terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Felinos são dizimados em Reserva Extrativista no Pará

É importante repercutir o que li no site O Eco, em matéria de Vandré Fonseca de 14 de fevereiro. A reportagem “Entre extrativista, predador vulnerável” denuncia, com base em pesquisa do biólogo Elido Carvalho Júnior, a matança de onças-pintadas e onças-pardas (suçuaranas) na Reserva Extrativista Federal (Resex) Tapajós-Arapuins – gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente.

As informações são, no mínimo, alarmantes: pelo menos sete onças-pardas e 12 pintadas são mortas anualmente na reserva. Em 115 entrevistas, em 45 comunidades da Resex, Carvalho Júnior ouviu relatos da morte de 54 onças, sendo 32 pintadas e 22 suçuaranas.


Morador da Resex segura crânio de onça.
Foto: Elido Carvalho Júnior

Tais fatos já seriam preocupantes e deveriam motivar órgãos públicos e ambientalistas a se mobilizarem na reversão desse quadro criminoso se acontecessem fora de unidades de conservação (UCs). A situação torna-se ainda mais grave por ocorrerem dentro de UCs.

Vou ser um pouco didático para esclarecer um pouco quem não está familiarizado com o universo de terminologias e funções das unidades de conservação brasileiras.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (conhecido como SNUC, instituído pela Lei Federal 9.985 de 18 de julho de 2000), há vários tipos de áreas especialmente protegidas no país. Essas áreas, denominadas “unidades de conservação”, estão divididas em dois grandes grupos: as de Proteção Integral (em que o objetivo básico é a preservação, sendo admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais – como nos Parques Nacionais ou Estaduais e Estações Ecológicas, por exemplo) e as de Uso Sustentável (em que o objetivo é compatibilizar a conservação com o uso sustentável de parte dos recursos naturais).

As Reservas Extrativistas (Resex) são unidades de conservação que estão no grande grupo das de Uso Sustentável. O SNUC define as Resex como “uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementariamente, e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.”

Nessas reservas a caça amadora ou profissional é proibida.

Fica claro, portanto, que o que ocorre na Resex Tapajós-Arapuins é resultado de problemas na gestão da unidade, seja na área de fiscalização e controle ou na área de Educação Ambiental junto às comunidades. O pior é ter a certeza de que a matança, de acordo com até com as expectativas do pesquisador Carvalho Júnior, aconteça também em outras reservas extrativistas.

- Leia a matéria de O Eco, em que é possível encontrar os links para a pesquisa de Carvalho Júnior e as fotos dos animais abatidos exibidas pela própria comunidade.
- Conheça o SNUC.
- Saiba mais sobre a onça-pintada.
- Saiba mais sobre a suçuarana.

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