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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Macaco Chico: dilema entre o bem estar animal e o combate ao tráfico de fauna

Dezesseis dias depois de ter sido apreendido pela Polícia Militar Ambiental, o macaco-prego fêmea Chico retornou para a família que o criou ilegalmente durante 37 anos em São Carlos (SP). Ela foi devolvida em cumprimento de uma decisão liminar da Justiça em favor do pedido de Elizete Farias Carmona, de 71 anos.

‘“Não tenho palavras, parece mentira. Eu sonhava com esse momento”. Foi assim que a aposentada Elizete Farias Carmona relatou na noite desta segunda-feira (19) a emoção que sentiu em São Carlos (SP) ao pegar no colo novamente a macaca-prego ‘Chico’, de quem ficou separada por 16 dias.

Chico no reencontro com dona Elizete
Foto: Fabio Rodrigues/G1

(...)“Foi uma judiação tirar o bicho daqui. Para mim, ele vai ser sempre o meu filho Chico. Estou muito feliz porque agora a família está completa”, declarou dona Elizete, que precisou tomar remédios e se acalmar devido à ansiedade de receber o animal na noite desta segunda-feira.’
– texto da matéria “Emoção marca reencontro da dona com a macaca 'Chico' em São Carlos”, publicada em 20 de agosto de 2013 pelo portal G1

Chico foi capturado na mata e provavelmente acabou traficado. Passou medo e sabe-se lá o que enfrentou até chegar à casa de dona Elizete. Ele perdeu a liberdade e a natureza perdeu com a sua ausência, já que o animal deixou de cumprir suas funções ecológicas no ecossistema onde nasceu.

O poder público, por meio da Polícia Militar Ambiental, foi condenado por muita gente pelo fato de ter apreendido a macaca. O ato foi considerado cruel, não levando em consideração o bem estar do animal. Afinal, disseram, seria melhor exigir de dona Elizete algumas melhorias para Chico e, assim, deixá-lo com a família humana. Evitar-se-ia estressar o primata e a senhora de 71 anos.

Mas a devolução de Chico é um péssimo exemplo para quem cria ou quer criar animais silvestres como bichos de estimação sem autorização do órgão ambiental.  Esses arriscarão comprando um bicho no mercado negro e, em caso de apreensão, ainda terão na Justiça a possibilidade da devolução do animal. E pior: terão a guarda com autorização!

O poder público é o grande vilão por esse tipo de situação.

Não fiscalizou direito e o macaco acabou traficado.

Não investiu em educação ambiental e pessoas o adquiriram e o criaram como Chico, o bichinho de estimação.

Não investe em Cetas bem estruturados, equipados e em quantidade suficiente para atender a demanda e assim evitar que animais apreendidos tenham de ficar com os infratores.

O combate ao tráfico de animais silvestres vive de ações e projetos isolados. Não tem norte, ou melhor, sequer existe como política pública.

- Leia a matéria completa do portal G1
Releia os posts do Fauna News sobre o macaco-prego de São Carlos:
- Macaco Chico: vítima do poder público ausente e do amor torto por animais, publicado em 5 de agosto de 2013
- Macaco Chico: na verdade uma fêmea criada no amor torto, publicado em 6 de agosto de 2013
- Macaco Chico: caso do animal mantido 37 anos em cativeiro pode parar na Justiça com argumentos afetivos, publicado em 7 de agosto de 2013
- Macaco Chico: animal virou iô-iô. Justiça determina retorno do primata à família, publicado em 15 de agosto de 2013

sábado, 17 de agosto de 2013

Resumo da semana

Saiba o que foi destaque esta semana no Fauna News...

Segunda-feira (12 de agosto)
- Começar a semana pensando...
A entrega voluntária do jabuti Tuta pelo comerciante Vander Espinoza Bravo, que o criou sem autorização por 23 anos, à Polícia Militar Ambiental. Alegre (ES).

Vander entregando Tuta
Foto: Divulgação P/5 Polícia Ambiental ES

- O lado sofisticado do tráfico de animais no Brasil
Operação da Polícia Federal contra o tráfico internacional de pássaros do Brasil para a Guiana Francesa. Amapá.

Terça-feira (13 de agosto)
- Ex-candidato a prefeito, médico e filiado ao Partido Verde. O que vai alegar por manter 43 animais silvestres em cativeiro?
Operação de vários órgãos de fiscalização encontra 43 animais silvestres em cativeiro na fazenda do nefrologista Ildefonso Rodrigues dos Santos. São Caitano (PE).

Tucano apreendido na fazenda do médico
Foto: Divulgação CPRH

- O pouco falado tráfico de peixes ornamentais
Cinco pessoas integrantes de uma quadrilha envolvida com o tráfico de peixes ornamentais da Amazônia foram presas pela Polícia Civil. São Paulo de Olivença (AM).

Quarta-feira (14 de agosto)

- Agonizando na pista. Uma sucuri de sete metros
Uma sucuri de aproximadamente sete metros foi encontrada agonizando na BR-364. O animal provavelmente foi atropelado. Cruzeiro do Sul e Tarauacá (AC).

