quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ainda há esperança para a ararinha-azul

“Duas ararinhas-azuis de uma espécie criticamente ameaçada de extinção estão sendo trazidas de avião da Alemanha para o Brasil nesta terça-feira (26), informa o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

O tráfico dizimou as populações da ararinha-azul
Foto: Divulgação/Al Wabra Wildlife Preservation

O objetivo de trazer as aves é fazer com que elas se reproduzam e, com isso, promover o aumento na sua população em cativeiro no Brasil, afirma Camile Lugarini, coordenadora do Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação da Ararinha-Azul.

"Nossa ideia é ter indivíduos suficientes em cativeiro para efetuar a reintrodução em seu habitat natural daqui a alguns anos”, avalia Camile. O animal, que é nativo do Brasil, não é encontrado na natureza desde 2000 e atualmente só existe em cativeiro.”
– texto da matéria “Ararinhas em risco de extinção são trazidas da Alemanha para o Brasil”, publicada em 26 de fevereiro de 2013 pelo portal G1

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie endêmica (que só existe em determinado local) da Caatinga e que está extinta na natureza. O desaparecimento da ave ocorreu em virtude da destruição de seu hábitat (a caatinga baiana, desde o extremo norte da Bahia até o sul do rio São Francisco) e, principalmente, pela ação de traficantes de animais.

A espécie foi considerada extinta na natureza pelo Ibama em 2000. Atualmente, existem 79 ararinhas-azuis em cativeiro. A maior parte delas vive fora do Brasil – em criadores particulares, na Loro Parque Fundación (Espanha) e na Al Wabra Wildlife Preservation (Catar). A ave foi representada no desenho Rio, idealizado e realizado pelo carioca Carlos Saldanha, pelo protagonista Blu.

“A primeira experiência de reintrodução das ararinhas na natureza, desde que haja condições (com o aumento da população em cativeiro), está prevista para ocorrer até 2017, segundo o ICMBio. (...)

Somente 79 ararinhas estão vivas. Todas em cativeiro
Foto: Divulgação/Al Wabra Wildlife Preservation

Caso os esforços de reprodução sejam bem-sucedidos, as ararinhas devem ser reintroduzidas em seu habitat. O projeto é uma parceria entre o governo brasileiro, ONGs e organizações privadas. As instituições vêm trabalhando para preparar o habitat, situado no norte da Bahia, com projetos de recuperação ambiental e educação para as comunidades do entorno.”
– texto do G1

Ainda há esperança...

- Leia a matéria completa do G1
- Assista à matéria da TV Globo sobre a chegada das ararinhas-azuis

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Será que vão investigar os fornecedores?

“Milhares de aves silvestres foram recuperadas no último sábado (23) por agentes da Polícia Rodoviária Federal, durante fiscalização no Km 594 da BR 101, no trecho do município baiano de Camacan, a 450 km de Feira de Santana, segundo informou a corporação.

Aves seriam vendidas em Pernambuco
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Após abordagem a um veículo modelo FIAT/UNO, foram encontrados em gaiolas pequenas 1000 pássaros do tipo: cardial, papagaio, canário, coleira e papa-capim, sendo transportados sem autorização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). Segundo o condutor, ele comprava os animais silvestres em diversos locais para serem revendidos no estado de Pernambuco.” 
– texto da matéria “Cerca de mil aves silvestres são recuperadas pela PRF” publicada em 25 de fevereiro de 2013 pelo site Bom Dia Feira

Tirando o exagero dos milhares de aves apreendidas da primeira linha (afinal de conta são cerda de mil animais), a matéria tem uma informação que não se vê publicada na maioria das notícias sobre tráfico de animais. O sujeito preso contou como trabalha:

“Segundo o condutor, ele comprava os animais silvestres em diversos locais para serem revendidos no estado de Pernambuco.”

A matéria não deu tanto destaque à declaração do traficante, afinal ela foi praticamente copiada da nota de divulgação da Polícia Rodoviária Federal. O que vale ser destacado é o fato de o sujeito ter admitido ser traficante de animais e de ter contado com trabalha.

Será que a polícia vai investigar o caso até o fim? Será que vão atrás dos fornecedores das aves?

Provavelmente, pelo fato de o crime ter uma punição ridícula (seis meses a uma no de prisão no caso de uma remotíssima condenação), a polícia não vai investir esforços no caso. Pessimismo.

- Leia a matéria completa do Bom Dia Feira

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A soltura foi uma possibilidade considerada? Jornalismo que não responde

A imprensa existe para informar, certo? Mas um dos grandes pecados do jornalismo é deixar de informar pela superficialidade. Às vezes isso acontece pelo fato de o jornalista não conhecer do assunto que trata e acaba fazendo uma matéria com poucos detalhes. Outras vezes é relaxo mesmo, com o profissional fazendo um qualquer coisa para entregar o serviço pronto.

E o leitor? Como fica nessa situação?

Eis um exemplo de matéria em que falta muita informação:

“No prazo de 15 dias, o Parque Ecológico Municipal “Cid Almeida Franco”, em Americana (SP) terá 19 novos animais silvestres nos recintos para exposição permanente. São 12 aves e sete cágados ainda em quarentena.

Papagaio-de-peito-roxo que irá para zoológico
Foto: Marília Pierre/ Prefeitura de Americana

Os animais são do Centro de Recuperação de Animais Silvestres do Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo, e geralmente  tem uma triste história por trás da sua recuperação.  A grande maioria  vem de apreensões do tráfico ilegal de animais silvestres realizados pela Polícia Florestal e Ibama.

Entre os novos pássaros estão três papagaio-de-peito-roxo (ameaçado de extinção), duas maitacas-bronzeadas, um periquito-da-caatinga, um tiriba-de-testa-vermelha, um papagaio-molero (ameaçado de extinção), um papagaio-galego, três papagaios-campeiros, seis cágados-da-lagoa e um cágado-de-barbicha. Dessas espécies, o zoológico não tinha apenas os pássaros periquito-da-caatinga e o cágado da lagoa; o que contribui para reprodução em cativeiro, segundo a diretoria do zoológico.”
– texto da matéria “Animais recuperados do tráfico têm nova vida no Zoo de Americana”, publicada em 22 de fevereiro de 2013 pelo portal G1

A pergunta que deveria ser feita, e não foi, é: por que esses animais não tem a chance de voltar para a natureza? Em muitos casos, os bichos apreendidos não têm condições técnicas de voltar a sobreviver nas matas. Nesse caso, o cativeiro é a saída e nada melhor que tentar a reprodução quando a espécie corre risco de extinção.

