tailândia: divertido, não?
Foto: Rungro Yongrit/Efe

Vale o aviso: como turista, não incentive essas práticas, não pague por esse tipo de “pseudoentretenimento”. Caso presencie tais abusos, chame a polícia!

Em Jacarta (Indonesia): mais de 500 macacos nessa situação
Foto: bikyamasr

- Leia a matéria completa do portal Terra
Releia os posts do Fauna News:
- “Reflexão para o fim de semana: quando o turista incentiva o abuso”, publicado em 1º de abril de 2011
- “Reflexão para o fim de semana: exploração animal para lazer humano”, publicado em 23 de setembro de 2011

quinta-feira, 24 de maio de 2012

É nas feiras livres que o tráfico de animais rola solto

Elas estão espalhadas por todo o país. E várias delas não vendem apenas alimentos, roupas ou utensílios domésticos. Em muitas feiras livres que, dependendo da característica passam a ser chamadas de feiras do rolo, o tráfico de animais silvestres está presente com força junto com o comércio de muita coisa furtada, roubada e pirateada.

“Uma operação realizada na manhã de domingo (20) pela Polícia Militar apreendeu 459 animais silvestres no município de Feira de Santana, a aproximadamente 100 km de Salvador. Os animais estavam sendo vendidos na Feirinha da Estação Nova e foram resgatados por prepostos da 66ª Companhia da PM.

Feira de Santana é um dos maiores pontos do tráfico de fauna no Brasil
Foto: Washington Nery/Secom

Dos animais apreendidos, 441 eram pássaros de diversas espécies, além de haver um camaleão, dois saguis e 15 jabutis. De acordo com a polícia, os animais serão encaminhados para o Centro de Proteção Ambiental da PM, na capital baiana. Ninguém foi preso.” – texto da matéria “Polícia apreende mais de 400 animais silvestres em Feira de Santana (BA)”, publicada pelo portal G1 em 21 de maio de 2012

Com escrevi logo no começo do texto, essas feiras estão espalhadas por todo o país.

“Policiais militares ambientais encontraram mais de 150 aves silvestres com três suspeitos que não tinham documentação para possuí-las nem comercializá-las. Os animais foram encontrados na noite deste sábado (19) no Parque Paulistano, na zona leste de São Paulo.

De acordo com a polícia, gaiolas com os pássaros estavam na calçada da rua Bonito de Santa Fé. A polícia chegou até o local durante o patrulhamento, e abordou três homens que estavam próximos.

Eles foram revistados e confessaram que as aves seriam comercializadas em uma feira. Outras aves foram encontradas na casa de um dos suspeitos, totalizando 171 animais. As aves serão encaminhadas ao Parque Ecológico do Tietê, segundo a polícia.”
– texto da matéria “Polícia apreende aves silvestres na zona leste de SP”, publicada pela Folha de S. Paulo em 21 de maio de 2012

Em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, há anos funciona uma das mais tradicionais feiras brasileiras em que ocorre o tráfico de animais . A situação lá é tão vexatória que o Ibama se viu obrigado a anunciar a instalação de um posto permanente no local.

“Guardadas as devidas proporções, o comércio escancarado de animais silvestres na feira livre de Duque de Caixas, no estado do Rio de Janeiro, é muito similar ao escandaloso comércio de drogas na região da Luz da cidade de São Paulo, a cracolândia. Em ambos os locais, o tráfico (de animais ou de entorpecente) escancara para a sociedade a incompetência do poder público em lidar com o problema.” – texto do post “Na luta contra a cracolândia da fauna silvestre”, publicado em 24 de janeiro de 2012 pelo Fauna News

Equipe do Ibama na feira de Duqe de Caxias
Foto: Márcio Leandro

Além da fiscalização presente, o tráfico de animais em feiras livres também tem de ser combatido administrativamente contra quem tem licença de funcionamento. Em Salvador, uma proposta chama a atenção:

“Um projeto de lei de autoria do vereador Marialvo Barreto (PT), que altera uma lei já existente sobre o comércio ilegal de animais silvestres em recintos e áreas administradas pelo poder público, foi votado na manhã desta quarta-feira (16) na Câmara de Vereadores. Pelo projeto, quando constatado o comércio de animais silvestres, vivos ou mortos, em bancas de feiras livres municipais ou em equipamentos comerciais similares, a licença será imediatamente cassada e em caráter irrevogável.” – texto da nota “Bancas que venderem animais silvestres terá licença cassada”, publicada em 17 de maio de 2012 pelo site Bahia na Política

Mas, efetivamente, o tráfico de animais sofrerá redução somente com uma ampla e responsável campanha educativa e a aplicação de leis realmente punitivas (diferente das atuais leis em que ninguém vai preso por crimes contra a fauna). Só a repressão não terá resultados.

