Durante minhas leituras de jornais e sites, sempre separo matérias que podem, em algum momento, subsidiar meus textos. Foi o caso de “Sem Petrobras, Baleia Jubarte suspende pesquisas”, publicada na página C15 (Ciência) da edição de 04 de fevereiro. Comecei a ler a reportagem de Claudio Angelo com certa preocupação e terminei, confesso, muito preocupado – essa matéria foi uma das poucas que encontrei ultimamente em que o título suaviza o conteúdo do texto.
O problema teria começado em setembro. A estatal alega estar analisando os resultados dos trabalhos desenvolvidos pelas ONGs entre 2007 e 2010 para decidir sobre a renovação dos convênios.
Deixando o noticiário de lado, surpreende o fato de a Petrobras fechar suas torneiras de patrocínios para projetos tão conhecidos pela população e que, por isso mesmo, têm de ter suas atividades preservadas. Por meio deles, muita gente teve seu primeiro contato com Educação Ambiental no Brasil e espécies de animais, como as tartarugas-marinhas, tiveram aumento de sua população.
A Petrobras deve analisar resultados, exigir o cumprimento de metas e evitar desvios de rota, como o que teria motivado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) a romper com a Fundação Mamíferos Aquáticos. Afinal, é com o dinheiro da estatal que a maior parte das atividades dessas instituições é mantida.
Leia a matéria da Folha de S. Paulo, na íntegra.
Enquanto as ONGs ficam sem dinheiro para desenvolverem suas atividades desde setembro, parece ironia ver a Petrobras receber, em novembro, o Prêmio von Martius de Sustentabilidade 2010 pela parceria com o Projeto Tamar.
Veja a matéria de divulgação que está no site do Tamar desde 03 de dezembro de 2010
Quando todo esse episódio for encerrado – creio que a Petrobras deve retomar em breve o repasse de verbas -, espera-se que as ONGs tenham aprendido a não depender tanto de patrocínios e passem a tentar implantar modelos de gestão que lhes proporcionem menos riscos de ficarem sem dinheiro. Dentre os trabalhos citados aqui, o Projeto Tamar – de acordo com a matéria da Folha – é o que possui maior independência financeira.
Deixar a conservação da biodiversidade por conta de verbas do governo ou de grandes patrocinadores causa uma inércia que beira um comodismo perigoso. Trabalhar pelo fim dessa dependência é um objetivo que deve ser valorizado pelas ONGs e que, com certeza, o será principalmente pelas espécies que precisam de proteção.
Baleia-jubarte no Arquipélago de Abrolhos (BA)
Foto: Wikipedia
Deixando a análise da composição jornalística de lado, a matéria não aborda uma questão pontual envolvendo o Instituto Baleia Jubarte, mas toda uma gama de instituições voltadas à conservação de animais silvestres bastante conhecidos pela população. Além do Baleia Jubarte, o Projeto Tamar, o Projeto Golfinho Rotador e a Fundação Mamíferos Aquáticos (responsável pelo Projeto Peixe-Boi Marinho) estão demitindo funcionários, reduzindo as atividades de pesquisa, paralisando o socorro à animais, fechando centro de visitantes e por aí vai, por causa da falta dos repasses de verbas da Petrobras.
Deixando a análise da composição jornalística de lado, a matéria não aborda uma questão pontual envolvendo o Instituto Baleia Jubarte, mas toda uma gama de instituições voltadas à conservação de animais silvestres bastante conhecidos pela população. Além do Baleia Jubarte, o Projeto Tamar, o Projeto Golfinho Rotador e a Fundação Mamíferos Aquáticos (responsável pelo Projeto Peixe-Boi Marinho) estão demitindo funcionários, reduzindo as atividades de pesquisa, paralisando o socorro à animais, fechando centro de visitantes e por aí vai, por causa da falta dos repasses de verbas da Petrobras.
O problema teria começado em setembro. A estatal alega estar analisando os resultados dos trabalhos desenvolvidos pelas ONGs entre 2007 e 2010 para decidir sobre a renovação dos convênios.
Deixando o noticiário de lado, surpreende o fato de a Petrobras fechar suas torneiras de patrocínios para projetos tão conhecidos pela população e que, por isso mesmo, têm de ter suas atividades preservadas. Por meio deles, muita gente teve seu primeiro contato com Educação Ambiental no Brasil e espécies de animais, como as tartarugas-marinhas, tiveram aumento de sua população.
A Petrobras deve analisar resultados, exigir o cumprimento de metas e evitar desvios de rota, como o que teria motivado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) a romper com a Fundação Mamíferos Aquáticos. Afinal, é com o dinheiro da estatal que a maior parte das atividades dessas instituições é mantida.
Leia a matéria da Folha de S. Paulo, na íntegra.
Enquanto as ONGs ficam sem dinheiro para desenvolverem suas atividades desde setembro, parece ironia ver a Petrobras receber, em novembro, o Prêmio von Martius de Sustentabilidade 2010 pela parceria com o Projeto Tamar.
Veja a matéria de divulgação que está no site do Tamar desde 03 de dezembro de 2010
Sede do Projeto Tamar na Praia do Forte (BA)
Foto: Divulgação Projeto TamarQuando todo esse episódio for encerrado – creio que a Petrobras deve retomar em breve o repasse de verbas -, espera-se que as ONGs tenham aprendido a não depender tanto de patrocínios e passem a tentar implantar modelos de gestão que lhes proporcionem menos riscos de ficarem sem dinheiro. Dentre os trabalhos citados aqui, o Projeto Tamar – de acordo com a matéria da Folha – é o que possui maior independência financeira.
Deixar a conservação da biodiversidade por conta de verbas do governo ou de grandes patrocinadores causa uma inércia que beira um comodismo perigoso. Trabalhar pelo fim dessa dependência é um objetivo que deve ser valorizado pelas ONGs e que, com certeza, o será principalmente pelas espécies que precisam de proteção.
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