quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Fauna News é relançado em novo endereço: www.faunanews.com.br

Por um curto período, o Fauna News deixou de publicar as notícias e reportagens sobre tráfico de animais e sobre os impactos das estradas e rodovias na fauna silvestre. Foi o tempo necessário para melhorar, construindo uma nova identidade visual, novas seções e oferecendo serviços.

O Fauna News foi lançado em janeiro de 2011 e, desde então, tem se esforçado para levar até você o que há de mais relevante s sobre o combate ao mercado negro de animais e o quanto as rodovias impactam a vida silvestre. Selecionamos o que a imprensa aborda e comentamos, para que você tenha mais informações.

Pedimos desculpas pelo tempo ausente! Esperamos que você tenha sentido a nossa falta.

Chegou a hora de matar as saudades e voltar aos nossos encontros diários. Estamos agora no www.faunanews.com.br - a partir de hoje, a página que você está lendo agora não será mais atualizada. Clique até nossa nova página, leia nossos posts e explore cada uma das seções. Nos envie críticas, sugestões e, se desejar, elogios. Estamos abertos para ouvi-lo e tenha certeza de que você receberá nossa resposta.

O e-mail contato@faunanews.com.br é nosso novo canal de comunicação.

Vela lembrar que continuamos com nossa fan page no Facebook, o perfil no Twitter e a página no Google + . Vamos ficar muito honrados em ter você nos acompanhando pelas redes sociais, curtindo, compartilhando ou retuitando nossos posts.

Muito obrigado!

Dimas Marques
Editor responsável
dimasmarques@faunanews.com.br

segunda-feira, 7 de julho de 2014

A jaguatirica morreu atropelada. E agora, quem retira o cadáver?

“Uma jaguatirica, espécie ameaçada de extinção, morreu após ser atropelada neste sábado (5) na BR-365, a cerca de sete quilômetros de Ituiutaba. O corpo do animal, um filhote macho, tinha quase um metro de comprimento e ficou no acostamento da rodovia. No local onde ocorreu o atropelamento existem várias fazendas de criação de animais, como gado e suínos, o que pode ter atraído a jaguatirica para a região.

Cadáver no acostamento é um perigo
Imagem: reprodução TV Integração
A cena chamou a atenção de quem passou pelo local. “Está acabando com tudo, com o nosso meio ambiente. Dá até dó de ver um bicho desses assim, é chocante, mas não tem como fazer nada”, disse o encarregado de transporte, João Alves de Araújo.

A Polícia de Meio Ambiente não soube à produção do MGTV de quem é a responsabilidade de retirar o corpo da onça da rodovia.”
– texto da matéria “Filhote de Jaguatirica morre atropelado na BR-365 em Ituiutaba”, publicada em 5 de julho de 2014 pelo portal G1

O atropelamento de uma jaguatirica, espécie classificada como “vulnerável” na listagem brasileira de animais em risco de extinção, já é uma grande. Dependendo da população local do bicho, a quantidade de atropelamentos pode contribuir bastante para a extinção em uma região.

E toda extinção de uma espécie resulta em uma série de consequências, como, por exemplo, a o não controle das populações de outras espécies, o que gera outra série de outras consequências. Um efeito em cadeia.

Mas a matéria do portal G1 chama a atenção por um detalhe que, pouco explorado e deixado no final do texto, não chama a atenção da maioria das pessoas: quem vai retirar o cadáver da jaguatirica da beirada da pista?

A falta de ter claro de quem é essa responsabilidade coloca em risco outros animais: os carniceiros. Bichos que se alimentam de carcaças e carne em decomposição serão atraídos para o local do atropelamento da jaguatirica e poderão também ser atingidos por veículos. Deixar o animal morto no local do acidente coloca em risco outros animais e motoristas.

Na gestão de uma rodovia, o papel de quem deve retirar cadáveres das pistas, acostamentos e proximidades da faixa de asfalto tem de estar bem definido. Tal indefinição só aumenta o problema.

- Leia a matéria no portal G1

Começar a semana pensando...

...sobre o tráfico de animais como demonstração de riqueza.
Foto: Cites
"Estamos observando uma preocupante mudança na demanda de algumas espécies. Antes, essas espécies eram caçadas porque achavam que algumas de suas partes curavam doenças. Mas, agora, observamos que o uso dessas peças visa demonstrar riqueza".

John Scanlon, secretário-executivo da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Selvagens de Fauna e Flora (Cites), na matéria “ONU denuncia produtos derivados de animais em extinção”, publicada em 4 de julho de 2014 no site da revista Exame, sobre o tráfico de chifres de rinocerontes e partes de tigres

- Leia a matéria completa da Exame

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Reflexão para o fim de semana: atropelamento leva coruja para o cativeiro eterno

Imagem: reprodução TV Anhanguera

“Uma coruja foi resgatada na BR-060, em Rio Verde, no sudoeste de Goiás, após ser atropelada na quarta-feira (2). O motorista que atingiu a ave a levou até o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para tentar conseguir ajuda. O animal, que teve a asa quebrada, foi encaminhado pelos agentes a uma clínica veterinária do município.

(...) Segundo o veterinário que realizou o atendimento, mesmo depois de recuperada, a ave não deve conseguir viver livre no cerrado novamente. “Ela não vai conseguir voar e pegar as presas dela mais, então ela vai ter que ser criada em cativeiro”, explicou Alberto Guerreiro Moraes. Após receber alta da clínica veterinária, a coruja deve ser encaminhada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Goiânia.”
– texto da matéria “Coruja é resgatada na BR-060 após ser atropelada por motorista em GO”, publicada em 3 de julho de 2014 pelo portal G1

Parabéns ao motorista que não a abandonou ferida.

Infelizmente, animal em cativeiro não cumpre suas funções ecológicas. É quase como se estivesse morto.

- Leia a matéria completa do G1

Aves em cativeiro em Minas Gerais: o desejo falou mais alto que a lei

Nos rincões mais isolados do país ainda é possível alegar desconhecer a lei que proíbe a criação de animais silvestres sem autorização. Apesar de a exigência existir desde 1967, há localidades com gente sem acesso às informações, que reproduzem hábitos antigos.

Mas, na maioria dos casos, as pessoas sabem que manter aves silvestres na gaiola é ilegal. E como a fiscalização e as punições legais são falhas, poucos se preocupam em respeitar a lei.

Há ainda os que sabem da necessidade das autorizações e, quando não conseguem percorrer toda a burocracia, resolvem seguir pela ilegalidade. É o caso do infrator flagrado em Uberlândia (MG).

“A Polícia Militar de Meio Ambiente resgatou 49 aves da fauna silvestre na manhã desta terça-feira (1º), em uma casa no Bairro Pacaembu, em Uberlândia. A polícia informou que chegou ao local por meio de uma denúncia anônima. Além dos pássaros, a polícia apreendeu no local 28 gaiolas, dois viveiros, um alçapão dentre outros materiais. Um homem de 43 anos foi preso.

Aves apreendidas em Uberlândia (MG)
Foto: divulgação Polícia Militar

As aves, que eram mantidas em cativeiro, foram levadas para a Delegacia de Polícia Civil e em seguida vão ser entregues ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que tem convênio com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo os militares, das aves apreendidas 41 são da espécie canário-da-terra. O registro dos animais não foi apresentado.

Para a polícia, o dono dos pássaros disse que gosta de criar aves e que já faz isso há dez anos. Sobre a legalização, ele argumentou que teve dificuldades para fazer o processo. O preso não tinha antecedentes criminais e, de acordo com a polícia, não reagiu e colaborou com os militares.”
– texto da matéria “Pássaros da fauna silvestre são resgatados de cativeiro em Uberlândia”, publicada em 1º de julho de 2014 pelo portal G1

O desejo falou mais alto que a lei. Pena que a punição, se houver, será branda.

- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 3 de julho de 2014

A morte de Presley, a mais velha ararinha-azu,l e a luta pela sobrevivência da espécie

“Presley, o macho de ararinha-azul mais velho do mundo, morreu aos 40 anos na última quarta-feira (25). O animal era um ícone da conservação da espécie e dos problemas enfrentados por muitas outras espécies que são alvo do tráfico de animais, atividade criminosa que todo ano captura cerca de 38 milhões de exemplares apenas no Brasil. 

Presley tinha 40 anos
Foto: divulgação ICMBio

"Ele era um dos últimos indivíduos do ambiente natural. Como essa espécie é extinta na natureza, existem poucas matrizes para reprodução. Ele é muito valioso para ampliar a diversidade genética e evitar os cruzamentos entre aparentados", explica Patrícia Serafini, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação das Aves Silvestres (Cemave/ICMBio).

(...) História
Presley foi retirado ilegalmente da natureza por traficantes de animais silvestres, em 1984, e vendido como animal de estimação nos Estados Unidos. Através de iniciativas oficiais de conservação da espécie, Presley retornou ao Brasil em 2002.

