quarta-feira, 31 de julho de 2013

Novamente as feiras. Desta vez em Alagoas

“O Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) desencadeou neste fim de semana a “Operação Pássaros Livres”, nas feiras livres localizadas tanto na capital alagoana, quanto em municípios do interior do estado.

O resultado da "Operação Pássaros Livres"
Foto: Divulgação BPA

No sábado (27), a operação se concentrou nos bairros do Poço, Levada e Village Campestre II, onde foram resgatados 58 pássaros silvestres que se encontravam em cativeiros. Os infratores conseguiram fugir ao avistar a presença ostensiva da PM, no entanto as aves foram encaminhadas para o Centro de Tratamento de Animais Silvestres – CETAS, do Ibama.

Já no domingo (28), a operação foi deflagrada em municípios próximos a Maceió, no caso Marimbondo, Boca da Mata, Rio Largo e grande Maceió. Na ocasião mais de 30 pássaros foram resgatados, sendo encaminhados também ao CETAS.”
– texto da matéria “BPA apreende aves silvestres”, publicada em 29 de julho de 2013 pelo site Alagoas 24 Horas

As apreensões em feiras de Alagoas são apenas um exemplo do que está acontecendo em todo o Nordeste, na verdade, em grande parte do Brasil. Na matéria “Tráfico no varejo”, publicada na edição de julho de 2013 da revista Terra da Gente, a presidente da ONG Organização para Conservação do Meio Ambiente (ECO), Kilma Manso (que já trabalhou no Ibama e na Polícia Federal combatendo crimes contra a fauna), as feiras são o principal meio varejista de venda ilegal de animais.

E o Fauna News destaca isso sempre...  Na mesma matéria da revista Terra da Gente, vale destacar novamente (afinal, o trecho a seguir já apareceu no post “Tráfico de animais em feiras: Estado omisso”, publicado em 24 de julho de 2013):

“Praticamente não há municípios onde animais silvestres não possam ser comprados nesse tipo de mercado. É cultural”, afirma Marcelo Pavlenco Rocha, presidente da ONG SOS Fauna, que desde 1989 atua no combate ao tráfico de animais.”


- Leia a matéria completa do Alagoas 24 Horas
- Leia a matéria “Tráfico no varejo”, publicada na edição de julho de 2013 da revista Terra da Gente
- Releia o post “Tráfico de animais em feiras: Estado omisso”, publicado pelo Fauna News em 24 de julho de 2013

terça-feira, 30 de julho de 2013

Ave atropelada. Mais comum do que se imagina

“Um gavião se recupera após ser atropelado por um veículo, na BR-163, em Itaúba, a 599 quilômetros de Cuiabá. O acidente ocorreu na última quinta-feira (25) no km 940 e a ave, da espécie 'Asa de Telha', foi resgatada por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A equipe da PRF pegou o animal e o encaminhou ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Sinop, a 503 km da capital. Segundo a PRF, a unidade informou que em algumas semanas a ave estará recuperada e em condições de ser devolvida à natureza.” – texto-legenda “Gavião atropelado em rodovia de MT se recupera em hospital veterinário”, publicado em 29 de julho de 2013 pelo portal G1

O gavião foi resgatada pela Polícia Rodoviária Federal
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal/MT

Notícias sobre atropelamentos de animais silvestres em estradas e rodovias estão cada vez mais comuns. Nas matérias jornalísticas aparecem lobos-guarás, onças-pardas, tamanduás, jacarés e outros tantos animais terrestres. Mas aves são incomuns.

O que aconteceu com o gavião-asa-de-telha (Parabuteo unicinctus) pode não ser rotina nos meios de comunicação, mas ocorre com grande frequência. De acordo com o coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, Alex Bager, as principais vítimas dos atropelamentos nas estradas brasileiras são os anfíbios, os répteis, as aves e os pequenos mamíferos. Esses animais integram a maior parte do absurdo número de 475 milhões de bichos atropelados em estradas e rodovias brasileiras todos os anos.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia o post “Atropelamento de fauna: 475 milhões é a dimensão do massacre”, publicado em 7 de maio de 2013 pelo Fauna News
- Leia a matéria “ Massacre nas estradas”, publicada na edição de maio de 2013 da revista Terra da Gente

Resolução 457: avenida Paulista foi o palco da segunda manifestação

Integrantes do Movimento Liberdade à Vida (MLV) realizaram, na tarde de sábado (27 de julho de 2013) a segunda manifestação contra a Resolução 457 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Marina Malcius, , Patricia Orosco e Leticia Mendes Araújo comandaram o protesto, enquanto Gabriela Viveiros Mathias postava tudo que acontecia na página do grupo no Facebook.

 Manifestantes em frente ao Masp
Foto: Fauna News

De acordo com a Resolução 457, no caso de o poder público não conseguir  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), em zoológicos ou em entidades  credenciadas para receber os animais apreendidos (anfíbios, répteis, aves e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação), passou a ser possível a emissão do Termo de Depósito de Animal Silvestre e do Termo de Depósito Preliminar, isto é, o bicho poderá ficar com o infrator (criador ilegal).

As novas normas foram aprovadas em votação no Conama em 22 de maio de 2013. A Resolução foi publicada no Diário Oficial da União em 26 de junho de 2013 e entrará em vigor em 180 dias (dezembro).

As mensagens eram transmitidas para os motoristas
Foto: Fauna News

A principal reivindicação do MLV é a revogação da Resolução, já que o grupo não concorda com a permanência do animal que deveria ser apreendido com o infrator (possuidor ilegal).

O MVL contou com o apoio da ONG Veddas e da agência Animal Legal durante a manifestação. Com faixas, megafone e cartazes, o grupo passou sua mensagens na faixa de pedestres existente em frente ao Masp. O protesto terminou no Vale do Anhangabaú, onde acontecia o festival FelizCidade.

No Anhangabaú, durante o festival FelizCidade
Foto: Divulgação Movimento Liberdade à Vida

O Fauna News apoia o Movimento Liberdade à Vida.

- Conheça a página do Movimento Liberdade à Vida no Facebook
- Blog do MLV: http://movimentoliberdadeavida.blogspot.com.br
- E-mail para contato: liberdadeavida@gmail.com
- Conheça a Resolução 457

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Começar a semana pensando...

...sobre Ecologia de Estradas: até jacaré é atropelado nas rodovias brasileiras.
Foto: Uniube
“É difícil fechar um diagnóstico perfeito, mas não tem nada externamente e é muito comum jacaré ser atropelado nas estradas da região. Deve ter tentado atravessar, parou na rodovia e foi atropelado”.

Cláudio Yudi, veterinário do Hospital Veterinário de Uberaba, em entrevista  para o Jornal da Manhã, de Uberaba (MG), sobre a localização de um jacaré-de-papo-amarelo morto na Usina Delta, em Conceição das Alagoas (MG)

Vela ressaltar que, de acordo com estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas , 475 milhões de animais silvestres morrem por atropelamento todos os anos nas rodovias e estradas brasileiras.

- Leia a matéria completa

Ararajubas nascidas em cativeiro: tentando recuperar o que o tráfico ajudou a destruir

 29 de julho de 2013 - Uma observação: "Existem criadores que reproduzem ararajubas em cativeiro com aparente facilidade, Das duas uma, eles são muito bons nas técnicas de reprodução ou então há muitos indivíduos sendo "esquentados" para o comércio "legal". A notícia do nascimento destes dois indivíduos dá a impressão de um cenário semelhando ao da ararinha-azul, que as populações da espécie estão sendo comprometidas, o que não parece, mas ficará sério se não houver seriedade em fiscalização e iniciativas de conservação." - Marcelo Pavlenco Rocha, presidente da SOS Fauna, envolvido no combate ao tráfico de animais desde 1989

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“Funcionários do Parque Zoobotânico em Parauapebas, sudeste do Pará, comemoram o nascimento em cativeiro de duas Ararajubas. As cores verde e amarelo, aos poucos, começam a ficar definidas nas araras. Um ambiente especial foi preparado para o crescimento dos animais e, por enquanto, o público ainda não pode ter acesso à área do parque onde os filhotes estão. Apenas os pais da espécie acompanham o crescimento dos filhotes.