Solturas são processos trabalhosos, caros e demorados (pois envolvem, inclusive, um monitoramento pós-soltura para certificação do sucesso da ação), por isso não são realizados ou incentivados pelo poder público. É mais fácil enviar os bichos para zoológicos e criadouros credenciados.

Será que essas aves não tinham capacidade técnica de voltar à vida livre ou será que houve, além do problema do custo das solturas, o interesse do zoológico em rapidamente incrementar seu plantel?
Onde estão essas informações na matéria?

- Leia a matéria completa do portal G1

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Começar a semana pensando...

...sobre a história do mico-leão-dourado, uma vítima do tráfico.

“Entre 1960 e 1965, cerca de 300 micos-leões-dourados foram capturados anualmente, e muitos foram exportados do Brasil para o mercado de animais de estimação ou para zoológicos.”

Trecho do capítulo 9 do livro Mata Atlântica – Biodiversidade, ameaças e perspectivas, de Carlos Galindo-Leal e Ibsen de Gusmão Câmara

Só para lembrar, no final da década de 1960 havia cerca de 200 micos-leões-dourados vivendo livres na natureza. Hoje, esse número é de 1.700. A espécie está classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) como “em perigo” de extinção.

Foto: Hemera/ Thinkstock

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Reflexão para o fim de semana: campanha contra o comércio de marfim

"A ElephantVoices está lançando uma campanha contra o comércio de marfim, que está causando a matança de dezenas de milhares de elefantes todos os anos. A especialista em Elefantes e Cofundadora da ElephantVoices, Dra. Joyce Poole, observa: “É com uma sensação de déjà vu e profunda tristeza, embora com pouca surpresa, que, após o torpedamento da probição de 1989 pela “venda única” de estoques de marfim, estejamos passando por – e batalhando contra – outro massacre de elefantes”. Duas semanas antes dos representantes para a Convenção Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Convention on International Trade in Endangered Species –  CITES) se encontrarem em Bangcoc, na Tailândia, para discutirem, uma vez mais, o destino dos elefantes, a ElephantVoices relembra ao mundo que cada nova presa no mercado significa mais mortes, trauma e destruição." - texto do post de lançamento da campnha publicado no site da ElephantVoices Brasil em 18 de fevereiro de 2013

São Paulo: grande centro consumidor de animais silvestres no Brasil

As regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro são apontadas como os principais centros consumidores de animais silvestres comercializados ilegalmente.  Isso não quer dizer que em outras partes do país as pessoas não comprem esses bichos para os manterem como pets. Mas, elas se destacam pela quantidade vendida e por serem quase que exclusivamente consumidoras.

Os animais vendidos em São Paulo e No Rio de Janeiro vêm de todo o país.

“A Polícia Rodoviária Federal apreendeu 64 pássaros, em uma barreira montada na BR-116, em Mafra, no Norte de Santa Catarina, na noite de terça-feira (19). Eles estavam em quatro caixas de papel dentro de um carro que foi parado pela equipe de fiscalização. Havia 16 cardeais em cada caixa.

Cardeal dentro de caixa
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

A apreensão aconteceu por volta das 23h15 desta terça. De acordo com a PRF, o motorista do veículo informou que as aves saíram do Rio Grande do Sul e seriam comercializadas em São Paulo. O homem de 54 anos foi multado em R$ 64 mil pela Polícia Militar Ambiental, o equivalente a R$ 1 mil por pássaro. Os cardeais foram apreendidos.” – texto da matéria “PRF apreende 64 aves silvestres em Mafra, no Norte de Santa Catarina”, publicada em 20 de fevereiro de 2013 pelo portal G1

Caixas onde estavam as aves
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Pela característica extremamente urbana desses centros, o poder público não investe em educação ambiental para combater o tráfico de animais. A sensação é que problemas envolvendo fauna são realidades distantes, fora do cotidiano dessa população, coisa de Amazônia, Cerrado, Pantanal ou Caatinga. Erro grotesco dos governantes.

Analisando o tráfico de fauna em sua totalidade, o problema só será combatido com efetividade quando as pessoas pararem de comprar os bichos. E isso só vai acontecer quando elas souberem dos problemas ambientais envolvidos e riscos à saúde a que estão expostas. Por isso, a apanha e captura de animais por todo o Brasil só será reduzido quando centros de compra como São Paulo e Rio de Janeiro diminuírem sua demanda.

Quando os governantes dos grandes centros urbanos não pensam globalmente, imaginando que o tráfico de fauna é uma realidade das áreas de apanha e captura, eles acabam gastando o dinheiro que arrecadam no atendimento de vítimas de zoonoses (doenças passadas por animais) e por ter de resolver o problema dos bichos apreendidos (que fazem precariamente).

Já passou da hora de prefeitos e governadores colocarem a mão no bolso e investirem em educação ambiental contra o tráfico de animais silvestres nos grandes centros urbanos. Será que é pedir muito? Otimismo?

- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Caatinga em plena temporada de tráfico de papagaios-verdadeiros

“Na última quarta-feira (13), a PRF conseguiu salvar 256 pássaros silvestres que estavam em um cativeiro montado em uma residência às margens da rodovia, no km 622 da BR 101, município de Mascote (BA).

Papagaios apreendidos na Bahia
Foto: Divulgação Polícia Rodoviária Federal

Após receberem uma denuncia anônima, os policiais seguiram para o endereço informado. Na chegada ao local, não foram encontrados os responsáveis pelo crime ambiental. Os agentes suspeitam de que o local era utilizado como depósito temporário das aves, para posterior tráfico dos animais.”
– texto " Denúncia ajuda a PRF a salvar 256 aves silvestres", publicado em 15 de fevereiro de 2013 no site da Polícia Rodoviária Federal e copiado por vários veículos de imprensa

Esses 256 pássaros são, na verdade, papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva). Na Caatinga, a época de apanha dos filhotes da espécie ocorre entre dezembro e março (período reprodutivo da ave no bioma) – e não em setembro e outubro, como os papagaios do Cerrado.

