quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Fauna News é relançado em novo endereço: www.faunanews.com.br

Por um curto período, o Fauna News deixou de publicar as notícias e reportagens sobre tráfico de animais e sobre os impactos das estradas e rodovias na fauna silvestre. Foi o tempo necessário para melhorar, construindo uma nova identidade visual, novas seções e oferecendo serviços.

O Fauna News foi lançado em janeiro de 2011 e, desde então, tem se esforçado para levar até você o que há de mais relevante s sobre o combate ao mercado negro de animais e o quanto as rodovias impactam a vida silvestre. Selecionamos o que a imprensa aborda e comentamos, para que você tenha mais informações.

Pedimos desculpas pelo tempo ausente! Esperamos que você tenha sentido a nossa falta.

Chegou a hora de matar as saudades e voltar aos nossos encontros diários. Estamos agora no www.faunanews.com.br - a partir de hoje, a página que você está lendo agora não será mais atualizada. Clique até nossa nova página, leia nossos posts e explore cada uma das seções. Nos envie críticas, sugestões e, se desejar, elogios. Estamos abertos para ouvi-lo e tenha certeza de que você receberá nossa resposta.

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Muito obrigado!

Dimas Marques
Editor responsável
dimasmarques@faunanews.com.br

segunda-feira, 7 de julho de 2014

A jaguatirica morreu atropelada. E agora, quem retira o cadáver?

“Uma jaguatirica, espécie ameaçada de extinção, morreu após ser atropelada neste sábado (5) na BR-365, a cerca de sete quilômetros de Ituiutaba. O corpo do animal, um filhote macho, tinha quase um metro de comprimento e ficou no acostamento da rodovia. No local onde ocorreu o atropelamento existem várias fazendas de criação de animais, como gado e suínos, o que pode ter atraído a jaguatirica para a região.

Cadáver no acostamento é um perigo
Imagem: reprodução TV Integração
A cena chamou a atenção de quem passou pelo local. “Está acabando com tudo, com o nosso meio ambiente. Dá até dó de ver um bicho desses assim, é chocante, mas não tem como fazer nada”, disse o encarregado de transporte, João Alves de Araújo.

A Polícia de Meio Ambiente não soube à produção do MGTV de quem é a responsabilidade de retirar o corpo da onça da rodovia.”
– texto da matéria “Filhote de Jaguatirica morre atropelado na BR-365 em Ituiutaba”, publicada em 5 de julho de 2014 pelo portal G1

O atropelamento de uma jaguatirica, espécie classificada como “vulnerável” na listagem brasileira de animais em risco de extinção, já é uma grande. Dependendo da população local do bicho, a quantidade de atropelamentos pode contribuir bastante para a extinção em uma região.

E toda extinção de uma espécie resulta em uma série de consequências, como, por exemplo, a o não controle das populações de outras espécies, o que gera outra série de outras consequências. Um efeito em cadeia.

Mas a matéria do portal G1 chama a atenção por um detalhe que, pouco explorado e deixado no final do texto, não chama a atenção da maioria das pessoas: quem vai retirar o cadáver da jaguatirica da beirada da pista?

A falta de ter claro de quem é essa responsabilidade coloca em risco outros animais: os carniceiros. Bichos que se alimentam de carcaças e carne em decomposição serão atraídos para o local do atropelamento da jaguatirica e poderão também ser atingidos por veículos. Deixar o animal morto no local do acidente coloca em risco outros animais e motoristas.

Na gestão de uma rodovia, o papel de quem deve retirar cadáveres das pistas, acostamentos e proximidades da faixa de asfalto tem de estar bem definido. Tal indefinição só aumenta o problema.

- Leia a matéria no portal G1

Começar a semana pensando...

...sobre o tráfico de animais como demonstração de riqueza.
Foto: Cites
"Estamos observando uma preocupante mudança na demanda de algumas espécies. Antes, essas espécies eram caçadas porque achavam que algumas de suas partes curavam doenças. Mas, agora, observamos que o uso dessas peças visa demonstrar riqueza".

John Scanlon, secretário-executivo da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Selvagens de Fauna e Flora (Cites), na matéria “ONU denuncia produtos derivados de animais em extinção”, publicada em 4 de julho de 2014 no site da revista Exame, sobre o tráfico de chifres de rinocerontes e partes de tigres

- Leia a matéria completa da Exame

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Reflexão para o fim de semana: atropelamento leva coruja para o cativeiro eterno

Imagem: reprodução TV Anhanguera

“Uma coruja foi resgatada na BR-060, em Rio Verde, no sudoeste de Goiás, após ser atropelada na quarta-feira (2). O motorista que atingiu a ave a levou até o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para tentar conseguir ajuda. O animal, que teve a asa quebrada, foi encaminhado pelos agentes a uma clínica veterinária do município.