Na Paraíba, uma tipica feira onde aconece o tráfico de animais
Foto: SOS Fauna

- Leia a matéria do portal G1
- Leia a matéria da Folha de S. Paulo
- Leia a nota do site Bahia na Política
- Releia o post “Na luta contra a cracolândia da fauna silvestre”, do Fauna News

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pássaros em gaiolas: chegou o momento da mudança

“A Polícia Militar prendeu uma mulher, na manhã deste sábado (19), que mantinha pássaros silvestres dentro de casa, na quadra 803 do Recanto das  Emas, no Distrito Federal. Segundo a polícia, foram apreendidos dois pássaros pretos, um sabiá laranjeira, um papa-capim e um colerinha baiana.” – texto da matéria “Mulher é presa por manter pássaros silvestres em residência, no DF”, publicada em 19 de maio de 2012 pelo portal G1

Encarcerar a liberdade: hábito cruel
Foto: Renata Diem

Não vou criticar a ação da Polícia Militar do DF. Muito pelo contrário. A corporação está fazendo seu trabalho; cumprindo sua obrigação. O que pretendo, ao destacar essa notícia, é propor uma reflexão.

Não há quem não conheça, no Brasil, pessoas que mantêm pássaros em gaiolas. Seja na cidade grande ou nos vilarejos, em zona urbana ou nas propriedades rurais, o hábito de criar aves em cativeiro está disseminado pelo país. É cultural.

Agora, imagine se as polícias e o Ibama realmente começarem a apreender todas as aves que vivem ilegalmente nas gaiolas e puleiros espalhados pelas casas. Não ia ter lugar para abrigar todos os animais – os centros de triagem e recebimento de animais silvestres já estão precários e superlotados...

A fiscalização e a repressão ao tráfico de animais passam pelas mãos da polícia, mas o problema não será resolvido por essa via. A imprensa noticia tais ações e não cobra do poder público trabalhos efetivos para resolver o problema.

E sabe o porquê não cobra? Por que é ignorante e conhece o tráfico de animais superficialmente.

Ninguém fala ou escreve pela mudança das leis fracas para esse crime ou toca na educação ambiental. Pela necessidade de conscientizar as pessoas de que lugar de bicho é no mato, cumprindo suas funções ecológicas.

O poder público e a imprensa não mostram para a população que a retirada de 38 milhões de animais silvestres da natureza por ano, no Brasil, pelo tráfico reflete na vida de outros milhões de animais e plantas por causa da importância de cada um na cadeia alimentar, na teia alimentar a que pertence.

O hábito de manter aves em cativeiro é cultural. Mas a cultura não é estática e se modifica de acordo com as mudanças do pensamento humano. E chegou a hora desse traço cultural brasileiro (e mundial) mudar na direção da valorização da vida silvestre livre.

- Leia a matéria completa do portal G1

terça-feira, 22 de maio de 2012

Mais uma vítima da queima da palha da cana

A antiquada prática da queima da palha da cana-de-açúcar contrasta com a propaganda do etanol como combustível sustentável. Pode ser menos poluente para a atmosfera no momento de sua queima nos motores, mas seu processo de produção ainda deixa a desejar.

As lavouras não mecanizadas ou pouco mecanizadas ainda utilizam a queima da palha da cana como parte do processo de colheita. O processo é economicamente arcaico e de visão administrativa de curto prazo, afinal o solo empobrece com os incêndios agrícolas obrigando mais investimentos em insumos.

Canavial em chamas: temperatura chega a 800°C

Ambientalmente, o processo é um desastre. Primeiramente por depor contra a intenção do uso do etanol como combustível menos poluente, afinal de contas as queimadas lançam gases e também prejudicam a saúde dos moradores de muitas cidades vizinhas das propriedades rurais.

Outro motivo é o impacto que essas queimadas causam na fauna silvestres. Os animais acabam mortos e feridos pelos incêndios agrícolas que se alastram com extrema velocidades e atingem temperaturas de 800°C.

“Policiais da PMA (Policia Militar Ambiental) recolheram um filhote de “gato-do-mato” ferido durante queimada de um canavial, em Naviraí.

Gato-do-mato queimado
Foto: Divulgação PMA/MS

De acordo com a Polícia, o animal silvestre foi encontrado com vários ferimentos provocados por queimaduras nas orelhas e os olhos e, possivelmente, poderá ficar cego. As pessoas que acionaram a PMA suspeitam de que o animal fora ferido durante a queima da palhada de um canavial.” – texto da matéria “PMA recolhe filhote de gato-do-mato ferido em incêndio em Naviraí”, publicada em 14 de maio de 2012 pelo site Campo Grande News

A imprensa pouco noticia essa tragédia, e quando o faz, o faz com incompetência assustadora, afinal é comum ficarem sempre no registro do fato, sem contextualizar o problema. No caso da matéria do Campo Grande News, há ainda uma aparente contradição.

O texto informa que o animal POSSIVELMENTE ficará cego, mas, no parágrafo final, o site afirma:

“O filhote foi encaminhado ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, para ter os ferimentos tratados e a POSSÍVEL reintrodução na natureza.”

Gostaria de saber o que é realmente POSSÍVEL: o animal ficar cego ou voltar para a natureza? Parte da imprensa ainda trata os temas ligados a animais silvestres com a mesma falta de comprometimento do poder público.

- Leia a matéria completa do Campo Grande News
- Releia o post do Fauna News “A dolorosa morte de animais pelo fogo agrícola... e o fim das queimadas nos canaviais paulistas só ocorrerá em 2017”, de 13 de julho de 2011

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Começar a semana pensando...

...no descaso com a fauna silvestre: arara morre porque o poder público não tem estrutura.