Por causa da redução das populações da espécie, motivada pelo tráfico, os papagaios-verdadeiros não são vistos mais com facilidade em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande Norte, Alagoas e Sergipe. As aves ainda são encontradas em regiões da Bahia, Piauí e Maranhão, que, por esse motivo, se tornaram os atuais alvos dos comerciantes ilegais. O principal mercado consumidor dos papagaios da Caatinga é o eixo Rio-São Paulo, mas também há grande demanda dos grandes centros urbanos nordestinos.

No post “Tráfico de papagaios – parte 2: agora na Caatinga”, publicado pelo Fauna News em 20 de setembro de 2012, o comércio criminoso de ovos de papagaios-verdadeiros também foi destacado:

“Outra característica é o tráfico de ovos da espécie. “Já abreviaram tanto a "época de coleta" que atualmente o forte já está sendo o tráfico de ovos”, afirma a presidente da ONG pernambucana ECO – Organização para a Conservação do Meio Ambiente, Kilma Manso.”

Durante essa última temporada reprodutiva da espécie, que está acabando, pouco se noticiou sobre esse tráfico. Ou o comércio de aves está menos ativo (improvável, mas possível se ocorrer falta de aves pela redução da população) ou a repressão não está sendo eficiente e, por isso, a imprensa não publicou nada.

- Leia a matéria completa da Polícia Rodoviária Federal
- Releia o post “Tráfico de papagaios – parte 2: agora na Caatinga”, publicado pelo Fauna News em 20 de setembro de 2012

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Parabéns polícia: apreensões não param. Pena que não resolve

“O Batalhão de Polícia Ambiental apreendeu na manhã desta terça-feira (19) 32 aves silvestres. A apreensão aconteceu no bairro de Mandacaru, em João Pessoa. Segundo o subcomandante do Batalhão Ambiental, Oscar Beattenmüller, entre as aves estão galos-de-campina, caboclinhos e coleiros. Um maracanã, que corre risco de extinção, também foi apreendido.

Aves apreendidas na Paraíba
Foto: Walter Paparazzo/G1

Oscar Beattenmüller informou que nenhum responsável pelas aves foi preso. “Geralmente essas pessoas colocam as aves em um lugar e ficam em outro. Essa atitude dificulta a identificação dos responsáveis”, explicou o subcomandante.”
- texto da matéria “Polícia Ambiental apreende 32 aves silvestres em João Pessoa”, publicada em 19 de fevereiro de 2012 pelo portal G1

Diariamente, as polícias de todo o país realizam apreensões de animais silvestres mantidos em cativeiro ilegalmente.  As ações acontecem normalmente em feiras e residências e os responsáveis pelos bichos passam a responder por crime ambiental e são multados. É o trabalho da polícia.

Mas é um trabalho que não resulta na redução do crime. Além da não haver uma punição rigorosa (legislação fraca) e ninguém pagar as multas, a principal falha no sistema é a falta de projetos de educação ambiental. Enquanto houver gente que compra, haverá gente vendendo.

A ausência de uma política de combate ao tráfico de animais leva à falta de ações de conscientização da população. Enquanto isso, 38 milhões de animais são retirados da natureza no Brasil todos os anos para abastecer esse comércio criminoso.

Enquanto isso, ecossistemas passam a sofrer com o desequilíbrio causado pela retirada desses bichos,que sofrem com o cativeiro, e a população fica exposta a mais de 180 zoonoses (doenças transmitidas pelos animais).

- Leia a matéria completo do portal G1

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Igual ao tráfico de drogas, mas com aves

“O Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) apreendeu 45 aves silvestres que estavam sendo comercializadas em uma feira livre no bairro do Benendito Bentes, em Maceió, neste domingo (17). Ninguém foi autuado.

Aves apreendidas em Maceió
Foto: Divulgação Batalhão de Polícia Ambiental

De acordo com o sargento Edvan, que participou da operação, foram ouvidos fogos de artifício durante a aproximação da polícia. A polícia acredita que os criminosos soltaram os fogos para avisar da chegada dos militares.” – texto da matéria “Polícia apreende 45 aves ameaçadas de extinção em feira livre de Maceió”, publicada em 17 de fevereiro de 2013 pelo portal G1

A figura do "fogueteiro" é famosa entre os traficantes e entorpecentes, principalmente entre os cariocas. Basta a polícia se aproximar de alguma entrada de morros e favelas, que diversos rojões eram utilizados para avisar os demais traficantes. Dessa forma, o resto da quadrilho tem tempo pra fugir com as drogas. Quadrilha organizada.

E assim o tráfico de fauna está funcionando na capital de Alagoas.

Em 2001, a ONG Rede Nacional de Combate ao Trafico de Animais Silvestres (Renctas) publicou no 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico da Fauna Silvestre, em que há um capítulo específico para o tema – “Ligação com Outras Atividades Ilegais”.

“O comércio ilegal de animais silvestres está ligado a outros tipos de atividades ilegais, tais como drogas, armas, álcool e pedras precisas. Na América do Sul, os cartéis de drogas têm grande envolvimento com o comércio ilegal de fauna silvestre, muitas vezes se utilizam da fauna para transportarem seus produtos. Frequentemente são encontradas drogas dentro de animais vivos ou em suas peles.” - texto do Relatório

Como os métodos para traficar drogas e animais (os utilizados como bichos de estimação, principalmente) são semelhantes e as rotas coincidem, há muitas quadrilhas que atuam nos dois ramos do crime. De acordo com a Renctas, em 2001 havia entre 350 e 400 quadrilhas organizadas no comércio ilegal de fauna silvestre, sendo que, desse total, cerca de 40% possuem ligação com outras atividades ilegais.

Talvez proximidade entre as duas atividades criminosas esteja contaminando o tráfico de animais silvestres com técnicas e características do tráfico de drogas. Talvez não, com certeza está.

- Leia a matéria completa do portal G1
- Conheça a Renctas

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Ásia, África e EUA se organizam para combater tráfico de fauna. E o Brasil?

