quinta-feira, 26 de julho de 2012

Cidadãos fazem o que o poder público não faz

Que a gestão da fauna silvestre brasileira é extremamente falha, isso ninguém precisa falar. Um dos aspectos sem atenção do Estado que envolve o tráfico de animais é o atendimento pós-apreensão, nas primeiras 24 horas, quando os animais ainda estão com os agentes de fiscalização e não foram encaminhados para centros de tratamento e reabilitação (outro abandono dos governantes).

Mas, se a sociedade for esperar que os gestores públicos se mexam, nada vai acontecer. A máquina da administração pública funciona por demandas e pressões sociais, vindas das comunidades e de seus representantes. Enquanto a pressão não é feita ou não causa efeitos, é necessário também que os cidadãos assumam seu papel de protagonistas e ajam.

É o que estão fazendo a bióloga e professora Daniela Lima e o médico veterinário pós-graduado em atendimento clínico de animais silvestres Igor Magno.

“Ela e o médico veterinário pós-graduado em atendimento clínico de animais silvestres Igor Magno, 30 anos, pretendem buscar formas de viabilizar um projeto independente para a criação de um grupo de resgate para prestar atendimento emergencial a essas espécies. “Hoje não tem quem faça isso em Joinville, o Zoobotânico está em reforma e não tem condições de receber os animais, tanto que a Polícia Ambiental leva eles para a clínica. Não é uma critica ao poder público. Só decidimos fazer algo”, explica Daniela.

Igor Magno: com a bióloga Daniela, ele quer criar grupo de resgate
Foto: ND Joinville

Enquanto a proposta de tratar todos os animais silvestres debilitados que aparecerem na região e depois reencaminhá-los para os Cras (Centros de Reabilitação de Animais Silvestres) não sai do papel, o hospital veterinário (Cia. Bichos Hospital Veterinário) atende e trata casos graves descobertos pela polícia e pela comunidade.”
– texto da matéria “Veterinário e bióloga se unem à comunidade para tratar animais silvestres, em Joinville”, publicada em 24 de julho de 2012 pelo site catarinense ND Joinville

Outra ONG faz esse trabalho de atendimento imediatamente após a apreensão. É a SOS Fauna, de Juquitiba (SP). Segundo seu presidente, Marcelo Pavlenco Rocha, o número de óbitos pode ser muito grande quando os animais não recebem a atenção necessária nesse momento.

Marcelo Pavlenco Rocha, presidente da SOS Fauna
Foto: Arquivo pessoal

“O transporte deve ser feito de maneira a diminuir ao máximo o nível de estresse dos animais, e os tratamentos e cuidados especiais, como alimentação, medicação e melhoria das condições de higiene devem ser adequadas para cada espécie e também a cada situação; (...)

O manejo sem preparo técnico, sem conhecimento e a falta de urgência no atendimento podem ocasionar óbitos em massa, motivo pelo qual muitas vezes a SOS FAUNA é chamada pelas autoridades policiais para prestar os primeiros socorros e providenciar o encaminhamento da fauna resgatada em apreensões nas quais não teve participação direta. Uma das principais causas de óbitos no pós-apreensão se deve ao fato da ausência de primeiros socorros nestas situações, face à falta de conhecimento em relação ao problema.”
– texto do site da SOS Fauna

Cidadania não é só exigir seus direitos e cumprir seus deveres, é também fazer para mudar. É atuar de forma positiva para a construção de uma sociedade realmente justa e sustentável.

- Leia a matéria completa do ND Joinville
- Conheça a SOS Fauna

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