terça-feira, 3 de junho de 2014

Raiva em macaco-prego: o perigo das zoonoses nos silvestres

Um dos maiores perigos para quem se envolve com o mercado negro de fauna, seja traficando, comprando ou capturando para criar como bicho de estimação, são as zoonoses – doenças transmitidas para os humanos. Mais de 180 delas já foram identificadas.

Primatas são algumas das vítimas desse comércio e desse hábito dos humanos e os casos de contaminação com raiva são bastante conhecidos quando o animal envolvido é o sagui. Mas uma novidade deve servir como alerta:

“Um primata bem conhecido, adotado inclusive como animal de estimação em muitas regiões do Brasil, o macaco-prego pode estar entre os responsáveis pela transmissão do vírus da raiva. É o que sugere um estudo publicado na revista Virus Research. Nele, um grupo de pesquisadores brasileiros e japoneses relata ter identificado uma possível nova variante do vírus em um macaco-prego no município de Marcelândia, no estado de Mato Grosso. Esta é a primeira vez que o vírus da raiva é detectado nesse primata. Até então, os pesquisadores haviam identificado uma variante do vírus circulando em saguis (Callitrix jacchus), que passaram, a partir daí, a ser considerados um reservatório natural da doença. Entre os anos de 1991 e 1998, os saguis-de-tufo-branco (Callitrix jacchus jacchus) causaram oito mortes de seres humanos no Ceará.

Macaco-prego sendo traficado no Pará
Foto: SOS Fauna

(...) Apesar de até hoje não haver registros de transmissão de raiva para humanos por macacos-prego, a médica veterinária (Adolorata Aparecida Bianco Carvalho, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Jaboticabal, e uma das autoras do artigo – observação do Fauna News) alerta para os riscos do contato com esse animal e destaca a importância da vacinação em caso de mordidas de macacos e outros animais silvestres. “Nosso estudo mostrou que o macaco-prego pode ser um potencial transmissor de raiva para o ser humano”, diz. “Existem casos de contato acidental entre as duas espécies, sem registros de transmissão do vírus. De qualquer forma, é importante identificar o ciclo infecioso da raiva em macacos para o controle da doença.” Como apenas uma amostra foi analisada no estudo, ainda não é possível saber se a descoberta se aplica a todos os macacos-prego. Pela localização geográfica, o animal encontrado em Marcelândia provavelmente era da espécie Sapajus libidinosus, conforme alterações recentes na classificação.” – texto da matéria “Vírus da raiva é encontrado em macaco-prego”, publicada em 21 de fevereiro de 2014 pelo site da revista Pesquisa Fapesp

Tráfico de animais e criação de silvestres retirados da natureza como bichos de estimação são um risco para a saúde pública. O poder público ainda não se mobilizou para atacar o problema de forma eficiente, gastando seus recursos com o sistema de saúde em vez de investir em educação ambiental para a mudança de hábito dos cidadãos.

- Leia a matéria completa da Pesquisa Fapesp

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