“Policiais, funcionários de alfândegas e de escritórios da vida selvagem da Ásia, África e Estados Unidos anunciaram hoje que uma operação transfronteiriça de codinome "Cobra" foi realizada com sucesso. O esforço de um mês de duração foi descrito como "uma operação internacional de inteligência orientada destinada a desmantelar sindicatos organizados de crime contra a vida selvagem com resultados significativos e a perspectiva para mais ações." A operação foi uma iniciativa bem-vinda e inovadora de países, o primeiro esforço internacional com o foco no compartilhamento de informações de investigações em tempo real entre os países e uma resposta concertada das agências de aplicação da lei dos países envolvidos e instituições parceiras no sentido de cercear o desenfreado crime ambiental.” – texto do site da ONG tailandesa Freeland Foundation, publicado em 18 de fevereiro de 2013 (tradução livre)

A operação, que foi presidida pela China (o que já demonstra um grande avanço já que o país é um dos principais centros consumidores de produtos do tráfico de fauna), contou também com a participação de órgãos do Nepal, África do Sul, Índia,Indonésia, Vietnã, Tailândia, Estados Unidos e de entidades oficias que englobam países africanos e asiáticos. Dentre os resultados dos trabalhos, que ocorreram entre 6 de janeiro e 5 de fevereiro, está a prisão de centenas de pessoas e a apreensão de 6,5 toneladas de marfim, 1.550 kg de lã de antílopes-tibetanos (estima-se que cerca de 10 mil animais foram mortos para que fosse coletada uma quantidade como esse), centenas de cobras vivas, 102 pangolins (um parente do tatu), 22 chifres de rinoceronte e quatro esculturas de chifres de rinoceronte, 10 troféus de tigres e sete de leopardo (partes dos animais como troféus de caça), 31 kg de carne de elefante, bem como garras e dentes de animais felinos protegidas e espécies de plantas.

Apreensão de marfim no Quênia durante operação
Foto: Freeland Foundation

No sudeste asiático e na África, está ganhando destaque o combate ao tráfico de fauna. Governos e ONGs estão trabalhando para reduzir essa atividade que, nos últimos anos, aumentou bastante (principalmente contra rinocerontes, tigres e elefantes). Movimento e ações organizadas começam a agir coordenadamente.
Enquanto isso, no Brasil, se começa a falar no assunto, mas o poder público ainda não se mexeu efetivamente. As ações são isoladas e sem continuidade.

No Brasil, o tráfico de fauna não está tão organizado no formato de grandes quadrilhas (isso não quer dizer que não existam). O mercado negro ainda é mais pulverizado, com inúmeras pequenas quadrilhas, o que dificulta a ação de fiscalização.

Além disso, o hábito do brasileiro de manter animais silvestres (principalmente aves) como bichos de estimação enfraquece os órgãos de repressão, o poder judiciário e mantém uma sociedade com alto grau de aceitação da atividade.

E olha que estamos entre os países com as mais ricas biodiversidades do mundo. Até quando vamos negligenciar o efetivo combate ao tráfico de fauna (com fiscalização eficiente, leis realmente punitivas, educação ambiental efetiva e ações sociais nas áreas pobres de captura)?

- Leia a matéria no site da Freland Foundation (em inglês)

Começar a semana pensando...

“Vivenciar o universo como vivente, a Terra como Gaia, superorganismo vivo e Grande Mãe, sentir a natureza como fonte de irradiação vital e comungar com cada ser que encontramos como portador de propósito, irmão e irmã de aventura nesse imenso universo, é mostrar-se um ser espiritual, é realizar a espiritualidade ecológica em grau eminente, hoje absolutamente necessário à sobrevivência da biosfera.”

Leonardo Boff, no capítulo “Ecologia e Espiritualidade” do livro Meio Ambiente no Século 21 (coordenação de André Trigueiro)


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Reflexão para o fim de semana: extermínio de elefantes no Gabão

No Gabão, elefante teve parte a face e a tromba arrancadas por causa do marfim
Foto: Martin Harvey/WWF-Canon

“A caça ilegal está dizimando os elefantes que vivem em florestas na África Central. Desde 2004, cerca de 11 mil animais foram abatidos nas regiões próximas e até mesmo dentro do Parque Nacional Minkébé, no norte do Gabão, segundo um estudo divulgado esta semana pela Agência de Parques Nacionais do Gabão, WWF e Wildlife Conservation Society (WCS). Segundo os dados, entre 44% e 77% da população de elefantes da região foi abatida nos últimos nove anos.”
- texto da matéria “Elefantes a caminho da derrota no Gabão”, publicada pelo site O Eco em 7 de fevereiro de 2013

E tudo isso por causa do marfim.

- Leia a matéria completa de O Eco

Tailândia é exemplo: não basta só apreender, é preciso estrutura para combater o tráfico de fauna

“A Tailândia quer acabar com a sua imagem como um lugar onde muitos tipos de animais selvagens - tartarugas de Madagascar, macacos sagüis da América do Sul, pássaros exóticos - são encontrados à venda, um comércio internacional impulsionado pelo mercado global de carnes exóticas e animais raros.

Filhotes de tigre apreendidos
Foto:  Giulio Di Sturco/International Herald Tribune

Durante os últimos dois anos, as autoridades locais capturaram mais de 46.000 animais de traficantes, vendedores e caçadores, mais que o dobro dos 18.000 apreendidos nos dois anos anteriores.

Mas agora o governo enfrenta o dilema de o que fazer com todas as criaturas que salvou - uma espécie de Arca de Noé de espécies ameaçadas de extinção, que provavelmente afundaria sob o peso de todos os elefantes, tigres, ursos e macacos.

"Quanto mais animais nós apreendemos, mais animais temos sob o nosso cuidado", explicou Theerapat Prayurasiddhi Said, vice-diretor-geral do Departamento de Parques Nacionais, Vida Selvagem e Conservação de Plantas.”
– texto da matéria “Na Tailândia, cuidar de animais exóticos apreendidos se torna um fardo”, publicada em 12 de fevereiro de 2013 com informações do The New York Times

Combater o tráfico de fauna não é uma atividade simples. Não basta colocar policiais para identificar traficantes e apreender animais. É preciso ter infraestrutura para receber e cuidar dos bichos (alvo da matéria), planejamento para devolvê-los à natureza quando possível, leis eficientes, políticas de geração de renda em áreas carentes e, sobretudo, muito investimento em educação ambiental.

O que está acontecendo na Tailândia, um dos maiores centros de comércio de animais silvestres do mundo, é reflexo dessa falta de planejamento. O tráfico de fauna por lá se caracteriza pela existência de grandes quadrilhas organizadas, que atuam transnacionalmente – diferentemente do mercado negro brasileiro, em que as quadrilhas são menos estruturadas, menores e têm menos dinheiro.