Uma arara-canindé ferida agonizou, sem cuidados, até a morte por causa da falta de viaturas da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul e da inexistência de algum outro serviço de resgate de animais silvestres em situação de risco em ambiente urbano. O caso aconteceu dia 14 de maio de 2012 em Campo Grande.

“A jornalista Yenny Caballeiro conta que a saga começou quando a arara caiu com a asa quebrada de um coqueiro na manhã de ontem (14), na rua José Tavares do Couto, no bairro Itanhanga Parque, em Campo Grande. “Eu vi que ela estava com a asa quebrada, então a peguei com cuidado e coloquei dentro de uma bacia”, disse.

Jornalista com arara-canindé morta
Foto: Minamar Júnior

A partir daí a jornalista começou a ligar para todos os órgãos de meio ambiente na tentativa de conseguir salvar a arara. No entanto, afirma, ninguém apareceu para buscá-la e a ave amanheceu morta. “Nós fomos até orientados a não dar comida, água e nem ficar olhando muito para não estressar o bicho”, relata.”
– texto da matéria “Mulher resgata arara ferida, tenta ajuda sem sucesso e chora ao ver ave morta”, publicada em 15 de maio de 2012 pelo site Campo Grande News

De acordo com o major Ednilson Queiroz, as duas viaturas disponíveis estavam atendendo outras ocorrências.

Duas viaturas? É isso mesmo? Lamentável...

‘“Como não tinha viatura disponível, ela foi orientada a levar o animal para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres)”, disse, acrescentando que além de Campo Grande, o órgão atende Jaraguari, Ribas do Rio Pardo, Sidrolândia e Rochedo.’ – texto do Campo Grande News

Com a divulgação do caso pela imprensa, muita gente criticou a jornalista que encontrou a arara pelo fato dela não ter levado a ave até o CRAS.

Independentemente da decisão tomada pela jornalista, as circunstâncias que envolvem a morte da arara escancaram, mais uma vez, a falta de infraestrutura dos órgãos responsáveis pelo atendimento a animais silvestres. E esse problema é resultado de políticas de Estado e políticas de governo que não contemplam a fauna com a importância que deveria receber.

O major não tem culpa. A culpa é dos prefeitos, dos governadores e da presidência da República, além dos legisladores, que insistem em manter estruturas de governo defasadas e desinteressadas no manejo da fauna silvestre.

- Leia a matéria completa do Campo Grande News

terça-feira, 15 de maio de 2012

A onça Anhanguera teve sua segunda chance. Mas não resistiu à pressão humana

Há pouco, li um post no blog do deputado estadual Pedro Bigardi (“Serra do Japi em perigo: deputado Bigardi denuncia morte da onça Anhanguera após novo atropelamento”) informando a morta da onça-parda Anhanguera.

“Num pronunciamento realizado na Tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado estadual Pedro Bigardi denunciou que a especulação imobiliária e o crescimento desordenado de Jundiaí continuam interferindo drasticamente na preservação da Serra do Japi. O maior exemplo disso, segundo Bigardi, é a triste informação da morte da onça Anhanguera, após um novo atropelamento.

Anhanguera sendo resgatado em 2009

“A especulação imobiliária está chegando cada vez mais próximo à Serra do Japi e isso tem afetado diretamente em sua fauna e flora. Prova disso é o caso da onça Anhanguera que em 2009 foi atropelada na rodovia Anhanguera, após tratamento na Ong Mata Ciliar foi devolvida ao seu habitat, mas infelizmente foi atropelada novamente e não resistiu aos ferimentos”, afirmou o deputado.” – texto publicado em 10 de maio de 2012

Anhanguera pouco antes de ser solto
Foto: Divulgação Associação Mata Ciliar

Em 18 de abril, Anhanguera foi atropelada novamente. Desta vez, na altura do km 55 da rodovia dos Bandeirantes - o primeiro acidente foi na Anhanguera (daí o nome do animal).

"Após um ano e 3 meses em vida livre, a onça Anhanguera morreu. Pela segunda vez, esse macho de onça parda foi atropelado, só que nesse caso, de forma fatal. Com fraturas na coluna, nas costelas e com ruptura do fígado e diafragma, a onça parda teve morte instantânea após o atropelamento." - parte do texto "MOrre Anhanguera", publicado no site da Associação Mata Ciliar.

O Fauna News publicou posts sobre a preparação da onça para a volta à natureza e sobre a soltura:

- “Força Anhanguera!”, de 25 de fevereiro de 2011; e
- “Boa notícia: Anhanguera, a onça-parda atropelada em 2009, volta à natureza”, de 14 de abril de 2011.

Assita ao vídeo da soltura de Anhanguera:


Anhanguera teve uma segunda chance, mas caiu na mesma armadilha humana, resultado da urbanização crescente, sem planejamento e sem preocupação com a fauna. O felino foi vítima do antropocentrismo, do crescente movimento de ocupação da Serra do Japi, no interior paulista.

“Viver nos grandes centros urbanos, rodeado de barulho, poluição, violência e pouco verde é realmente muito difícil. É um modo de vida que nossa civilização escolheu e mantém com todas as suas forças.

