“Todo mundo sabe, afinal o problema se repete há anos. Setembro chega e uma quantidade assustadora de papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) recém-nascidos é coletada por traficantes de animais no Cerrado do Mato Grosso do Sul. É questão de dias para as pequenas aves, muitas delas ainda sem penas e com os olhos fechados, chegarem amontoadas e encaixotadas em grandes centros urbanos do Sudeste, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo.
Dados das apreensões da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul indicam que o papagaio-verdadeiro é a espécie nativa do estado mais visada pelo mercado negro. Somente na temporada de apanha de 2011, 466 aves foram apreendidas com traficantes. O número não inclui apreensões feitas em cativeiro doméstico.” – texto da matéria “Aberta a temporada do tráfico”, publicada na edição 101, de setembro de 2012, da revista Terra da Gente
Por ser uma atividade ilegal, é impossível saber exatamente quantos papagaios-verdadeiros são coletados dos ninhos anualmente durante setembro e outubro. O que se sabe é que apenas uma pequena parte é apreendida nas operações de fiscalização.
‘“Esse número pode chegar facilmente aos milhares”, afirma o presidente da ONG paulista SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha, que combate o tráfico de fauna desde 1989. Ele relata que, durante uma conversa informal, homens da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul disseram acreditar que apenas cerca de 5% dos papagaios-verdadeiros retirados da natureza são apreendidos.’ – texto da Terra da Gente
Normalmente, a média por apreensão no Mato Grosso do Sul é de 100 papagaios. Em 2008, por exemplo, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) recebeu 788 animais, sendo que em um lote havia quase 300 filhotes.
E não é apenas no Cerrado do Mato Grosso do Sul que a espécie sofre com o tráfico. A retirada de filhotes também acontece em Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e oeste da Bahia. A preferência pelas aves recém-nascidas tem vários motivos: elas são dóceis, mais fáceis de serem apanhadas, menores para o transporte e, sobretudo, porque são os preferidos dos compradores finais - que gostam de as ensinarem a falar.
Para os traficantes, o lucro é certo. Eles pagam cerca de R$ 30 por papagaio aos sitiantes, assentados e moradores da região e comercializam cada um por valores que variam entre R$ 150 e R$ 250. Os animais legalizados custam entre R$ 1.800 e R$ 2.500.
“Apesar de a região de apanha das aves e as rotas do tráfico serem conhecidas há anos, a fiscalização é insuficiente. As áreas onde estão os papagaios são amplas, de baixa concentração populacional e, muitas vezes, de difícil acesso. “Dependendo das ordens do comando, priorizamos algumas ações de fiscalização. Tem época que damos ênfase à pesca, outra ao desmatamento e assim por diante”, afirma Queiroz sobre os trabalhos do 15º Batalhão, que possui 360 policiais.” – texto da Terra da Gente
Para tentar mudar esse quadro representantes dos Ministérios Públicos de São Paulo e Mato Grosso do Sul, do Ibama, da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul e do Imasul têm se reunido para montar estratégias de combate a esse crime na origem, isto é, nas áreas de coleta. Eles vão começar a se encontrar com entidades e ONGs que atuam na conservação da espécie para cruzarem informações e coordenarem os trabalhos de fiscalização de rotas e de áreas de apanha, além da identificação de traficantes já conhecidos e que estão soltos em virtude de a legislação considerar essa atividade como um crime de “menor potencial ofensivo”.
“O resultado dessa pressão sobre a população de papagaios-verdadeiros ainda é desconhecido. De acordo com Glaucia, do Projeto Papagaio-verdadeiro, que foi escolhido como representante do bioma Pantanal no Programa E-CONS - Empreendedores da Conservação - pela ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental(SPVS), o fato dessas aves terem uma vida longa, possivelmente os declínios na quantidade delas podem ser demorados a detectar, mas o tráfico da espécie, aliado à destruição dos ninhos no momento da apanha e à perda por desmatamento de ambientes naturais utilizados para alimentação e reprodução, pode levar à extinção.” – texto da Terra da Gente
- Leia a matéria completa da revista Terra da Gente
- Releia o post ’“De volta para casa”: seriedade de gente comprometida e 80 papagaios novamente livres’, publicado em 18 de setembro de 2012 pelo Fauna News
Apreensão de 306 filhotes no Mato Grosso do Sul em 2011
Foto: Divulgação Polícia Ambiental/MS
Dados das apreensões da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul indicam que o papagaio-verdadeiro é a espécie nativa do estado mais visada pelo mercado negro. Somente na temporada de apanha de 2011, 466 aves foram apreendidas com traficantes. O número não inclui apreensões feitas em cativeiro doméstico.” – texto da matéria “Aberta a temporada do tráfico”, publicada na edição 101, de setembro de 2012, da revista Terra da Gente
Por ser uma atividade ilegal, é impossível saber exatamente quantos papagaios-verdadeiros são coletados dos ninhos anualmente durante setembro e outubro. O que se sabe é que apenas uma pequena parte é apreendida nas operações de fiscalização.