Gibões em centro da Tailândia
Foto: Giulio Di Sturco/International Herald Tribune

Mas, assim como no Brasil, a Tailândia não está preparada para o aumento do número de apreensões. Os centros de recebimento de animais acabam se tornando depósitos de animais que, sem a devida atenção técnica, têm a chance de retornar à vida livre reduzidas a cada dia.

- Leia a matéria completa do Último Segundo

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Com 18 anos e já cometeu crime ambiental: resultado da falta de investimento em educação

“Uma das equipes de Policiais Militares Ambientais de Campo Grande, que trabalha na região de Selvíria e Aparecida do Taboado durante a Operação Carnaval, autuou ontem à tarde um jovem de 18 anos por criação ilegal de pássaros silvestres. Na residência do autuado, foram apreendidas cinco aves, sendo um curió, um papagaio e três canários-da-terra.

Aves apreendidas com rapaz de 18 anos
Foto: Divulgação PM/MS

O proprietário dos animais recebeu multa de R$ 2.500,00. Ele também foi conduzido, juntamente com as aves apreendidas, à delegacia de polícia civil de Selvíria e responderá por crime ambiental. (...)” – texto da matéria “Jovem é autuado em R$ 2,5 mil por criar cinco aves silvestres”, publicado em 10 de janeiro de 2013 pelo site Dourados News (MS)

O que importa nessa notícia não é a detenção do rapaz, tampouco a multa. Afinal, não haverá condenação no caso e a multa dificilmente será paga. Deveria chamar a atenção o fato de que o rapaz tem apenas 18 anos e, como muitos jovens brasileiros, não recebeu informações suficientes para conhecer os problemas ambientais e o risco à sua própria saúde decorrentes de se adquirir ou capturar animais silvestres para mantê-los como bichos de estimação.

Também o rapaz deve achar que cuida bem das aves, não tendo noção do sofrimento imposto pelo cativeiro.

Esse rapaz, de apenas 18 anos, está reproduzindo hábitos que estão no seu cotidiano. Ele faz parte de uma cultura que considera as demais espécies como integrantes de um universo que existe para servir o homem. E isso só muda com educação ambiental, que deveria ser a principal ferramenta de qualquer política pública de combate ao tráfico de animais.

- Leia a matéria completa do Dourados News

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Carnaval 2013: tráfico de animais foi tema de escola no Rio de Janeiro

Última escola da Série A (abaixo do Grupo Especial) a desfilar no Sambódromo carioca, já na manhã de 10 de fevereiro de 2013, a Renascer de Jacarepaguá abordou o tráfico de animais. Com o enredo "Rio, uma viagem alucinante", a escola levou a mensagem da importância do repeito à fauna e flora.

“A agremiação levou para o sambódromo 2.200 componentes, divididos em 27 alas, com quatro carros alegóricos. O enredo da Renascer foi inspirado no filme "Rio", dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha. A variedade de cores na avenida, retratando a riqueza da flora e fauna carioca, foi um dos pontos altos da passagem da escola.


Renascer de Jacarepaguá abordou o tráfico de animais em 2013
Foto: Raphael David/Riotur

Ao longo do desfile, a escola de samba também alertou para problemas ambientais importantes, como o contrabando de pássaros e de outros animais, as queimadas e os desmatamentos que atingem a Mata Atlântica.

O objetivo do enredo foi conscientizar a população e exigir das autoridades regulamentos mais rígidos contra quem destrói a fauna e a flora da cidade.

A comissão de frente simbolizou os guardiões do Rio de Janeiro contra os predadores da cidade. "Estamos preocupados em dar um alerta muito importante com a nossa coreografia", disse Alice Arja, responsável pela comissão de frente da Renascer de Jacarepaguá.”
– texto da matéria “Renascer de Jacarepaguá leva beleza do Rio à Sapucaí e pede preservação”, publicada em 10 de fevereiro de 2013 pelo portal G1

Comissão de frente da Renascer de Jacarepaguá
Foto: Tata Barreto/Riotur

E a preocupação da Renascer de Jacarepaguá não ficou apenas no tema escolhido. A escola não utilizou penas ou plumas na confecção de suas alegorias. O último carro alegórico mostrou gaiolas com aves do lado de fora e traficantes de animais presos.

Último carro alegórico da Renascer de Jacarepaguá
Imagem: Reprodução TV Globo

O tráfico de animais já chegou aos cinemas pela animação “Rio”, que conta a aventura da ararinha Blu. Agora, o tema foi abordado por uma escola de samba, que o apresentou para milhares de pessoas. Aos poucos, a cultura da manutenção de animais silvestres em cativeiro, como bichos de estimação, vai mudando.

Otimismo...

Ararinha Blu, da animação "Rio"

Ouça o samba enredo da Renascer de Jacarepaguá:

DEUS, ME DÊ ASAS PARA VOAR
EU PRECISO ENXERGAR
DE CIMA, COMO É MAIS BELA
UM PARAÍSO NA TERRA
SUA OBRA PRIMA SINGULAR
RAIOU… O SOL BRILHANDO É DIFERENTE
O DIA FIRMA, A PELE SENTE
O CLIMA DE UM DOCE LUGAR
UM VERDE ACALANTO SEMPRE A RECEBER
OLHOS QUE SE ENCANTAM POR VOCÊ
MEU NINHO SÃO FLORES, AMORES BAILANDO NO AR
E A SINFONIA ANUNCIA O DESPERTAR
LALAIÁ LALAIÁ… DESPERTAR!


“AQUELE ABRAÇO” PERTINHO DO CÉU
LAÇO DE FÉ E BELEZA
O TEMPO GUARDOU O RELICÁRIO
CENÁRIO DA INSPIRAÇÃO
O HOMEM E A MÃE NATUREZA, FELIZ COMUNHÃO

RIO… RIO… “MINHA ALMA CANTA” ESSA PAIXÃO
SORRIO… MEU SORRISO VEM DO CORAÇÃO
É SUBLIME NAMORAR
O SOL BEIJANDO O AZUL DO MAR
SE APAIXONAR AO ENTARDECER
VAI RENASCER… O SONHO DE VER NESSE MEU CARNAVAL
DA LINDA AQUARELA, O MATIZ NATURAL
PRESERVADO EM MEU OLHAR
HOJE, NA APOTEOSE, A MAIOR FELICIDADE
MARAVILHOSA CIDADE LIVRE A CANTAR

É MAIS QUE AMOR EM POESIA
A RENASCER ME CONTAGIA
TRADUZ A EMOÇÃO NUM SAMBA SÓ PORQUE
“RIO, EU GOSTO DE VOCÊ”

- Leia a matéria completa do portal G1
- Conheça a Renascer de Jacarepaguá
- Ouça o samba enredo da Renascer de Jacarepaguá


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ibama não protege e imprensa incentiva

Se é possível comprar um animal legalização, porque recorrer ao mercado negro Esse é um dos principais argumentos em favor da comercialização da fauna silvestre como bichos de estimação no Brasil. Muitos especialistas alegam que, em países onde esse comércio existe, o tráfico foi bastante reduzido.

