quinta-feira, 1 de agosto de 2013

No Cariri (CE), apreensão de aves cai 62%. Ibama afiram ser resultado da fiscalização intensa. Será?

“De julho de 2011 a igual período de 2012 foram apreendidas, conforme o órgão ambiental, 855 aves. Já no mesmo período do ano passado até 2013 foram 325. A redução se deve, segundo Ibama, a atuação dos agentes, que mesmo em número reduzido, com dois servidores, tem conseguido conter a venda ilegal desses animais, e até o tráfico.” – texto da matéria “Apreensão de aves reduz em 62%”, publicada em 31 de julho de 2013 pelo site do jornal Diário do Nordeste

Apreensão de aves no Cariri (CE)
Foto: Elizângela Santos

O que mais chama a atenção na afirmação do Ibama não é a queda do número de apreensões. Causa estranheza o fato de o órgão ter apenas dois agentes na região do Cariri e, pelo esforço deles, estar ocorrendo uma redução do tráfico de fauna.

Que o Ibama possui agentes dedicados e empenhados a combater o mercado negro de animais silvestres, isso não se discute. Mas essa seria realmente a explicação para o fenômeno?

Em todo o país, o combate ao tráfico de animais está capenga, para dizer o mínimo. O pode público atua apenas com ações pontuais de fiscalização. Não há, em nenhum estado da federação ou por parte da União, uma política pública séria para enfrentar o comércio ilegal de animais silvestres.

A legislação é fraca, não levando ninguém para a cadeia por esse crime. O que aumenta a sensação de impunidade.

A fiscalização, seja pelo Ibama ou pelas polícias estaduais, é pontual, basicamente respondendo a denúncias. Não é feito um trabalho de “inteligência policial” visando desarticular quadrilhas. Não é feito um trabalho planejado, que tenha metas estabelecidas.

Educação ambiental, quando existe, fica por conta de ONGs em projetos locais. Quando muito, em alguns estados brasileiros há policiais fazendo palestras esporádicas em escolas. Para reduzir o tráfico de fauna é sabido que deve ser feito um amplo projeto de conscientização da população para, dessa forma, nos médio e longo prazos, reduzir a demanda. Se tem gente que vende é porque tem gente que compra.

Fica difícil acreditar na explicação do Ibama. É mais fácil supor que as apreensões caíram porque somente dois funcionários, por mais dedicados que sejam, não dão conta do trabalho.

“A região do Cariri é considerada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como área de tráfico intenso de animais, e por isso, segundo o chefe do escritório do Ibama, em Crato, Francisco Sales da Silva, necessita de uma atenção maior em relação ao comércio de animais, como acontece com as feiras livres, e também na intensificação das blitze na região.” – texto do Diário do Nordeste

Caro Ibama, se a região do Cariri é apontada como área de intenso tráfico de fauna, porque apenas dois funcionários estão trabalhando em seu escritório regional?

Para quem está lendo a matéria do Diário do Nordeste, que não está no dia a dia do Cariri, e é um pouco crítico, fica difícil acreditar na explicação dada.

O Fauna News espera estar errado no questionamento.

- Leia a matéria completa do Diário do Nordeste

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