terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Educação pelo fim da exploração animal para turismo no Rio Grande do Norte

Há anos, em Genipabu, no Rio Grande do Norte, turistas são levados pelos bugueiros  para conhecer as belas paisagens do local e se divertirem com o veloz sobe e desce dos veículos nas dunas. Dentre as atrações, sempre há uma paradinha para o encontro com garotos e rapazes que oferecem iguanas e micos para serem fotografados (ou até comprados) pelos entusiasmados visitantes.

O que os deslumbrados não sabem é que esses animais foram capturados ilegalmente na natureza. Em muitos casos, estão ali dopados e machucados para parecerem mansos e assim não atacarem enquanto ficam nos braços e até na cabeça dos turistas, que fazem poses para as fotos.

Prática pode parecer inofensiva, mas é criminosa
Foto: Betho Feliciano

“Quando o buggy para nas dunas, e os visitantes miram Genipabu, antes de atravessar de balsa o rio Potengi, garotos saem da mata e exibem iguanas. Eles colocam os répteis no capô e estimulam o turista a acariciá-los. Depois pedem um troco para "comprar a comida deles".

Em seu habitat natural, os iguanas não precisam de ração, mas é assim que esses garotos ganham a vida.

Rodolfo Araújo da Silva, 20, tira de R$ 10 a R$ 15 por dia. Em dias bons, chega a R$ 25. Numa conversa reservada, outro rapaz oferece o animal por R$ 50.

Segundo Jean dos Anjos, 42, chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama no Rio Grande do Norte, evitar a captura desses animais é uma luta inglória. Muitos iguanas, quando recuperados, estão feridos ou, quando a fiscalização chega, são largados no sol. O melhor é que o turista colabore não estimulando essa prática.”
– texto da matéria “Iguanas e piadas surgem em travessia”, publicada em 5 de maio de 2003 pela Folha de S. Paulo

Vale destacar que a publicação tem quase 10 anos. Também vale ressaltar que o Ibama sempre conheceu o problema. Agora, o órgão ambiental tenta, mais uma vez, atacar o problema:

“O Ibama realiza na quinta-feira (17) um treinamento voltado para trabalhadores do setor turístico, como bugueiros e guias de agências de turismo, de hotéis, restaurantes, bares e similares. O objetivo é capacitá-los para orientar corretamente os milhares de turistas que chegam ao estado nesta temporada e evitar que cometam infrações ambientais e acabem sendo punidos com multas e processos criminais. De acordo com nota emitida pelo Ibama, os erros mais comuns cometidos pelos turistas ainda são a compra de lagosta irregular e a colaboração com o tráfico de animais silvestres.

(...) O outro erro comum cometido pelos turistas é a compra de animais silvestres ou o pagamento para tirar fotografias junto de crianças ou adolescentes que portam esses animais. “Sabemos que os traficantes aliciam esses jovens e os instruem a capturar animais. Depois, lesionando a coluna ou dando álcool, fazem os bichos parecerem mansos e iludem os turistas”, diz o agente ambiental federal. A multa mínima para quem adquire esses animais é de R$ 500.

O treinamento é gratuito e dura cerca de duas horas. Para participar é preciso enviar um e-mail para ascom.rn@ibama.gov.br citando o nome completo, número de um documento do interessado (RG ou CPF), área de atuação e um telefone para contato. Como haverá duas sessões – de manhã, das 10h às 12h, e à tarde, das 15h às 17h - o interessado deve especificar em que horário prefere participar.”
– texto da matéria “Ibama vai capacitar guias para correta orientação de turistas em Natal”, publicada em 10 de janeiro de 2013 pelo portal G1

Muitas vezes os animais são machucados paa parecerem mansos
Foto: J. Cassiano

A ideia é boa. Afinal, o guia pode orientar o turista e, acima de tudo, eliminar de seu roteiro os locais com a exploração de animais silvestres. Mas, Ibama, por favor, não esqueça de fiscalizar...

- Leia a matéria completa do G1
- Leia o texto de divulgação do Ibama
- Leia a matéria completa da Folha de S. Paulo de 2003

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