Ararajubas do Parque Zoobotânico Vale, em Parauapebas (PA)
Foto: site Vale

Desde 2010, quando começaram as primeiras tentativas de reprodução da ararajuba em cativeiro, esta foi a primeira experiência de sucesso. E para a surpresa dos funcionários do parque, foram gerados dois filhotes.

As aves têm três meses de vida e a fase mais difícil já passou.”
– texto da matéria “Ararajubas nascem em cativeiro no parque zoobotânico de Parauapebas”, publicada em 19 de julho de 2013 pelo portal G1

A comemoração é válida e o trabalho mercê os parabéns. Uma pena que a sociedade tenha de comemorar a realização de conquista motivada pela perda.

“A destruição do habitat natural e o tráfico desses animais estão entre os principais motivos que levaram a ave a entrar na lista das espécies ameaçadas de extinção.” – texto do G1

Mas esse sucesso é só um primeiro passo. A difícil reprodução em cativeiro é só o primeiro passo para, quem sabe, repovoar as matas que sobraram do hábitat da espécie. Além disso, a defesa da floresta saudável (com a cadeia alimentar preservada) onde vivem essas aves é essencial para a sobrevivência da espécie.

Repare na dificuldade para consertar os danos do desmatamento e do tráfico de fauna.

- Leia a matéria completa do portal G1 (tem vídeo)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Reflexão para o fim de semana: soltura como educação ambiental

Soltura no Espírito Santo
Foto: Divulgação Polícia Militar ES

“A polícia ambiental soltou 182 animais silvestres na região Sul do Espírito Santo, nesta quarta-feira (24). A ação foi realizada em parceria com o Projeto Centro de Reintrodução de Animais Selvagens (Cereias).

Entre os animais que voltaram ao habitat natural, estão sabiás, canários-da-terra, coleiros, galinhos-da-serra, sanhaços, tico-ticos, trinca-ferros, papagaios-chauás, bigodinhos, além de quatis e macacos-prego que se encontram em risco de extinção.”
– texto da matéria “Polícia solta 182 animais silvestres na região Sul do ES”, publicado em 25 de julho de 2013 pelo portal G1

As solturas foram acompanhadas por crianças. Quando não há interferência na qualidade do trabalho, a devolução dos animais à natureza pode ser uma ótima ferramenta de educação ambiental.

- Leia a matéria completa do portal G1

Resolução 457: entrevista com o Movimento Liberdade à Vida

Responsável pelo primeiro protesto público contra a Resolução 457 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), ocorrido em 15 de julho de 2013 em frente à Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, o Movimento Liberdade à Vida (MLV) está preparando a segunda manifestação.

O novo protesto acontecerá às 15h de sábado (27 de julho de 2013) no vão livre do Masp - avenida Paulista, São Paulo (SP).

A Resolução 457 foi aprovada em votação no Conama em 22 de maio de 2013 e publicada no Diário Oficial da União em 26 de junho de 2013. Ela entra em vigor em 180 dias (dezembro).

De acordo com a Resolução 457, no caso de o poder público não conseguir  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), em zoológicos ou em entidades  credenciadas para receber os animais apreendidos (anfíbios, répteis, aves e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação), passou a ser possível a emissão do Termo de Depósito de Animal Silvestre e do Termo de Depósito Preliminar, isto é, o bicho poderá ficar com o infrator (criador ilegal).

Letícia, Gabriela, Marina e Patrícia: o MLV
Fotos: Divulgação MLV

O Fauna News é contra a Resolução 457 e apoia o Movimento Liberdade à Vida. O blog conversou com as fundadoras do MVL, Marina Malcius, Gabriela Viveiros Mathias, Patricia Orosco e Leticia Mendes Araújo. Confira a entrevista:

Fauna News – Antes da polêmica Resolução 457, vocês já acompanhavam os problemas que envolvem animais silvestres, como o tráfico, por exemplo? Ou foi a Resolução 457 que despertou o interesse do grupo?
Gabriela - Nós somos estudantes de Ciências Biológicas, sempre nos interessamos pelo tema. Sempre fomos contra o comercio ilegal de animais silvestres, mas a Resolução foi o estopim para nós. Daí também surgiu o Movimento Liberdade à Vida.

Fauna News – Como vocês ficaram sabendo da Resolução 457?
Letícia - Soubemos da Resolução 457 através da notícia "Em 26/06/2013 o CONAMA e a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, tornam-se oficialmente os maiores inimigos da fauna silvestre brasileira", de autoria de Denner Giovanini, publicada em 26 de junho de 2013 no blog Reflexões ambientais do jornal Estadão. (http://blogs.estadao.com.br/dener-giovanini/em-26062013-o-conama-e-a-ministra-do-meio-ambiente-izabella-teixeira-tornam-se-oficialmente-os-maiores-inimigos-da-fauna-silvestre-brasileira/)

Fauna News – Qual ou quais os problemas do conteúdo da Resolução 457?
Patrícia - Talvez até concordássemos de que para o espécime que foi apreendido seria melhor não ficar aguardando tanto tempo para ser atendido e reabilitado, ou seja, para aquela vida isto é importante. Porém essa Resolução não toma nenhuma medida para inibir o tráfico. Pelo contrário, ela facilita! Visto que, hoje em dia, não são aplicadas punições severas para os traficantes e portadores de animais silvestres, apenas multas , que nem sequer são pagas, muito menos cobradas, e muito menos ainda revertidas para a reabilitação dos próprios animais! E mais: não existem investimentos e ajudas concretas por parte do governo para centros de reabilitação, santuários, muito menos projetos para criação de novos. O grande problema dessa Resolução, depois de observar todo esse quadro, é pensar que traficantes poderão ficar com até 10 animais silvestres por CPF de brinde pela sua impunidade!

Marina - A pior parte, ao meu ver,  é a identificação por foto. Animais são muito parecidos. Quem garante que o animal que está na foto é mesmo aquele que está com a pessoa? Ela pode ter vendido o bicho cadastrado, estar com outro e dizer que é o conhecido! Ou seja, favorece o tráfico de animais silvestres!

Fauna News –  Quais as consequências que vocês acham que a Resolução trará para o universo do tráfico de fauna?
Patrícia - Primeiramente, consideramos que esta Resolução aprovada facilitará o universo do tráfico por permitir até 10 animais silvestres por CPF. Mesmo que com o tal cadastro, com identificação por foto, o que é um absurdo, sabemos que provavelmente a polícia não irá depois de um tempo procurá-los para enviá-los a um santuário, Cetas ou Cras para reabilitação.

Além disso, as pessoas que possuem animais silvestres em casa, se não forem punidas severamente ou se não for retirado o animal da mesma, terá a sensação de que não está tão errada assim, já que ela “cuida bem” do animal e a polícia a deixou ficar com ele. Dessa forma, a Resolução incentivará as pessoas a adquirirem o animal por um método ilegal, já que depois este será “legalizado”.

Fauna News – Como surgiu a ideia do Movimento Liberdade a Vida? Quais os objetivos do MLV?
Gabriela e Letícia - O movimento surgiu como uma maneira de nós não ficarmos paradas assistindo as pessoas destruir o pouco de vida livre que ainda resta no planeta. É a tentativa de impedirmos isso.

O objetivo número um do MLV é derrubar a Resolução 457. Mas também almejamos que o tráfico de animais silvestres seja crime hediondo, com punições severas para o traficante e o comprador; maior investimento nos Cetas, Cras e entidades credenciadas (como os santuários), bem como a criação de novos espaços como estes; intenso trabalho de reabilitação para animais silvestres que possam voltar para a natureza; proibição do comércio de qualquer animal silvestre como bicho de estimação, com a Lista Zero, o respeito a todos os seres vivos.