Mas, apesar da escolha, é fato que muita gente tenta aliar as facilidades das cidades e a necessidade de trabalho com um estilo de vida um pouco mais bucólico. A opção, apesar de  não ser errada, tem um preço: os empreendimentos imobiliários estão cada vez mais ocupando os remanescentes de florestas e de matas que ainda restam. E não é só a vegetação que sofre com esse expansionismo...

(...) Os animais também são vítimas. O Jornal da Record, em sua edição de 21 de abril de 2012, fez uma pequena matéria sobre o assunto, abordando o trabalho da ONG Associação Mata Ciliar, de Jundiaí (SP). Apesar de a matéria ser curtinha, dá pra ter uma ideia do tipo de problemas que nossa busca por um estilo de vida mais próximo da natureza pode causar.”
– texto do post “Pensando em se mudar da cidade grande? Pense bem sobre onde quer viver”, publicado pelo Fauna News em 25 de abril de 2012

Assista ao vídeo do Jornal da Record:


- Leia o post do deputado Pedro Bigardi
- Leia o texto da Associação Mata Ciliar
Releia os posts do Fauna News:
- “Força Anhanguera!”, de 25 de fevereiro de 2011
- “Boa notícia: Anhanguera, a onça-parda atropelada em 2009, volta à natureza”, de 14 de abril de 2011
- “Pensando em se mudar da cidade grande? Pense bem sobre onde quer viver”, de 25 de abril de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Começar a semana pensando...

...nas raras imagens dos, infelizmente, raros gorilas-do-cruzamento-de-rio. A espécie está classificada como “criticamente em perigo” pela IUCN.

Espécie tem menos de 250 indivíduos: muito perto da extinção
Foto: Wikimedia Commons

“Câmeras escondidas em um santuário africano flagraram imagens do gorila mais raro do mundo. A espécie, extremamente ameaçada de extinção, tem menos de 250 indivíduos no mundo e é muito difícil de ser observada.

O gorila-do-cruzamento-de-rio (Gorilla gorilla diehli) é uma subespécie do gorila-do-Ocidente que vive apenas na região da fronteira entre Camarões e Nigéria.

As imagens foram feitas por especialistas em conservação no Santuário de Gorilas Kagwene, em Camarões. Elas mostram um grupo de oito gorilas atravessando a floresta.”
– texto da matéria “Câmera escondida em floresta flagra gorila mais raro do mundo”, publicada em 8 de maio de 2012 pelo portal G1

Assista ao vídeo, que foi feito pela Wildlife Conservation Society (WCS):


- Leia a matéria (com vídeo)
- Saiba mais sobre o gorila-do-cruzamento-de-rio (em inglês – site WCS)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Reflexão para o fim de semana: importando aracnídeos pela internet. E tudo via correio

“A Polícia Federal pedirá cooperação internacional para desvendar o tráfico de animais via Correios em Passo Fundo, no norte do Estado. Em três semanas, dois pacotes com aranhas e escorpiões foram remetidos da Europa ao município. A suspeita é que as encomendas movimentem um mercado clandestino mantido por compradores interessados em animais exóticos de estimação. (...)

Aranhas traficadas via correio
Foto: Fernanda Pimentel

O episódio mais recente foi na segunda-feira, quando fiscais dos Correios encontraram um pacote remetido da Espanha com 14 aranhas — quatro já mortas — fechadas em embalagens individuais e divididas por sexo. No dia 19 de abril, oito escorpiões e três aranhas vindos da Alemanha também foram apreendidos na agência.” – texto da matéria “Polícia Federal busca apoio internacional para combater tráfico de animais via Correios”, publicada em 8 de maio de 2012 pelo jornal Zero Hora (RS)

De acordo com o Ibama, esses animais são encomendados por meio de sites e, por serem pequenos e não fazerem barulho, enviados via correio. É um perfil mais sofisticado de tráfico de fauna e que dificulta a fiscalização. Dos 40 animais apreendidos pelo órgão federal na região de Passo Fundo (RS) em 2012, 25 estavam sendo traficados via correio.

O envio de animais por traficantes via correio é bastante utilizado no Brasil e no mundo. Além de aracnídeos, os répteis são despachados dessa forma.

“O interesse pelo negócio clandestino está na oportunidade de lucro. Castro (Flabeano Castro, chefe do escritório do Ibama em Passo Fundo) explica que os compradores pagam até R$ 25 por animal e os revendem por cerca de R$ 100. Para ele, a existência de espécies de sexos diferentes nos pacotes remetidos fortalece a suspeita que o objetivo fosse reprodução e venda de filhotes.

De acordo com o Ibama, o perfil comprador de animais exóticos ilegais costuma ser homem, jovem, morador de apartamento e que busca ter um animal discreto e silencioso. A negociação é feita principalmente pela internet. O acordo é facilitado pela proliferação de sites clandestinos e até por grupos formados nas redes sociais.”
– texto do Zero Hora

Internet
No 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, da ONG Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), publicado em 2001, consta:

“Em pesquisa realizada pela Renctas em 1999, foram encontrados 4.892 anúncios em sites nacionais e internacionais, contendo a compra, venda ou troca ilegal de animais silvestres fa fauna brasileira. Desse total, a grande maioria anunciava répteis e aves, mas também foram encontrados diversos outros animais como mamíferos (com destaque para os primatas, felinos e pequenos marsupiais), anfíbios (principalmente sapos amazônicos) e peixes ornamentais.”

