Silvio Marchini / Foto: Arquivo pessoal |
“Os problemas que a conservação e manejo da fauna silvestre se propõem a resolver não são, em última análise, problemas com a fauna e sim, problemas com as pessoas.” – texto de Marchini
Esse era o espírito do texto. Afinal, a solução de muitos conflitos entre animais e seres humanos passa, necessariamente, por atuações com educação e conscientização das pessoas.
Marchini, em artigo de 28 de janeiro de 2013 publicado por O Eco, volta ao tema, mas com um enfoque um pouco diferente, voltado para o manejo lidar de populações grandes de demais de animais silvestres (principalmente em ambientes urbanos):
“Os desafios à frente dos gestores de fauna abundante incluem, portanto, a crescente necessidade de investigar, entender, envolver e influenciar pessoas também, além de animais silvestres e seus habitats. Se para a conservação de populações pequenas e ameaçadas as ciências biológicas nem sempre são suficientes, para o manejo de populações grandes demais a contribuição das ciências sociais – economia, psicologia, ciência política, direito, educação e comunicação – pode ser vital. Teorias e métodos das ciências sociais devem cumprir um papel cada vez mais central no diagnóstico do problema, na elaboração de soluções de manejo, e na avaliação e monitoramento dos resultados das intervenções.” – texto do artigo “Fauna abundante, conservação às avessas”
Quatis na Ilha do Campeche (SC): em abril de 2012, animais desapareceram. Havia suspeita de que foram eliminados por serem considerados incômodos pelos moradores
Foto: Flávio Neves/Agência RBSO autor tem claro que não são apenas fatores técnicos que determinam quando uma população de animais silvestres é grande demais para ter de ser manejada e, assim, evitar problemas econômicos para a sociedade ou até ambientais para um determinado ecossistema pressionado em sua capacidade de suporte. A leitura que deve ser feita da situação é outra:
“(...) na prática é a subjetividade dos fatores socioculturais e psicológicos que, em última instância, determina o limite da nossa tolerância aos animais silvestres. Valores atribuídos à fauna, sejam eles financeiros, afetivos, estéticos, simbólicos ou intrínsecos, assim como a percepção dos riscos associados a ela e a disposição para assumir esses riscos, variam de pessoa para pessoa, entre grupos sociais e entre culturas; uma população de animal silvestre pode ser grande demais para você e não para mim, ou vice-versa, e o gestor de fauna deve levar isso em conta.” – texto de Marchini
Condomínio no interior de São Paulo: contemplar a natureza sem muito contato
Foto: Portal Japy
Com o processo de urbanização cada vez mais valorizando a convivência com o “verde” (é paradoxal mesmo, afinal, matas são derrubadas para a construção de eco condomínios, por exemplo), passaremos cada vez mais a ter contato com os animais silvestres (novamente um paradoxo, pois esse contato vai existir enquanto as espécies não forem extintas pelo mesmo processo que força o contato). Mas, no fundo, o que se percebe é que a necessidade de estar com a natureza é mais contemplativa do que interativa.
- Leia o artigo completo de Silvio Marchini
- Releia o post ‘“Manejo de fauna, manejo de gente”: um artigo que deve ser lido’, publicado pelo Fauna News em 20 de março de 2012
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