Fauna News – A recente onda de manifestações incentivou a organizarem o MLV?
Letícia -  Sim. A recente onda de manifestações abriu nossos olhos e aguçou nosso senso crítico. Infelizmente, problemas de má administração política, desencadeando resoluções que não resolvem nada e apenas diminuem superficialmente o dano, sem combater a raiz do problema, estão espalhados em todas as áreas. Inclusive na gestão do meio ambiente. Percebemos para onde a situação está caminhando e nos demos conta de que, com esforço, podemos alterar o percurso.

Fauna NewsO nome foi inspirado no Movimento Passe Livre?
Marina - Na verdade não. Na primeira reunião percebemos que precisávamos ser um grupo para sermos ouvidas, tanto pelas pessoas como pelo governo. Todas  nós somos futuras biólogas e não vamos parar depois de “derrubar”  a 457. Vamos procurar outra causa, ligada ao meio ambiente e ao mundo animal, para ajudar. Somos a favor da vida! E como ainda não somos uma ONG, resolvemos nos denominar como movimento. E então pensamos Movimento Liberdade à Vida.

Fauna News – A manifestação do dia 15 de julho foi a primeira experiência de vocês na organização de protestos públicos? O que acharam? A adesão foi a esperada?
Patrícia - Sim, foi nossa primeira experiência e realmente nos surpreendemos! Apesar de quase mil pessoas terem confirmado a participação na manifestação, o que já nos deixou de queixo caído, estávamos conscientes que no dia pudesse estar apenas nós quatro do MLV. E para nossa surpresa, havia cerca de 30 manifestantes! Fizemos contatos maravilhosos e que estão nos ajudando muito para a organização do segundo protesto.

Gabriela, Marina, Letícia e Patrícia na primeira manifestação
Foto: Divulgação MLV

Fauna News – Se o objetivo do MLV for atingido, o movimento acaba? Ou vocês estão pensando em algo para o futuro, envolvendo outras causas ligadas à fauna silvestre?
Gabriela - Depois que alcançarmos nosso objetivo, vamos procurar outra causa, sempre ligada ao meio ambiente e ao mundo animal. Se precisar de manifestações faremos. Se precisar de campanhas também faremos. Nosso blog vai continuar ativo, assim como o Facebook sempre mostrando nossos próximos passos. Além disso, temos em mente não apenas as manifestações de rua, mas sim futuros programas de educação ambiental, projetos e o que mais estiver ao nosso alcance.

Letícia - O objetivo número um é derrubar a Resolução 457, mas não é o único. À medida que nos aprofundamos nos assuntos ligados à fauna silvestre, percebemos que inúmeras coisas precisam ser mudadas. Não bastará derrubar a 457. Precisamos de um destino apropriado para animais oriundos do comércio ilegal, se os Cetas, Cras e santuários não têm capacidade de atender todos, então é urgente a necessidade de criação de mais locais como esses, com infraestrutura adequada para atender todos os animais.

As pessoas precisam ser desestimuladas a comprar animais silvestres. Uma boa maneira de fazer isso é apreender os animais de origem ilegal e aplicar multas altas nos infratores. O dinheiro arrecadado com as multas deve ser aplicado nos Cetas, Cras e outras instituições credenciadas. E é claro, lutaremos a favor do combate rigoroso ao tráfico em todas as etapas. Além das manifestações, pretendemos promover mais reuniões, debates e aulas públicas, tanto com a comunidade atuante na área, como com o propósito de educação ambiental em todas as faixas etárias.

Fauna News – Vocês já conseguiram apoio de alguma instituição ou ONG?
Marina - Conseguimos algumas parcerias que estão nos ajudando muito. E nem sabemos como agradecer. Temos o apoio da SOS Fauna, da Associação Mata Ciliar e recentemente conseguimos parceria com Amor aos Animais. E também temos o apoio de vocês do Fauna News, do Dener Giovanini e da Renctas que estão nos ajudando muito, compartilhando o evento, postagens e as campanhas .

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- Releia "Resolução 457: nova manifestação contra no sábado, em São Paulo", publicado pelo Fauna News em 25 de julho de 2013 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Tamanduá-bandeira atropelado foi abandonado ferido

“Um tamanduá-bandeira foi encontrado na tarde desta quinta-feira (18) abandonado após ter sido atropelado no km 121, da rodovia José de Carvalho, que liga Piedade (SP) a Pilar do Sul (SP). De acordo com a Polícia Rodoviária, moradores da região que entraram em contato com a polícia para fazer o resgate do animal.

Tamanduá-bandeira sendo resgatado
Foto: Divulgação Polícia Militar Rodoviária

O Corpo de Bombeiros foi acionado para fazer o transporte do animal até o Zoológico Municipal 'Quinzinho de Barros', em Sorocaba (SP). No zoo, o tamanduá passou por atendimento com os veterinários e foi constatado que o animal, um adulto de 42 kg, havia sofrido uma fratura na pata traseira direita.” – texto da matéria “Tamanduá-bandeira é atropelado em rodovia em Piedade, SP”, publicada em 18 de julho de 2013 pelo portal G1

O termo "abandonado" do primeiro parágrafo da matéria foi muito bem empregado. Afinal, é impossível que o motorista não tenha reparado que atingiu um animal de 42 quilos. O condutor do veículo poderia ter acionado a Polícia Rodoviária para que fosse providenciado resgate ao animal - que, com certeza, passou horas desnecessárias sofrendo.

De qualquer forma, o tamanduá-bandeira foi resgatado e está recebendo tratamento no hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, para onde foi transferido.

Esse caso de atropelamento merece um pouco de reflexão: qual o motivo para o motorista que atropelou o animal ter ignorado o animal ferido?

Medo? Talvez.

Mas, com certeza, são poucos os motoristas que sabem agir caso se envolvam em um caso parecido. Falta orientação aos condutores de veículos. Em áreas com animais silvestres, o respeito aos limites de velocidade (que deveriam ser reduzidos) e a atenção redobrada deveriam ser comportamentos rotineiros.

Assim como solicitar auxílio ao animal ferido em caso de acidente. Nessas estradas, folhetos e placas com o número de telefone para pedir ajuda deveriam ser distribuídos aos motoristas.

A redução de atropelamentos de animais silvestres passa pela melhoria da infraestrutura das estradas e rodovias, mas também (e principalmente) pela conscientização dos motoristas.

- Leia a matéria completa do portal G1

Resolução 457: nova manifestação contra no sábado, em São Paulo

O Movimento Liberdade à Vida está organizando mais uma manifestação contra a Resolução 457, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O protesto, que acontecerá às 15h de sábado (17 de julho de 2013) no vão livre do Masp – avenida Paulista, São Paulo (SP) -, é o segundo realizado pelo grupo.

Manifestantes no primeiro protesto
Foto: Associação Mata Ciliar

De acordo com a Resolução 457, no caso de o poder público não conseguir  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), em zoológicos ou em entidades  credenciadas para receber os animais apreendidos (anfíbios, répteis, aves e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação), passou a ser possível a emissão do Termo de Depósito de Animal Silvestre e do Termo de Depósito Preliminar, isto é, o bicho poderá ficar com o infrator (criador ilegal).

Primeiro protesto em frente à Secretaria de Estado 
do Meio Ambiente de SP
Foto: Associação Mata Ciliar

Está aberto o precedente do "ilegal tornar-se legal".

Organizações e instituições como a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), a SOS Fauna, o Greenpeace, a Freeland Brasil, o Profauna – Proteção à Fauna e Monitoramento Ambiental, a Associação Mata Ciliar, a Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB), a Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o Conselho Federal de Biologia (CFBio) e o Conselho Regional de Biologia do RJ e ES, além do próprio Fauna News, já se posicionaram contra a Resolução. As novas normas foram aprovadas em votação no Conama em 22 de maio de 2013.