Ainda segundo a publicação da Renctas, os principais problemas para combater a venda ilegal de animais pela internet são a discrição e a facilidade de compra e venda, a dificuldade na identificação dos negociadores, a falta de um órgão especializado no combate a essa modalidade de tráfico e a ausência de legislação sobre o tema.

- Leia a matéria do Zero Hora

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Rodovias: rasgando o território nacional, escoando animais como mercadorias

A grande maioria dos animais traficados no Brasil é transportada pelas estradas e rodovias em caminhões, bagageiros de ônibus ou em carros. A exceção é a região Norte, em que a peculiaridade geográfica faz com que a fauna seja traficada por barcos.

Mas, no restante do país, os animais são transportados amontoados, em condições cruéis, sem água, sem alimento e sem ventilação adequada. O crime não fica restrito ao comércio ilegal da fauna silvestre, mas também por maus-tratos. Essa é a causa de boa parte das mortes do animais até a chegada ao comprador final.

Caixas onde estavam os animais
Foto: Divulgação Polícia Rodovíaria Federal

“A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu, no início da tarde desta terça-feira (8), 200 pássaros silvestres. As aves estavam dentro de caixas de papelão, transportadas em um Vectra que foi abordado na rodovia BR-116, em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba. O motorista do carro e dois passageiros foram presos em flagrante por crime ambiental.” – texto da matéria “Carro transportava 200 pássaros silvestres dentro de caixas de papelão”, publicada em 8 de maio de 2012 pela Gazeta do Povo (PR)

Dentro das caixas, as aves viajavam amontoadas
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Entre as aves estavam trinca-ferros, canários-da-terra e pintassilgos. Elas seriam levadas para São Paulo, uma das regiões que mais “consome” animais silvestres do Brasil.

Essa apreensão de aves possui boa parte das características do tráfico de animais em território nacional:

- mais de 80% dos animais traficados são aves;
- a maioria do tráfico ocorre por via terrestre;
- os maiores centro consumidores são Rio de Janeiro e São Paulo.

- Leia a matéria completa da Gazeta do Povo

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O estresse do cativeiro

Se o animal sobrevive à captura e às péssimas condições de transporte até chegar ao comprar, ele ainda tem de se adaptar ao cativeiro. E esse processo não é fácil, levando muitas vezes à automutilação.

“A Polícia Militar Ambiental (PMA) com a Polícia Federal de Corumbá apreenderam na quinta-feira (3) três papagaios que eram criados ilegalmente. As aves eram mantidas em cativeiro por uma mulher no bairro Maria Leite sem autorização ambiental.

Um dos papagaios arrancou as próprias penas por causa do estresse
Foto: Divulgação PMA Mato Grosso do Sul

A mulher recebeu multa administrativa de R$ 1,5 mil por manter animais silvestres em cativeiro sem autorização ambiental. Ela também responderá por crime ambiental e, se condenada, poderá pegar pena de seis meses a um ano de detenção. Os animais serão encaminhados ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), na Capital.

Um dos animais havia arrancado as próprias penas, situação que normalmente ocorre pelo estresse de cativeiro.

A manutenção de animais em cativeiro, além do risco à fauna, coloca em risco a população humana, já que 75% das doenças diagnosticadas no ser humano são de origem zoonótica, advindas de animais.”
– texto da matéria “PMA e PF autuam mulher que criava papagaios em Corumbá”, publicada em 7 de maio de 2012 pelo site MS Notícias, do Mato Grosso do Sul

E quem mantém animais em gaiolas ou jaulas ainda alega que gosta de bicho! Lembre-se, estima-se que 38 milhões de animais são retirados da natureza por ano, no Brasil, para alimentar o tráfico de fauna. Apesar de a informação sobre a quantidade de doenças me parecer um tanto alta (75%), é fato de que pelo menos 180 zoonoses envolvem animais silvestres e colocam em risco a vida de quem mantém contato com esses bichos.

Aproveitando: está na hora de a imprensa parar de publicar o valor das multas e a pena prevista para o crime. Essas multas raramente são pagas e ninguém é condenado por tráfico de animais no Brasil. O crime é considerado de "menor potencial ofensivo", sujeito a transação penal como acusado pagando cestas básicas ou prestando serviço comunitário para não ser processado e levado perante o juiz.

- Leia a matéria do MS Notícias

terça-feira, 8 de maio de 2012

A moda incentivando o tráfico de animais e a crueldade

Matéria da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA) escancara o quanto a indústria da moda pode, como qualquer outra atividade econômica, ser retrógrada e cruel.

“Uma nova moda de peles vem causando sofrimentos excruciantes e mortes dolorosas em inúmeros animais. É a moda das vestimentas, calçados e acessórios feitos com pele de cobras pítons.

