“A Polícia Militar prendeu uma mulher, na manhã deste sábado (19), que mantinha pássaros silvestres dentro de casa, na quadra 803 do Recanto das Emas, no Distrito Federal. Segundo a polícia, foram apreendidos dois pássaros pretos, um sabiá laranjeira, um papa-capim e um colerinha baiana.” – texto da matéria “Mulher é presa por manter pássaros silvestres em residência, no DF”, publicada em 19 de maio de 2012 pelo portal G1
Não vou criticar a ação da Polícia Militar do DF. Muito pelo contrário. A corporação está fazendo seu trabalho; cumprindo sua obrigação. O que pretendo, ao destacar essa notícia, é propor uma reflexão.
Não há quem não conheça, no Brasil, pessoas que mantêm pássaros em gaiolas. Seja na cidade grande ou nos vilarejos, em zona urbana ou nas propriedades rurais, o hábito de criar aves em cativeiro está disseminado pelo país. É cultural.
Agora, imagine se as polícias e o Ibama realmente começarem a apreender todas as aves que vivem ilegalmente nas gaiolas e puleiros espalhados pelas casas. Não ia ter lugar para abrigar todos os animais – os centros de triagem e recebimento de animais silvestres já estão precários e superlotados...
A fiscalização e a repressão ao tráfico de animais passam pelas mãos da polícia, mas o problema não será resolvido por essa via. A imprensa noticia tais ações e não cobra do poder público trabalhos efetivos para resolver o problema.
E sabe o porquê não cobra? Por que é ignorante e conhece o tráfico de animais superficialmente.
Ninguém fala ou escreve pela mudança das leis fracas para esse crime ou toca na educação ambiental. Pela necessidade de conscientizar as pessoas de que lugar de bicho é no mato, cumprindo suas funções ecológicas.
O poder público e a imprensa não mostram para a população que a retirada de 38 milhões de animais silvestres da natureza por ano, no Brasil, pelo tráfico reflete na vida de outros milhões de animais e plantas por causa da importância de cada um na cadeia alimentar, na teia alimentar a que pertence.
O hábito de manter aves em cativeiro é cultural. Mas a cultura não é estática e se modifica de acordo com as mudanças do pensamento humano. E chegou a hora desse traço cultural brasileiro (e mundial) mudar na direção da valorização da vida silvestre livre.
- Leia a matéria completa do portal G1
Encarcerar a liberdade: hábito cruel
Foto: Renata Diem
Não vou criticar a ação da Polícia Militar do DF. Muito pelo contrário. A corporação está fazendo seu trabalho; cumprindo sua obrigação. O que pretendo, ao destacar essa notícia, é propor uma reflexão.
Não há quem não conheça, no Brasil, pessoas que mantêm pássaros em gaiolas. Seja na cidade grande ou nos vilarejos, em zona urbana ou nas propriedades rurais, o hábito de criar aves em cativeiro está disseminado pelo país. É cultural.
Agora, imagine se as polícias e o Ibama realmente começarem a apreender todas as aves que vivem ilegalmente nas gaiolas e puleiros espalhados pelas casas. Não ia ter lugar para abrigar todos os animais – os centros de triagem e recebimento de animais silvestres já estão precários e superlotados...
A fiscalização e a repressão ao tráfico de animais passam pelas mãos da polícia, mas o problema não será resolvido por essa via. A imprensa noticia tais ações e não cobra do poder público trabalhos efetivos para resolver o problema.
E sabe o porquê não cobra? Por que é ignorante e conhece o tráfico de animais superficialmente.
Ninguém fala ou escreve pela mudança das leis fracas para esse crime ou toca na educação ambiental. Pela necessidade de conscientizar as pessoas de que lugar de bicho é no mato, cumprindo suas funções ecológicas.
O hábito de manter aves em cativeiro é cultural. Mas a cultura não é estática e se modifica de acordo com as mudanças do pensamento humano. E chegou a hora desse traço cultural brasileiro (e mundial) mudar na direção da valorização da vida silvestre livre.
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