Na Fundação Lymington, onde viveu por quase dez anos, foram feitas várias tentativas de reproduzi-lo em cativeiro, sem sucesso. Ano passado, o nascimento de filhotes por técnicas assistidas de fertilização sinalizou o potencial e o êxito da inseminação artificial em outros espécimes de ararinha-azul.

Em março de 2014, especialistas da Universidade de Giessen (Alemanha) colheram sêmen de Presley por eletroejaculação. Porém, os espermatozoides apresentaram aspectos negativos, morfológicos e de motilidade, consequência dos problemas cardíacos e idade avançada da ave.

Presley permaneceu na Fundação até ser internado no Hospital Veterinário da Unesp de Botucatu, em 20 de junho, porque não se alimentava mais sozinho. Lá, ficou sob cuidados veterinários de alta qualidade até o dia de sua morte.

A necropsia foi realizada no Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (Lapcom), da Universidade de São Paulo, e as células germinativas (conservação de germoplasma) da ave foram preservadas para serem transplantadas em outro macho, que passaria a produzir o esperma de Presley. Esta técnica já foi realizada em outros grupos de aves e é a última tentativa para incorporar o material genético desta ave no grupo das ararinhas-azuis em cativeiro atualmente.”
– texto da matéria “Ararinha-azul mais velha do mundo morre aos 40 anos”, publicada em 2 de julho de 2014 pelo Portal Brasil

As ararinhas-azul foi declarada extinta na natureza em 2000. Além da perda de hábitat, o tráfico de fauna foi responsável pela extinção (problema abordado na animação Rio, com o personagem Blu. Atualmente, menos de 100 delas vivem em cativeiro de institutos de pesquisa (a maioria fora do Brasil).

Blu, a ararinha-azul da animação Rio
Todo o trabalho para garantir que a genética de Presley seja passada para futuras gerações é um exemplo do esforço para salvar a espécie – o cruzamento entre parentes, no longo prazo, é um fator negativo.

Existe todo um planejamento para reintroduzir as ararinhas-azuis em seu hábitat (o sertão da Bahia). Esse trabalho segue o Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação da Ararinha-azul e está concentrado no Projeto Ararinha na Natureza, patrocinado pela Vale e envolve o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil) o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e as instituições que criam as ararinhas em cativeiro: A Al-Wabra Wildlife Preservation (Catar), a Association for the Conservation of Threatened Parrots (Alemanha), a Fundação Lymington e o criadouro Nest (ambos no Brasil) e a Fundação Loro Parque (Espanha).

Foto da última ararinha-azul em vida livre, feita em 1990
Foto: Luiz Claudio Marigo

As metas do Ararinha na Natureza são recuperar e conservar o hábitat de ocorrência histórica da espécie até 2017, inclusive com criação de unidades de conservação, e chegar a 150 aves em cativeiro visando o início das reintroduções até 2021.

- Leia a matéria completa do Portal Brasil

Portugal e os atropelamentos de animais silvestres em rodovias

“A monitorização da mortalidade de animais nas estradas portuguesas iniciou-se após o estabelecimento, em 2010, de um protocolo de colaboração entre a EP e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).

Esta parceria teve como objetivo a identificação dos locais com maiores índices de mortalidade e dos grupos faunísticos mais afetados para posterior adoção de medidas de minimização do seu impacto negativo nas populações silvestres, explica a EP no seu website.

Placa, em Portugal, alertando para a presença de anfíbios na rodovia
Foto: Jorge Nunes

Assim, desde 2011 que tem sido contabilizado o número de atropelamentos de animais domésticos e silvestres e analisada a sua incidência dos diferentes grupos faunísticos, bem como a sua variação espacial e temporal, resultados que são apresentados sob a forma de relatórios de síntese anuais acessíveis no website da EP.

A avaliação anual mais recente, que diz respeito a 2013, foi disponibilizada online recentemente e revela que o número de atropelamentos registrados foi de 2678, um acréscimo de 238 ocorrências em relação a 2012.

O aumento da mortalidade é atribuído pela EP à ampliação da rede viária sob a gestão da empresa. Com efeito, o número de animais atropelados triplicou no distrito do Porto, onde a extensão das estradas concessionadas sofreu um incremento de 94 km.”
– texto da matéria “Relatório: Atropelamentos de fauna nas estradas portuguesas aumentaram 10% em 2013”, publicada em 1º de julho de 2014 pelo site português Naturlink

Chama a atenção o fato de o órgão que gerencia as rodovias, Estradas de Portugal (EP), realizar tal monitoramento e divulgar os números. No Brasil, ainda há a falta de transparência envolvendo a questão. Será que se o poder público (federal, estaduais e municipais) não faz tal acompanhamento e divulga amplamente os dados para não sofrer pressão da sociedade? Alguns estados, como o de São Paulo, têm essa estatística.

Ao mesmo tampo, deve-se destacar que Portugal só começou a fazer tal trabalho em 2010. Tudo muito recente.

Grita também a dimensão dos números, que aparentam ser baixos mesmo se for levado em consideração as dimensões do país europeu. O fato é que muito mais animais morrem que os dados indicam. E eles sabem disso:

“No entanto, o relatório salienta que a elevada representatividade dos mamíferos pode ser uma consequência da metodologia de recolha amostragem, que pode subestimar os atropelamentos de outros grupos, nomeadamente de répteis e anfíbios, devido à sua baixa detetabilidade e elevada taxa de degradação.” – texto do Naturlink

- Leia a matéria completa do Naturlink (tem o link para o relatório)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Atropelamentos em rodovias: sentenciando à extinção as jaguatiricas dos EUA

No Brasil, estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas indicam que 475 milhões de animais silvestres morrem em atropelamentos nas estradas e rodovias todos os anos. Para espécies com populações reduzidas, esse pode ser um fator determinante para extinções locais. Essa é uma das preocupações, por exemplo, dos profissionais que lutam pela conservação do ameaçado mico-leão-dourado, que tem seu hábitat cortado por estradas e a BR-101, no Rio de Janeiro.

Nos Estados Unidos, os oncelotes (jaguatiricas) têm sua sobrevivência fortemente ameaçada pelos atropelamentos. Estima-se que apenas 50 animais ainda existam naquele país.

“Em novembro do ano passado, um belo e raro ocelote (felino chamado de jaguatirica, no Brasil) foi morto na State Highway 100, em Rio Grande Valley, no Texas (EUA). Tratava-se de um macho de quatro anos e meio de idade, e sua morte trouxe os números da população, que já são precários, ainda mais perto da extinção. As informações são da Care2.

Conforme relatado pela National Geographic, a equipe do refúgio de vida selvagem que vinha monitorando o felino ficou preocupada com os seus movimentos. Ao invés de vagar em habitats silvestres, ele perambulava ao redor de lojas de conveniência, estradas, rodovias e casas de campo.



Nos Estados Unidos, as jaguatiricas são
chamadas ocelotes. Só restam 50
Foto: Care2

Boyd Blihovde, gerente do refúgio, lamentou que “perder tantos desses animais em colisões com veículos parece simplesmente sem sentido”. Enquanto parece sem sentido para os humanos, o macho ocelote estava motivado por fatores primordiais em seu núcleo: acasalar-se e marcar território.

(...) O que está matando os ocelotes
Nos Estados Unidos, estradas e rodovias com carros em alta velocidade são a principal ameaça a esses animais. De acordo com a National Geographic, seis entre catorze ocelotes rastreados foram mortos em acidentes envolvendo veículos.

Há outros perigos iminentes para os ocelotes. A fragmentação e a perda do habitat estão atingindo a maioria dos felinos. Segundo a reportagem, infelizmente 95 % do território original do ocelote tem sido transformado para atender às necessidades agrícolas e de moradia do ser humano.

A linha de fundo é que os ocelotes precisam de mais espaço para realizar o que o recente macho que foi morto arriscou a vida para fazer. É necessário espaço para acasalamento e estabelecimento de território.

Ainda conforme a reportagem, décadas se passaram e o Serviço de Vida Selvagem dos Estados Unidos fizeram pouco para ajudar os ocelotes. No entanto, os recentes números sombrios fizeram mudar essa atitude passiva. Como relatado pela National Geographic, o governo comprou 100 mil acres (equivalentes a 404 km²) de terras para desenvolver um território para os animais. A má notícia é que os especialistas acreditam que seria necessário no mínimo um milhão de acres para reconstruir números populacionais saudáveis do felino.”
– texto da matéria “Restam apenas 50 jaguatiricas vivas nos Estados Unidos”, publicada em 1º de julho de 2014 pela Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda)

Jaguatirica atropelada em Presidente Epitácio (SP)
Foto: Djalma Weffort/Apoena

Ultimamente, o Fauna News tem repercutido os diversos posts sobre atropelamentos de onças pardas. O último, “Divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul: onça-parda morre atropelada em rodovia”, foi publicado ontem (1º de julho). A situação das onças-pardas no Brasil não é tão dramática como das jaguatiricas dos EUA, mas extinções locais podem ocorrer se nada for feito.