O uso de material sintético evita esse tipo de cena
Foto: Occupy for Animals

Segundo denúncia extensa feita pela organização Occupy For Animals, grifes como Jimmy Choo, Donna Karan, Mulberry, Gucci, Prada, Roberto Cavalli e Yves Saint Laurent vêm obtendo peles de pítons para produzir casacos, bolsas e botas, e celebridades como Kylie Minogue e Sienna Miller foram recentemente pegas usando respectivamente bolsa e botas feitas com esse tipo de pele.”
- texto da matéria “Nova moda entre grifes, pele de píton é produzida com crueldade extrema”, publicada em 6 de maio de 2012

O problema não está exclusivamente no uso do couro de pítons – já que há alternativas sintéticas. De acordo com a matéria, o uso do material está impregnado dos métodos cruéis.

“Nessas “fábricas”, as cobras menores são empaladas com ganchos, ou então cravadas a uma árvore com um prego martelado sobre suas cabeças, e então são esfoladas vivas a partir de uma pequena incisão abaixo da cabeça e uma longa fenda na pele aberta no estômago do animal. Então a pele é segurada no topo, logo abaixo da cabeça, e arrancada de uma vez. Depois de esfoladas, as cobras são largadas à morte, podendo agonizar por dois ou três dias.

Foto: Occupy for Animals

Já as pítons têm mangueiras enfiadas em suas bocas e são infladas com água intensa enquanto ainda estão vivas, de modo que sua pele fique mais fácil de soltar do corpo. Depois disso são esfoladas vivas e largadas à morte, também agonizando por dois ou três dias.”

Essa exploração também está incentivando o tráfico.

“Além disso, muitas pessoas acham que usam pele abandonadas por cobras que passaram pelo processo natural de muda (troca de pele). O que não é verdade, porque peles largadas de muda são muito secas, finas e sem brilho – e isso significa que as peles usadas são de cobras mortas e esfoladas.

Foto: Occupy for Animals

As pítons, geralmente entre 3 e 4 anos de idade, são capturadas em seu habitat natural (selvas e campos naturais) por arpoadores, que usam armadilhas, iscas e redes para esse intento. As cobras são então aprisionadas em sacos e vendidas para “fábricas de peles” rudimentares.”

As grifes estão participando e incentivando uma atividade cruel e danosa para o meio ambiente em países asiáticos como Vietnã, Tailândia, Indonésia, Camboja, Sri Lanka e Filipinas. Somente na Indonésia há 150 mil caçadores de cobras.

Lembre-se: parte do poder para acabar com isso está em suas mãos, CONSUMIDOR!

- Leia a matéria completa da ANDA
- Conheça a denúncia da Occupy for Animals (em inglês)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Começar a semana pensando...

....no resultado de um hábito cruel: 97 aves com aposentado.

“A polícia encontrou 97 aves silvestres na tarde desta quinta-feira em uma casa localizada na rua Ludgero José dos Santos, no Jardim Sandra, zona sul de São Paulo.

Todos os cômodas da casa tinham gaiolas
Foto: Tribuna Hoje

Um aposentado de 71 anos, que morava sozinho na residência, foi atuado e multado em R$ 200 mil.

Os policias chegaram até a casa a partir de uma denúncia anônima. Segundo delegado titular Hamilton Benfica, as aves foram encontradas em todos os cômodos da residência e as condições de higiene eram precárias.

Em depoimento, o aposentado disse que tinha ganhado parte dos animais e que comprou o restante.”
– texto da matéria “Polícia apreende 97 aves em casa de aposentado na zona sul de SP”, publicada em 3 de maio de 2012 pelo jornal Folha de S. Paulo

O hábito de manter animais silvestres em cativeiro, principalmente aves em gaiolas, ainda faz parte da cultura dos brasileiros. E só vai mudar quando o poder público resolver elaborar e por em prática uma política educacional e de conscientização. Repressão, somente, não vai resolver o problema – apesar de ser essencial.

Mas as leis que proíbem a caça, a apanha,  a manutenção em cativeiro e o comércio de animais silvestres não punem exemplarmente os infratores. As pensas não irrisórias e não colocam na cadeia ninguém. As multas também não são pagas. Ou alguém acha que um aposentado de 71 anos, morador da periferia paulistana, tem condições de pagar R$ 200 mil?

- Leia a matéria completa da Folha de S. Paulo

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Reflexão para o fim de semana: a Justiça acertou?

Decisão da Justiça Federal determinou que a pessoa que mantinha ilegalmente uma arara-canindé em cativeiro continuasse com a posse do animal, apesar de não ter autorização para tal.  O caso começou em 2008 quando, durante fiscalização, o Ibama apreendeu a ave, batizada como “Chiquita Ferreira”.

A pessoa que, ilegalmente, estava com a arara solicitou à Justiça uma autorização para ficar com a ave.

‘O postulante argumentou que, em 2008, fiscalização promovida pelo Ibama resultou na apreensão de “Chiquita Ferreira”, o que causou “significativo abalo emocional no postulante e em toda sua família”.’ – texto de divulgação da Assessoria de Comunicação Social do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região, publicado no site da instituição em 20 de abril de 2012

 Arara-canindé em cativeiro: tem gente que acha bonito
Foto: CABM/Divulgação/Correio do Povo

Esse argumento não levou em consideração o bem-estar da arara, mostrando preocupação com a família. Uma pergunta: a pessoa que estava com a ave pensou, em algum momento, no sofrimento do animal causado pela retirada da natureza, pelo processo cruel de transporte e pela “adaptação” forçada (tanto alimentar quanto ambiental) quando a comprou ou o adquiriu de alguma forma?