Mas o Fauna News não acredita que esse seja o caminho. Primeiramente pelo fato de que um animal legalizado custa muito mais que no mercado negro. Os papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva)  são um bom exemplo: no tráfico custam entre R$ 150 e R$ 300, enquanto os legalizado chegam a valer até R$ 2.500. Como o grande público consumidor de silvestres como bichos de estimação está na periferia e pequenas cidades, onde essa cultura impera e a renda é mais reduzida, é fato que a compra de aves da fauna silvestre continuaria sendo realizada com comerciantes ilegais.

A falta de campanhas educativas esclarecendo a população sobre os problemas envolvidos no comércio de animais pelo tráfico também é um fator que não popularizaria a venda legal.

Mas, sobretudo, o ser humano deveria conscientizar-se de que lugar de bicho é na natureza, livre. É uma questão ética. O homem ainda não aprendeu a conviver com outras espécies; ainda acha que os demais seres vivos existem para servi-lo. E, por isso, os animais podem ser mantidos em gaiolas e jaulas ou viverem acorrentados para enfeitar seu ambiente ou “alegrar” seu cotidiano.

E o Ibama deu um passo atrás liberando a venda de aves exóticas em uma loja de Santos, no litoral paulista. E a imprensa, desinformada e compactuando com a visão de mundo em que os bichos servem os homens, divulgou a iniciativa como algo bom. Está na matéria “Aves silvestres e exóticas já podem deixar de ser sonho”, publicada em 10 de fevereiro de 2013 pelo jornal A Tribuna

“A imagem de aves silvestres e exóticas, como araras, papagaios e calopsitas, encanta qualquer pessoa. A fascinação por esses integrantes da fauna brasileira é ainda maior quando vistos de perto.

Matéria do jornal santista A Tribuna

Eles podem ser comprados de forma legal em estabelecimentos devidamente credenciados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos Naturais Renováveis (Ibama).

No anseio de satisfazer a vontade de ter um bicho de estimação diferente, há quem o adquira de uma forma ilegal por uma questão econômica. Mas esta prática pode terminar em prisão”.
– texto de A Tribuna

Só um detalhe sobre a prisão, que o jornal fez o favor de não verificar: não é novidade o fato de que traficante de animal, no Brasil, não vai preso. Atualmente, a peça legal aplicada contra o tráfico de fauna é a Lei de Crimes Ambientais (n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), que estipula no artigo 29:

“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena – detenção, de seis  meses a um ano, e multa.”

§1º - Incorre nas mesmas penas:

Inciso III – quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.”


Também é aplicado o artigo 32 da mesma lei:

“Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”


Da forma como a Lei de Crimes Ambientais trata esse crime, ninguém vai para a cadeia por traficar animais. Pelo fato de as penas serem inferiores a dois anos (“menor potencial ofensivo”), os acusados são submetidos à Lei 9.099/1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e abre a possibilidade da transação penal e a suspensão do processo. É o famoso pagamento de cestas básicas ou trabalho comunitário.

Agrava a situação a Lei 12.403/2011, que estabeleceu o fim da prisão preventiva para crimes com penas inferiores a quatro anos de prisão, como a formação de quadrilha (enquadramento que muitos delegados, por exemplo, utilizavam para segurar traficantes de animais na cadeia por algum tempo).

E mesmo que os acusados acabassem condenados e presos, as penas previstas na atual lei são brandas e não servem para inibir os criminosos.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Reflexão para o fim de semana: o pescador

Fotos: Cater's News Agency

"Uma corte sul-africana condenou um pescador por capturar e matar um grande tubarão-branco em 2011. Essa é a primeira decisão do tipo no país, informou em comunicado o Ministério de Agricultura e Pesca do país." - texto da matéria "África do Sul condena pela 1ª vez pescador de grande tubarão-branco", publicada em 5 de fevereiro de 2013 pelo portal G1

Será que as coisas começam a mudar? Ou é otimismo?

Peixes ornamentais: tratados como mercadorias e não como seres vivos

“Cinco peixes vivos foram encontrados em uma correspondência no centro de distribuição de encomendas dos Correios, na noite desta quarta-feira (6), em Londrina. Os animais exóticos serão encaminhados para os cuidados de um profissional especializado.

Peixes apreendidos nos Correios
Foto: Divulgação Polícia Militar Paraná

Por volta das 20h, a Polícia Ambiental foi acionada, pois os funcionários haviam descoberto os animais durante a inspeção raio-X da encomenda. O fato que chamou a atenção foi a existência de um "termo de garantia de vida e saúde", colocado pelo remetente na caixa.

O certificado mostra que o vendedor sabia do risco de morte dos peixes ao fazer o transporte através dos Correios, proibido pela lei. Também foi encontrado um documento detalhado sobre a venda pela internet, que custou cerca de R$ 130.”
– texto da matéria “Peixes vivos são encontrados em encomenda nos Correios de Londrina”, publicada em 7 de fevereiro de 2013 pelo site paranaense O Diário

A criação e comercialização de peixes ornamentais existem e obedecem a regras estipuladas pelo Ibama e pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. O que estiver fora da lei deveria ser considerado tráfico de fauna.

A matéria de O Diário não especificou se a encomenda dos peixes foi feita legalmente, mas há uma grande chance de a transação ser ilegal. Um dos sinais que levam a esse raciocínio é a forma, irregular, de envio dos animais pelo Correio.

Mas, como o Fauna News publicou em 31 de janeiro de 2013, no post “Parece que com peixe tudo pode”:

“Estamos acostumados a ver, sem nenhuma emoção, peixes sendo mortos ou judiados. Programas de televisão que abordam a pesca esportiva, reportagens de turismo onde a atração é pescar ou o pescado (culinária) e matérias sobre a indústria da pesca estão recheados de imagens desses animais sendo retirados da água e agonizando. E isso não causa comoção. Um dos desdobramentos desse fenômeno está no achar que com os peixes se pode fazer qualquer coisa”.

