sexta-feira, 30 de março de 2012

Reflexão para o fim de semana: a indústria do dendê exterminando orangotangos na Indonésia

“Os fogos florestais ateados por produtoras de óleo de palma para limpar a terra numa região da ilha de Samatra podem matar dentro de semanas cerca de 200 orangotangos, disse nesta quarta-feira um grupo de ambientalistas indonésio.

No lugar da floresta, monocultura da palmeira
Foto: Rante/Greenpeace

O grupo de orangotangos faz parte da espécie Pongo abelii, exclusivo daquela ilha indonésia. O orangotango-de-samatra tem uma população de cerca de 6600 indivíduos e está criticamente em perigo de extinção. Há apenas mais uma espécie de orangotanto, na ilha de Bornéu.”
– texto da matéria “População de 200 orangotangos ameaçada pelas chamas em Samatra”, publicada em 29 de março de 2012 pelo site português Ecosfera reproduzindo material da agência Reuters

Essa população de orangotangos vive em Rawa Tripa (província Aceh), região com floresta densa e turfeiras no norte da Ilha de Samatra. Mas mais de dois terços da área foi dividida para produtores que receberam concessões para plantarem as palmeiras que fornecem o fruto de onde se extrai o óleo. A indonésia é um dos maiores produtores mundiais desse óleo, bastante usado na culinária e na fabricação de biodiesel.

Foto: Staff Photographer - Reuters

Sobre o biodiesel a partir do óleo de dendê, o combustível deixa de ser uma alternativa mais sustentável ao petróleo a partir do momento em que as palmeiras são cultivadas com queimadas de florestas e a consequência emissão de gás carbônico (gás estufa), além da morte da fauna. A perda da biodiversidade local é imensa e, no caso dos orangotangos, a extinção é irreversível.

“No ano passado, a Indonésia iniciou uma moratória de dois anos que suspendeu todas as autorizações para limpar a floresta. A decisão fez parte de um contrato com a Noruega de mil milhões de dólares (752 milhões de euros) para cortar nas emissões de dióxido de carbono e desacelerar a expansão das plantações. Mas, segundo o grupo ambiental, logo nos primeiros dias a moratória foi violada em Aceh.” – texto do site Ecosfera

As novas concessões estão sendo questionadas judicialmente. Mas enquanto nenhuma decisão é decretada, as queimadas continuam.

A situação não é muito diferente na ilha de Bornéu, onde vive a outra espécie de orangotango.

“Um estudo recente indica que os habitantes da parte indonésia da ilha do Bornéu mataram pelo menos 750 orangotangos durante o período de um ano, para protegerem as suas culturas e obter a carne dos macacos.

Orangotangos-de-Bornéu
Foto: WWF-Canon/Rob Webster

Erik Meijaard, autor do relatório divulgado agora pelo jornal PLoSOne, disse que a matança coloca sérias ameaças à sobrevivência dos macacos, mais até do que o inicialmente suposto. “ – texto da matéria “750 orangotangos mortos no período de um ano”, publicada em 14 de novembro de 2011 pelo jornal português Diário de Notícias

Os orangotangos são divididos em duas espécies (informações sobre as espécias são da IUCN):

- orangotando-de-Bornéu (Pongo pygmaeus, com três subespécies) – classificação IUCN: em perigo

Com uma população estimada entre 45 mil e 69 mil animais, essa espécie de orangotango vive na ilha de Bornéu (nos estados Sabah e Sarawak, da Malásia, e em três das quatro províncias indonésias de Kalimantan). O número desses primatas tem caído drasticamente pela substituição das florestas nativas por plantações de palmeiras para produção de óleo (usado para cozinhar, cosméticos, mecânica, e mais recentemente como fonte de biodiesel), por incêndios nas matas, extração de madeira, caça e captura para o tráfico de fauna.

- orangotango-de-Sumatra (Pongo abelii) – classificação IUCN: em perigo crítico

Sua população, geralmente restrita ao norte da ilha de Sumatra, teve uma queda estimada de mais de 80% nos últimos 75 anos, chegando aos atuais 7.300 animais. Este declínio continua, principalmente pelo fato de as florestas onde vivem estarem sob grande ameaça. A maioria dos orangotangos está fora de reservas protegidas, inclusive dentro de áreas potenciais de exploração madeireira e de conversão da cobertura vegetal nativa por plantações de palmeiras para extração de óleo.

"A desflorestação nas várias ilhas do país tem ameaçado animais como o tigre-de-samatra e o rinocerante-de-java. O tigre-de-bali e o tigre-de-java já desapareceram nos últimos 70 anos." - texto do site Ecosfera

- Leia a matéria do site Ecosfera
- Leia a matéria do Diário de Notícias
- Releia o post do Fauna News “Orangotangos: sofrimento também quando são criados como pets”, publicado em 4 de janeiro de 2012

0 comentários: