Leio muitas matérias em que os animais silvestres são soltos logo após a apreensão. E, muitas vezes, isso é feito por policiais ou pessoas que não tem preparo para tomar tal decisão.
As consequências de uma soltura sem critérios podem ser desastrosas, gerando desde a morte do animal até um desequilíbrio em algum ecossistema. Bicho apreendido tem de ser avaliado por especialistas (biólogos e veterinários). Esses profissionais podem identificar se o animal tem condição de voltar a se alimentar sozinho ou se ele está doente e corre o risco de levar agentes causadores de moléstias para um ambiente saudável.
Além dos fatores técnicos, é preciso levar em conta a ação humana na região da soltura. O nível de devastação dos hábitats e o grau de proteção da região têm de ser avaliados. Afinal, não se deve soltar o bicho em uma área com a presença constante de caçadores ou traficantes de fauna.
Se isso é feito com competência? Muitas vezes não.
O trabalho de devolução à natureza de um animal pode levar meses e até anos. É caro e difícil. Além disso, as regiões onde são feitas as solturas devem ser monitoradas para que seja feita uma avaliação do sucesso (ou não) do que foi feito.
Apesar de tudo isso que relatei (e olhe que simplifiquei muito o processo de soltura), leio regularmente notícias informando que animais apreendidos são soltos imediatamente após a ação de fiscalização. Se isso é possível? Sim, é. Mas, apenas em poucos casos.
Resolvi escrever após ler a seguinte notícias:
“Uma operação policial apreendeu neste sábado (9) 199 pássaros silvestres que eram mantidos irregularmente em cativeiro nas cidades de Cabaceiras do Paraguaçu e São José de Itaporã.
As aves eram comercializadas em feiras livres e vendidas também para os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Mato Grosso. Em uma operação de 5 horas, os pássaros foram apreendidos em roças onde eram mantidos em viveiros e até em caixotes, sem comida. Todos os animais foram devolvidos à natureza.” – texto da matéria “Operação liberta 199 pássaros silvestres que viviam em cativeiro no interior da Bahia”, publicada em 9 de junho de 2012 pelo jornal Correio (BA)
Agora respondam: será que todas as 199 aves tinham condições de voltar à natureza? Nenhuma estava doente, desidratada, subnutrida e com musculatura suficientemente forte (após, quem sabe, muito tempo confinada em uma pequena gaiola) para voar?
Na ansiedade de fazer o certo, pode-se acabar errando. E a imprensa, na sua superficialidade ignorante, endossa.
- Leia a matéria completa do Correio
As consequências de uma soltura sem critérios podem ser desastrosas, gerando desde a morte do animal até um desequilíbrio em algum ecossistema. Bicho apreendido tem de ser avaliado por especialistas (biólogos e veterinários). Esses profissionais podem identificar se o animal tem condição de voltar a se alimentar sozinho ou se ele está doente e corre o risco de levar agentes causadores de moléstias para um ambiente saudável.
Soltura realizada pelo Ibama
Foto: Divulgação Ibama
A área de soltura também é avaliada, afinal o animal tem de viver em seu bioma de origem; em uma área com alimentação suficiente e uma população de sua espécie em um número que possa recebê-lo sem gerar uma superexploração de suas fontes de alimentos. Esses são apenas alguns pontos que são levados em consideração.
Além dos fatores técnicos, é preciso levar em conta a ação humana na região da soltura. O nível de devastação dos hábitats e o grau de proteção da região têm de ser avaliados. Afinal, não se deve soltar o bicho em uma área com a presença constante de caçadores ou traficantes de fauna.
Se isso é feito com competência? Muitas vezes não.
O trabalho de devolução à natureza de um animal pode levar meses e até anos. É caro e difícil. Além disso, as regiões onde são feitas as solturas devem ser monitoradas para que seja feita uma avaliação do sucesso (ou não) do que foi feito.
Apesar de tudo isso que relatei (e olhe que simplifiquei muito o processo de soltura), leio regularmente notícias informando que animais apreendidos são soltos imediatamente após a ação de fiscalização. Se isso é possível? Sim, é. Mas, apenas em poucos casos.
Resolvi escrever após ler a seguinte notícias:
“Uma operação policial apreendeu neste sábado (9) 199 pássaros silvestres que eram mantidos irregularmente em cativeiro nas cidades de Cabaceiras do Paraguaçu e São José de Itaporã.
Viatura da PM baiana durante apreensões
Foto: Divulgação
As aves eram comercializadas em feiras livres e vendidas também para os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Mato Grosso. Em uma operação de 5 horas, os pássaros foram apreendidos em roças onde eram mantidos em viveiros e até em caixotes, sem comida. Todos os animais foram devolvidos à natureza.” – texto da matéria “Operação liberta 199 pássaros silvestres que viviam em cativeiro no interior da Bahia”, publicada em 9 de junho de 2012 pelo jornal Correio (BA)
Agora respondam: será que todas as 199 aves tinham condições de voltar à natureza? Nenhuma estava doente, desidratada, subnutrida e com musculatura suficientemente forte (após, quem sabe, muito tempo confinada em uma pequena gaiola) para voar?
Na ansiedade de fazer o certo, pode-se acabar errando. E a imprensa, na sua superficialidade ignorante, endossa.
- Leia a matéria completa do Correio
1 comentários:
Excelente! mandou bem!
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