A Resolução foi publicada no Diário Oficial da União em 26 de junho de 2013. Ela entra em vigor em 180 dias (dezembro).

A manifestação de sábado será o segundo protesto de rua contra a Resolução 457. A primeira ocorreu na noite de 15 de julho de 2013 em frente à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, na capital paulista. O Movimento Liberdade à Vida foi lançado por quatro estudantes de Ciências  (Marina Malcius, Gabriela Viveiros Mathias, Patricia Orosco e Leticia Mendes Araújo) e já contou com o apoio de integrantes da Associação Mata Ciliar.

- Conheça a página do Movimento Liberdade à Vida no Facebook
- Página no Facebook anunciando a manifestação
- Conheça a Resolução 457
Releia os posts do Fauna News:
- “Guarda provisória de animais silvestres: atestando a incompetência do poder público”, publicado em 24 de maio de 2013
- "Conama alivia a falta de estrutura do poder público legalizando o tráfico de animais", publicado em 27 de junho de 2013
- "Resolução 457: petição na internet pede revogação", publicado em 1º de julho de 2013
- “Resolução 457: primeira manifestação de rua contra”, publicado em 16 de julho de 2013

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Segunda chance: a volta à natureza depois de traficadas

“Nesta terça-feira (23), 113 aves vítimas de tráfico voltam para o Recife após terem sido apreendidas em São Paulo.

Os funcionários do Centro de Recuperação de Animais Silvestres, que fica no Parque Ecológico do Tietê e é administrado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo, receberam os animais apreendidos entre junho de 2012 e abril de 2013 em ações das polícias ambiental, civil e metropolitana.

Galos-da-campina que terão uma segunda chance
Foto: Divulgação Governo do Estado de SP

As aves - entre galos-da-campina, brejal, papa-capim e corrupião - foram identificadas por espécie, sexo e procedência, passaram por avaliação de estado físico e receberam tratamento adequado para serem registradas e receberem anilha ou microchip com seus dados.”
  – texto da matéria “113 aves vítimas de tráfico apreendidas em São Paulo voltam para o Recife nesta terça”, publicada em 23 de julho de 2013 pelo site do jornal Diário de Pernambuco

Uma pena que casos como o dessas 113 aves sejam raros. Tentar a soltura deveria ser a regra.

Mas, infelizmente, não é...

Recuperar animais vítimas do tráfico é caro e trabalhoso. O processo pode ser longo e é bastante técnico. Por isso, o poder público privilegia o envio dos bichos apreendidos para criadouros. A solução mais barata é também a condenação ao cativeiro eterno.

Para o tráfico de fauna, a solução mais barata e eficiente ainda é com educação ambiental e fiscalização nas áreas de apanha e captura. Depois que o animal está nas mãos do mercado negro, o mal está feito e, no Brasil, as vítimas quase não terão chance de voltar à vida livre.

- Leia a matéria completa do Diário de Pernambuco

Tráfico de animais em feiras: Estado omisso

“Praticamente não há municípios onde animais silvestres não possam ser comprados nesse tipo de mercado. É cultural”, afirma Marcelo Pavlenco Rocha, presidente da ONG SOS Fauna, que desde 1989 atua no combate ao tráfico de animais.”  A declaração está na matéria “Tráfico no varejo”, publicada na edição de julho de 2013 da revista Terra da Gente, que foi repercutida pelo Fauna News no post de 11 de julho de 2013 “Tráfico de animais em feiras: uma praga que infesta o Nordeste”.

A situação é grave.

“A Polícia Militar de Sergipe, através do Pelotão de Polícia Ambiental (PPAmb), realizou uma operação que resultou na apreensão de 47 aves silvestres, no fim de semana, na Feira das Trocas de Aracaju, que está sendo realizada em uma área localizada aos fundos do Terminal Rodoviário de Aracaju.

Aves apreendidas em feira na capital sergipana
Foto: Divulgação Pelotão Ambiental

As aves foram encontradas dentro de pequenos recipientes conhecidos como ‘cumbúculos’, utilizados para transportar pássaros. Os animais foram apreendidos pela guarnição composta pelos soldados Servulo, P. Silva, Ana Cristina e Israel, que realizavam fiscalização na referida área.

De acordo com os policiais, a Feira das Trocas ainda é o local de maior comércio de animais silvestres de Aracaju, frequentado por pessoas do interior do Estado e até da Bahia, que trazem pássaros para serem vendidos na capital sergipana.”
– texto da matéria “PM apreende 47 pássaros silvestres na Feira das Trocas de Aracaju”, publicada em 22 de julho de 2013 pelo portal G1

Infelizmente, as ações repressivas são pontuais e não integram qualquer plano estratégico para o combate ao tráfico de fauna em mercados de rua. Faltam trabalho de inteligência policial para desbaratar quadrilhas, fiscalização efetiva e constante, projetos de geração de renda nas áreas de captura para as comunidades pobres que servem ao mercado negro e, sobretudo, programas de educação ambiental para redução do consumo.

Para piorar, a legislação é fraca (alguém conhece algum traficante de animais condenado?), os órgãos de fiscalização são despreparados e desaparelhados para das assistência aos bichos no pós-apreensão e não há centros de recebimento suficientes para dar uma destinação adequada os animais apreendidos.
A fauna silvestre brasileira está órfã de atenção do poder público.

Enquanto isso, de acordo com estimativa da Rede Brasileira de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) de 2001, 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza todos os anos para abastecer o tráfico – sem contar peixes e invertebrados.

Estado omisso e criminoso.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria “Tráfico no varejo”, publicada na edição de julho de 2013 da revista Terra da Gente
- Releia o post  do Fauna News “Tráfico de animais em feiras: uma praga que infesta o Nordeste”, publicado em  11 de julho de 2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

Trinca-ferro de R$ 6 mil é alvo de ladrão: o preço do bicho e o tráfico

“Um homem foi preso na noite deste domingo (21) em Teresópolis, Região Serrana do Rio, quando tentava roubar um passarinho de uma residência no bairro da Prata. O acusado foi flagrado pelo proprietário da casa, que acionou a Polícia Militar (PM). Ele foi levado à 110ª Delegacia de Polícia, no bairro do Alto, onde o caso foi registrado.

 
Trinca-ferro
Foto: Christian Camargo

Longe de ser um simples passarinho, o ladrão tentava furtar um trinca-ferro, avaliado em R$ 6 mil. O animal era registrado. A ave, segundo especialistas, é altamente valorizada por criadores e também é alvo constante de contrabandistas de animais silvestres. Para a criação em cativeiro é preciso autorização especial do IBAMA.” – texto da matéria “Homem é preso após tentar furtar passarinho em Teresópolis, RJ”, publicada em 22 de julho de 2013 pelo portal G1

Em criadouros legalizados, essas aves custam, pelo menos, R$ 1 mil. Os altos preços de animais criados legalmente é um incentivo ao tráfico, onde os valores são muito mais baixos. Infelizmente, o hábito de criar animais silvestres como bichos de estimação ainda é muito forte e acaba sendo também outro incentivador para a existência do mercado negro.

Há quem defenda a existência de um amplo comércio legalizado de animais silvestres (para abastecer uma demanda por bichos de estimação) como ferramenta para combater o tráfico de fauna. Afinal, segundo os defensores dessa ideia, quem compraria um animal de procedência desconhecida, arriscando-se a contrair doenças e a problemas legais, se existe a possibilidade da compra dentro da lei?

Sem levar em conta a discussão ética sobre o direito à liberdade dos animais, a possibilidade de legalização do comércio de algumas espécies de silvestres tem de ser analisada pensando no preço. É o caso do trinca-ferro. Ou você acha que a maioria dos compradores de animais, cujo nível econômico não permite gastar altas quantias, vai deixar de comprar?