Quantas espécies já não desapareceram por causa dos impactos das estradas e rodovias. Atropelamentos, fragmentação do hábitat, interrupção do acesso à água e da manutenção de corpos hídricos e tantos outros problemas estão no cotidiano da fauna silvestre. E o Brasil só recentemente acordou para a questão.

Apesar de ter acordado, com o poder público instituindo leis e aperfeiçoando (mesmo que lentamente) os processos de licenciamento ambiental desses empreendimentos, a velocidade e a intensidade de investimentos em medidas que reduzam os atropelamentos e outros impactos à vida silvestre ainda são insuficientes.

Acordar para descobrir o problema não basta. Trabalhar intensamente é necessário, caso contrário, casos como o das jaguatiricas dos Estados Unidos tornar-se-ão bastante comuns no Brasil – isso se já não forem.

- Leia a matéria completa da Anda
- Releia o post “Divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul: onça-parda morre atropelada em rodovia”, publicado pelo Fauna News em 1º de julho de 2014

Dica de leitura: artigo de Fernanda D'Abra, especialista em Ecologia de Estradas

Sempre que encontra uma boa matéria jornalística ou um bom artigo escrito por especialista, o Fauna News faz questão de publicá-lo na íntegra. É o caso do texto “Atropelamento de fauna: desastre ambiental fácil de evitar”, escrito pela bióloga Fernanda D’Abra e publicado no site O Eco e, 30 de junho de 2014. Ela é autora da dissertação de mestrado “Monitoramento e avaliação das passagens inferiores de fauna presentes na rodovia SP-225 no município de Botas, São Paulo”, apresentada no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).

 Fernanda D'Abra, bióloga especialista em Ecologia de Estradas
Foto: acervo pessoal

Vale a leitura!

'"Roads are seeds of tropical forest destruction".
(Estradas são as sementes da destruição da floresta tropical.)
Thomas Lovejoy

Desde a primeira vez que ouvi esta frase em uma palestra entendi que uma recém-proposta disciplina, a Ecologia de Rodovias, ramo da grande Ecologia, seria bastante aplicável no Brasil, pois, entre tantas coisas trazidas da América do Norte e Europa, o Brasil adotou o Sistema Rodoviário como o principal modal de transporte para o desenvolvimento socioeconômico do país.

A origem das Rodovias no Brasil se deve ao slogan de campanha "Governar é abrir estradas" de Washington Luís – o estradeiro – que em 1920 utilizou esta marca em sua campanha para Governador do Estado de São Paulo (1920 – 1924) e posteriormente para Presidente da República (1926 - 1930). Durante suas gestões, foi responsável por grandes marcos no desenvolvimento do modal rodoviário no país, mas principalmente no Estado de São Paulo. Seus próximos cinco sucessores do governo paulista perpetuaram a abertura de estradas e rodovias durante suas gestões, com destaque a importantes obras interligando cidades do interior paulista.

A década de 1930 foi marcante pelo surgimento de importantes rodovias, como a Rio-São Paulo, Rio-Petrópolis e Itaipava-Teresópolis. Estas marcaram o início da implantação de uma malha rodoviária moderna no país, que ganharia impulso nas décadas seguintes, espelhando-se em exemplos de países com economias bem sucedidas, como as autobahns alemãs e highways norte americanas que escoavam mais facilmente seus produtos, barateavam mercadorias e integravam cidades.

Ao mesmo tempo em que nas décadas de 1920 e 30 foram abertas as primeiras estradas e rodovias¹ brasileiras, nos Estados Unidos da América, foram publicados os primeiros artigos científicos sobre impactos destes empreendimentos sobre o meio ambiente natural – um abismo temporal no conhecimento teórico e aplicado sobre o assunto. Estes estudos apontavam uma grande perda de biodiversidade causada pelo atropelamento de animais silvestres na malha rodoviária do país².

Pesquisadores de países desenvolvidos começaram a reconhecer impactos ambientais decorrentes da implantação e operação das rodovias – como citado por Willian Laurence, "estava aberta a caixa de pandora".

Danos generalizados
Da mesma forma que na mitologia grega, a abertura da caixa libertou – ou melhor, escancarou – todos os males do mundo, a implantação de Rodovias afeta direta ou indiretamente a integridade biótica, causando danos significativos. Estes incluem a dispersão de espécies invasoras por meio dos corredores lineares, alterações de ciclos hidrológicos devido a interrupções na drenagem, mudanças microclimáticas devido à pavimentação – que tende a aumentar as temperaturas locais e diminuir a umidade do ar – poluição atmosférica devida à produção de gases tóxicos e material particulado, produção de ruído, contaminação das águas e do solo, perda e degradação de habitats e fragmentação de ambientes naturais.

Especificamente para a fauna silvestre, há dois impactos principais: a perda de espécies por atropelamento, que é direto, visível e mensurável por conta das carcaças presentes em faixas de rolamentos e acostamentos, e o efeito barreira, um impacto indireto e não mensurável que resulta do não encorajamento dos indivíduos em atravessar rodovias, consequentemente trazendo problemas relativos ao isolamento e perda de variabilidade genética, eventualmente ocasionando extinções locais e regionais.

Países como Estados Unidos e Canadá, e da União Europeia, possuem um robusto acervo de estudos, de longo prazo inclusive, monitorando animais em rodovias. Estes produziram estimativas assombrosas, como 1 milhão de vertebrados terrestres sendo atropelados diariamente na malha rodoviária dos Estados Unidos, um dado perturbador mas justificável pela alta densidade de rodovias e animais do país.

Mas, e no Brasil? Sendo a Ecologia de Rodovias uma disciplina tão recente e ainda com poucos estudos conclusivos por aqui, o que está acontecendo com a nossa fauna desde o slogan retumbante do Presidente Washington Luis? Quais espécies são as mais afetadas? Os atropelamentos ocorrem mais com a fauna generalista porque são mais encorajadas a atravessar as rodovias? E as espécies especialistas, as essencialmente florestais, que evitam rodovias e ficam isoladas, separadas por 20-40 metros de plataforma pavimentada? Qual a viabilidade populacional de algumas espécies afetadas por rodovias seja por quaisquer dos impactos citados? O que acontecerá com o lobo guará, a onça parda, uma vez que, p. ex. para algumas rodovias paulistas é conhecida a significativa perda de indivíduos por atropelamento?

Estas questões são importantes não só pela dimensão da malha rodoviária brasileira, mas também porque rodovias já impactam áreas protegidas únicas. Por exemplo, o Parque Estadual do Morro do Diabo é cortado pela SP-613, enquanto as Reservas Biológicas de Sooretama (ES) e União (RJ) o são pela BR 101.

Mais que isso, a proposta para reabertura da Estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu (PR) mostra como a ciência ainda passa longe das políticas públicas, uma simples inclusão do termo "estrada-parque" na Lei do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação, "resolve" todos os problemas e impactos ambientais de uma estrada dentro da área inatingível de um Parque Nacional, simples assim.

Segurança em risco
Além da necessidade de estudos e diagnósticos, temos problemas recorrentes com fauna silvestre e doméstica, todos os dias nas nossas rodovias, os animais adentram as faixas de rolamento, colocando em risco a segurança do usuário. Este é um erro grave tanto da administração pública como privada de Rodovias, e é neste aspecto que há possibilidades de tomadas de decisões efetivas em relação à implantação de medidas mitigadoras para atropelamentos: a segurança do usuário. A administração rodoviária está preocupada, acima de tudo, em diminuir acidentes.

A pesquisa científica gerou diversas medidas de mitigação, como as passagens de fauna inferiores e superiores, cercas, placas de sinalização, redutores de velocidade físicos e eletrônicos, sistemas de detecção animal e várias práticas de conserva da própria rodovia que colaboram para evitar atropelamentos e reestabelecer a conectividade estrutural e funcional entre ambientes cortados por empreendimentos rodoviários.

Passagem de fauna na SP-225
Foto: Fernanda D'Abra

Com certeza tais medidas, muitas delas trazidas de outros países, deverão ser aos poucos ajustadas para cada grupo faunístico específico e para cada bioma brasileiro. Com quase um século de pesquisas, o profissional da conservação e os engenheiros rodoviários brasileiros não precisam inventar a roda, eles somente devem ajustá-la e inová-la, quando necessário.

Apesar dos problemas relatados, ainda temos um freio cultural. De forma geral, os profissionais da conservação, principalmente, tem tanto medo de testar, errar e de ser criticado que, no fim das contas (uma conta cara por sinal), o argumento de "não fazer" baseado na falta de publicações, insuficiência de dados e validações estatísticas é maior do que o fato real de que "a nossa biodiversidade está se esvaindo no asfalto". Isso é difícil de ser compreendido uma vez que no universo da Ecologia de Rodovias, novos conhecimentos devem ser aplicados, testados e ajustados, como em um ciclo virtuoso, até que se atinja o objetivo planejado.

