quarta-feira, 30 de março de 2011

Leões-mercadoria: uma nova apreensão

Deixei como reflexão para o fim de semana (25 de março), uma nota publicada pelo O Estado de S. Paulo em 25 de março sobre a apreensão de um filhote de leão no aeroporto da Cidade do México. O animal estava encaixotado dentro de um avião de carga. O caso, que ganhou algum destaque pelo tipo incomum de bicho envolvido, voltou a se repetir na Somália (África).

De acordo com matéria distribuída pela agência de notícias Associated Press em 27 de março, dois filhotes de uma espécie rara de leão (Berbera) foram apreendidos por autoridades locais dentro de um navio no porto de Mogadíscio, capital da Somália. Os animais, um macho e uma fêmea de três meses, são irmãos e foram capturados após sua mãe ter sido morta a tiros pelos traficantes.



Filhotes de leão apreendidos na Somália
Foto: AP Photo / Parsons Edward
Acredita-se que o casal de leões seria levado para algum colecionador em Dubai (Emirados Árabes Unidos) ou no Extremo Oriente, onde deveriam ser criados como animais de estimação. Por causa da guerra civil que devasta a Somália há 20 anos, a repressão ao tráfico de fauna é limitada e a atividade criminosa é intensa.

Números do tráfico
O tráfico de animais silvestres é apontado como a 3ª atividade ilegal mais rentável do mundo. As cifras estimadas giram entre 10 bilhões e 20 bilhões de dólares por ano. A repressão deficiente e as fracas políticas públicas de combate (que devem incluir educação e ações assistênciais a comunidades carentes que acabam envolvidas na captura de espécimes) estimulam esse tipo de crime, que é o segundo responsável pela extinção de espécimes (atrás apenas da perda de hábitat).

No Brasil a situação também é crítica. Dependendo da fonte consultada, o número de animais silvestres retirados anualmente da natureza varia de 12 milhões a 38 milhões. E não são apenas ricos colecionadores que alimentam esse comércio – como é o caso dos leões da Somália. De acordo com pesquisadores, estima-se que entre dois e quatro milhões de animais selvagens vivam em cativeiros no Brasil. Mas o número pode ser ainda maior já que outros levantamentos indicam que cerca de 60 milhões de brasileiros possuem espécimes silvestres em suas residências.

Além da quantidade de animais que morrem durante as diversas etapas do tráfico e do sacrifício de viver em jaulas, gaiolas ou recintos inadequados impostos aos bichos, há de se considerar ainda os riscos á saúde humana (transmissão de doenças, conhecidas como zoonoses) e as conseqüências ao equilibro dos ecossistemas. Por isso tudo, pense bem antes de comprar pássaros, papagaios, pequenos primatas, cobras e tantos outros animais, pois você pode fazer parte desse problema e do sofrimento de inúmeras formas de vida.

Leia a matéria da Associated Press (em inglês)
Leia a matéria publicada no site do jornal Extra
Releia a reflexão para o fim de semana, publicada no FAUNA NEWS em 25 de março

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