Tenho certeza que não. Acredito também que essa pessoa nem saiba dos problemas ao meio ambiente e ao animal que ajudou a causar. Ele deve ter errado por ignorância.

‘Após analisar o caso, o juízo da 10.ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais concedeu a guarda doméstica provisória da arara, razão pela qual o Ibama recorreu ao TRF da 1.ª Região, defendendo a legalidade de sua autuação sob o argumento de que “o impetrante foi autuado por manter em cativeiro pássaros da fauna silvestre brasileira, sem a autorização da autarquia.”’ – texto da Assessoria de Comunicação Social

O desembargador federal que analisou o recurso do Ibama, Daniel Paes Ribeiro, negou o pedido do órgão ambiental federal e manteve a decisão da 10ª Vara que garantiu a guarda provisória da arara à pessoa com quem Chiquita Ferreria.

“O relator, desembargador federal Daniel Paes Ribeiro, afirmou em sua decisão que constam nos autos fotografias que comprovam “que o espécime em questão vive em harmonia com a família de que é patriarca o recorrido.” Além disso, ressalta o magistrado que em nenhum momento o Ibama demonstrou que a arara tenha sido objeto de maus tratos, bem como não há nenhum indício de que o postulante desenvolve atividade econômica ligada à comercialização de animais silvestres.” – texto da Assessoria de Comunicação Social

Outra pergunta: a disputa judicial girava entorno de maus tratos? Levando esse argumento em conta, abre-se um precedente para que outras pessoas que mantenham ilegalmente animais silvestres em cativeiro, em caso de apreensão pela fiscalização, passem o bicho para a legalidade.

‘Para o desembargador, em casos como esse a atuação do Ibama acaba por contrariar os próprios princípios que norteiam as atividades da autarquia, “porquanto a inserção de “Chiquita Ferreira” no meio selvagem acaba pondo em risco a integridade da ave, afeita que está ao ambiente doméstico no qual vive há longos anos.”’ – texto da Assessoria de Comunicação Social

Tenho certeza que se o Ibama mantivesse uma rede de Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) bem estrutura e funcionando, além de um trabalho significativo de reintrodução na natureza de animais vítimas do tráfico e que eivem em cativeiro, o órgão ambiental federal teria mais argumentos para que a decisão judicial fosse outra.

O juiz “esquentou” a Chiquita Ferreira, até então ilegal com uma família que adquiriu a arara do tráfico. A decisão não foi educativa para essa pessoa.

Mas pode ser educativa para o Ibama, órgão que deveria investir em campanhas e atividades educativas para reduzir a demanda da população por animais silvestres, além de manter uma estrutura eficiente para acolher animais apreendidos e devolvê-los (quando tecnicamente possível) à vida livre.

Bonito é assim: livre
Foto: Marcelo Sacranari

- Leia o texto da Assessoria de Comunicação Social do TRF 1ª Região

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Indonésia: não bastassem os orangotangos, agora são os elefantes

É comum encontrar notícias da Indonésia informando sobre a morte de orangotangos promovida pela perda de hábitat, por caçadores, por traficantes de animais e em conflitos com proprietários rurais que “defendem” suas plantações dos animais. Mas não são apenas os grandes primatas que estão sendo vítimas dessa luta por espaço entre agricultores (principalmente os que plantam as palmeiras que produzem frutos de onde se extrai o óleo de dendê) e a fauna silvestre.

“Moradores de vilarejo indonésio observam carcaça de um elefante de Sumatra supostamente envenenado por trabalhadores de uma plantação de óleo de palma em Krueng Ayon, na província de Aceh, na Ilha de Sumatra, na Indonésia. A diminuição das áreas de hábitat dos elefantes da espécie na região deu origem a confrontos por território.” – texto-legenda da foto abaixo, publicada na matéria “Elefantes de Sumatra são mortos em briga por território na Indonésia” em 1º de maio de 2012 pelo portal G1

Foto: AP Photo/Heri Juanda

Com seu hábitat sendo destruído, invadido principalmente pela agricultura, os elefantes-de-Sumatra ficam sem alimentos e começam a se deslocar pelo território.

“Muitas vezes famintos, os animais vagueiam por assentamentos humanos destruindo as lavouras. Em represália, humanos os matam. Estima-se que existam atualmente apenas 3.000 elefantes de Sumatra que permaneçam em estado selvagem.” – texto-legenda da foto abaixo, publicada pelo portal G1

Foto: AP Photo/Heri Juanda

Matéria da Reuters (“Elefantes de Sumatra estão próximos da extinção, diz WWF”), publicada em 24 de janeiro de 2012, dá uma dimensão do problema enfrentado pela espécie:

“O elefante de Sumatra, na Indonésia, poderá ser extinto da natureza em menos de 30 anos a menos que medidas imediatas sejam tomadas para proteger o seu habitat, que está rapidamente desaparecendo, disse o grupo de proteção ambiental WWF, nesta terça-feira.

A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) elevou a classificação da subespécie de elefantes de Sumatra de "em perigo de extinção" para "criticamente em perigo de extinção", após quase 70 por cento de seu habitat e metade de sua população ter desaparecido em uma geração.

