O tráfico da vida silvestre é um conjunto de diversas etapas que começa na captura dos animais e não termina quando, num aparente sucesso, órgãos de fiscalização prendem envolvidos e apreendem os espécimes. Muito pelo contrário. Apesar da tendência natural que tanto a imprensa quanto a população em geral têm de achar que o problema se resolve no momento da retirada dos animais das mãos dos criminosos, para as vítimas – os bichos – o sofrimento irá continuar por um bom tempo.
Pode parecer estranho, mas vou explicar com uma pergunta: depois das apreensões, para onde vão os animais?
Em 31 de janeiro, no texto que publiquei no FAUNA NEWS intitulado “A parte do tráfico de animais silvestres que poucos conhecem” abordei essa mesma etapa do comércio ilegal da vida silvestre. Pois a incapacidade gerencial dos órgãos públicos em manter centros de recebimento de animais apreendidos e programas de recuperação e devolução à natureza desses espécimes faz com que os bichos fiquem amontoados em depósitos da vida selvagem que, em muitos casos, são similares a campos de concentração.
Pois é o que está acontecendo, de acordo com a denúncia de uma ONG ao Ministério Público Federal, com o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres) de Recife, administrado pela gerência do Ibama de Pernambuco.
Veja as matérias feitas pela imprensa sobre o caso:
Ibama é denunciado por maus-tratos contra animais em Pernambuco, de 4 de fevereiro
Ibama convive com falta de espaço para abrigar animais, de 5 de fevereiro - Veja essa matéria também em vídeo (TV Globo).
Ambientalistas procuram espaço para abrigar animais do Ibama, de 10 de fevereiro
Esse problema não é específico de Pernambuco. Pelo contrário. É um fenômeno generalizado em todo o país.
É importante destacar que os animais não são levados para os Cetas imediatamente após serem apreendidos. Esse recurso, na maioria dos casos, é o último que polícias e agentes do próprio Ibama recorrem, exatamente por saberem das precárias condições dos centros de triagem. Quando os espécimes não são devolvidos aos seus hábitats no momento da apreensão, há casos de animais que ficam com os próprios acusados, transformados em fiéis-depositários, ou ainda são encaminhados para criadouros credenciados pelo Ibama – instituições essas que também deveriam ser alvo de uma fiscalização mais rígida, já que não são poucas as envolvidas no comércio ilegal.
Só com ações repressivas, o problema do tráfico de animais silvestres não será resolvido. A etapa pós-apreensão carece de atenção urgente dos órgãos públicos, que também, com apoio de toda a sociedade, tem de investir e atuar em Educação Ambiental para reduzir o “consumo” de bichos. Lembro que o comércio ilegal de fauna selvagem no Brasil tem como característica atender a demanda interna do próprio país:
- Dependendo da fonte consultada, o número de animais silvestres retirados da natureza no Brasil, por ano, é 12 milhões ou 38 milhões;
- Entre 60% e 70% do comércio ilegal de animais silvestres no Brasil é voltado para abastecer o mercado interno: estima-se que de dois a quatro milhões de animais silvestres vivam em cativeiros particulares;
- Estima-se que 95% do comércio de animais silvestres no Brasil seja ilegal;
- Há pesquisas que apontam haver 60 milhões de brasileiros criando espécimes da fauna nativa em suas residências.
Pode parecer estranho, mas vou explicar com uma pergunta: depois das apreensões, para onde vão os animais?
Em 31 de janeiro, no texto que publiquei no FAUNA NEWS intitulado “A parte do tráfico de animais silvestres que poucos conhecem” abordei essa mesma etapa do comércio ilegal da vida silvestre. Pois a incapacidade gerencial dos órgãos públicos em manter centros de recebimento de animais apreendidos e programas de recuperação e devolução à natureza desses espécimes faz com que os bichos fiquem amontoados em depósitos da vida selvagem que, em muitos casos, são similares a campos de concentração.
Pois é o que está acontecendo, de acordo com a denúncia de uma ONG ao Ministério Público Federal, com o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres) de Recife, administrado pela gerência do Ibama de Pernambuco.
Cetas do Ibama, no Recife
Foto: Reprodução filmagem TV GloboVeja as matérias feitas pela imprensa sobre o caso:
Ibama é denunciado por maus-tratos contra animais em Pernambuco, de 4 de fevereiro
Ibama convive com falta de espaço para abrigar animais, de 5 de fevereiro - Veja essa matéria também em vídeo (TV Globo).
Ambientalistas procuram espaço para abrigar animais do Ibama, de 10 de fevereiro
Esse problema não é específico de Pernambuco. Pelo contrário. É um fenômeno generalizado em todo o país.
É importante destacar que os animais não são levados para os Cetas imediatamente após serem apreendidos. Esse recurso, na maioria dos casos, é o último que polícias e agentes do próprio Ibama recorrem, exatamente por saberem das precárias condições dos centros de triagem. Quando os espécimes não são devolvidos aos seus hábitats no momento da apreensão, há casos de animais que ficam com os próprios acusados, transformados em fiéis-depositários, ou ainda são encaminhados para criadouros credenciados pelo Ibama – instituições essas que também deveriam ser alvo de uma fiscalização mais rígida, já que não são poucas as envolvidas no comércio ilegal.
Só com ações repressivas, o problema do tráfico de animais silvestres não será resolvido. A etapa pós-apreensão carece de atenção urgente dos órgãos públicos, que também, com apoio de toda a sociedade, tem de investir e atuar em Educação Ambiental para reduzir o “consumo” de bichos. Lembro que o comércio ilegal de fauna selvagem no Brasil tem como característica atender a demanda interna do próprio país:
- Dependendo da fonte consultada, o número de animais silvestres retirados da natureza no Brasil, por ano, é 12 milhões ou 38 milhões;
- Entre 60% e 70% do comércio ilegal de animais silvestres no Brasil é voltado para abastecer o mercado interno: estima-se que de dois a quatro milhões de animais silvestres vivam em cativeiros particulares;
- Estima-se que 95% do comércio de animais silvestres no Brasil seja ilegal;
- Há pesquisas que apontam haver 60 milhões de brasileiros criando espécimes da fauna nativa em suas residências.
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