Infelizmente, não. O tráfico vai continuar a existir. E com força.

Isso já acontece com os papagaios-verdadeiros. No mercado negro, a ave custa entre R$ 150 e R$ 250. Em um criadouro legalizado, o preço varia entre R$ 1.800 e R$ 2.500.

Mesmo assim, o Ibama prepara a chamada “lista pet”, que, em breve, deverá ser divulgada pelo órgão com cerca de 100 espécies de silvestres com permissão para o comércio legalizado como bichos de estimação.

Um grande erro!

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria “Aberta a temporada do tráfico”, publicada na edição 101, de setembro de 2012, da revista Terra da Gente

A captura de animais em estados consumidores

Ao se mapear o tráfico de fauna no Brasil, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são consideradas regiões de captura ou fornecedoras, isto é, de seus estados sai a maioria dos animais que abastecem as regiões classificadas como consumidoras. O Sul e o Sudeste formam essa última categoria.

Os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro são apontados como os grandes polos de “consumo” de animais silvestres no Brasil. Mas isso não significa que não haja captura neles.

“Na manhã desta quinta-feira (18), um homem foi preso em flagrante por tráfico de animais no bairro Manancial, em Cordeiro, Região Serrana do Rio de Janeiro. Com ele, foram encontrados 174 pássaros. De acordo com os policiais, Fernando Machado, de 55 anos, estaria capturando os animais em um sítio para vender ilegalmente.

Viveiro no meio da mata
Foto: Divulgação PM Amb

No local havia um viveiro dentro da mata e diversas armadilhas para capturar as aves. O homem preso foi encaminhado para a 154ª Delegacia Polícia, que fica em Cordeiro. Os pássaros serão levados para a sede do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em Cachoeiras de Macacu, no interior do Rio de Janeiro.” – texto da matéria “Polícia Militar Ambiental apreende 174 pássaros em Cordeiro, RJ”, publicada em 18 de julho de 2013 pelo portal G1

Assim como acontece na Região Serrana do Rio de Janeiro, em território paulista, o Vale do Ribeira e nas bordas de unidades de conservação são algumas dessas áreas.

O mesmo acontece nas chamadas regiões de captura, como o Nordeste. Muitos dos animais vão ser comercializados nas feiras espalhadas como praga em quase todos os municípios da região.

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Tráfico de animais: os depósitos das feiras

O aumento da fiscalização das feiras por órgãos ambientais e pela polícia tem obrigado os traficantes de fauna a mudar sua estratégia de comércio no varejo. O risco de apreensões frequentes nos mercados populares de rua fez com que a venda direta ao consumidor final passasse a ser realizada nos próprios depósitos. O bicho não fica mais exposto na feira, mas é oferecido verbalmente aos interessados. Para o presidente da ONG SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha, que combate o tráfico de fauna desde 1989, os depósitos já estão vendendo mais que as feiras.

Há dois tipos de depósitos: os que recebem os animais das regiões de captura e apanha para enviá-los às áreas de consumo final e os depósitos que abastecem o varejo, instalados inclusive perto de feiras. Esse último tipo é o que estaria atuando como o elo final na cadeia do comércio ilícito de fauna.

Feira de animais em Feira de Santana (BA)
Foto: F. Schunck

“O número de animais apreendidos vem diminuindo a cada ação de fiscalização em feiras. Uma das razões disso certamente são os depósitos próximos às feiras, de forma que os traficantes não precisam se expor à ação da fiscalização, uma vez que não precisam levar animais em quantidade para o local onde ocorre a negociação. A redução das apreensões em feiras não indica uma redução no tráfico de animais na Paraíba”, afirma o coordenador de fiscalização da Superintendência do Ibama no estado, Jaime Pereira da Costa.

O mesmo fenômeno é constatado pelo subcomandante da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA) da PM baiana, capitão Moisés Brandão Carvalho. “O infrator só vai buscar o animal após a venda”, afirma.

Esses depósitos nada mais são que residências onde, muitas vezes, o próprio traficante vive, fato que dificulta o trabalho de fiscalização. Segundo o cabo Jackson Douglas do Nascimento Silva, do Batalhão de Polícia Ambiental da Paraíba, ao serem flagrados com grande quantidade de animais os proprietários dos imóveis alegam que os criam como bichos de estimação, jamais para o comércio.

Um caso
“A Polícia Ambiental do Batalhão da Polícia Militar (39º BPM) apreendeu 76 animais silvestres em Belford Roxo, na baixada. Segundo denúncias, o proprietário José Marinho Filho, de 46 anos, seria o maior traficante de animais silvestres em Belford Roxo e também um dos abastecedores de animais ilegais para feiras de Areia Branca e de Duque de Caxias, na baixada. Entre os bichos estavam: gaviões, tartarugas e pássaros em extinção.

Gaviões apreendidos em Belford Roxo
Foto: Divulgação PM Ambiental

Os animais estavam presos em viveiros em uma casa que fica na rua Sírio, no bairro Babi. Na operação, os policiais apreenderam: duas espingardas calíbre 28; duas armas de fabricação artesanal; oito cartuchos; vários equipamentos para caça ilegal; sete papagaios; 20 pássaros ameaçados de extinção; cinco gaviões; oito patos silvestres (ameaçados de extinção);  21 tartarugas; uma coruja; oito lagartos; duas capivaras; quatro micos.”
– texto da matéria “Mais de 70 animais silvestres são apreendidos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense”, publicado em 20 de julho de 2013 pelo portal R7

- Leia a matéria completa do portal R7
- Leia "Tráfico no varejo", publicada na edição de julho de 2013 da revista Terra da Gente

Começar a semana pensando...

...sobre as passagens de fauna: segurança também para os usuários das estradas e rodovias.

“A segurança do usuário e conservação da biodiversidade estão intimamente ligadas às questões da Ecologia de Estradas”.

Fernanda Abra, bióloga, em entrevista para matéria veiculada
no dia 16 de julho de 2013 em telejornal da TV Brasil
- Assista à matéria da TV Brasil:

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Reflexão para o fim de semana: quando o bicho vira mercadoria

Caixas onde estavam as aves
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

“ A Polícia Rodoviária Federal apreendeu 152 aves silvestres que estavam sendo transportadas em caixas de leite no Km 525 da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), no Paraná.

Os animais estavam escondidos dentro da lataria de um veículo Renault/Clio. O carro abrigava 40 pintassilgos, 50 canários da terra, 2 sanhaços frade e 60 trincas-ferro..”
– texto da matéria “Polícia apreende 152 aves silvestres escondidas em caixas de leite”, publicada em 18 de julho de 2013 pelo portal R7
Dessa vez, as aves tinham até embalagem de produto.

- Leia a matéria completa do portal R7

Resolução 457: Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens contra

“A Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (ABRAVAS) vem a público manifestar-se contrariamente ao texto da Resolução nº 457 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), publicada no Diário Oficial da União, em 26 de junho de 2013.

Consideramos que há extrema necessidade de medidas que visem o combate ao tráfico de animais silvestres, assim como medidas que auxiliem na destinação de animais oriundos do combate a este crime, no entanto, no entendimento desta Associação, a Resolução nº 457 favorece o tráfico de animais silvestres e a sua manutenção irregular em cativeiro, e contraria o fato de que a missão de todos os órgãos ambientais e associações que lidam diretamente com a fauna é a de combater este tipo de comércio ilegal, que em muitos casos levam a maus tratos.

De modo geral, consideramos os mecanismos de controle dispostos nesta Resolução inexeqüíveis, o que torna seu efeito para proteção da fauna silvestre totalmente nulo.