É recorrente iniciar um assunto sobre medidas de mitigação para atropelamentos e ouvir: "mas e os predadores que vão ficar espreitando e predando animais dentro das passagens de fauna? Li um relato de uma onça parda comendo tatus nessas passagens!" - como se isso – se e quando ocorre – justificasse não implantar as estruturas e fosse pior que deixá-las sendo atropeladas e causando acidentes.

"Os custos de implantação de cercas e passagens oneram muito a obra." Pois é, e quantos anos uma rodovia permanece na paisagem? É uma cicatriz permanente que impacta a fauna desde a sua implantação até quanto durar a sua operação. Implantação de medidas de mitigação não é um luxo exclusivo de grandes obras rodoviárias ou rodovias concessionadas, elas são urgentes, necessárias e na verdade oneram, no máximo, uma casa decimal do valor total do empreendimento.

Estudos sobre o custo benefício da implantação de medidas mitigatórias para atropelamentos mostram que os empreendedores poupam dinheiro com a diminuição de acidentes³, pois nesses casos eles devem, impreterivelmente, indenizar os usuários.

A única certeza que temos é que "governar é abrir estradas" está arraigado nas nossas gestões públicas nos âmbitos federais e estaduais. Em pleno século XXI, frequentemente testemunhamos a abertura de novas rodovias e, principalmente obras de duplicações, ampliando, sobremaneira, o avanço do pavimento impermeável nas áreas naturais do nosso país. Enquanto isso, pessoas e animais morrem todos os dias em acidentes rodoviários perfeitamente evitáveis.'



1. O nome "Ecologia de Estradas" é a tradução exata do inglês Road Ecology. Entretanto, o Código Brasileiro de Trânsito diferencia "estrada" de "rodovia". Estrada é classificada como uma via rural sem pavimentação, enquanto que a rodovia é necessariamente uma via rural pavimentada. Dessa forma, o termo "Ecologia de Rodovia" é mais bem empregado para tratar das vias principais e secundárias no âmbito municipal, estadual e federal e é com base nessas rodovias que a maioria dos estudos sobre atropelamento de fauna silvestre e implantação e monitoramento de medidas de mitigação são realizados.
2. STONER, D., 1925. The toll of automobile. Science 61, 56-58.
3. HUIJSER, M.P., ABRA, F.D., DUFFIELD, J.W., 2013. Mammal road mortality and cost benefit analyses of mitigation measures aimed at reducing collisions with Capybara (Hydrochoerus hydrochaeris) in São Paulo State, Brazil. Oecologia Australis, 17: 129-146.

- Leia o artigo em O Eco

terça-feira, 1 de julho de 2014

Respeito à vida silvestre: começando dede cedo no Rio Grande do Sul

Educação ambiental é uma das principais – talvez a principal – forma de combater o tráfico de fauna. Não adianta ter sistema de fiscalização e repressão (com agentes e, leis), por exemplo, se ainda houver gente querendo comprar os bichos. A consciência de que lugar de animais silvestres é em seus hábitats, cumprindo suas funções ecológicas e mantendo os ecossistemas equilibrados e sadios, deve ser passada para as crianças desde cedo.

“A primeira infância é o momento mais importante para o desenvolvimento intelectual das crianças. Com base nesta premissa, escolas de educação infantil de Taquara, incentivadas pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes, estimulam o conhecimento dos estudantes, ensinando, por meio de atividades lúdicas, temas como a preservação do meio ambiente. A Escola Municipal de Educação Infantil Leonel de Moura Brizola, no bairro Empresa, desenvolve há dois meses o projeto “Animais”, abrangendo 70 alunos, visando a ensinar as espécies de animais existentes, bem como os seus hábitos e as formas de proteção a cada um deles.

Alunos de escola municipal de Taquara com seus trabalhos
Foto: Magda Rabie

A professora Raquel Catiana Scherer Pinheiro diz que o trabalho é feito em conjunto com todos os professores das turmas da manhã e tarde. “Estamos trabalhando sobre os diversos animais que existem no meio ambiente, como os marinhos, os da floresta, silvestres, domésticos e de jardim, procurando passar a todos os pequenos a importância que cada animalzinho tem ao planeta”, comenta Raquel. “A turminha confeccionou o livro ‘Os animais do Mundinho’, que utiliza formas geométricas para a sua montagem”, reitera.

Além de Raquel, o projeto é trabalhado pelas professoras Daniela Martins, Cátia Furquim, Viviana Schirmer, Dianete Gottliieb, Tatiana Correa da Silva e Patrícia Ferreira da Rosa. Para Cátia, o mais importante é a consciência da preservação ensinada aos alunos. “Os estudantes aprendem a conviver com os animais, explorando bastante cada um deles, deixando o medo de lado. As famílias são integradas, pois ajudam as crianças a confeccionarem os trabalhinhos de casa. É um projeto bem gratificante”, revela Cátia.”
– texto da matéria “Projeto “Animais” estimula estudantes para a preservação das espécies” publicada em 29 de junho de 2014 pelo site do jornal Panorama (Taquara – RS)

Essas crianças, além de levarem para o futuro bons valores, introduzem em suas famílias a ideia da conservação e do quão importante é o respeito à vida de outras espécies. No futuro, com as aulas de ciências, elas aprenderão sobre o papel de cada bicho e planta na manutenção da vida na Terra... o que inclui o ser humano.

- Leia a matéria completa do Panorama

Divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul: onça-parda morre atropelada em rodovia

O Fauna News tem, insistentemente, publicado casos de onças pardas atropeladas. Na região de Bauru (SP), já foram quatro casos, o último em 21 de junho (veja o post “Ares de tragédia em Bauru (SP): quatro onças-pardas atropeladas desde dezembro de 2013”, publicado em 26 de junho). Agora, na divisão de São Paulo com Mato Grosso do Sul, outro animal foi atingido por um veículo. E morreu.

“Uma onça parda foi encontrada morta à beira da Rodovia Marechal Rondon (SP-300) próximo ao aterro da Usina de Jupiá, entre as cidades de Três Lagoas e Castilho-SP. O animal tinha aproximadamente 1,20m.

Policial Militar Rodoviário com cadáver da onça
Foto:Paparazzi News

O flagrante aconteceu na noite desta sexta-feira (27) e foi atendido pela Polícia Militar Rodoviária do lado paulista. O local é muito frequentado por pescadores de Três lagoas que pescam no rio Paraná.” – texto da matéria “Onça Parda é encontrada em rodovia próximo a Usina de Jupiá”, publicada em 29 de junho de 2014 pelo site da Rádio Caçula (Três Lagoas – MS)

Animal foi encontrado na pista
Foto: Paparazzi News

É questão de tempo para que esse tipo de fato não aconteça mais. Afinal o número de onças vai diminuir tanto que serão raros os atropelamentos.

Lamentável.

- Leia a matéria completa do site da Rádio Caçula
- Releia o post “Ares de tragédia em Bauru (SP): quatro onças-pardas atropeladas desde dezembro de 2013”, publicado em 26 de junho pelo Fauna News

segunda-feira, 30 de junho de 2014

No Amazonas, incentivando o turismo sem exploração da fauna na Copa

“O Ibama, em parceria com o Amazonas Tur, lança na região da Amazônia a campanha de combate ao uso ilegal de animais silvestres com o tema “Não incentive o turismo que maltrata os animais”, visando a prevenir crimes ambientais durante a Copa do Mundo de Futebol.

A campanha pretende, principalmente, alertar turistas e moradores locais sobre a ilegalidade e os prejuízos ambientais e sociais decorrentes do uso ilegal de animais silvestres em atividades turísticas, especialmente, na região metropolitana de Manaus/AM.


“A região amazônica tem grande vocação para o ecoturismo. Muitos turistas que chegam ao Amazonas vêm para conhecer nossa biodiversidade, nossas florestas, nossos rios e também nossa fauna. Por isso, é importante que participem de práticas sustentáveis de turismo, não o contrário. A exposição e o manuseio de animais sem critérios e sem autorização são exemplos de práticas de ecoturismo não responsável e ilegal. Portanto, devem ser evitadas e denunciadas”, diz o superintendente do Ibama do Amazonas, Mário Lúcio da Silva Reis.

 O Ibama divulga também algumas regras e orienta os turistas, moradores e prestadores de serviço para que não tenham problemas com os órgãos de fiscalização que atuarão com mais intensidade durante o período da Copa:

1 – Conforme Lei Federal nº. 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), é proibido vender, comprar, transportar ou utilizar animais da fauna silvestre brasileira ou seus subprodutos sem autorização e origem legal.

 2 – No Amazonas, atualmente, não existe estabelecimento autorizado a comercializar aves silvestres, como papagaios, araras e periquitos. Também, não existem estabelecimentos autorizados a vender macacos, iguanas, pássaros, serpentes, borboletas, aranhas, escorpiões etc. Assim, animais e também ovos vendidos em feiras, lojas, praças ou ruas são ilegais. Quem vende, compra ou utiliza animal silvestre ilegalmente está sujeito a multas de R$ 500,00 ou R$ 5.000,00 por animal.

 3 – Não compre artesanato, bijouterias ou adornos feitos com partes de animais silvestres, como penas, dentes, peles, couros, ossos e asas de borboleta.