(...) Segundo o veterinário que realizou o atendimento, mesmo depois de recuperada, a ave não deve conseguir viver livre no cerrado novamente. “Ela não vai conseguir voar e pegar as presas dela mais, então ela vai ter que ser criada em cativeiro”, explicou Alberto Guerreiro Moraes. Após receber alta da clínica veterinária, a coruja deve ser encaminhada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Goiânia.”
– texto da matéria “Coruja é resgatada na BR-060 após ser atropelada por motorista em GO”, publicada em 3 de julho de 2014 pelo portal G1

Parabéns ao motorista que não a abandonou ferida.

Infelizmente, animal em cativeiro não cumpre suas funções ecológicas. É quase como se estivesse morto.

- Leia a matéria completa do G1

Aves em cativeiro em Minas Gerais: o desejo falou mais alto que a lei

Nos rincões mais isolados do país ainda é possível alegar desconhecer a lei que proíbe a criação de animais silvestres sem autorização. Apesar de a exigência existir desde 1967, há localidades com gente sem acesso às informações, que reproduzem hábitos antigos.

Mas, na maioria dos casos, as pessoas sabem que manter aves silvestres na gaiola é ilegal. E como a fiscalização e as punições legais são falhas, poucos se preocupam em respeitar a lei.

Há ainda os que sabem da necessidade das autorizações e, quando não conseguem percorrer toda a burocracia, resolvem seguir pela ilegalidade. É o caso do infrator flagrado em Uberlândia (MG).

“A Polícia Militar de Meio Ambiente resgatou 49 aves da fauna silvestre na manhã desta terça-feira (1º), em uma casa no Bairro Pacaembu, em Uberlândia. A polícia informou que chegou ao local por meio de uma denúncia anônima. Além dos pássaros, a polícia apreendeu no local 28 gaiolas, dois viveiros, um alçapão dentre outros materiais. Um homem de 43 anos foi preso.

Aves apreendidas em Uberlândia (MG)
Foto: divulgação Polícia Militar

As aves, que eram mantidas em cativeiro, foram levadas para a Delegacia de Polícia Civil e em seguida vão ser entregues ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que tem convênio com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo os militares, das aves apreendidas 41 são da espécie canário-da-terra. O registro dos animais não foi apresentado.

Para a polícia, o dono dos pássaros disse que gosta de criar aves e que já faz isso há dez anos. Sobre a legalização, ele argumentou que teve dificuldades para fazer o processo. O preso não tinha antecedentes criminais e, de acordo com a polícia, não reagiu e colaborou com os militares.”
– texto da matéria “Pássaros da fauna silvestre são resgatados de cativeiro em Uberlândia”, publicada em 1º de julho de 2014 pelo portal G1

O desejo falou mais alto que a lei. Pena que a punição, se houver, será branda.

- Leia a matéria completa do portal G1

quinta-feira, 3 de julho de 2014

A morte de Presley, a mais velha ararinha-azu,l e a luta pela sobrevivência da espécie

“Presley, o macho de ararinha-azul mais velho do mundo, morreu aos 40 anos na última quarta-feira (25). O animal era um ícone da conservação da espécie e dos problemas enfrentados por muitas outras espécies que são alvo do tráfico de animais, atividade criminosa que todo ano captura cerca de 38 milhões de exemplares apenas no Brasil. 

Presley tinha 40 anos
Foto: divulgação ICMBio

"Ele era um dos últimos indivíduos do ambiente natural. Como essa espécie é extinta na natureza, existem poucas matrizes para reprodução. Ele é muito valioso para ampliar a diversidade genética e evitar os cruzamentos entre aparentados", explica Patrícia Serafini, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação das Aves Silvestres (Cemave/ICMBio).

(...) História
Presley foi retirado ilegalmente da natureza por traficantes de animais silvestres, em 1984, e vendido como animal de estimação nos Estados Unidos. Através de iniciativas oficiais de conservação da espécie, Presley retornou ao Brasil em 2002.

Na Fundação Lymington, onde viveu por quase dez anos, foram feitas várias tentativas de reproduzi-lo em cativeiro, sem sucesso. Ano passado, o nascimento de filhotes por técnicas assistidas de fertilização sinalizou o potencial e o êxito da inseminação artificial em outros espécimes de ararinha-azul.

Em março de 2014, especialistas da Universidade de Giessen (Alemanha) colheram sêmen de Presley por eletroejaculação. Porém, os espermatozoides apresentaram aspectos negativos, morfológicos e de motilidade, consequência dos problemas cardíacos e idade avançada da ave.

Presley permaneceu na Fundação até ser internado no Hospital Veterinário da Unesp de Botucatu, em 20 de junho, porque não se alimentava mais sozinho. Lá, ficou sob cuidados veterinários de alta qualidade até o dia de sua morte.