Os maiores culpados são a devastação do habitat ou sua conversão para uso da agricultura, uma prática que também aumentou o risco de extinção para o tigre de Sumatra e o Rinoceronte de Java.”

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria completa da Reuters
- Saiba como está a situação dos orangotangos: “Reflexão para o fim de semana: a indústria do dendê exterminando orangotangos na Indonésia”, post publicado pelo Fauna News em 30 de março de 2012

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Feira de Duque de Caxias (RJ) ainda precisa de atenção

Em 24 de janeiro de 2012, o Fauna News repercutiu o anúncio da instalação de um posto fixo do Ibama na feira livre de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (“Na luta contra a cracolândia da fauna silvestre”). O local é apontado como um dos maiores centros de tráfico de animais do país.

‘“Rio - Apontada como maior centro de comércio ilegal de animais silvestres a céu aberto do País, a feira livre de Duque de Caxias, no bairro 25 de Agosto, vai, finalmente, ganhar um posto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O objetivo é fechar o cerco aos traficantes, inclusive internacionais, que, aos domingos, negociam animais da fauna brasileira, muitos em risco de extinção.

Filhote de gavião carcará apreendido em janeiro de 2012 na feira de Duque de Caxias
Foto: Márcio Leandro

A força-tarefa envolve outros órgãos ambientais, municipais e estaduais, como o Batalhão de Polícia Florestal (BPFMA), a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).” – texto da matéria “Polícia, prefeitura e estado montam força-tarefa para controlar feira de Caxias”, publicado em 22 de janeiro de 2012 pelo jornal O Dia’ – trecho do post do Fauna News

Fiscais do Ibama na feira de Duque de Caxias
Foto: Márcio Leandro

Pois a matéria “Polícia prende cinco suspeitos e apreende mais de 40 pássaros”, publicada em 29 de abril de 2012, pelo site do jornal O Dia, mostrou que o problema continua sério.

“Policiais militares do Batalhão de Polícia Florestal e de Meio Ambiente (BPFMA) prenderam cinco suspeitos de tráfico de animais na Feira Livre de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, neste domingo.

Foram apreendidos 41 pássaros, sendo: 1 papagaio, 13 pássaros da espécie pichanchão, 5 canários da terra, 3 maritacas, 3 trinca ferros, 5 sabiás laranjeira, 4 biquinhos de lacre, 2 azulões, 3 sanhaços, 1 saíra e 1 coleiro.

Com os suspeitos também foram encontrados 30 jabutis. Os policiais ainda estão no local e o caso será registrado na 59ª DP (Duque de Caxias).”


Desde o anúncio da instalação do posto do Ibama não há notícias informando sobre o funcionamento do mesmo. Sequer se o posto realmente foi inaugurado.

Com posto ou sem posto, ações de repressão ao tráfico de animais na feira em Duque de Caxias têm de ser feitas com frequência e muita força. Esse é o típico caso em que ações de fiscalização são prioritárias.

Mas o fim desse comércio criminoso nessa feira só terá fim quando ações de educação ambiental forem feitas em toda a região, desestimulando a demanda, e quando houver leis que realmente punam quem for preso com os animais.

- Leia a matéria “Polícia prende cinco suspeitos e apreende mais de 40 pássaros”, do site do jornal O Dia
- Releia “Na luta contra a cracolândia da fauna silvestre”

terça-feira, 1 de maio de 2012

Quando o tráfico leva à extinção

O que está para acontecer com essa espécie de tartaruga já aconteceu com a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii).

“Dezoito exemplares de tartarugas-das-filipinas (Siebenrockiella leytensis) contrabandeadas para Hong Kong, na China, foram devolvidas nesta sexta-feira (27) para autoridades das Filipinas, habitat natural da espécie.

Tartaruga-das-filipinas: só 120 na natureza
Foto: Erik de Castro/Reuters

Representantes do governo de Manila receberam os animais, considerados ameaçados de extinção pela organização União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).”
– texto da matéria “Hong Kong devolve tartarugas ameaçadas de extinção às Filipinas”, publicada em 27 de abril de 2012 pelo portal G1

A espécie é bastante usada como bicho de estimação e na alimentação. Estima-se que existam apenas 120 dessas tartarugas na natureza. Infelizmente, esse tipo de “repatriamento” de fauna silvestre entre países parece ser bastante raro, sendo feito em casos especiais – como o desses répteis quase extintos.

Ararinha-azul
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie endêmica (que só existe em determinado local) da Caatinga e que está extinta na natureza (algumas dezenas vivem em cativeiro). O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (a caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais.

Última ararinha-azul fotografada na natureza em 1990
Foto: Luiz Claudio Marigo

A ararinha-azul foi considerada extinta na natureza pelo Ibama em 2000. Atualmente, existem cerca de 70 ararinhas-azuis em cativeiro. A maior parte delas vive fora do Brasil – com colecionadores particulares, na Loro Parque Fundación (Espanha) e na Al Wabra Wildlife Preservation (Catar). A ave foi representada no desenho Rio, idealizado e realizado pelo carioca Carlos Saldanha, pelo protagonista Blu.

- Leia a matéria completa do potal G1