Sucuri de sete metros atropelada
Foto: Luiz Calixto

- Não bastasse perder a liberdade, ainda sofreu maus tratos
25 aves silvestres foram apreendidas durante a Operação Resgate realizada pelo Batalhão de Policiamento Ambiental da Paraíba. Cinco delas apresentavam indícios de maus tratos. João Pessoa (PB).

Quinta-feira (15 de agosto)
- Macaco Chico: animal virou iô-iô. Justiça determina retorno do primata à família
Liminar da Justiça concedida determinou que a macaca-prego ‘Carla’ seja devolvida para a mulher que a criou no prazo de cinco dias.. Em 3 de agosto, o animal foi retirado da família que o batizou de Chico e o criou durante 37 anos para ser levado à Associação Protetora dos Animais Silvestres (APASS). São Carlos (SP).

- Marfim disfarçado de chocolate. A ousadia do tráfico
Apreensão de 583 presas de elefantes que estavam sendo traficadas disfarçadas de barras de chocolate. Macau (China).

Presas de elefantes apreendidas na China
Foto: Huang MJIB, TW

Sexta-feira (16 de agosto)
- Macaé (RJ) investe para reduzir atropelamentos de animais. Se mais prefeituras fizessem o mesmo...
Com o objetivo de ampliar a preservação dos animais silvestres, a secretaria de Ambiente de Macaé formalizou convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para a criação de banco de dados de atropelamentos da fauna da região. Macaé (RJ).

- Reflexão para o fim de semana: três labradores e o tráfico de animais
Três labradores foram treinados para farejar e identificar animais escondidos em bagagens. China.

Labrador procurando animais traficados
Imagem: Reprodução vídeo Traffic

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Macaco Chico: animal virou iô-iô. Justiça determina retorno do primata à família

A decisão é liminar, isto é, ainda não é definitiva.

“Uma liminar da Justiça concedida no fim da tarde terça-feira (13) determina que a macaca-prego ‘Carla’ seja devolvida para a dona em São Carlos (SP) no prazo de cinco dias. O valor da multa em caso de descumprimento é de R$ 1 mil por dia. No dia 3 de agosto, o animal foi retirado da família que o criou durante 37 anos e o chamava de 'Chico' e levado para a Associação Protetora dos Animais Silvestres (APASS) de Assis (SP), distante a 330 quilômetros. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente informou que ainda não foi notificada.

 Carla deverá deixar a APASS, em Assis (SP),...
Foto: Alan Schneider/G1

...para voltar a ser o Chico de dona Elizete, em São Carlos (SP).
Foto: Fabio Rodrigues/G1

Na decisão, divulgada nesta quarta-feira (14), a juíza Gabriela Muller Carioba Attanasio determina que, após a devolução da macaca, a dona terá um prazo de dez dias para realizar ajustes na estrutura e na alimentação do bicho, o que deverá ser comprovado por um laudo profissional.

A magistrada afirmou em sua decisão que documentos do processo evidenciam que há sinais de domesticação do animal durante os 37 anos que viveu em São Carlos, o que estabeleceu um vínculo familiar forte e uma interação entre o bicho e a dona. “Alguns estudos apontam que os animais mantidos em cativeiro por longos anos não conseguem se alimentar, nem se defender sozinhos”, diz um trecho do texto.”
– texto da matéria “Liminar da Justiça obriga retorno de macaca para dona em São Carlos, SP”, publicada em 14 de agosto de 2013 pelo portal G1

Chico, que foi rebatizado como Carla por ser uma fêmea, foi apreendido em 3 de agosto de 2013 após permanecer sem autorização do órgão ambiental por 37 anos com Elizete Farias Carmona, de 71 anos, em São Carlos (SP). O animal foi levado para a ONG Associação Protetora de Animais Silvestres (APASS), em Assis (SP). O caso causou grande polêmica com gente defendendo a ação do Estado e gente considerando uma crueldade a retirada do macaco do local onde, alegam, estaria ambientado.

Enquanto dona Elizete e o poder público disputam quem tem razão, a macaca novamente passará pelo estresse de uma viagem e de novas mudanças. Se a decisão definitiva da Justiça se alterar no futuro, mais uma troca. E assim vai...

E tudo isso por causa da falta de fiscalização na origem do problema, isto é, nas áreas de captura e apanha dos animais.

E tudo isso por causa da falta de investimento em educação ambiental, que faria com que as pessoas não optassem por manter animais silvestres em cativeiro como bichos de estimação.

E tudo isso por causa de uma legislação fraca, que não pune o traficante de animais como deveria.

Enfim, tudo isso está acontecendo porque o poder público não tem uma política definida para lidar com a fauna silvestre brasileira.

Estado omisso.

- Leia a matéria completa do portal G1
Releia os posts do Fauna News sobre o macaco-prego de São Carlos:
- Macaco Chico: vítima do poder público ausente e do amor torto por animais, publicado em 5 de agosto de 2013
- Macaco Chico: na verdade uma fêmea criada no amor torto, publicado em 6 de agosto de 2013
- Macaco Chico: caso do animal mantido 37 anos em cativeiro pode parar na Justiça com argumentos afetivos, publicado em 7 de agosto de 2013