quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Foi atropelamento? Então as chances de voltar à natureza são mínimas

Em 27 de novembro de 2011, uma onça-parda foi resgatada por bombeiro após ser atropelada em uma rodovia próxima a Rondonópolis, cidade a 218 km de Cuiabá (MT). O animal não se recuperou e foi eutanasiado pelos profissionais do Ibama, de acordo com a matéria “Onça-parda é sacrificada após ser atropelada em rodovia de MT”, publicada em 19 de dezembro de 2011 pelo portal G1.


Onça-parda que foi sacrificada
Foto: Divulgação Vigilância Ambiental

Apesar de lamentar a morte do animal, o que me motivou a escrever foi a declaração do coordenador do Departamento de Fauna do Ibama do Mato Grosso, César Soares:

“Segundo o representante do Ibama, apenas 3% dos animais silvestres resgatados após atropelamentos possuem chance de voltar a seu habitat, outros 15% sobrevivem, mas ficam mutilados e dependentes de cuidados humanos. O restante não resiste aos ferimentos e acaba morrendo.”

Tamanduá atropelado na região de Campo Grande (MS)
Foto: Alessandra de Souza

Vou recordar alguns trechos que publiquei em outros posts sobre o assunto:

“Quando uma rodovia corta uma área com vegetação e fauna nativas bem preservadas alguns problemas logo aparecem. A fragmentação do território, com a passagem de uma pista de asfalto, pode interromper fluxos migratórios e, consequentemente, a troca genética entre populações de mesma espécie. Também relacionado ao deslocamento da fauna, o tráfego de veículos em estradas é responsável pela morte por atropelamento de muitos animais. (...)

“O Zoológico de Piracicaba atendeu 106 animais selvagens vítimas de atropelamento em rodovias da região durante os cinco primeiros meses do ano. Só entre os mamíferos, houve um aumento de 1.150% na incidência desse tipo de acidente de 2005 até 2010. Boa parte desses animais está em risco de extinção.”
– texto do post “Animais silvestres também são vítimas da barbárie das estradas”, de 21 de junho de 2011

“É fato que as rodovias brasileiras, nos trechos que cortam regiões com fauna silvestre, não possuem infraestrutura para evitar acidentes envolvendo os animais. Além do risco aos ocupantes dos veículos, esse descaso do poder público causa a morte de inúmeros bichos. Já escrevi bastante sobre isso aqui no Fauna News. Finalmente, algo começa a ser feito...  ao menos no Mato Grosso do Sul.

(...) “Pensando na redução dos atropelamentos na BR-262, que fica no trecho dentro do Pantanal, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) estabeleceu programas ambientais que devem ser executados durante todo o período de recuperação da estrada, na restauração de pavimento e implantação de acostamentos, previsto até maio de 2012. (...)

No monitoramento inicial feito desde junho pela Universidade (Universidade Federal do Paraná), foi relacionado o atropelamento de 1400 animais de 88 espécies no período de um ano entre Campo Grande e Corumbá, num trecho de 410 km (estudos de Fischer em 97, 2003) e constatado o atropelamento de 57 espécies no trecho de 284,2 km entre Anastácio e Corumbá, em dois meses de monitoramento.” – texto da matéria “Programas devem reduzir estatísticas de atropelamento de animais silvestres”, publicada em 19 de outubro de 2011 pelo site Midiamax News do Mato Grosso do Sul”
– trecho do post “Rodovias: começaram a pensar nos animais”, de 20 de outubro de 2011

Apesar do projeto no Mato Grosso do Sul, a iniciativa ainda é um fato isolado. Enquanto isso, mortes e cativeiro...

- Leia a matéria completa do portal G1
Releia os posts do Fauna News:
- “Animais silvestres também são vítimas da barbárie das estradas”, de 21 de junho de 2011
- "Rodovias: começaram a pensar nos animais”, de 20 de outubro de 2011


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