quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Orangotangos: sofrimento também quando são criados como pets

Não bastassem a perda de hábitat pelas derrubadas das florestas e a caça por serem considerados “pragas” por grandes e pequenos agricultores, os maus tratos também marcam o cotidiano dos orangotangos da Indonesia.

“Um orangotango de 4 anos de idade batizado de Marvel teve a perna esquerda amputada após permanecer anos preso por uma corrente sendo criado como animal de estimação na Indonésia.” – texto da matéria “Ferido por corrente que o prendia, orangotango tem perna amputada”, publicada em 2 de janeiro de 2012 pelo portal G1


Orangotango que teve a perna amputada
Foto: Binsar Bakkara/AP

Não bastasse tirar o animal de seu hábitat e confiná-lo, o responsável pelo orangotango reforçou seu papel egoísta e cruel pela forma como o criou. A conseqüência não está somente no fato de o primata ter perdido uma das pernas, mas também dele nunca mais poder desfrutar da vida livre e com isso cumprir seu papel no ecossistema a que pertence. Ele está “morto” para a natureza...

Os orangotangos são divididos em duas espécies (informações sobre as espécias são da IUCN):

- orangotando-de Bornéu (Pongo pygmaeus, com três subespécies) – classificação IUCN: em perigo

Com uma população estimada entre 45 mil e 69 mil animais, essa espécie de orangotango vive na ilha de Bornéu (nos estados Sabah e Sarawak, da Malásia, e em três das quatro províncias indonésias de Kalimantan). O número desses primatas tem caído drasticamente pela substituição das florestas nativas por plantações de palmeiras para produção de óleo (usado para cozinhar, cosméticos, mecânica, e mais recentemente como fonte de biodiesel), por incêndios nas matas, extração de madeira, caça e captura para o tráfico de fauna.

- orangotango-de-Sumatra (Pongo abelii) – classificação IUCN: em perigo crítico

Sua população, geralmente restrita ao norte da ilha de Sumatra, teve uma queda estimada de mais de 80% nos últimos 75 anos, chegando aos atuais 7.300 animais. Este declínio continua, principalmente pelo fato de as florestas onde vivem estarem sob grande ameaça. A maioria dos orangotangos está fora de reservas protegidas, inclusive dentro de áreas potenciais de exploração madeireira e de conversão da cobertura vegetal nativa por plantações de palmeiras para extração de óleo.

Depois de um período de relativa estabilidade, a pressão sobre as florestas aumentou por causa da estabilidade política e sofreu um aumento dramático com a grande demanda por madeira e outros recursos naturais após o tsunami de dezembro de 2004.

Para as duas espécies, a substituição das florestas nativas por plantações de palmeiras está entre as causas da diminuição populacional. E não é simplesmente pela alteração do hábitat.

“Muitos dos orangotangos continuam vivendo em regiões em que há um grande número de plantações de palmeiras, usadas para extração de óleo de dendê, mas estão sujeitos a diversos atos de violência.


Filhote de orangotango: a mãe morta em plantação de palmeiras
Foto: BBC Brasil

Ambientalistas contam que muitos animais sofrem espancamentos e são mortos por funcionários de empresas locais de plantações de palmeiras.

Um trabalhador rural disse à BBC que colegas seus são pagos para afugentar os animais da região em que o cultivo se dá, já que as companhias consideram os orangotangos uma ameaça às suas plantações.”
– texto da matéria “Plantações de palmeiras na Indonésia ameaçam orangotangos”, publicada em 27 de dezembro de 2011 pelo site da BBC Brasil

A BBC também fez uma matéria em vídeo.


Nessa matéria, outras duas informações chamam a atenção: estima-se que, em cinco anos, orangotangos podem estar extintos (creio que deva ser a população específica de alguma localidade) e que os animais em cativeiro do santuário esperam para voltar a desfrutar da vida livre quando as florestas estiverem seguras... Isso quer dizer nunca.

- Leia a matéria do orangutango amputado do G1
- Conheça a Orangutan Foudation International (em inglês)

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