 4 – Não tire fotos ao lado de pessoas que ofereçam animais silvestres, mesmo que pareçam mansos. Não dê dinheiro a essas pessoas. Essa atividade é ilegal e prejudicial os animais, o meio ambiente e muitas vezes as próprias pessoas envolvidas.

 5 – A caça é proibida no Brasil. Logo, quem come carne de caça (tatu, veado, paca, peixe-boi) estimula o comércio ilegal e também está sujeito a multas e outras penalidades.”
– texto de divulgação do Ibama “Maus-tratos a animais silvestres é tema de campanha do Ibama na Amazônia”, publicado em 27 de junho de 2014 pelo site do Ibama

O Ibama tem realizado várias ações para combater a crimes ambientais envolvendo a fauna durante a Copa do Mundo. O Fauna News publicou em 9 de junho de 2014 o post “Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada”, comentando a campanha com o tema “No Brasil não leve cartão vermelho, leve apenas boas lembranças” (contra o tráfico de animais silvestres) e a intensificação da fiscalização nos aeroportos das 12 cidades sede do campeonato.

No Rio Grande do Norte, o Ibama local também preparou uma série de regras para orientar os profissionais do setor de turismo e visitantes a não cometerem crimes contra a fauna. O trabalho foi comentado no post “Ação em defesa da fauna durante a Copa no Rio Grande do Norte”, de 30 de maio de 2014.

Essa nova campanha do Ibama é bastante importante. É muito comum encontrar animais silvestres sendo explorados como atrativos turísticos. Eles são retirados da natureza e levados para serem fotografados ou acariciados em troca de algum dinheiro. Muitas vezes, esses bichos são dopados ou machucados para parecerem mansos e não espantarem os visitantes.

Há casos em que os animais também são oferecidos para compra aos turistas. O tráfico de animais está muito próximo com esse tipo de exploração da fauna para o turismo.

Divulgação máxima, Ibama. E, por favor, não pare com o fim da Copa do Mundo.

Conscientização e educação ambiental têm resultados definitivos com trabalho constante e no longo prazo.

- Leia a matéria no site do Ibama
- Releia o post “Ação em defesa da fauna durante a Copa no Rio Grande do Norte”, publicado pelo Fauna News em 30 de maio de 2014.
- Releia o post “Ação contra o tráfico de animais para a Copa. Que a campanha seja bem divulgada”, publicado pelo Fauna News em 9 de junho de 2014

Começar a semana pensando...


...no tráfico de fauna, o terrorismo e a guerrilha. Dor e morte financiando dor e morte.

“Muitas redes de criminosos estão tendo lucros fenomenais com a exploração ilegal dos recursos naturais. É uma máquina de financiamento de atividades ilícitas".

Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), durante lançamento do relatório “A crise dos crimes ambientais" elaborado pela Interpol e pelo PNUMA, noticiado na matéria “Crimes ambientais financiam terrorismo e conflitos, afirmam PNUMA e Interpol”, publicada em 25 de junho de 2014 pelo Envolverde

Exemplos citados no relatório:

O tráfico de carvão gera entre US$ 38 milhões e US$ 56 milhões ao ano aos islamitas shebab somalis, ligados à Al-Qaeda, segundo o relatório.

Já o comércio de marfim é a principal fonte de renda do Exército de Resistência do Senhor (LRA), a rebelião de Uganda que se espalha o terror no Sudão, República Centro Africana e República Democrática do Congo (RDC). Também praticado por outros grupos armados e milícias que operam na República Centro Africana, RDC e Sudão.

- Leia a matéria completa do Envolverde
- Conheça o relatório do PNUMA/Interpol (em inglês)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Reflexão para o fim de semana: a órfã do tráfico e os búfalos

Foto: Caters

“A fêmea de elefante Nzhou foi adotada por uma família de búfalos depois que seus pais foram mortos por caçadores e marfim nos anos 70. Ela passou a seguir a manada de búfalos na área de conservação Imire Black Rhino and Wildlife, no Zimbábue, na África.

Judy Travers, que é o proprietário do parque, diz que "Nzhou é a matriarca de toda a área, mas ela prefere passar o tempo com os búfalos. Travers diz que os criadores tentam reintroduzi-la a uma manada de elefantes, mas Nzhou ”está muito feliz onde está”.

O parque de 10 mil hectares foi criado há oito anos para proteger os animais ameaçados pelos caçadores.”
– texto da matéria “Fêmea de elefante é adotada por família de  de junho de 2014 pelo portal G1

É a natureza dando seu jeitinho para compensar uma agressão humana.

- Leia a matéria no portal G1

Que comece o Festival de Parintins (AM), mas sem tráfico de animais e suas partes

A 49ª edição do Festival Folclórico de Parintins (AM) começa hoje (27 de junho de 2014). Na localidade situada a 369 quilômetros de Manaus, os bumbás Caprichoso e Garantido disputarão em apresentações até domingo. Uma das mais belas festas brasileiras.

Junto com todo o empenho dos organizadores com a infraestrutura da festa que deverá receber 90 mil visitantes – no município vivem pouco menos de 110 mil -, há a preocupação de órgãos de fiscalização do poder público com o tráfico de animais e suas partes (penas, plumas, peles, ossos, escamas, olhos, couros e dente). Em 18 de junho de 2014, o Fauna News publicou o post “Festival de Parintins está chegando: cuidado com o tráfico de partes de animais”, em que comentou a inciativa do Ibama ao lançar a campanha “Não tire as penas da vida” e a intensificação da fiscalização em restaurantes, mercados e feiras da cidade, além do aeroporto municipal Júlio Belém, galpões e ateliês de fantasias dos bumbás.

Agora é a vez do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e da Marinha se envolverem nas ações de fiscalização do festival.

“O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) irá integrar a Operação Parintins, realizada pela Marinha do Brasil, por meio do Comando do 9º Distrito Naval, para fiscalizar todas as embarcações com destino ao Festival Folclórico de Parintins (localizado a 368 quilômetros de Manaus). O objetivo da ação é garantir a segurança dos viajantes e o cumprimento das leis referentes ao meio ambiente, tráfico de drogas e de pessoas, sonegação de tributos, exploração sexual de menores e adolescentes e condições ilegais de trabalho.

 Fiscalização de embarcações em Parintins (AM)
Foto: divulgação IPAAM

(...) As embarcações paradas pelo Distrito Naval são vistoriadas pelo IPAAM quanto à presença de animais silvestres adquiridos de forma ilegal, como quelônios e pescado, bem como animais vivos que possam servir ao tráfico de animais silvestres. Ainda, transporte e comercialização ilegal de penas, dentes e couro de animais.

(...) Segundo o órgão, as embarcações que infringirem as regras terão o responsável ou a empresa responsável autuados e os animais apreendidos. Os animais vivos, que estiverem em condições de soltura, serão devolvidos à natureza. Aqueles que estiverem com a saúde comprometida, serão levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama ou da Prefeitura de Manaus. Os animais mortos, como peixes e quelônios, que ainda possam ser consumidos, são doados a instituições filantrópicas.

O IPAAM aceita denúncias pelos fones (92) 2123-6774 (gerência de fauna) e 2123-6715 (gerência de fiscalização).”
– texto da matéria “IPAAM e Marinha fiscalizam embarcações durante o Festival Folclórico de Parintins”, publicada em 26 de junho de 2014 pelo site do jornal A Crítica (AM)

Vale destacar: a fiscalização é importante, mas não dará contar de acabar com o tráfico de fauna e suas partes em Parintins (e em qualquer outra localidade). O uso de partes de animais em fantasias e adornos, bem como a venda ilegal de animais, só reduzirá se uma ação de conscientização da população e dos organizadores da festa for realizada durante todo o ano e por vários anos. Mudar hábitos é difícil, mas possível. Basta o poder público ajudar, investindo também em educação ambiental.

Fiscais do Ibama fiscalização galpões de bumbás
Foto: divulgação Ibama

- Leia a matéria completa de A Crítica
- Releia o post ““Festival de Parintins está chegando: cuidado com o tráfico de partes de animais”, publicado pelo Fauna News em 18 de junho de 2014

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Mais peixes ornamentais apreendidos. Desta vez o trafico foi pego em Manaus (AM)

“A Polícia Federal (PF) apreendeu no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, situado na Zona Oeste de Manaus, 268 unidades de peixes da espécie Cascudo Zebra. A PF informou que uma mulher foi presa em flagrante.

Saco com peixes apreendidos
Foto: divulgação Polícia Federal

De acordo com a Polícia Federal, a ação foi realizada em parceria com fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A mulher presa transportando os peixes é natural de Altamira/PA, segundo a PF.

Os peixes foram capturados no município paraense e seriam transportados para Tabatinga/AM e, em seguida, seriam retirados do país para serem comercializados no exterior.”
– texto da matéria “Mulher é presa em Manaus com 268 peixes ornamentais em aeroporto”, publicada em 25 de junho de 2014 pelo portal G1

Em 2001, a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) estimou em 38 milhões a quantidade de animais silvestres retirada da natureza por ano no Brasil. Esse número não inclui invertebrados e peixes.