É sabido que existe uma ineficiência no combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil, e uma das causas é uma fiscalização deficiente tanto em relação ao ambiente natural, na origem do tráfico com a retirada dos animais de seu habitat natural e nos diversos processos que envolvem o tráfico, como também nos casos em que haja a posse legal ou ilegal de animais silvestres, principalmente o chamado “fiel depositário”. Esta fiscalização praticamente inexiste. Se hoje existe um caos na fiscalização relacionada à fauna silvestre no Brasil, a Resolução 457 irá determinar a falência total de um sistema já carente e ineficaz, com aumento da demanda sem o preparo na infraestrutura e sem a capacitação adequada de um contingente em número suficiente para uma ação que cumpra seus objetivos.

Esta resolução vem contra uma política de incentivo aos criadores de animais silvestres registrados no IBAMA, estabelecidos sob regulamentação dos órgãos ambientais e que comercializam animais nascidos em cativeiro e com origem conhecida, o que pode diminuir a pressão da caça indiscriminada que alimenta o tráfico.

Não se pode alegar que esta Resolução visa “salvar vidas” sem o devido conhecimento dos conceitos de Medicina da Conservação, pois os riscos das ações dispostas na Resolução 457 para as populações animais são altíssimos, assim como para a saúde humana, uma vez que as medidas que assegurem a avaliação sanitária, a saúde dos animais e a disseminação de zoonoses não foram contempladas satisfatoriamente, para não dizer inexistentes.

 Outro ponto extremamente preocupante é o estímulo às solturas indiscriminadas, pois a guarda de animais silvestres por particulares é comprovadamente um fator contribuinte para esta prática extremamente lesiva ao meio ambiente. A Resolução 457 irá, de forma irresponsável, estimular um maior número de pessoas a ter animais silvestres em casa, pois oferece uma alternativa “legal” e mais barata do que a aquisição direta de criadores legalizados, e esta banalização atrairá curiosos sem conhecimento técnico e com interesse superficial que fatalmente resultará na soltura indiscriminada ou em maus tratos aos animais. Esta Resolução assume assim um posicionamento contrário a todos os esforços realizados até hoje para a educação ambiental no que tange a proteção da fauna brasileira.

Outro erro importante é que a Resolução 457 prevê a participação de um Responsável Técnico pelo animal e, além de não definir que tipo de profissional deverá assinar esta responsabilidade técnica, não existe Responsabilidade Técnica para pessoas físicas, apenas para pessoas jurídicas que devem ser devidamente registradas nos Conselhos de Classe.

Os argumentos contrários à Resolução 457 do CONAMA apresentados nesta nota foram embasados não apenas na situação atual do país no que tange a fiscalização da fauna silvestre, mas também em conceitos técnico-científicos, e visam contribuir para a proteção da fauna brasileira.

A ABRAVAS, como Associação representante dos Médicos Veterinários de animais selvagens no país, coloca-se à disposição do Governo Federal para discutir assuntos referentes à Legislação da fauna brasileira que promovam medidas eficazes no combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil.

 DIRETORIA DA ABRAVAS – GESTÃO 2011-2013”


De acordo com a Resolução 457, no caso de o poder público não conseguir  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), zoológicos ou entidades  semelhantes para receber os animais apreendidos (anfíbios, répteis, aves, e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação), passou a ser possível a elaboração dos termos de depósitos de Animal Silvestre e o Preliminar, isto é, o bicho poderá ficar com o infrator (criador ilegal).

Está aberto o precedente do "ilegal tornar-se legal".

- Leia a nota da ABRAVAS no site da Associação
- Conheça a Resolução 457
Releia os posts do Fauna News:
- “Guarda provisória de animais silvestres: atestando a incompetência do poder público”, publicado em 24 de maio de 2013
- "Conama alivia a falta de estrutura do poder público legalizando o tráfico de animais", publicado em 27 de junho de 2013
- "Resolução 457: petição na internet pede revogação", publicado em 1º de julho de 2013

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A jaguatirica não resistiu. Mais uma vítima fatal de atropelamento

Em 15 de julho de 2013, o Fauna News publicou o post “Começar a semana pensando...” em que destacou uma declaração da veterinária Chrissie Prado, da Associação Mata Ciliar, após atender uma jaguatirica atropelada por um caminhão na rodovia Edgar Máximo Zambotto, em Campo Limpo Paulista, na manhã de 12 de julho de 2013.

“Infelizmente esse tipo de atropelamento é comum porque as rodovias estão invadindo o espaço dos animais”.

Apesar de todo atendimento, a jaguatirica morreu
Fotos: Associação Mata Ciliar

A declaração foi publicada em 13 de junho de 2013 no site do jornal Bom Dia ("Jaguatirica atropelada tem tratamento vip"), de Jundiaí. Na mesma matéria, há um resumo dos ferimentos sofridos pelo animal:

“Ela teve fratura de uma vértebra da coluna, fratura na bacia e, ainda, deslocou articulações da bacia também”, conta Cristina. O estado do animal é grave, considerando que houve até mesmo uma hemorragia pulmonar por causa do forte impacto no atropelamento. “A hemorragia foi estancada, agora é esperar os próximos dias para saber como ele irá reagir”, explica Cristina.” (veterinária Cristina Harumi Adania, Coordenadora de Fauna da Associação Mata Ciliar)

Infelizmente, o animal não resistiu aos ferimentos e morreu.

Estimativa de Alex Bager, coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), ligado à Universidade Federal de Lavras, indica que 475 milhões de animais silvestres morrem atropelados nas estradas brasileiras anualmente.

- Leia a matéria completa do jornal Bom Dia
Releia os posts do Fauna News:
- “Começar a semana pensando...”, de 15 de julho de 2013
- “Atropelamento de fauna: 475 milhões é a dimensão do massacre”, de 7 de maio de 2013

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Resolução 457: a primeira manifestação de rua contra em vídeo

Ontem, 16 de julho de 2013, o Fauna News publicou “Resolução 457: primeira manifestação de rua contra”, sobre o protesto organizado pelo Movimento Liberdade à Vida (MLV). O ato aconteceu no final da tarde de 15 de julho em frente à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

 Manifestantes na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de SP
Foto: Associação Mata Ciliar

Um resumo do que aconteceu pode ser visto no vídeo abaixo:



De acordo com a Resolução 457, no caso de o poder público não conseguir  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), zoológicos ou entidades  semelhantes para receber os animais apreendidos (anfíbios, répteis, aves, e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação), passou a ser possível a elaboração dos termos de depósitos de Animal Silvestre e o Preliminar, isto é, o bicho poderá ficar com o infrator (criador ilegal).

O MLV está organizando uma nova manifestação (link para o Facebook), que deverá ocorrer a partir das 15h de 27 de julho, no vão livre do Masp (avenida Paulista, em São Paulo).

- Conheça a página do Movimento Liberdade à Vida no Facebook
- Conheça a Resolução 457
Releia os posts do Fauna News:
- “Resolução 457: primeira manifestação de rua contra”, publicado em 16 de julho de 2013
- “Guarda provisória de animais silvestres: atestando a incompetência do poder público”, publicado em 24 de maio de 2013
- "Conama alivia a falta de estrutura do poder público legalizando o tráfico de animais", publicado em 27 de junho de 2013
- "Resolução 457: petição na internet pede revogação", publicado em 1º de julho de 2013
- “Resolução 457: manifestação do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil”, de 2 de julho de 2013
- “Resolução 457: os 89 que votaram a favor”, de 3 de julho de 2013

terça-feira, 16 de julho de 2013

Resolução 457: primeira manifestação de rua contra

17 de julho de 2013 - Errata: o MVL é formado por quatro estudantes de Ciências Biológicas - Marina Malcius, Gabriela Viveiros Mathias, Patricia Orosco e Leticia Mendes Araújo -, que contou com o apoio de outras entidades e simpatizantes na manifestação.
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Representantes de ONGs e pessoas ligadas à causa da conservação da fauna silvestres formaram um grupo chamado Movimento Liberdade à Vida (MVL) para protestar contra a Resolução 457 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). No início da noite de 15 de julho de 2013, integrantes do grupo realizaram a primeira manifestação pública contra a nova determinação do Conselho. O ato aconteceu em frente à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, na capital paulista.

