quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Cocares de penas na decoração: era para ser tendência, mas acabou como crime

"O Ibama multou a designer de interiores Fátima Rego em R$ 10 mil por utilizar dois cocares indígenas, feitos com penas de araras e papagaios para divulgar seu espaço na versão paraense da Casa Cor, evento de decoração realizado em Belém. Além de multada, a decoradora foi notificada a entregar em 30 dias os artefatos com as penas das aves silvestres ao órgão ambiental federal sob o risco de receber novas sanções. Ela tem 20 dias para se defender e pode recorrer da autuação do instituto.”

Dessa forma o Diário do Pará começa a matéria “Designer multada por uso de penas”, publicada em 26 de outubro de 2011. O trabalho jornalístico segue informando que a designer tentou conseguir autorização do Ibama para utilizar os cocares, pedido que foi negado.


Fiscal do Ibama aponta local onde estavam os cocares
Foto: Nelson Feitosa - Ibama

“Segundo o Ibama, a decoradora acabou incluindo as peças na decoração à revelia da lei, apesar das orientações. Os objetos proibidos acabaram fotografados e divulgados em uma revista local. “Ao exibir na mídia os quadros com as penas de araras e papagaios como se fossem objetos decorativos de bom gosto, a designer já cometeu uma infração ambiental. Ela ainda incentivou o comércio ilegal de plumagens, sem falar da crueldade de se fazer quadros com partes de animais silvestres ameaçados de extinção”, explica Leandro Aranha, chefe da Divisão de Fauna do Ibama no Pará.” – texto da matéria do Diário do Pará

Vou elogia a explicação do Chefe da Divisão de Fauna do Ibama do Pará, Leandro Aranha, que considerou o projeto da designer um incentivador ao tráfico de animais para a utilização de suas partes como peças de decoração.

Agora não posso deixar de criticar a visão profissional de Fátima Rego.  Nada moderna e em total descompasso com uma visão sustentável de mundo.

Responsabilidade socioambiental ou sustentabilidade, senhora Fátima Rego, não pode ficar apenas no discurso. Seu trabalho, como profissional de designer de interiores em um evento que se propõe apresentar tendências, influencia muita gente.

“Consultada pelo Globo Natureza, Fátima Rego diz que até o momento não foi informada da multa ou da ordem para entregar os enfeites, e que portanto não comentaria a medida. Ela conta que consultou o Ibama sobre uma autorização para expor os cocares, mas que não a conseguiu. “Tentei argumentar que era uma mostra e me disseram que não pode”, explica.” – texto da matéria “Decoradora é multada no PA por uso de cocar com penas em exposição”, publicada em 25 de outubro pelo portal G1

Sabe o que é pior? É a senhora Fátima Rego achar que o erro está no fato de ter exposto os cocares sem autorização e não por incentivar o uso de partes de animais silvestres como peças de decoração.

Lamentável.

- Leia a matéria completa do Diário do Pará
- Leia a matéria completa do portal G1

1 comentários:

depaula disse...

Finalmente o IBAMA tomou uma atitude contra este tipo de "arte" usando animais e incentivando o tráfico. Demorou mas aconteceu e congratulo o IBAMA pela medida.