Apear dos peixes estarem fora da estimativa da Renctas, eles são tão vítimas do mercado negro quanto qualquer outro animal. No Brasil, o tráfico dos ornamentais acontece com intensidade na região Norte. Quadrilhas bem organizadas atuam na divisa do Brasil com a Colômbia, por exemplo, retirando ilegalmente esses animais do país.

Em 17 de junho de 2014, o Fauna News publicou o post “Peixes ornamentais apreendidos em São Paulo: pena que o esforço de fiscalização seja só para a Copa”, em que comentou a apreensão de mais de dois mil peixes ornamentais no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Bem que esse esforço de fiscalização contra o tráfico de fauna feito durante o período de Copa do Mundo poderia se transformar em rotina.

A biodiversidade brasileira agradeceria.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia o post “Peixes ornamentais apreendidos em São Paulo: pena que o esforço de fiscalização seja só para a Copa”, publicado pelo Fauna News em 17 de junho de 2014

Ares de tragédia em Bauru (SP): quatro onças-pardas atropeladas desde dezembro de 2013

O post “Reflexão para o fim de semana: onças-pardas em risco em Bauru (SP)”, publicado pelo Fauna News em 4 de abril e 2014, termina assim:

“(...) Os fatos estão aí. O poder público vai esperar até quando para se mexer e atuar na região para a conservação da espécie?”
A incitação ao poder público foi motivada pelo segundo atropelamento de onça-parda na região de Bauru em curto espaço de tempo: um em 3 de dezembro de 2013, quilômetro 336 da rodovia Marechal Rondon (SP-300), próximo ao chamado “trevo da Eny", em Bauru (veja em "Onça atropelada: deu sorte e não morreu", de 5 de dezembro de 2013), e outro em 3 de abril, no quilômetro 328 da mesma via, em Agudos (os dois animais sobreviveram).

A situação foi piorando, como o Fauna News comentou, após o terceiro atropelamento de onça-parda na região, no post “Começar a semana pensando...”, publicado em 16 de junho – mesmo dia do fato. O felino foi atingido por um veículo na SP-261, que liga Macatuba a Pederneiras (SP). O animal morreu.

Pois esse conjunto de atropelamentos está ganhando ares de tragédia, já que em 21 de junho outra onça-parda morreu atropelada.

“Em um período de 180 dias, a quarta onça parda morreu, vítima de atropelamento, na madrugada de sábado (21), próximo ao trevo que dá acesso à Duartina (35 quilômetros de Bauru). O animal não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local. O corpo da onça, um macho, em idade jovem pesava aproximadamente 45 quilos.

Animal é a quarta onça-parda atropelada desde dezembro de 2013
Foto: divulgação/Jornal da Cidade

A Polícia Rodoviária foi acionada para atender a ocorrência e encaminhou o corpo do animal para o Hospital Veterinário da Faculdade de Garça.”
– texto da matéria “Em 6 meses, quarta onça morre vítima de atropelamento na região de Bauru”, publicada em 24 de junho de 2014 pelo site do Jornal da Cidade (Bauru – SP)

Quantas onças-pardas ainda vão precisar morrer para que o governo do estado de São Paulo, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP), junto com as concessionárias Rodovias do Tietê e ViaRondon, as prefeituras dos municípios envolvidos, com apoio de pesquisadores de universidades e entidades interessadas, se mobilizem para entender o que está acontecendo e pensar em soluções?

O que não dá é ficar assistindo as onças-pardas sendo massacradas da forma como estão. A sociedade fragmentou todo o hábitat desses animais com estradas, rodovias, cidades, pastos e plantações. Há quem diga que a espécie se adapta bem às modificações de seu ambiente natural, afinal ela consegue viver em áreas de agricultura e pecuária. Mas se a afirmação fosse verdadeira, tantas não estariam morrendo no asfalto das estradas, tentando atravessar na busca de algo (comida, mata, água, etc.) ou fugindo de queimadas da palha da cana em época de colheita em algumas áreas do território paulista (como acredita a bióloga e pesquisadora especialista em onças-pardas, Renata Alonso Miotto).

Onça atropelada em dezembro de 2013
Foto: Douglas Reis

- Leia a matéria completa do Jornal da Cidade
- Releia o post “Reflexão para o fim de semana: onças-pardas em risco em Bauru (SP)”, publicado pelo Fauna News em 4 de abril e 2014
- Releia o post “Começar a semana pensando...”, publicado pelo Fauna News em 16 de junho de 2014
- Releia o post "Onça atropelada: deu sorte e não morreu", publicado pelo Fauna News em 5 de dezembro de 2013

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Tráfico de animais: um crime em cadeia

Traficante de animais silvestres não é somente o sujeito que vendo o bicho. O mercado negro de fauna é formado por uma série de pessoas, com as mais diversas funções: quem captura, coleta ou mata o animal, quem o armazena, quem o transporta, quem o anuncia para comercialização e quem, no final de todo o processo, quem o vende. E tudo isso para atender a demanda de quem compra – que não é traficante, mas é tão responsável quanto.

Com essa visão do processo, uma peça publicitária feita pela agência Leo Burnett (escritório de Sidney (Austrália) aborda o comércio de partes de tigres, tubarões e rinocerontes como parte de uma campanha para arrecadar doações para a ONG WWF Austrália. O trabalho ganhou o Leão de Prata Festival de Cannes deste ano na categoria Imprensa.

Boa sacada que leva à reflexão. “Stop one. Stop them all.”, que em português fica “Pare um. Pare todos eles.”

Paraíba: a caça é motivada pelo tráfico de fauna e não pela busca de alimento

A notícia abaixo anuncia uma palestra, mas vale ser destacada pelo que anunciou o pesquisador da Universidade Federal da Paraíba.

“O programa Semiárido em Foco desta sexta-feira (13) terá como tema “Atividades de caça e usos da fauna por povos do Semiárido paraibano: implicações e desafios para a conservação”.  A palestra será feita pelo pesquisador Wedson de Medeiros Souto no Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI), em Campina Grande (PB). Interessados podem acompanhar a transmissão on-line, a partir das 14h, neste link. (não ativo pelo fato de o evento já ter ocorrido - comentário do Fauna News)

 Comércio ilegal de animais em Campina Grande (PB)
Foto: Anda

Os participantes conhecerão o resultado de um estudo realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que traz uma radiografia das atividades de caça no Semiárido paraibano. A pesquisa é parte de um doutoramento realizado na universidade que compreende informações abrangentes sobre a caça no bioma Caatinga, região com a maior biodiversidade existente entre as áreas semiáridas tropicais.

Embora seja muito comum associar que as atividades de caça no Semiárido são motivadas apenas por subsistência, a pesquisa demonstrou modificação no cenário da caça local, pautada atualmente por motivações comerciais e esportivas, com lucros pouco empregados para despesas básicas e essenciais.

Foram ouvidos cerca de 250 caçadores que forneceram informações sobre espécies exploradas para consumo da carne, utilizadas medicinalmente ou criadas como animais de estimação.

Segundo Wedson Souto, a maioria dos caçadores indicou envolvimento com comércio de animais silvestres e sub-produtos destes. “As estratégias de caça têm sido influenciadas pelo contexto comercial das práticas de cinegéticas, com incorporação e popularização de modernos recursos tecnológicos, especialmente motocicletas”, explicou o pesquisador.  

O estudo foi realizado nos municípios de Maturéia, Santa Luzia, São José do Sabugi, São Mamede, Várzea e na comunidade tradicional do Quilombo do Talhado, todos na Paraíba.”
– texto da matéria “Palestra irá abordar a conservação da fauna na Caatinga”, publicada em 12 de junho de 2014 pelo Portal Brasil

É fato que ainda ocorre caça para alimentação, principalmente em rincões do Brasil isolados de centros urbanos. Mas, na maioria das vezes, quem a pratica procura uma iguaria e não saciar a fome em situação de miséria e ausência total de recursos.

A conclusão serve para reforçar a necessidade do poder público investir em educação ambiental, visando mudança de hábito, em políticas de geração de renda para regiões carentes a e em repressão. Não dá para fazer “vista grossa” a uma atividade ilegal que, de acordo com a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, retira da natureza brasileira 38 milhões de animais silvestres para abastecer o mercado negro de fauna (dado de 2001).

- Leia a matéria completa do Portal Brasil

terça-feira, 24 de junho de 2014

Treze mil borboletas mortas em Parque Nacional. Crime recorrente em Santa Catarina

“Uma operação de combate a crimes ambientais no Parque Nacional (PARNA) da Serra do Itajaí, no Vale, encerrou neste domingo (22) com a apreensão de mais de 13 mil borboletas mortas e cerca de 50 quilos de carne de animais silvestres. Também foram recuperados 34 pássaros vivos de espécies ameaçadas de extinção, além de armas e munições usados para a caça de animais.

