... sobre solturas pós-apreensão. Às vezes, rápidas demais.
Policiais militares de Sergipe encontraram, em um sítio no Povoado Pau Ferro, localizado em Maruim, distante 30 Km de Aracaju, seis lagartos teiús, duas aves da espécie saracuras-três-potes, dois patos silvestres e três sabiás.
“Após a verificação, o proprietário foi questionado pelos militares se ele possuía o documento fornecido pelo Ibama, que autoriza a criação dos animais em cativeiro, o suspeito disse que não tinha e relatou que criava os animais como prática de hobby. Diante da situação, a guarnição lavrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência, baseado na Lei de Crimes Ambientais, que será encaminhado ao Fórum da cidade de Maruim. Em sequência, os animais silvestres foram soltos em ambiente natural.” – texto da matéria “PM apreende animais silvestres em povoado de Maruim, em SE”, publicada em 9 de janeiro de 2013 pelo portal G1
Em 23 de agosto de 2012, o Fauna News publicou “Será que a soltura foi adequada?”. Parte do texto vale ser reproduzida para a situação ocorrida em Sergipe.
“Faço esse questionamento pelo fato de que as consequências de uma soltura sem critérios podem ser desastrosas, gerando desde a morte do animal até um desequilíbrio em algum ecossistema. Bicho apreendido tem de ser avaliado por especialistas (biólogos e veterinários). Esses profissionais podem identificar se o animal tem condição de voltar a se alimentar sozinho ou se ele está doente e corre o risco de levar agentes causadores de moléstias para um ambiente saudável.
A área de soltura também é avaliada, afinal o animal tem de viver em seu bioma de origem; em uma área com alimentação suficiente e uma população de sua espécie em um número que possa recebê-lo sem gerar uma superexploração de suas fontes de alimentos. Esses são apenas alguns pontos que são levados em consideração.
Além dos fatores técnicos, é preciso levar em conta a ação humana na região da soltura. O nível de devastação dos hábitats e o grau de proteção da região têm de ser avaliados. Afinal, não se deve soltar o bicho em uma área com a presença constante de caçadores ou traficantes de fauna.
Se isso é feito com competência? Muitas vezes não.
Será que tudo isso foi levado em conta? Com certeza não.
As intenções dos policiais militares são as melhores. Esses homens devem tomar tal decisão por duas razões: orientação ou falta de orientação de seus comandantes e, principalmente, por falta de infraestrutura do poder público em receber, avaliar e dar o destino adequado a esses animais – o que acaba deixando os policiais com um “problema” nas mãos após a apreensão.”
- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia “Será que a soltura foi adequada?” publicado no Fauna News em 23 de agosto de 2012
Policiais militares de Sergipe encontraram, em um sítio no Povoado Pau Ferro, localizado em Maruim, distante 30 Km de Aracaju, seis lagartos teiús, duas aves da espécie saracuras-três-potes, dois patos silvestres e três sabiás.
“Após a verificação, o proprietário foi questionado pelos militares se ele possuía o documento fornecido pelo Ibama, que autoriza a criação dos animais em cativeiro, o suspeito disse que não tinha e relatou que criava os animais como prática de hobby. Diante da situação, a guarnição lavrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência, baseado na Lei de Crimes Ambientais, que será encaminhado ao Fórum da cidade de Maruim. Em sequência, os animais silvestres foram soltos em ambiente natural.” – texto da matéria “PM apreende animais silvestres em povoado de Maruim, em SE”, publicada em 9 de janeiro de 2013 pelo portal G1
Teiús apreendidos no sítio: o cativeiro era hobby
Foto: Divulgação PM/SE
Em 23 de agosto de 2012, o Fauna News publicou “Será que a soltura foi adequada?”. Parte do texto vale ser reproduzida para a situação ocorrida em Sergipe.
“Faço esse questionamento pelo fato de que as consequências de uma soltura sem critérios podem ser desastrosas, gerando desde a morte do animal até um desequilíbrio em algum ecossistema. Bicho apreendido tem de ser avaliado por especialistas (biólogos e veterinários). Esses profissionais podem identificar se o animal tem condição de voltar a se alimentar sozinho ou se ele está doente e corre o risco de levar agentes causadores de moléstias para um ambiente saudável.
A área de soltura também é avaliada, afinal o animal tem de viver em seu bioma de origem; em uma área com alimentação suficiente e uma população de sua espécie em um número que possa recebê-lo sem gerar uma superexploração de suas fontes de alimentos. Esses são apenas alguns pontos que são levados em consideração.
Além dos fatores técnicos, é preciso levar em conta a ação humana na região da soltura. O nível de devastação dos hábitats e o grau de proteção da região têm de ser avaliados. Afinal, não se deve soltar o bicho em uma área com a presença constante de caçadores ou traficantes de fauna.
Se isso é feito com competência? Muitas vezes não.
Será que tudo isso foi levado em conta? Com certeza não.
As intenções dos policiais militares são as melhores. Esses homens devem tomar tal decisão por duas razões: orientação ou falta de orientação de seus comandantes e, principalmente, por falta de infraestrutura do poder público em receber, avaliar e dar o destino adequado a esses animais – o que acaba deixando os policiais com um “problema” nas mãos após a apreensão.”
- Leia a matéria completa do portal G1
- Releia “Será que a soltura foi adequada?” publicado no Fauna News em 23 de agosto de 2012
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