O Fauna News abre uma exceção e hoje presta homenagem a Luiz Claudio Marigo, que morreu em 2 de junho (segunda-feira) no Rio de Janeiro (RJ). Há quem não conheça seu nome, mas é possível já ter visto suas fotos em publicações (livros e revistas) que tratam de natureza. Seu trabalho mais popular foi, sem dúvida, as imagens de animais que acompanhavam do famoso chocolate Surpresa, uma febre na década de 1980.
Marigo no Fauna News tem um lugar especial. Muitos textos sobre o tráfico de animais e a luta pela sobrevivência das poucas dezenas de ararinhas-azuis, hoje extintas na natureza, foram ilustrados com a foto da então considerada última ararinha viva em vida livre. Um registro de 1990, na Bahia. Era um macho que estava vivendo com um bando de maracanãs.
1990: Marigo fotografa a última ararinha-azul em vida livre
Assim ele contou um pouco de si:
“Nasci no Rio de Janeiro, em 1950, e me criei entre o mar e a floresta atlântica. Minhas primeiras descobertas da natureza- as incursões que fazia pelas encostas dos morros próximos à minha casa e brincadeiras no mar e nas areias da praia de Copacabana - exerceram uma profunda influência na minha vida e no meu trabalho. Como as tartarugas marinhas, guardamos as experiências da infância no recôndito mais profundo da mente e desejamos voltar a elas na idade adulta. A fotografia de natureza me dá a oportunidade de recapturar as imagens da infância e, quando me perguntam por que escolhi este trabalho, a resposta vem com muita clareza: caminhar nas florestas e nos campos é, para mim, uma necessidade vital- eu preciso fazer isso.
Quando, sorrateiramente, sigo quase sem poder respirar, os macacos, os tucanos ou as pequenas aves nas matas, naquele momento entro em contato com o essencial significado da vida. Isso realimenta o meu espírito e dá sentido à minha existência. É natural que, já adulto, direcionei esta necessidade para o trabalho, visando a própria sobrevivência. Tenho, também, plena consciência de que o meu amor à natureza transparece em cada uma de minhas fotos, tornando o meu trabalho missionário na luta pela conservação da natureza e sobrevivência dos seres que tanto amo e respeito.” – texto da página “A natureza e eu” do site pessoal de Marigo
Não bastasse a morte de Marigo ser uma perda irreparável, a forma como ocorreu é revoltante – não por envolver o grande fotógrafo, mas pelo descaso com a vida.
“Foi identificado como Luiz Cláudio Marigo, de 63 anos, o homem que morreu na tarde desta segunda-feira, provavelmente vítima de infarto dentro de um ônibus em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC), na Rua das Laranjeiras, na Zona Sul. Marigo agonizou por cerca de uma hora diante da unidade de saúde — que está em greve e não tem atendimento de emergência. Nesse tempo, contaram testemunhas, passageiros buscaram socorro no hospital, mas nenhum médico do instituto o atendeu. O fotógrafo se notabilizou por trabalhos para a Revista Geográfica Universal, e para os álbuns do Chocolate Surpresa.” – texto da matéria “Homem que morreu após sentir dores no peito era fotógrafo especialista em natureza”, publicada em 3 de junho de 2014 pelo site do jornal O Globo
Assista ao relato de Marigo sobre como fotografou, em 1990, a última ararinha-azul avistada livre:
- Conheça o site de Marigo e conheça seu trabalho
- Leia a matéria completa de O Globo
Marigo era um especialista em fotografar animais silvestres
Foto: Cecília Marigo
Marigo no Fauna News tem um lugar especial. Muitos textos sobre o tráfico de animais e a luta pela sobrevivência das poucas dezenas de ararinhas-azuis, hoje extintas na natureza, foram ilustrados com a foto da então considerada última ararinha viva em vida livre. Um registro de 1990, na Bahia. Era um macho que estava vivendo com um bando de maracanãs.
1990: Marigo fotografa a última ararinha-azul em vida livre
Assim ele contou um pouco de si:
“Nasci no Rio de Janeiro, em 1950, e me criei entre o mar e a floresta atlântica. Minhas primeiras descobertas da natureza- as incursões que fazia pelas encostas dos morros próximos à minha casa e brincadeiras no mar e nas areias da praia de Copacabana - exerceram uma profunda influência na minha vida e no meu trabalho. Como as tartarugas marinhas, guardamos as experiências da infância no recôndito mais profundo da mente e desejamos voltar a elas na idade adulta. A fotografia de natureza me dá a oportunidade de recapturar as imagens da infância e, quando me perguntam por que escolhi este trabalho, a resposta vem com muita clareza: caminhar nas florestas e nos campos é, para mim, uma necessidade vital- eu preciso fazer isso.
Quando, sorrateiramente, sigo quase sem poder respirar, os macacos, os tucanos ou as pequenas aves nas matas, naquele momento entro em contato com o essencial significado da vida. Isso realimenta o meu espírito e dá sentido à minha existência. É natural que, já adulto, direcionei esta necessidade para o trabalho, visando a própria sobrevivência. Tenho, também, plena consciência de que o meu amor à natureza transparece em cada uma de minhas fotos, tornando o meu trabalho missionário na luta pela conservação da natureza e sobrevivência dos seres que tanto amo e respeito.” – texto da página “A natureza e eu” do site pessoal de Marigo
Não bastasse a morte de Marigo ser uma perda irreparável, a forma como ocorreu é revoltante – não por envolver o grande fotógrafo, mas pelo descaso com a vida.
“Foi identificado como Luiz Cláudio Marigo, de 63 anos, o homem que morreu na tarde desta segunda-feira, provavelmente vítima de infarto dentro de um ônibus em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC), na Rua das Laranjeiras, na Zona Sul. Marigo agonizou por cerca de uma hora diante da unidade de saúde — que está em greve e não tem atendimento de emergência. Nesse tempo, contaram testemunhas, passageiros buscaram socorro no hospital, mas nenhum médico do instituto o atendeu. O fotógrafo se notabilizou por trabalhos para a Revista Geográfica Universal, e para os álbuns do Chocolate Surpresa.” – texto da matéria “Homem que morreu após sentir dores no peito era fotógrafo especialista em natureza”, publicada em 3 de junho de 2014 pelo site do jornal O Globo
Assista ao relato de Marigo sobre como fotografou, em 1990, a última ararinha-azul avistada livre:
- Conheça o site de Marigo e conheça seu trabalho
- Leia a matéria completa de O Globo
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