Animais mortos para "decoração"
Imagem: Rafael Junckes/RBSTV

A operação 'Caderno Vermelho' iniciou na última quinta-feira (19) e reuniu 27 agentes dos estados de Roraima, Distrito Federal, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ao todo, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão na região e cinco pessoas foram autuadas. Elas devem responder por crime ambiental, além de pagar multa de no mínimo R$ 500 reais por animal apreendido.”
– texto da matéria “Mais de 13 mil borboletas mortas são apreendidas em parque nacional”, publicada em 23 de junho de 2014 pelo portal G1

O Parque Nacional da Serra do Itajaí, em Santa Catarina, parece ser alvo constante de bandidos que o invadem para a captura de borboletas destinadas à confecção de quadros e outras peças “decorativas”. Em 6 de março de 2014, o Fauna News publicou o post “Borboletas para o tráfico”, em que comentou a prisão de um casal de aposentados dentro da unidade de conservação com 267 borboletas que haviam capturado. Vale lembrar que eles estavam acompanhados pelos netos de 6 e 13 anos.

Desta vez, foram milhares de borboletas. Tudo por causa de peças decorativas baseadas na crueldade e no mal gosto, sem contar que as borboletas têm funções ecológicas importantes, como polinizar e integrar a dieta de outros tantos animais.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia o post “Borboletas para o tráfico” publicado pelo Fauna News em 6 de março de 2014

Copa do Mundo é legal, mas a imprensa poderia noticiar o nascimento da Assembleia Ambiental das Nações Unidas

O jogo de ontem, segunda-feira (23 de junho de 2014), era decisivo para a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo. Afinal, o Brasil carimbaria sua passagem para as oitavas-de-final e definiria sua posição na tabela.

É lógico que, no país do futebol e sede da atual Copa do Mundo, a grande imprensa quase que só fala no campeonato. Nada contra. Ruim é deixar de noticiar acontecimentos muito relevantes. Para quem acompanha a área ambiental, em especial, as políticas públicas pela conservação da fauna silvestre, vale a pena ler sobre o nascimento da Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA, na sigla em inglês).

“A primeira reunião da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), o órgão convocado ao mais alto nível nesta matéria na história da ONU, foi inaugurada nesta segunda-feira em Nairóbi.

Achim Steiner, do PNUMA, discursa na abertura da UNEA
Foto: divulgação PNUMA

Cerca de 1,3 mil delegados -entre ministros, economistas e representantes da sociedade civil de 160 países- participarão do ato de fundação da UNEA durante toda a semana na capital do Quênia, para abordar, como principais assuntos, os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e o contrabando de animais.

(...) A nova Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente estará integrada pelos 193 Estados-membros da ONU e aspira se transformar na autoridade mundial em matéria meio ambiental.

Foi a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que aconteceu no Rio de Janeiro (Brasil) em 2012, quando foi acordada a transformação do PNUMA em um organismo com adesão universal, no qual tivessem representação todos os países-membros das Nações Unidas.

“Este corpo é uma plataforma inovadora para a liderança das políticas globais em matéria meio ambiental”, ressaltou hoje o dirigente sudanês.

A ministra do Meio Ambiente do Quênia, Judi Wakhungu, destacou hoje que um dos principais assuntos que serão abordados durante a assembleia será a adoção de medidas contra o contrabando ilegal de animais, uma praga neste e outros países africanos.

“Os desafios ambientais continuam crescendo em número e complexidade. A necessidade de encontrar soluções é cada vez mais evidente”, alertou a ministra queniana.”
– texto do site Amazônia Brasil Rádio Web, com informações da agência EFE, publicado em 23 de junho de 2014

O encontro no Quênia acontece até 27 de junho. Não adianta depositar grandes esperanças nesse tipo de ação, pois a política nem sempre vai na direção do que é melhor para o mundo e para a biodiversidade. Na verdade, quase nunca vai.

De qualquer forma, vale torcer para que algo interessante seja definido. É certo que as atenções, quando for abordado o tráfico de animais, estarão voltadas para a África e a Ásia, onde o mercado negro de marfim, de chifres de rinocerontes e partes de tigres estão dizimando esses animais. Para o Brasil, dificilmente algo será mudado, com nossas aves (principais vítimas do comércio ilegal) continuando sendo vítimas dos criminosos e da ausência de uma política pública séria para combater o tráfico de fauna.

- Leia a matéria completa do Amazônia Brasil Rádio Web
- Leia a matéria de divulgação do site do PNUMA (ONU)

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Cetas de Barueri (SP): solturas e pedido de parcerias

Em 23 de janeiro de 2012, o Fauna News publicou o post “Começar a semana pensando...”, em que foi comentada a iniciativa da prefeitura de Barueri em construir um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).

“Ás vezes, mas muito às vezes mesmo, aparece um gestor público que lembra da fauna silvestre. E quando isso acontece, o fato tem de ser salientado e muito bem acompanhado. É o caso de Barueri, cidade da Região Metropolitana de São Paulo.” – texto do Fauna News de 2012

O centro foi inaugurado em abril de 2013 e centenas de solturas já foram realizadas.

“Na última quarta-feira (18), o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Barueri realizou a soltura de 11 sabiás, das espécies sabiá-laranjeira e sabiá-barranco, que foram apreendidos pela Polícia Ambiental.

Soltura de sabiá pelo Cetas de Barueri
Foto: divulgação Cetas Barueri

Essas aves fazem parte dos mais de 980 animais silvestres, vítimas de maus tratos ou do tráfico, soltos pelo centro desde sua inauguração, em abril do ano passado. Nesses 14 meses, a instituição atendeu 2.621 animais.

Antes do Cetas, a maioria dos animais silvestres resgatados na cidade eram encaminhados para um centro semelhante, mantido pela prefeitura de São Paulo. “Investimos no atendimento aos animais silvestres porque fazendo isso estamos investindo na qualidade ambiental de Barueri e na qualidade de vida da nossa população”, pontua o secretário de Meio Ambiente de Barueri, Aparecido Pires de Castro.

O centro recebe animais de toda a região e realiza a soltura em diversas áreas do Estado, de acordo com a necessidade de cada animal, já que precisam retornar ao seu habitat natural. “Os animais silvestres devem ser soltos apenas em seu local de ocorrência, para que não haja desequilíbrio no ecossistema local”, explica Ivan Vanderley, biólogo responsável pelo local.”
– texto da matéria “Sabiás integram os mais de 980 animais silvestres reabilitados pelo Cetas”, publicada em 19 de junho de 2014 pelo sita do jornal Folha de Alphaville

Espera-se que a rotina do Cetas de Barueri esteja correndo tão bem quanto noticiado pelo jornal. A grande dificuldade nesse tipo de investimento não é inaugurá-lo, mas mantê-lo. É muito fácil para um centro tornar-se depósito de animais, já que na Região Metropolitana de São Paulo grande parte dos bichos apreendidos são de outras áreas – o que dificulta a soltura.

Manter um Cetas é caro e trabalhoso, com grande burocracia e pouca visibilidade para os governantes. Por isso, com o tempo e a mudança de gestores públicos, dependendo dos interesses de quem assume, a tendência é diminuir o fluxo de recursos e os centros acabarem sucateados – como muitos do Ibama.

A mesma matéria da Folha de Alphaville que salienta as solturas do Cetas de Barueri também destaca a necessidades de parcerias para o centro funcionar bem.

“Embora o centro atenda a região, seus recursos dependem de parcerias, não apenas pública, como também privada. “O Cetas tem uma rotina muito dinâmica, com entrada constante de animais de variadas espécies, com necessidades por vezes imprevisíveis. Por isso contamos com a ajuda de muitos parceiros”, explica o secretário.

As parcerias são importantes para que todo o trabalho de reabilitação seja possível. Alguns animais devem ser levados para fora do estado de São Paulo e precisam aguardar a possibilidade de transporte, que custa caro. “A proteção da fauna silvestre é uma responsabilidade da prefeitura e também de toda a comunidade local, mesmo porque todos influenciam no equilíbrio ambiental da nossa cidade”, afirma Aparecido Pires de Castro.

(...) As empresas que tiverem interesse em apoiar o centro, como patrocinar o transporte de animais para que sejam soltos em seu habitat, devem entrar em contato com a Secretaria de Meio Ambiente, pelo telefone 4199-1500.”
– texto da Folha de Alphaville

Será que as coisas vão bem mesmo?

- Leia a matéria completa da Folha de Alphaville
- Releia o post "Começar a semana pensando", publicado pelo Fauna News em 23 de janeiro de 2012

Começar a semana pensando...

...sobre as condições que animais silvestres são armazenados por traficantes.

“As gaiolas estavam amontoadas em quartos úmidos, escuros e fechados, com comida já apodrecida e mofada. As vasilhas de água, totalmente imprópria para consumo, estavam com lodo e os fundos das gaiolas estavam repletos de fezes. Além de ser totalmente insalubre para os animais, o local era propício à multiplicação de agentes causadores de zoonoses, que são doenças transmissíveis dos animais para o homem e deste para os bichos”.