Manifestantes no ato contra a Resolução 457
Foto: Associação Mata Ciliar

De acordo com a Resolução 457, no caso de o poder público não conseguir  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), zoológicos ou entidades  semelhantes para receber os animais apreendidos (anfíbios, répteis, aves, e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação), passou a ser possível a elaboração dos termos de depósitos de Animal Silvestre e o Preliminar, isto é, o bicho poderá ficar com o infrator (criador ilegal).

Representantes de uma das principais entidades que atua na recuperação de animais silvestres vítimas do tráfico, a Associação Mata Ciliar, estiveram presentes. Com cartazes, megafone e uma gaiola com o formato de um caixão, eles se manifestaram. Na página do Fecebook do Movimento Liberdade à Vida, um post resume o que os manifestantes querem:

“Lembrem-se queremos CETAS, queremos punições severas para quem trafica e para quem compra animais do tráfico!”

O grupo já está organizando uma nova manifestação (link para o Facebook), que deverá ocorrer a partir das 15h de 27 de julho, no vão livre do Masp (avenida Paulista, em São Paulo).

Gaiola com formato de caixão
Foto: Associação Mata Ciliar

Vale destacar que, na votação de 22 de maio de 2013 que aprovou a Resolução do Conama, das 107 entidades com direito a voto, 90 participaram e 89 foram favoráveis (a Frente Nacional de Prefeitos estava presente mas sem direito a voto, mas se manifestou contra). O representante do governo paulista no Conselho, que é o secretario do Meio Ambiente Bruno Covas, não compareceu à votação.

Manifestantes durante ato
Foto: Associação Mata Ciliar

Apesar de o governo paulista não ter se pronunciado, o comandante da Polícia Militar Ambiental de São Paulo, coronel Milton Sussumu Nomura, é conselheiro do Conama em nome do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil e um dos principais responsáveis pela elaboração da Resolução e seu grande defensor.

- Conheça a página do Movimento Liberdade à Vida no Facebook
- Conheça a Resolução 457
Releia os posts do Fauna News:
- “Guarda provisória de animais silvestres: atestando a incompetência do poder público”, publicado em 24 de maio de 2013
- "Conama alivia a falta de estrutura do poder público legalizando o tráfico de animais", publicado em 27 de junho de 2013
- "Resolução 457: petição na internet pede revogação", publicado em 1º de julho de 2013
- “Resolução 457: manifestação do Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil”, de 2 de julho de 2013
- “Resolução 457: os 89 que votaram a favor”, de 3 de julho de 2013

Resolução 457: Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil contra

“A Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil – SZB recebeu com espanto a notícia da publicação da Resolução 457 do CONAMA, que possibilita que pessoas físicas tenham a guarda de animais silvestres apreendidos.


 Este documento, criado com a finalidade de resolver o problema de superlotação dos Centros de Triagem, acaba tornando muito mais fácil a ação de pessoas que retiram animais da natureza para comércio ilegal. Através do estabelecimento dos Termos de Depósito (TDAS), Termo de Guarda (TGAS) e Termo de Depósito Preliminar, traficantes podem montar uma rede de recepção e manutenção de animais e escapar das sanções legais que seriam aplicadas para este tipo de infração.

Mesmo que a Resolução estabeleça que Centros de Triagem têm prioridade como destinação dos animais, a falta de espaço pode tornar a guarda temporária uma situação permanente.

 Levando-se em conta a falta de estrutura do Estado para fiscalizar o cumprimento das inúmeras regras apresentadas na Resolução, temos uma situação totalmente favorável ao traficante, pois muitas das exigências para a manutenção de animais são impossíveis de ser cumpridas, subjetivas e difíceis de serem constatadas e fiscalizadas, o que as torna inúteis.

A Resolução 457 trata o problema do tráfico de animais de forma simplista, além de apresentar inúmeras inconsistências. Uma delas é que os interessados em firmar TDAS ou TGAS deverão estar inscritos em cadastro informatizado próprio que será criado. Isto implica que o infrator faça o cadastro antes de ser autuado mantendo animais ilegalmente.

A SZB vê com ceticismo a criação de um novo sistema informatizado para administrar a demanda desta Resolução, uma vez que o SISFAUNA, sistema eletrônico de gestão e controle dos empreendimentos e atividades relacionadas ao uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro, criado há 8 anos, ainda não funciona de forma eficiente.

 A Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil se posiciona de forma contrária à Resolução 457, por considerar que ela alivia o problema da superlotação dos Centros de Triagem, mas intensifica sua causa, que é a retirada de animais da natureza para o comércio ilegal, atualmente uma das principais causas de ameaça para muitas espécies.

 Resolver o problema de lotação nos Centros de Triagem requer um esforço intensivo e bem coordenado que diminua a captura de animais, e isto passa por questões de educação, geração alternativa de renda e fiscalização eficiente. Soluções equivocadas como a Resolução 457 só agravam o problema.

Yara de Melo Barros
Presidente
Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil”


A nota foi divulgada em 15 de julho de 2013.

De acordo com a Resolução 457, no caso de o poder público não conseguir  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), zoológicos ou entidades  semelhantes para receber os animais apreendidos (anfíbios, répteis, aves, e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação), passou a ser possível a elaboração dos termos de depósitos de Animal Silvestre e o Preliminar, isto é, o bicho poderá ficar com o infrator (criador ilegal).

Está aberto o precedente do "ilegal tornar-se legal".

- Leia a nota da SZB no site da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas)
- Conheça a Resolução 457
Releia os posts do Fauna News:
- “Guarda provisória de animais silvestres: atestando a incompetência do poder público”, publicado em 24 de maio de 2013
- "Conama alivia a falta de estrutura do poder público legalizando o tráfico de animais", publicado em 27 de junho de 2013
- "Resolução 457: petição na internet pede revogação", publicado em 1º de julho de 2013

Tráfico de animais: marmanjo dá para corrigir?

Em 12 de julho de 2013, o Fauna News publicou o post "Esquema de traficantes de animais desbaratado em MG. Mas eles não deverão parar", em que José das Neves Filho, o Zé Baixinho, de 81 anos e várias passagens pela polícia por suspeita de envolvimento no tráfico de fauna, foi detido com dezenas de aves. Ele seria parte de uma quadrilha, responsável pela venda dos animais na região metropolitana da Belo Horizonte.

Como a legislação é fraca, não punindo os envolvidos, a reincidência é certa. Essa impunidade faz com que a participação nessa atividade criminosa possa durar por anos. Daí a idade dos possíveis comerciantes ilegais.

Manter aves em cativeiro é um hábito que alimenta o tráfico de fauna
Foto: Portalonline

Veja em Maringá (PR):

“A Polícia Militar Ambiental apreendeu 38 pássaros silvestres em Maringá no início da tarde desta sexta-feira (12). Por meio de uma denúncia anônima, a equipe chegou até a residência na Avenida Franklin Delano Roosevelt, no Conjunto Requião, e encontrou as aves presas em gaiolas.

(...)Na residência também foram encontradas caixas de leite improvisadas para o transporte das aves. O morador da casa, um senhor de 76 anos, foi detido e, segundo tenente Moreira, é reincidente. "Ele já foi detido anteriormente também pela suspeita de traficar e comercializar aves", disse o tenente.”
– texto da matéria “Polícia Ambiental apreende 38 aves no Conjunto Requião, em Maringá”, publicada em 12 de julho de 2013 pelo site do jornal O Diário

O presidente da ONG SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha, que desde 1989 atua no combate ao tráfico de fauna, é categórico ao afirmar: educação ambiental funciona com crianças e jovens. “Adultos dificilmente têm conserto, pois essa cultura já está muito enraizada nessas pessoas”, afirma.

