O papa-capim é a espécie mais comercializada
Foto: Carlos Dias Timm
Esse é o primeiro parágrafo de a “Cantoria da covardia nas feiras de passarinhos” do jornalista Celso Calheiros e publicada pelo site O Eco, em 2 de agosto de 2011. A matéria, que está baseada no trabalho “Caracterização do comércio ilegal de animais silvestres em dez feiras livres da Região Metropolitana do Recife”, ainda destaca:
“Rodrigo avistou 2.130 animais em 22 visitas. Para documentá-las usou uma caneta-espião, artefato que imita uma caneta, mas embute uma câmera de vídeo digital. Com ela, gravou cenas do comércio ilegal de passarinhos em oito das dez feiras que visitou. Só em duas delas, nos bairros da Madalena e Casa Amarela, não foram verificadas a venda de animais silvestres, embora praticassem o comércio de animais exóticos e de produtos para criadores de passarinhos. Em cada uma dessas feiras foram feitas três visitas, a exceção de Cavaleiro, investigada em um único domingo. “Ali a falta de segurança é grande”, explicou Rodrigo.”
Mais à frente:
“Segundo Enrico, o desaparecimento de espécies é notado por vendedores e compradores. “Entre 2000 e 2005, o passarinho mais procurado era o galo-de-campina e hoje ele é apenas o terceiro mais vendido por falta de oferta”, nota. Entretanto, quem compra e quem vende não chega à constatação óbvia: que a atividade é responsável pela diminuição (ou extinção) das populações.
No trabalho, dos 2.130 pássaros identificados, 67% pertencem a uma das cinco espécies mais comercializadas nas feiras. Em primeiro lugar está o papa-capim (Sporophila nigricollis); o canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola) vem em seguida; o galo-de-campina (Paroaria dominicana) é o terceiro; enquanto o quarto é o patativa ou golado (Sporophila albogulares); e o quinto mais encontrado é o sanhaçu-azul (Tangara cayana).”
O galo-de-campina é a terceira ave mais vendida no Recife
Foto: Dario Sanches
Sabe qual a conclusão sobre a perda da biodiversidade:
“O cruzamento com estatísticas de outros trabalhos acadêmicos levou à conclusão mais alarmante. Para cada animal colocado à venda, outros três morrem ao longo do processo. Logo, cada papa-capim exibido na feira representa quatro indivíduos extraídos da natureza. Para fazer uma projeção da perda de aves, utilizou-se a amostragem por feira, o número de semanas por ano em que são realizadas e a premissa de que todos os animais exibidos são vendidos. No caso do papa-capim, calculou-se que, por ano, 72 mil são furtados do seu habitat. Apenas no comércio ilegal dessas oito feiras no Grande Recife.”
Regueria estima que, nas oito feiras, os traficantes movimentem cerca de R$ 1 milhão por ano. De acordo com o Ibama de Pernambuco, 82% das apreensões de animais ilegais retirados da natureza são de aves e a maioria de passarinhos – mesmo índice de uma pesquisa realizada junto ao Ibama pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) com dados de todo o país.
Estima-se que, no Brasil, entre dois milhões e quatro milhões de animais silvestres vivam em cativeiros particulares. De acordo com a fonte consultada, esse número pode ser ainda maior, pois cerca de 60 milhões de brasileiros possuem espécimes silvestres em suas residências.
Saiba que entre 60% e 70% do tráfico de animais no Brasil é voltado para abastecer o mercado interno. E a maior parte das vítimas está nas gaiolas espalhadas por todo o Brasil...
- Leia a reportagem completa “Cantoria da covardia nas feiras de passarinhos” de O ECO.
- Conheça a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas).
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