Veterinária Carla Sássi, coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses de Conselheiro Lafaiete (MG), sobre a apreensão de dezenas de aves silvestres na casa de um suspeito de tráfico de fauna na matéria “Mais de 60 animais silvestres são apreendidos em Gagé”, publicada em 17 de junho de 2014 pelo portal Fato Real (Conselheiro Lafaiete – MG)

Carla Sássi com equipe da apreensão
Foto: portal Fato Real

- Leia a matéria completa do Fato Real

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Reflexão para o fim de semana: quando não agrada mais, o bicho vira lixo

Vítima do tráfico e da irresponsabilidade
Foto: Alessandra Pinezi

“Um jabuti foi encontrado dentro de um saco de lixo durante a coleta domiciliar, na manhã de segunda-feira (16), no Jardim América, em Bauru (SP). A equipe percebeu que o animal estava no lixo antes de ser colocado no caminhão, onde poderia ter sido prensado.

O jabuti foi encontrado pelos funcionários que perceberam que tinha algo se mexendo dentro do saco. O animal foi levado até a Diretoria de Limpeza Pública e está recebendo cuidados na casa de um funcionário da Emdurb, que está sendo orientado por um veterinário especialista em animais silvestres, uma vez que o animal está debilitado e com diarreia.”
– texto da matéria “Jabuti é encontrado vivo dentro de saco de lixo em Bauru durante coleta”, publicada em 17 de junho de 2014 pelo portal G1

E não é o primeiro caso. Segundo a autora da foto, Alessandra Pinezi, em sua página no Facebook esse não foi o primeiro caso:

“Gostaria de registrar aqui minha indignação e repúdio referentes ao comportamento de alguns seres humanos, que "descartam" animais vivos dentro de sacos de lixo preto, como se fossem "lixo". Esse comportamento infelizmente já se repetiu inúmeras vezes. Coletores da EMDURB já encontraram vários animais, entre eles uma cobra Píton e jabutis, os quais são colocados vivos em saco de lixo com a boca amarrada. Imaginem o sofrimento destes animais: saco de lixo preto, com boca amarrada e dispostos na calçada em pleno sol, aguardando o caminhão compactador da coleta orgânica passar. Os animais, quando se mexem dentro dos sacos de lixo, conseguem ser identificados e resgatados pelos coletores e trazidos até a EMDURB onde contactamos a Polícia Ambiental para que recebam estes animais lá. E os animais que não resistem e morrem antes sufocados? Será que algum animal que não conseguiu se mexer para ser identificado morreu no momento que os sacos de lixo dispostos no caminhão foram compactados? De uma coisa eu tenho certeza, nós seres humanos que, comparados a outros animais, somos tão evoluídos, ainda sim retrocedemos em algumas questões, principalmente quando se trata de respeito e compaixão a outras espécies animais.
Essa foto foi tirada hoje por mim, no momento em que os funcionários da EMDURB resgataram esse jabuti.”


Não basta ser vítima do tráfico de fauna.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Leia o post de Alessandra Pinezi no Facebook

O tráfico de animais e a extinção de espécies. Foi assim em Belém (PA)

A extinção de espécies motivada pelo comércio ilegal de animais tem na ararinha-azul seu caso mais emblemático no Brasil. Pela perda de hábitat e ação do mercado negro, essas aves já não existem mas na natureza – o sertão baiano. Menos de 100 delas vivem em cativeiro.

Mas esse tipo de situação (que inclui o tráfico de fauna e o comércio de animais em época em que a atividade não era proibida) é bem mais comum do que se imagina. É o que se verificou na região de Belém (PA).

“Publicada recentemente na revista internacional Conservation Biology, pesquisa aponta que 47 espécies de aves podem ter desaparecido na região metropolitana de Belém nos últimos duzentos anos. Os últimos registros destes animais foram antes de 1980. Este é um dos grupos que sofreram perdas dentro da Área de Endemismo Belém, a mais ameaçada da Amazônia com apenas 28% de floresta original. A pesquisa foi realizada pelo INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia e a Rede Amazônia Sustentável (RAS). A pesquisa é liderada pelos ornitólogos Nárgila Moura, Alexander Lees e Alexandre Aleixo, todos vinculados ao Museu Emílio Goeldi (MPEG).

A partir de uma extensa análise de coleções científicas e de documentos históricos, como os relatos de naturalistas do século XIX, os pesquisadores puderam identificar 329 espécies de aves de terra firme que ocorriam na região metropolitana. Destas, 14% não foram mais vistas, o que pode significar uma perda de 0.28 espécies por ano. Para se ter uma ideia, em um intervalo de 117 anos a perda anual na Mata Atlântica, na área de Lagoa Santa (MG), foi de 0.11. De acordo com o estudo, o período de perdas mais intensas foi no século XX, com 80% de registros entre 1900 e 1980.

Causas
Os dados históricos foram comparados aos inventários de biodiversidade de Paragominas (PA), um dos locais de estudo do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia e da Rede Amazônia Sustentável. O município é o que possui a maior extensão de florestas na área de endemismo Belém. Os pesquisadores identificaram que as espécies que desapareceram da região metropolitana têm ocorrência restrita às áreas de floresta intactas em Paragominas. A hipótese da extinção local está relacionada à suscetibilidade destas aves à perda de habitat e à caça.

Treze espécies registradas antes de 1900 possuem massa superior a 1 kg. São aves de caça, aves de rapina e psitacídeos de alto valor comercial, como o jacamim-de-costas-escuras (Psophia obscura), gavião-real (Harpia harpyja) e ararajuba (Guarouba guarouba), respectivamente. A explicação que os pesquisadores dão é a de que as extinções destes animais maiores ocorreram devido à caça para alimentação, além da perseguição de aves que atacavam criações de animais e do comércio ilegal.”
– texto da matéria “Em Belém, PA, 47 espécies de aves estão provavelmente extintas”, publicada em 12 de junho de 2014 pelo site Amazônia, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira

Ararajuba: desaparecida da região de Belém
Foto: João Carlos Medau

Extinções locais são mais comuns do que se pensa e pouco se divulga sobre o fenômeno. Muitas podem ser as causas e entre elas pode estar o tráfico de animais. O mercado negro de fauna é, sem dúvida nenhuma, um dos maiores ataques à biodiversidade promovidos pelo homem.

De acordo com a ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza brasileiras todos os anos pelo mercado negro de fauna (dado de 2001).

- Leia a matéria completa do site Amazônia

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Sergipe e o tráfico profissional de animais em feiras

“A Polícia Militar, através do Pelotão de Polícia Ambiental (PPAmb), realizou a apreensão de 142 pássaros silvestres na manhã desta segunda-feira, 16, após denúncia da presença de pessoas de vários municípios, que sobrevivem da venda de animais silvestres, comercializando os animais na feira livre da cidade de Lagarto, na região Centro-Sul de Sergipe.

 Aves apreendidas em feira de Lagarto (SE)
Foto: divulgação Polícia Militar de SE

Diante das informações, a guarnição composta pelo cabo Servulo, soldados Galdencio e H Oliveira dirigiu-se ao município nas primeiras horas da manhã e apreendeu 142 pássaros. “No momento da abordagem, houve um corre-corre entre os feirantes, o que dificultou a identificação dos infratores. Geralmente os traficantes de animais misturaram-se aos outros vendedores e infiltram-se entre as barracas, a fim de ludibriar a fiscalização policial”, declarou o cabo Servulo.”
– texto da matéria de divulgação “PM apreende 142 pássaros silvestres na feira livre de Lagarto” publicada em 16 de junho de 2014 pelo site da Polícia Militar de Sergipe

O final do primeiro parágrafo merece comentário. É difícil encontrar textos mostrando a existência de traficantes de animais profissionais em feiras. Normalmente não é citada a origem e detalhes dos que são presos (quando o são) e quando algo é divulgado mostra-se o infrator eventual – isto é, aquele que vende animais apenas para complementar sua renda (uma espécie de bico).

Nas feiras, a maioria dos traficantes é formada de pessoas que possuem outras formas de trabalho. Mas há uma boa parcela dos que investem na atividade como seu principal ganha-pão.

A matéria mostrou que existe uma grande demanda por animais silvestres em Lagarto, fator que atrai traficantes de animais de outros municípios da região. Sabendo disso, a melhor forma de impactar essa atividade ilegal e combater o consumo com um forte trabalho de conscientização da população.
Mas quem vai fazer isso? Educação ambiental não é trabalho para a polícia (que embora muitas vezes o faça). O Ibama ou as secretarias de meio ambiente do estado e do município deveriam agir, mas não o farão porque o poder público brasileiro ainda entende o tráfico de fauna apenas como um problema a ser combatido com fiscalização e repressão.

Estão enganados e jogando o dinheiro do contribuinte fora. Já passou da hora de repensar o combate ao mercado negro de silvestres. A natureza e a saúde pública agradecem.
- Leia a matéria completa da PM de Sergipe