- Leia a matéria completa de O Diário
- Releia “Parece que com peixe tudo pode”, publicado pelo Fauna News em 31 de janeiro de 2013

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Lobo-guará atropelado: esse teve sorte e não morreu

“Um lobo-guará foi encontrado ferido, na noite de terça-feira (5), em uma estrada vicinal perto da Represa Doutor João Penido, Zona Norte. O animal foi resgatado pela Polícia Militar do Meio Ambiente e levado para uma clínica veterinária no Bairro São Mateus, Zona Sul. O médico veterinário Rômulo Barbosa de Castro recebeu o guará por volta das 21h e realizou exames radiográfico, hematológico e bioquímico. Segundo ele, o lobo é um jovem macho, com idade entre 2 e 3 anos, e apresentava fratura em uma vértebra da região lombar. A suspeita é de que o animal foi atropelado. Ele pesa cerca de 20kg e tem 73cm de comprimento, sem a cauda.” – texto da matéria “Lobo-guará é encontrado ferido em estrada vicinal”, publicado em 6 de fevereiro de 2013 pelo jornal Tribuna de Minas sobre ocorrido em Juiz de Fora

Lobo-guará deverá voltar à natureza
Foto: Marcelo Ribeiro

Esse lobo-guará é mais uma vítima da falta de infraestrutura das estradas e rodovias brasileiras. Sem sinalização adequada, sem estruturas que permitam a travessia da fauna silvestre em segurança e, sobretudo, sem motoristas conscientes da possibilidade da presença de animais na pista, o resultado, normalmente, é trágico.

Esse lobo-guará teve sorte. Sobreviveu e as chances do retorno à vida livre são grandes.

História diferente do que foi morto por atropelamento na BR-101 em 16 de janeiro de 2012, no município paulista de Ubatuba (releia “Lobo-guará no litoral? Sim, em Ubatuba (SP)", publicado pelo Fauna News em 19 de janeiro de 2012). A espécie está classificada como “vulnerável” pelo Ibama (2003) e estima-se que 20 mil deles habitem o Brasil (a população está em declínio e com a possibilidade de desaparecer entre 60 e 70 anos).

E os atropelamentos da espécie são constantes...

- Leia a matéria completa da Tribuna de Minas
- Releia “Lobo-guará no litoral? Sim, em Ubatuba (SP), publicado pelo Fauna News em 19 de janeiro de 2012
- Leia “Lobos invadem a praia”, publicada em julho de 2012 pela revista Terra da Gente

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Negócio de ocasião: traficar canários via Bolívia

Já faz algum tempo que canários-da-terra da Venezuela e Peru são, de acordo com a Polícia Federal, traficados para o Brasil pela fronteira com a Bolívia para serem usados em rinhas. Uma quadrilha desarticulada em abril de 2012 , por exemplo, seria responsável por comercializar cerca de 60 mil aves dessa espécie por ano (releia "Finalmente uma paulada nas quadrilhas de tráfico internacional de canários", publicada em 4 de abril de 2012 pelo Fauna News).

Apesar das ações, o problema persiste:

“O motorista preso pela PF (Polícia Federal) com 600 canários-da-terra em Corumbá foi multado em R$ 300 mil pela PMA (Polícia Militar Ambiental). O flagrante foi na noite deste sábado (2) na BR-262 próximo a ponte do rio Paraguai.

Maneira como os canários eram transportados
Foto: Divulgação Polícia Federal

Segundo a PMA, as aves vieram da Bolívia eram transportadas em uma carreta com placas de Cascavel (PR) dividas em 15 gaiolas.”
– texto da matéria “Homem preso pela PF com 600 canários em Corumbá é multado em R$ 300 mil”, publicado em 2 de fevereiro de 2013 pelo site Pantanal Notícias MS

O motorista disse ter sido contratado por um desconhecido para levar as aves até Corumbá (MS) e que de lá seguiria, sem os animais, de volta para seu estado, o Paraná.

Canários apreendidos
Foto: Divulgação Polícia Federal

Os canários exóticos (não nativos do Brasil) podem causar problemas para a espécie brasileira. Mais fortes, eles acabam competindo e ganhando dos canários silvestres do Brasil na natureza, o que pode ocasionar um declínio da espécie nacional. E não é difícil esses canários exóticos chegarem a natureza, pois é bem possível que, no seu manuseio, eles escapem ou até sejam soltos quando seu criador perder o interesse.

Os canários-da-terra estrangeiros são um grande problema que o poder público ainda não conseguiu resolver.

- Leia a matéria completa do Pantanal Notícias MS
- Releia "Finalmente uma paulada nas quadrilhas de tráfico internacional de canários", publicada em 4 de abril de 2012 pelo Fauna News

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mico-leão-preto: só reproduzir não vai salvar a espécie. O hábitat tem de ser protegido

A notícia é muito boa, mas, infelizmente, é apenas uma parte da luta pela sobrevivência do mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus).

“Um mico-leão-preto, nascido em janeiro no Parque Ecológico Municipal de São Carlos (SP), é mais uma tentativa de preservar a espécie que chegou a ser considerada extinta no início do século passado. O animal integra o projeto de reprodução desenvolvido no local, que há mais de 30 anos se dedica à preservação das espécies em extinção.

Mico-leão-preto e seu filhote, em São Carlos (SP)
Foto: Pérsio Ronaldo dos Santos

O novo morador do parque tem 20 centímetros (contando o rabo), 50 gramas e vive com o pai, a mãe e o irmão. Primo do conhecido mico-leão-dourado, o mico-leão-preto tem o mesmo porte do parente, mas possui a pelagem toda negra com algumas manchas douradas.

Atualmente, há poucos da espécie mantidos em cativeiro. Ao menos 50 estão no Brasil e outros 40 fora do país. Em São Carlos, seis vivem no parque (dois casais, um deles com dois filhotes), segundo o coordenador do local, Fernando Magnani.

De acordo com ele, o principal problema é que eles estão com uma alta taxa de consanguinidade. “Os animais são demais parentes e isso está forçando a população a um decréscimo. Precisaria que entrassem mais fundadores numa colônia, animais completamente diferentes, para dar uma variada na genética para que o potencial reprodutivo melhorasse”, explicou.