A necropsia foi realizada no Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (Lapcom), da Universidade de São Paulo, e as células germinativas (conservação de germoplasma) da ave foram preservadas para serem transplantadas em outro macho, que passaria a produzir o esperma de Presley. Esta técnica já foi realizada em outros grupos de aves e é a última tentativa para incorporar o material genético desta ave no grupo das ararinhas-azuis em cativeiro atualmente.”
– texto da matéria “Ararinha-azul mais velha do mundo morre aos 40 anos”, publicada em 2 de julho de 2014 pelo Portal Brasil

As ararinhas-azul foi declarada extinta na natureza em 2000. Além da perda de hábitat, o tráfico de fauna foi responsável pela extinção (problema abordado na animação Rio, com o personagem Blu. Atualmente, menos de 100 delas vivem em cativeiro de institutos de pesquisa (a maioria fora do Brasil).

Blu, a ararinha-azul da animação Rio
Todo o trabalho para garantir que a genética de Presley seja passada para futuras gerações é um exemplo do esforço para salvar a espécie – o cruzamento entre parentes, no longo prazo, é um fator negativo.

Existe todo um planejamento para reintroduzir as ararinhas-azuis em seu hábitat (o sertão da Bahia). Esse trabalho segue o Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação da Ararinha-azul e está concentrado no Projeto Ararinha na Natureza, patrocinado pela Vale e envolve o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil) o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e as instituições que criam as ararinhas em cativeiro: A Al-Wabra Wildlife Preservation (Catar), a Association for the Conservation of Threatened Parrots (Alemanha), a Fundação Lymington e o criadouro Nest (ambos no Brasil) e a Fundação Loro Parque (Espanha).

Foto da última ararinha-azul em vida livre, feita em 1990
Foto: Luiz Claudio Marigo

As metas do Ararinha na Natureza são recuperar e conservar o hábitat de ocorrência histórica da espécie até 2017, inclusive com criação de unidades de conservação, e chegar a 150 aves em cativeiro visando o início das reintroduções até 2021.

- Leia a matéria completa do Portal Brasil

Portugal e os atropelamentos de animais silvestres em rodovias

“A monitorização da mortalidade de animais nas estradas portuguesas iniciou-se após o estabelecimento, em 2010, de um protocolo de colaboração entre a EP e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).

Esta parceria teve como objetivo a identificação dos locais com maiores índices de mortalidade e dos grupos faunísticos mais afetados para posterior adoção de medidas de minimização do seu impacto negativo nas populações silvestres, explica a EP no seu website.

Placa, em Portugal, alertando para a presença de anfíbios na rodovia
Foto: Jorge Nunes

Assim, desde 2011 que tem sido contabilizado o número de atropelamentos de animais domésticos e silvestres e analisada a sua incidência dos diferentes grupos faunísticos, bem como a sua variação espacial e temporal, resultados que são apresentados sob a forma de relatórios de síntese anuais acessíveis no website da EP.

A avaliação anual mais recente, que diz respeito a 2013, foi disponibilizada online recentemente e revela que o número de atropelamentos registrados foi de 2678, um acréscimo de 238 ocorrências em relação a 2012.

O aumento da mortalidade é atribuído pela EP à ampliação da rede viária sob a gestão da empresa. Com efeito, o número de animais atropelados triplicou no distrito do Porto, onde a extensão das estradas concessionadas sofreu um incremento de 94 km.”
– texto da matéria “Relatório: Atropelamentos de fauna nas estradas portuguesas aumentaram 10% em 2013”, publicada em 1º de julho de 2014 pelo site português Naturlink

Chama a atenção o fato de o órgão que gerencia as rodovias, Estradas de Portugal (EP), realizar tal monitoramento e divulgar os números. No Brasil, ainda há a falta de transparência envolvendo a questão. Será que se o poder público (federal, estaduais e municipais) não faz tal acompanhamento e divulga amplamente os dados para não sofrer pressão da sociedade? Alguns estados, como o de São Paulo, têm essa estatística.

Ao mesmo tampo, deve-se destacar que Portugal só começou a fazer tal trabalho em 2010. Tudo muito recente.

Grita também a dimensão dos números, que aparentam ser baixos mesmo se for levado em consideração as dimensões do país europeu. O fato é que muito mais animais morrem que os dados indicam. E eles sabem disso:

“No entanto, o relatório salienta que a elevada representatividade dos mamíferos pode ser uma consequência da metodologia de recolha amostragem, que pode subestimar os atropelamentos de outros grupos, nomeadamente de répteis e anfíbios, devido à sua baixa detetabilidade e elevada taxa de degradação.” – texto do Naturlink

- Leia a matéria completa do Naturlink (tem o link para o relatório)