Talvez, se houvesse uma lei realmente punitiva para esse tipo de crime, comportamentos de gente mais velha poderiam ser mudados. Leis servem para punir e educar.

- Leia a matéria completa de O Diário
- Releia o post “Esquema de traficantes de animais desbaratado em MG. Mas eles não deverão parar “, publicado em 12 de julho de 2013 pelo Fauna News

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Resolução 457: Conselho Regional de Biologia do RJ e ES contra

Anderson Mendes Augusto
“O Conselho Regional de Biologia da 2ª Região RJ/ES (CRBio-02), representado pelo seu Conselheiro Anderson  Mendes Augusto, se pronunciou sobre a Resolução nº 457/2013 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Anderson possui vinte anos de experiência em trabalho e manejo de animais silvestres e explicou que a resolução tem lacunas que precisam ser solucionadas o quanto antes.

De acordo com o texto é permitido, para cada CPF/CNPJ, a guarda de até 10 animais silvestres. Para o Conselheiro isso estimula ainda mais o tráfico desses animais, tendo em vista que as medidas de segurança como anilhas e chips, podem ser forjadas. “Os traficantes podem retirar essas anilhas e chips, vender o animal e reimplantar em outro da mesma espécie” disse.

Sobre a fiscalização, o Conselheiro afirma que ela deve ser feita em seu lugar de origem (flagrante da caça na natureza) e não no destino (ponto de venda ilegal). Para ele as punições para pessoas que vendem animais silvestres têm que ser mais duras.

Anderson reconhece que os locais que recebem esses animais não têm estrutura e que a construção de mais centros como estes não será a solução. “Do jeito que está mesmo construindo mais centros de reabilitação e de triagem de animais silvestre (CRAS/CETAS) não vamos dar conta, devido à quantidade de espécies retiradas da natureza. A solução seria uma fiscalização mais pesada nos locais de origem.” finaliza.

Assessoria de Comunicação CRBio-02”


Nota e foto enviadas ao Fauna News em 12 de julho de 2013.

De acordo com a Resolução 457, no caso de o poder público não conseguir  “vagas” em suas instituições (tipo Cetas – Centro de Triagem de Animais Silvestres), zoológicos ou entidades  semelhantes para receber os animais apreendidos (anfíbios, répteis, aves, e mamíferos que constarão na futura lista de espécies de silvestres que poderão ser criadas comercialmente para venda como bichos de estimação), passou a ser possível a elaboração dos termos de depósitos de Animal Silvestre e o Preliminar, isto é, o bicho poderá ficar com o infrator (criador ilegal).

Está aberto o precedente do "ilegal tornar-se legal".

- Conheça a Resolução 457
Releia os posts do Fauna News:
- “Guarda provisória de animais silvestres: atestando a incompetência do poder público”, publicado em 24 de maio de 2013
- "Conama alivia a falta de estrutura do poder público legalizando o tráfico de animais", publicado em 27 de junho de 2013
- "Resolução 457: petição na internet pede revogação", publicado em 1º de julho de 2013

Começar a semana pensando...

...sobre o rotineiro atropelamento de animais silvestres em estradas.
Imagem: Reprodução TV TEM
“Infelizmente esse tipo de atropelamento é comum porque as rodovias estão invadindo o espaço dos animais”.

Veterinária Chrissie Prado (de verde na foto), que atendeu na ONG Associação Mata Ciliar uma jaguatirica atropelada por um caminhão na rodovia Edgar Máximo Zambotto, em Campo Limpo Paulista, na manhã de 12 de julho de 2013, em entrevista para o jornal Bom Dia

- Leia a matéria completa do sit do jornal Bom Dia, de Jundiaí, sobre o atropelamento
- Conheça a Associação Mata Ciliar

domingo, 14 de julho de 2013

Criticamente em perigo e mantido em cativeiro numa cozinha

Sobre o sauim-de-coleira:

“O sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) é endêmico da Amazônia central, na área de Manaus, e tem uma das menores distribuições de qualquer primata amazônico. Sua distribuição estende-se a norte do rio Amazonas, ao longo da margem esquerda do Rio Negro, a oeste até o rio Urubu, a leste do rio, ao norte a espécie ocorre até o km 35 da BR174, com uma área de sobreposição com outras espécies, como o Saguinus midas.

(...) A principal ameaça a espécie é o desenvolvimento desordenado de Manaus, causando fragmentação do habitat, perda de habitat, contato com a população humana e de animais de estimação (cães e gatos), causado doenças. O contato com a população humana também proporciona a caça e a captura ilegal da espécie para servir de animais de estimação.”
– texto do site do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ)

Por esses motivos, a espécie está classificada no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Ministério do Meio Ambiente, como Criticamente em Perigo.

E o hábito de criar animais silvestres como bichos de estimação tem forte contribuição nesse processo:

“Um sauim-de-coleira, pequeno macaco da região, foi encontrado amarrado em um estabelecimento comercial, localizado na Rua Princesa Diana, na Comunidade Bela Vista, no Bairro Puraquequara, Zona Leste de Manaus, na sexta-feira (12).


Sauim-de-coleira apreendido em uma cozinha
Foto: Divulgação Polícia Civil

De acordo com a Polícia Civil, o resgate do animal ocorreu após denúncias anônimas feitas aos investigadores do 28° Distrito Integrado Polícia (DIP) sobre a existência de um animal silvestre no local. Ao chegarem na residência, os investigadores fizeram buscas e encontraram o animal amarrado ao pé de uma mesa no interior da cozinha do estabelecimento.” – texto da matéria “Sauim-de-coleira é resgatado amarrado em loja, em Manaus”, publicada em 13 de julho de 2013 pelo portal G1

A situação da espécie é tão grave que o jornal A Crítica, de Manaus, publicou:

“Dos bichos amazônicos, o sauim-de-coleira é o mais ameaçado de extinção. Integra o nível mais grave (criticamente em perigo) do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada elaborada do Governo Federal, com base em levantamento da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O sauim-de-coleira supera em vulnerabilidade o peixe-boi, a onça pintada e outros primatas e felinos selvagens. (...)

Extinção em 50 anos
Foto: Márcio Silva

Se nada for feito para salvá-lo, em um futuro próximo (estimativa de 50 anos ou, para alguns menos otimistas, 20 anos), ele só poderá “ser visto em fotografias”, como alerta o diretor do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, Alcides Pissinatti, um dos maiores especialistas em primata do mundo.”
– texto da matéria “Animal mais ameaçado da Amazônia, sauim-de-coleira pode ser extinto em poucas décadas”, publicada em 31 de março de 2013

Vale destacar: 50 anos, para os otimistas...

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia a matéria completa do jornal A Crítica
- Releia o post do Fauna News “Reflexão para o fim de semana: o ameaçado sauim-de-coleira”, publicado em 5 de abril de 2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Reflexão para o fim de semana: a oncinha órfã da estrada

Onça-parda filhote encontrada ao lado do corpo da mãe
Foto: Divulgação PMA/MS

“Policiais militares ambientais resgataram um filhote de onça que perdeu a mãe atropelada sobre uma ponte do Rio Itaquiraí, na BR-163.

Ele foi encontrado por um morador de Sonora, que o levou para casa. O homem passava pelo local quando viu o animal ao lado do corpo da mãe, já morta.”
– texto da matéria “Filhote de onça que “velava” a mãe atropelada na BR-163 é resgatado”, publicada em 8 de julho de 2013 pelo site Campo Grande News

Estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas indica que 475 milhões de animais silvestres são atropelados anualmente nas estradas e rodovias brasileiras.

Para a oncinha órfã restará o cativeiro...

- Leia a matéria completa do Campo Grande News
- Leia a matéria Massacre nas estradas, publicada na edição de maio de 2013 da revista Terra da Gente