Magnani reforçou que a situação é bem complicada. “Se não houver um esforço muito grande da conservação, o mico-leão-preto é um sério candidato a desaparecer nas próximas décadas”, alertou.” – texto da matéria “Parque Ecológico reproduz mico-leão que chegou a ser considerado extinto”, publicada em 3 de fevereiro de 2013 pelo portal G1

Além do problema da endogamia (acasalamento entre indivíduos aparentados, relacionados pela ascendência, que resultam em baixas taxas de fecundidade e de crescimento demográfico, além de alta incidência de mortalidade infantil. Essa perda de diversidade genética pode reduzir, no longo prazo, a habilidade da população em responder a mudanças ambientais, aumentando a probabilidade de extinção), a falta de hábitat é um grande problema para a salvação da espécie, hoje classificada pela União Internacional  para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) como “em perigo” de extinção.

Leontopithecus chrysopygus agora é conhecido por sobreviver em onze localidades no estado de São Paulo. A população do Parque Estadual do Morro do Diabo State contém 23.800 hectares de floresta e uma população estimada em cerca de 820 animais (Valladares-Padua e Cullen Jr. 1994). A Reserva Caetetus (Estação Ecológica, informação do Fauna News) contém cerca de 2.000 hectares de floresta (população estimada em cerca de 40 indivíduos), mas as outras nove localidades consistem em fragmentos de entre 400 e 800 hectares, e, juntos, cerca de 114 indivíduos. A população total é estimada em cerca de 1.000 animais espalhados por 11 florestas isoladas, das quais 10 são certamente muito pequeno para ser viável no médio e longo prazo.” – texto do site do Livro Vermelho da IUCN

Isso quer dizer quer dizer que as estratégias de conservação da espécie têm de levar em conta, além da reprodução livre da endogamia, a proteção das florestas onde ocorre o primata e a ampliação urgente de seu hábitat (tarefe extremamente difícil na região do Pontal do Paranapanema, interior paulista).

O Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê) desenvolve há anos um sério trabalho de conservação do mico-leão-preto. Eis alguns resultados apresentados por eles:

"• Conhecimento da biologia/ecologia da espécie em toda sua área de distribuição;

• Descoberta de novas subpopulações e novas áreas prioritárias à espécie;

• Atualização da estimativa populacional da espécie, com incremento de 50% no tamanho populacional conhecido;

• Influência em políticas públicas específicas para a conservação da espécie, que contribuíram na criação de uma Unidade de Conservação Federal (Estação Ecológica Mico-leão-preto);

• Estudos específicos de técnicas de manejo para a espécie (translocação, reintrodução e dispersão);

• Ações de educação ambiental e envolvimento comunitário em cinco municípios da área de ocorrência da espécie, atingindo públicos distintos (estudantil, professores, diretores, comunidades rurais e urbanas);

• Centenas de estudantes capacitados

• Mais que dez teses (mestrado e doutorado) produzidas com os dados de pesquisa;"
- texto do site do Ipê

- Leia a matéria completa do portal G1
- Mais informações sobre a espécie no site da IUCN (em inglês)
- Conheça o trabalho do Ipê para conservar a espécie

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Começar a semana pensando...

...que Cetas (Centros de Triagem de Animais Silvestres) não podem ser prisão perpétua.

A matéria “Animais silvestres são apreendidos em São Luís”, publicada em 31 de janeiro de 2013 pelo portal G1, tem uma informação muito importante e que não foi explorara pelo repórter. O texto começa como tantos outros, informando sobre casos recentes de apreensões de animais silvestres criados ilegalmente em cativeiro em São Luís (MA).

“Duas apreensões de animais silvestres foram registradas no Maranhão nos últimos 15 dias, segundo o Batalhão Ambiental da Polícia Militar. Nesta quinta (31), as aves de 13 espécies diferentes foram apreendidas em várias residências de São Luís. Os animais eram criados como animais domésticos e, agora, eles vão passar por um tratamento antes de serem devolvidos à natureza.” – texto do G1

E a matéria segue sem surpresas até o penúltimo parágrafo:

“Cobras, papagaios, araras, raposas, macacos. Existe uma grande quantidade de animais que estão há meses tentando se recuperar no centro. Alguns não conseguem voltar a vida selvagem e são recebidos por zoológicos ou criadores cadastrados no Ibama. Há também os bichos que estão na lista dos ameaçados de extinção. Algumas das 12 jaguatiricas em reabilitação no Cetas já estão há mais de três anos no local.” – texto do G1

Uma das 12 jaguatiricas do Cetas de São Luís
Imagem: Reprodução TV Mirante

Como assim? Jaguatiricas no Cetas há mais de três anos?

Esses centros do Ibama deveriam receber os animais, reabilitá-los para soltura na natureza e, nos casos em que não for possível a volta à vida livre, encaminhá-los para criadouros credenciados ou zoológicos. Mas muitas dessas instituições (criadouros e zoológicos) só recebem os bichos que lhe interessam.

Muitos Cetas acabam se transformando em depósitos de animais ou presídios onde bichos parecem condenados à prisão perpétua. E, com certeza, os recintos onde estão os felinos não são apropriados para manter os bichos por tanto tempo.

O poder público mostra-se incompetente na gestão da fauna silvestre. Se as jaguatiricas têm condições de voltar para as matas, por que ainda estão no Cetas? Agora, se elas jamais terão condições, que sejam encaminhadas para instituições capazes de dar uma vida digna.

Senhor repórter, sua matéria era essa...

- Leia a matéria completa do G1

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Reflexão para o fim de semana: vídeo de estudante sobre biodiversidade da Caatinga mostra que vale a pena investir em educação

“Caatinga – Biodiversidade desprezada”, vídeo de 5 minutos realizado pelo estudante do ensino médio Maxsuel Paiva de Souza, de Uibaí (BA), abordou criticamente as riquezas do bioma nordestino. O trabalho, simples e bem editado, abordou o desmatamento e mostrou que o problema parte da própria população.
O vídeo também salientou a falta de pesquisas sobre o bioma e, com imagens, mostrou o quanto a fauna sofre com a caça e a captura ilegais (o que envolve o tráfico de animais).

Aves em caiveiro na caatinga
Imagem: Reprodução do vídeo

Trabalho simples e objetivo. Mostra o quanto a educação pode influenciar no comportamento de crianças e adolescentes.

Confira!