‘“Esse número pode chegar facilmente aos milhares”, afirma o presidente da ONG paulista SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha, que combate o tráfico de fauna desde 1989. Ele relata que, durante uma conversa informal, homens da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul disseram acreditar que apenas cerca de 5% dos papagaios-verdadeiros retirados da natureza são apreendidos.’ – texto da Terra da Gente
Filhotes, ainda sem penas e sem enxergar, são coletados nos ninhos
Foto: Glaucia Seixas
Normalmente, a média por apreensão no Mato Grosso do Sul é de 100 papagaios. Em 2008, por exemplo, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) recebeu 788 animais, sendo que em um lote havia quase 300 filhotes.
E não é apenas no Cerrado do Mato Grosso do Sul que a espécie sofre com o tráfico. A retirada de filhotes também acontece em Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e oeste da Bahia. A preferência pelas aves recém-nascidas tem vários motivos: elas são dóceis, mais fáceis de serem apanhadas, menores para o transporte e, sobretudo, porque são os preferidos dos compradores finais - que gostam de as ensinarem a falar.
Para os traficantes, o lucro é certo. Eles pagam cerca de R$ 30 por papagaio aos sitiantes, assentados e moradores da região e comercializam cada um por valores que variam entre R$ 150 e R$ 250. Os animais legalizados custam entre R$ 1.800 e R$ 2.500.
“Apesar de a região de apanha das aves e as rotas do tráfico serem conhecidas há anos, a fiscalização é insuficiente. As áreas onde estão os papagaios são amplas, de baixa concentração populacional e, muitas vezes, de difícil acesso. “Dependendo das ordens do comando, priorizamos algumas ações de fiscalização. Tem época que damos ênfase à pesca, outra ao desmatamento e assim por diante”, afirma Queiroz sobre os trabalhos do 15º Batalhão, que possui 360 policiais.” – texto da Terra da Gente
Para tentar mudar esse quadro representantes dos Ministérios Públicos de São Paulo e Mato Grosso do Sul, do Ibama, da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul e do Imasul têm se reunido para montar estratégias de combate a esse crime na origem, isto é, nas áreas de coleta. Eles vão começar a se encontrar com entidades e ONGs que atuam na conservação da espécie para cruzarem informações e coordenarem os trabalhos de fiscalização de rotas e de áreas de apanha, além da identificação de traficantes já conhecidos e que estão soltos em virtude de a legislação considerar essa atividade como um crime de “menor potencial ofensivo”.
“O resultado dessa pressão sobre a população de papagaios-verdadeiros ainda é desconhecido. De acordo com Glaucia, do Projeto Papagaio-verdadeiro, que foi escolhido como representante do bioma Pantanal no Programa E-CONS - Empreendedores da Conservação - pela ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental(SPVS), o fato dessas aves terem uma vida longa, possivelmente os declínios na quantidade delas podem ser demorados a detectar, mas o tráfico da espécie, aliado à destruição dos ninhos no momento da apanha e à perda por desmatamento de ambientes naturais utilizados para alimentação e reprodução, pode levar à extinção.” – texto da Terra da Gente
É para isso que os papagaios são retirados da natureza
Foto: Gustavo Andrade
- Leia a matéria completa da revista Terra da Gente
- Releia o post ’“De volta para casa”: seriedade de gente comprometida e 80 papagaios novamente livres’, publicado em 18 de setembro de 2012 pelo Fauna News
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