terça-feira, 12 de julho de 2011

Está chovendo veneno na Amazônia

Há pouco tempo, li na edição do dia 28 de junho de 2011 da Folha de S. Paulo uma matéria sobre a apreensão, pelo Ibama, de 4 toneladas de herbicidas no Amazonas. O veneno seria utilizado para desmatar 3 mil hectares de floresta nativa da União no município Novo Aripuanã. Um fazendeiro, que já foi multado em outra ocasião também por desmatamento, está sendo investigado.

“Pulverizados sobre a floresta, os agrotóxicos têm o poder de desfolhar as árvores.

"A floresta vira um grande paliteiro, facilitando o desmatamento. É o mesmo processo usado pelo Exército norte-americano para encontrar os vietnamitas na Guerra do Vietnã", disse o superintendente do Ibama no Amazonas, Mário Lúcio Reis. (...)

Ainda de acordo com o superintendente, após a pulverização as árvores que têm valor comercial são derrubadas com motosserras. "Depois, eles fazem queimadas para limpar o terreno. No lugar da floresta, o fazendeiro iria criar um grande pasto."
– texto da Folha de S. Paulo


Fiscal do Ibama durante apreensão de agrotóxicos no Amazonas
Foto: Ibama/Divulgação

Na sequência dessa matéria, a própria Folha de S. Paulo publicou, em 1º de julho de 2011. “Ibama flagra desmate feito com aviões”.

“O Ibama identificou uma área de floresta amazônica, do tamanho de 180 campos de futebol, destruída pela ação de herbicidas.

A terra, que pertence à União, fica ao sul do município amazonense de Canutama, na divisa com Rondônia. O responsável pelo crime ambiental ainda não foi identificado pelo órgão.”
– texto da Folha de S. Paulo

Em ambas as matérias, feitas pela repórter Kátia Brasil, afirma-se que especialistas “dizem que os agrotóxicos, pulverizados de avião sobre as florestas nativas, matam as árvores de imediato, contaminam solo, lençóis freáticos, animais e pessoas.”

Quando essas matérias são lidas, baseadas em quantidade de área atingida, pouco se mensura o impacto na fauna. O estrago não fica restrito às arvores, mas todo o ecossistema. Os espécimes que não forem contaminados pelo contato direto com a chuva de veneno, ainda poderão ser ao beber água com herbicidas, alimentar-se de folhas, sementes e furtos de plantas com tais substâncias, além de comerem outros animais já contaminados. Enfim, um efeito dominó gigantesco.

Até agora, essa forma de desmatamento havia sido registrada no Amazonas em 1999 e em Rondônia há três anos. Tomara que a fiscalização do IBAMA e dos órgãos ambientais estaduais e municipais funcione, porque se virar moda...

- Leia a matéria "Ibama flagra desmatamento com agrotóxico no Amazonas", de 28 de junho.
- Leia a matéria “Ibama flagra desmate feito com aviões”, de 1º de julho.

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